14 - A SAUDADE E OS NOVOS AMIGOS
Any Gabrielly
Quando Noah não está, a casa fica vazia. Apesar dos funcionários, essa é a minha sensação. É como se fosse aquela personalidade forte que preenche a casa. Assumo que estou aliviada. É estranho pensar que há algumas semanas, eu o queria distante, e hoje, eu sinto sua ausência.
Eu imaginei que ele seria meu inimigo, mas as coisas não estão tão ruins. Infelizmente, as marcas do passado, nunca se apagaram e as vezes, a minha desconfiança grita dento de mim.
Mas Noah sai do foco, e entra Richard. Ele não pode nem desconfiar dessa farsa. Seria o fim de minha família... não quero nem pensar nisso.
Meu telefone toca... é Cat.
- Catarina? Oi! - digo.
- Any!!!! - ela grita - Garota, o que houve? - ela pergunta - Ele é tão gostoso assim? Por que vocês não saíram durante essas semanas? Vocês transaram todos esses dias? GAROTA, que energia! Me conta TUDOOOO. Quero saber os detalhes. - Cat está frenética e não para de falar.
- Cat, calma! Respira! - digo -Como você sabe que não saímos? - pergunto curiosa.
- Revistas de fofoca, né, amor. Os títulos são os melhores, né. "como arrasar na lua de mel"; "tenha a vitalidade de um Urrea"; "uma semana de ereção contínua" ...
- Meu Deus, Cat! Esses foram os títulos? - pergunto envergonhada.
- Sim, foram! Quer que eu te mande as matérias? - ela pergunta - Mas agora, me conta tudo! Como foi?
- Não, não quero nem ver as atrocidades. - digo - Eu nem acredito que publicaram isso.
- Ok, Any! Chega. Me conta logo... Doeu? Como foi? Ele geme bonito?
- Foi legal, Cat! - digo.
- Legal? É isso? - pergunta - Legal? Não Any. Quero detalhes! Ele é mesmo grande? E grosso? Hummmmmm, é tão gostoso quanto dizem? - insiste - Ninguém fica presa em casa três semanas só por uma foda legal. Ele pediu anal? E garganta profunda? Tenho certeza que você seguiu todos os meus conselhos. - Ouço uma voz no fundo repreendendo Cat.
- Cat, quem está aí com você? - pergunto - Cat, não me diga que é meu irmão.
- Não, amiga. Não tem ninguém aqui. - ela diz e é óbvio que está mentindo - Transar aguçou sua audição... é o corpo sentindo a falta do lacre.
- Catarina, eu te conheço! - digo - E bom, eu preciso ir. Tenho alguns probleminhas para resolver. Te amo, Cat! Fala para papai e Arth que estou com saudades.
- Tudo bem, eu falo. - ela diz - Não pense que esqueci... você me deve respostas.
- Depois a gente conversa. Tchau! - desligo o telefone.
Depois daquelas matérias, não sei como olharei para as pessoas na rua. Todos devem pensar que sou uma maníaca tarada. Eu deveria ficar em casa, mas decido que não é hora de ser covarde, já que, mais cedo ou mais tarde, terei que encarar a realidade.
Pego minha bolsa e saio, quero voltar a estudar o mais rápido possível.
Sebastian me leva até o campus. É um lugar bonito e já estou no terceiro semestre de biologia e conheço a classe. A maioria são jovens e há mais mulheres que homens. A sala é bem grande e iluminada.
Observo tudo e então, a diretora da instituição aparece para me dar algumas instruções.
- Srta. Urrea? - ouço e minha fixa não caiu - Srta. Urrea?
- Ó sim, sou eu. Perdão! Ainda não estou acostumada com meu novo sobrenome.
- Tudo bem, Srta. Logo, se acostumará! - ela diz - Bom, nas aulas, em nossa instituição, fazemos o uso de jalecos. Temos que tratar dos detalhes. Ou se preferir, pode continuar com o jaleco de sua antiga instituição.
- Ah, não! Eu estudei em uma instituição interna. Não usávamos jalecos! - digo - Em qual área devo ir para tratar desse detalhe?
- Vou acompanhá-la até lá. - ela me leva até uma sala e escolho um modelo simples de bordado. Pequenas flores vermelhas e mangas com um bordado simples e muito bonito - Any Urrea, certo?
- Ah, eu gostaria de usar o sobrenome do meu pai, tudo bem? - pergunto e ela confirma - Any Soares, por favor!
- Tudo bem, amanhã, já estará pronto.
- Ótimo! Onde eu pago? - pergunto.
- Pagar? - ela me pergunta - Seu marido é um dos donos do campus, não há pelo que pagar.
- Noah é dono? Ele não mencionou isso.
- Seu marido deve ter tantos negócios que devem ser difícil de lembrar de todos. - Ou me pôs aqui para me vigiar? Penso.
- É, eu imagino! - digo - Mas ainda assim, faço questão de pagar. Tenho certeza que ele não irá se incomodar.
Pago todos os jalecos e a Diretora Keller me acompanha até a saída.
- Diretora, eu gostaria de pedir um favor... Eu ficaria muito satisfeita se minha relação com o Sr. Urrea fosse mantida em sigilo. Não quero que meus colegas de turma pensem que tenho vantagens por ser a esposa de Noah.
- Srta. Urrea, perdoe-me a indelicadeza, mas eu acho que não será possível. - ela diz e eu não compreendo, mas ela explica - A foto de vocês está estampada em todos os jornais impressos e online em todo o país. Apesar de o Sr. Urrea quase nunca aparecer na instituição, todos sabem que ele é o dono e todos também sabem quem é a Srta!
