Aquele da lancheira perdida

BÉÉÉÉÉÉÉ!!!

O sinal tocou insistentemente enquanto as crianças se espalhavam pelo pátio como formigas carpinteiras. Os gritos, risadas e correria já eram típicos para os professores, que de longe observavam suas crianças de 8 e 9 anos. As brincadeiras e os rituais de juntarem-se em roda para comer o lanche pareciam tão comuns como em todos os outros dias.

Sentado na ponta da grande escada do pátio, Jeongguk olhava amuado para os lados, uma caixinha de suco era tudo o que havia entre suas pequenas mãos. Sentia-se mal por lanchar metade da semana sozinho, e hoje sendo um desses dias e justo o que ele havia perdido sua lancheira, tornava o sentimento de solidão ainda pior. Apesar de sorridente, Jeongguk não é o tipo de criança que consegue criar uma amizade com facilidade, e por ter somente Namjoon com o título de amigo, melhor amigo para sermos sinceros aqui, era difícil ficar bem nos dias de lanche em que eram somente ele e sua lancheira de sistema solar — a mesma que não estava consigo hoje.

Passando correndo com mais quatro crianças, Namjoon apareceu na ponta da escada. Enquantos os outros subiam brincando, ele notou a presença de Jeongguk. Sentia-se mal pelo amigo, mas não podia abandonar seus colegas da sala. Por ser um ano mais velho, algumas coisas começaram a ser difíceis desde que entraram no fundamental, muito mais para o mais novo do que para si.

— Ei… — disse de forma suave. Sempre foi muito fácil preocupar-se com o melhor amigo.

Os olhos grandes de Jeongguk ergueram-se e ele se sentiu envergonhado por estar ali sozinho. Ignorou por alguns segundos a presença de Namjoon, mas o amigo sentou ao seu lado e bateu em seu ombro de forma leve com o próprio ombro.

— O que foi?

O silêncio permaneceu, somente o barulho do pátio soando entre eles.

— Minha lancheira....

Namjoon olhou em volta e entendeu. Levantou com força e estendeu a mão ao amigo.

— Eu te ajudo a encontrar!

O semblante do garoto se iluminou como se estivesse a centímetros do sol, o sorriso chegando aos olhos. Pegou na mão de Namjoon e juntos procuraram por todos os cantos que Jeongguk foi naquela manhã. O banheiro do pátio, o do primeiro andar, a cantina, a sala de artes e a entrada da escola. Chateado, Jeongguk quis chorar por fazer o amigo perder o lanche e ainda assim não terem encontrado a sua lancheira — e também porque estava com fome.

O sinal decretando a volta para a sala tocaria em cinco minutos, então Jeongguk começou a se despedir de Namjoon.

— Aonde vai? Ainda não acabou o recreio.

— Pra sala pra você terminar de brincar com seus amigos. Obrigado por ter me ajudado. — Com um sorriso fraquinho, virou as costas para o mais velho.

— Ei, mas eu quero terminar o lanche com você! E eu ainda tenho umas bolachas comigo, posso dividir com você!

Com os passinhos rápidos andou até Jeongguk e tirou o pacote de três bolachinhas do bolso, sorriu e pegou outro pacote do bolso para comer.

— Posso ir na sua casa esse fim de semana?

Jeongguk se surpreendeu. Fazia tempo que Namjoon não pedia para dormir na casa dele, ou aceitava quando propunha, afinal ele já tinha outros amigos para passar noites do pijama. Ficava feliz pelo amigo ter outros amigos, mas sentia-se incomodado por não conseguir fazer o mesmo. Era sempre muito difícil entender e acompanhar o gosto das outras crianças. Então sem pensar duas vezes, concordou alegre.

Mais tarde, naquele mesmo dia, a lancheira foi encontrada: caída no chão da cozinha onde Jeongguk e o pai, que o levou para a escola, haviam esquecido.

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