🌻VINTE E UM🌻
Emma
Eliza e Jasmine corriam ofegantes ao meu lado, ambas segurando toda a comida roubada.
Assim que atravessamos a rua, correndo, nos escondemos atrás de um carro estacionado, onde no mesmo momento Eliza se encostou, respirando fundo.
— Melhor. Roubo. De. Comida. De. Todos! — Ela exclamou, dando pausas ao decorrer da frase.
— Foi arriscado, mas admito que eu amei! — Jasmine ajeitou a caixa de pizza embaixo do seu braço, enquanto sorria.
Ainda estava um pouco ofegante, mas sorri, ao meio de uma risada.
— Foi divertido. — Eu disse.
Saímos detrás do carro e fomos caminhando até o parque.
Nossos passos ecoavam pela rua, e apenas esses ruídos se ouviam. Então o silêncio foi quebrado pelo estômago de Eliza roncando.
— Eu estou com fome, não vou esperar até o parque! — Ela se explicou, tentando tirar os potes de sorvete dos meus braços.
Jasmine a bloqueou.
— Já estamos chegando, olha. — Ela apontou para um poste iluminado, na qual a sombra de um balanço se formava.
Eliza, sem esperar por nós, correu até lá, e desapareceu através da névoa.
Eu e Jasmine corremos até ela, quase derrubando a caixa de pizza e os potes de sorvete, enquanto Eliza segurava o salgadinho.
Eliza já estava sentada num balanço, abrindo o pacote.
— Vocês...hum...querem um pouco? — Ela perguntou, com a boca cheia.
Neguei com a cabeça e Jasmine aceitou um pouco, sentando no outro balanço ao lado de Eliza.
Abri um pote de sorvete sabor chocolate, mas então notei que não havíamos pegado colheres.
— Ahn...alguma de vocês duas pegaram colher?
— Eu peguei na gaveta enquanto colocava molho de pimenta malagueta no Cup noodles dos três. — Jasmine se levantou e estendeu pra mim uma. Me sentei no gira-gira em frente delas, e comecei a comer. — Aliás, aquilo do sorvete na cara do Logan foi incrível, Emma.
Dei risada lembrando daquilo. Gostaria de ter visto o rosto do Logan depois disso, mas estava tudo escuro graças a nós.
Tínhamos dado a volta pela casa e achado a caixa de energia, então desconectamos todos os fios ligados à casa, enquanto ouvíamos os gritos e resmungos dos garotos.
Logo depois havíamos corrido para dentro, pegando a primeira comida que víamos pela frente. Não íamos demorar muito, mas então Eliza inventou de colocar caramelos no rosto de Chris, e enquanto ela fazia isso, eu jogava sorvete na cara de Logan.
— Foi mesmo! Aposto que você nunca se divertiu tanto com seus amigos em Los Angeles, não é? — Eliza agora se balançava no balanço, sorrindo para mim.
Fiquei calada durante 1 minuto. Eu absolutamente não tinha amigos em Los Angeles, na verdade, nunca parei para pensar que jamais tive amigos em lugar algum.
— Bom, na verdade...eu não tive amigos.
Eliza parou de se balançar, e seu sorriso se desmanchou. Jasmine, que estava comendo salgadinho de queijo, o engoliu e olhou para mim.
— O que? Nenhum? Você está brincando! — Eliza me olhou com atenção.
Retribui o olhar, observando as duas com um olhar vago. Na verdade, eu não olhava para elas, mas para as árvores que estavam atrás delas. Não queria que ambas me olhassem com pena.
Acho que ninguém gostaria de ser amigo de uma garota que quer limpar tudo a toda a sua volta a cada momento, ou que tem medo de que cada coisa que ela tocar tenha alguma bactéria transmissível de alguma doença contaminável.
— Bom, somos os primeiros então. — Jasmine saiu do balanço e se sentou ao meu lado. — Eu, Eliza, Logan e os gêmeos. Bom, o Logan é muito mais do que um amigo para você, mas ainda conta alguma coisa. — Ela riu e pegou um pote de sorvete sabor creme.
— Sim, na verdade, como vocês dois irão continuar um relacionamento depois que você voltar para Los Angeles? — Eliza perguntou, saindo do balanço e ficando em pé.
— Eu não faço idéia. Na verdade, eu não queria sair de São Francisco. Não queria voltar para lá. Além de sem graça, eu não vou poder ver vocês nunca mais... — Suspirei, baixando meus olhos agora para a colher em minhas mãos.
O silêncio agora reinou no ambiente. Nenhuma de nós três disse uma palavra sequer, mas não era necessário.