- A Sra. viu a matéria? - meu rosto queima e ela confirma - Ok! Eu não quero vantagens com os professores, nem como aluna. Por favor, se eu cometer qualquer erro, quero ser punida como qualquer aluno seria. Não quero que tenham receio de me punir ou me reprovar.
- Tenho certeza que não acontecerá! Seu histórico mostra-nos como a Srta. é uma aluna exemplar! - sorrio e agradeço - Amanhã, assim que chegar, peque seu jaleco na secretaria.
- Obrigada, Diretora Keller! Até amanhã. - digo e me retiro.
Vou para casa e ligo para Noah, mas cai na caixa postal.
E é assim, todos os dias, durante essa semana que ele está fora. Mas todos os dias, quando eu acordava, lá estava uma mensagem dele. Até onde eu sei, o dia é muito corrido para ele, e a noite, quando está disponível, eu já estou dormindo.
Nesses dias, eu ouvi vários comentários na faculdade.
Alguns, comentários é sobre mim e meu casamento. Outros, brincam com as manchetes a meu respeito... não sei qual é o mais constante dos comentários.
Algumas pessoas cessam a conversa quando me aproximo, já outras, aumentam a voz para que eu ouça. Mas em todos os casos, eu ignoro.
Nesses dias, também fiz amizades.
Carolina é brasileira e namora com Guilherme, também sócio as universidade e amigo de Noah. Ela me contou que também sofreu com esse tipo de comentário no início, mas aprendeu a relevá-los. Ela é incrivelmente linda!
Já Helen, é mexicana e é muito parecida com Cat, só que menos curiosa e um pouco mais brava. Ah, o namorado dela também se chama Arthur.
Pedro é americano e está repetindo o semestre. É um dos mais velhos da turma e, muito inteligente. Ele foi um dos babacas que fizeram comentários sobre mim, mas logo, se desculpou e ficamos amigos.
Jean também é americano e decidiu fazer biologia depois de ver que engenharia não era pra ele. Trancou a faculdade na semana da defesa do TCC e é um dos mais inteligentes da sala, só tem uma carinha de metido.
Carla é russa e tem os olhos mais bonitos que eu já vi. Ela veio para a Flórida depois de engravidar, mas não queria manter o relacionamento com o marido. Ela está no segundo mês de gestação.
Alana é cubana e é a mais encrenqueira da turma. Ela também é muito curiosa e faz algumas perguntas inconvenientes demais, intimas demais, pessoais demais o tempo todo. Eu tenho a impressão de conhecê-la, só não sei de onde.
Temos um trabalho em grupo e isso gera diversos comentários maldosos. Dizem que a maior nota será a nossa, mas não devido a competência ou esforço, mas sim por eu e Carolina estamos aqui. Inteligência não é o argumento utilizado.
- Não liga para eles, Any! Uma hora, vão cansar. - Carol me diz.
Espero que você esteja certa. - digo.
- Por que você não usa seu sobrenome de casada? - Pedro me questiona.
- Era para manter minha identidade. Soares é o sobrenome dos meus pais. - respondo - E também, evitar esses tipos de comentário.
- E o que seu maridinho pensa disso? - Alana pergunta - Eu com toda certeza, tatuaria esse sobrenome na testa, ou melhor, na bunda. - ela diz, mascando um chiclete e todos nós rimos.
- Ele ainda não viu, mas acredito que não se importará. Noah não é um homem de se importar com futilidades. - respondo.
- E sua mãe? Não a vi no casamento. -Carol pergunta.
- Minha mãe morreu quando eu e meu irmão ainda éramos crianças. - respondo - Ela teve uma pneumonia severa e não resistiu.
- Any, desculpa! Eu não sabia.
- Tudo bem, Carol! - digo e sorrio para ela - Mas eu tenho meu pai e meu irmão Arthur. Também tem Cat que é minha amiga e cunhada.
- E agora, tem seu marido. - Hellen diz.
- E se continuar a foder como um coelho, terá filhotinhos. - Alana diz e Hellen revira os olhos e não falamos nada.
- O que acham de falarmos sobre desmatamento? - sugiro, na tentativa de mudar de assunto.
- Eu gosto! - Jean diz - É um tema que todos nós dominamos.
- Eu prefiro procriação e anatomia humana. Carla e Helena dominam bem esse assunto, não é mesmo, amigas? - Alana diz.
- Você não cansa de ser tosca, não, Alana? - Carla pergunta - Essa sua inveja ainda te devorar por dentro.
- Ok, meninas! Chega. - Pedro diz.
- Ótimo! Então, está decidido. - Carol diz entusiasmada.
- Essas gostam mesmo de derrubar uma madeira. - Alana diz e todo nós ignoramos. Ela já encheu o saco de todo mundo.
O sinal toca e Carol me pergunta se posso lhe dar uma carona, já que seu carro, deu um problema mais cedo e sua casa é no caminho da minha, então, é óbvio que a chamo.
Ela vai até a diretoria e eu a espero na portaria. Eu vou até o estacionamento e vejo o carro que Sebastian me busca todos os dias. Os vidros estão totalmente fechados e somente a porta da frente é que está destravada, então, eu a puxo. Apesar de eu sempre sentar no fundo, não me causou estranhamento, até eu entrar no carro e ver que não era Sebastian e sim Noah.
- Oi! - ele diz e eu sorrio - Como foi o seu dia?
Notas Finais:
Próximo cap tem muitas revelações.
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