Aquele da tinta guache

Namjoon e Jeongguk não eram mais amigos. O mais novo estava triste e por isso não era mais amigo de Namjoon. Na sala divertida que dividiam as manhãs junto de outras crianças de 4 e 5 anos, ele se isolou no cantinho enquanto o filme da Moana passava pela terceira vez naquela semana — à pedido das crianças, é claro.

As mãozinhas ainda tinham leves borrões coloridos da tinta guache que usaram antes do lanche. Com olhos marejados, preferia encarar o chão e sua papete do Pororo a deixar seu olhar distrair-se com a legal Moana ou a imagem de Namjoon a vários colchonetes de distância.

A professora estava distraída, por isso não viu quando seu aluno mais tranquilo esgueirou-se entre os amiguinhos e chegou próximo de Jeongguk. Ele ainda achava Jeongguk um grande bobão, mas tinha aprendido que não podia falar isso do amigo fora de sua cabeça, mesmo que fosse verdade. Era só dizer que não queria ver o que tinha coletado para usar nas pinturas, não precisava ter jogado o pote nele — e nem precisava ter limpado tudo sozinho já que ambos estavam usando as tintas naquele momento.

— Jeongguk — Namjoon sussurrou.

Os olhos quiseram levantar, mas com tenra idade ele já era um garotinho orgulhoso. Namjoon tinha que entender que terminar o desenho era importante e ele estava atrapalhando. Muito. E estragando a surpresa também.

Ficaram em silêncio por mais um pouco até Namjoon conseguir sentar ombro a ombro com o amigo, ou ex-amigo, ainda não entendia.

— Ei…

— Hm…?

— Desculpa…

— Hm…

Somente a voz da Moana e as homogêneas reações das outras crianças eram ouvidas na alegre sala.

— Desculpa — Jeongguk sussurrou muito tempo depois, agora com os olhinhos fitando as meias de astronauta que cobriam os pézinhos de Namjoon.

— Uhum. — Foi a resposta.

O desenho que Jeongguk ainda queria dar de presente a Namjoon estava secando no varal acima de suas cabeças, virado para a parede. Não queria que os outros vissem, principalmente o próprio Namjoon. E ficará chateado ao distrair-se e perder a conta das cores que fazia em sua cabeça para adicionar no desenho porque Namjoon o chamava toda hora. Sabia que era errado o que fez, mas ainda sentia que foi bem feito pelo amigo — agora eram amigos novamente — atrapalhar tanto a pintura do próprio presente.

Mas tudo bem. Moana cantava feliz na televisão, ele conseguia olhar o mais velho nos olhos e não entregar o segredo, e ainda tinha uma manchinha roxa na mão para provar que tinha conseguido fazer a cor favorita do melhor amigo.

Seria o melhor presente de aniversário da vida!

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