Por um momento, pude notar os olhos de Eliza ficando sérios, e sua expressão mudando de louca para pensativa, mas deveria ser apenas a ilusão da neblina distorcendo as coisas ao redor.
Não queria ficar sentada ali, em silêncio no meio da noite nebulosa.
Me levantei e fui até o balanço.
Pressionei meus pés contra o chão, e empurrei meu peso para frente.
Fui subindo, e conforme a neblina surgia e se misturava em meio aos brinquedos do parquinho, eu ia descendo também.
Mas então, uma mão segurou as correntes do balanço.
— Eu também vou subir aí. — Olhei para cima, e Eliza estava colocando seus pés sobre o balanço onde eu estava sentada e suas mãos na mesma corrente, acima das minhas.
O brilho de loucura tinha voltado aos seus olhos, e o seu sorriso voltara.
— Vocês duas são mesmo folgadas. — Jasmine se aproximou, colocou suas mãos na corrente e riu. — Vou empurrar vocês.
O balanço começou a fazer o mesmo movimento, e Eliza começou a dar não gritos, mas sim berros de alegria.
O cheiro de doces dela pairava no ar, assim como o cheiro de Jasmine de livros e chá, que se seguia em nossa direção.
Rimos com os gritos da Eliza, enquanto o vento batia levemente em nossos rostos.
Eu estava feliz. Das poucas vezes que poderia estar, eu realmente estou.
Ficamos ali durante 30 minutos, não sei ao certo, estávamos rindo tanto que não vi os minutos passarem.
Olhei ao redor, e não conseguia nem distinguir o chão, poderia facilmente cair no meio da neblina.
— É melhor irmos embora. A neblina está ficando mais densa. — Sugeri.
Eliza deslizava pelo escorrega, enquanto Jasmine recolhia tudo o que restou da comida.
— É verdade, isso não é bom, vamos Eliza! — Ela exclamou, chamando a atenção de Eliza.
A mesma escorregou do brinquedo de metal, e correu em nossa direção, dizendo:
— Tá bom, eu carrego a pizza, quero terminar com ela! — Ela tomou a caixa da mão de Jasmine e começou a mastigar uma fatia (que por sinal já estava mordida).
Ela foi a única a comer a pizza, já que estava congelada, nem eu nem Jasmine quisemos.
Conforme caminhávamos, a neblina se tornava mais densa, e o frio aumentava.
Ajeitei melhor a minha blusa e cruzei os braços. Mais alguns passos e chegaríamos na minha rua.
Assim que avistei casas com flores nas janelas e jardins, soube que era a minha rua.
— Bom, até mais meninas, nos vemos amanhã. — Me despedi.
— Com certeza, bom, eu não sei se pode ser amanhã, vou ajudar minha mãe com algumas coisas, mas nos vemos por aí. — Disse Jasmine.
— Aham, é, com certeza. — Eliza murmurou, enquanto comia a última fatia de pizza.
Acenei para elas e comecei a andar até minha casa.
As coisas estavam ótimas em São Francisco, eu realmente estava pensando no que eu poderia fazer para não ir embora. E tem o Logan também...não quero ficar longe dele, ele foi uma das melhores coisas que já me aconteceram.
E eu não tenho muitas.
Assim que avistei minha casa, fui em direção a janela.
Havia me esquecido da corda de meias, mas então dei a volta e a peguei atrás do arbusto na qual Eliza tinha escondido.
Mas não tinha como eu usá-la sem nenhum peso para segurá-la.
Teria que dar a volta pela casa.
Joguei a corda de novo no arbusto e caminhei pela densa neblina, que agora tinha aumentado.
Não sabia que as neblinas eram tão frias, pois não tinham muito onde eu morava, na verdade era bem raro.
Meus passos faziam um som estranho na grama, mas finalmente avistei o lago, que estava muito mais nebuloso.
Pela profundidade do lago e com a neblina ainda por cima, tenho certeza de que se alguém entrasse naquela água, não iria durar muito tempo. Nem eu que consigo nadar.
Por outro lado, era uma vista bem bonita.
Empurrei a porta de correr e entrei.
Estava escuro, mas nada que eu não pudesse enxergar.
Conforme eu andava, o sono vinha chegando, até que eu atravessei a sala e comecei a subir as escadas.
Bocejei, abri a porta lentamente e me deparei com Candy ainda dormindo, aos pés da cama.
Bom, pelo menos ela teve uma ótima noite de sono.
Eu simplesmente cheguei perto da minha cama, e me joguei, sem me importar se estava coberta ou não.
Capítulo 21 concluído ✔
Capítulo 22 ⬇️
Bạn đang đọc truyện trên: AzTruyen.Top