🌻VINTE E TRÊS🌻
Emma
Meu coração palpitava de ansiedade, talvez eu tenha feito a escolha errada de não responder as mensagens ou nem sequer dar uma satisfação antes de ir.
Os minutos sentada no banco do carro começaram a se intensificar como se fosse uma eternidade, e minha respiração começou a ficar pesada quando vi um trânsito logo a frente do nosso caminho. As coisas ao meu redor pareciam pequenas e insignificantes, minha visão fixou-se apenas no meu próprio reflexo, e senti minhas mãos se fecharem entorno do cinto de segurança. Eu pressentia que algo estava errado, aquela sensação ruim de enjoo e ânsia, que vai subindo lentamente pela garganta e...
— Emma? Está se sentindo bem? — A voz do meu pai cortou o silêncio constante.
Me remexi no banco e soltei minhas mãos do cinto, pousando-as gentilmente no colo, enquanto dizia num suspiro:
— Só estou um pouco enjoada, mas vou ficar bem.
— Deve ser o trânsito, sua mãe também fica enjoada em trânsitos. — Ele respondeu, batucando os dedos no volante como sempre fazia quando estava apressado.
— Pai, acho que tem alguma coisa de errada com o Logan. — Soltei todas as palavras rapidamente, como se estivessem entaladas dentro da minha garganta.
— Com o Logan? Mas, por quê? — Ele parou de batucar os dedos e me olhou fixamente.
— Ele me mandou umas mensagens estranhas antes de nós irmos, perguntando se eu poderia ir vê-lo imediatamente, mas não entendi muito bem, já que estávamos com pressa.
— Bom, agora já sabemos pra onde ir. — Ele se voltou para o trânsito que começou a ir mais rápido.
— Onde? — Perguntei.
— Para a casa do Logan, óbvio. Ele precisa de você.
Depois que o trânsito seguiu em seu ritmo habitual, meu pai fez questão de ir um pouco mais rápido (coisa que ele odiava fazer). Então, passado meia hora ou talvez menos, já estávamos adentrando a rua onde Logan morava.
Assim que ele encostou o carro, já saltei do mesmo, fechando a porta.
Meu pai gritou algo para mim, mas nem ouvi, pois já estava correndo para a porta da frente. Toquei a campainha diversas vezes, bati na porta o mesmo número de vezes em que toquei, mas ninguém atendeu. Corri pela lateral da casa até a janela, e olhei ao redor.
A sala estava arrumada como sempre, mas não havia ninguém. Bati na janela e gritei pelo Logan, mas nada.
Desanimada, voltei correndo para o carro novamente, fechando a porta com pressa.
— Não tem ninguém... — Fechei os punhos com força e encarei meu pai. — Você pode me deixar na Eliza?
— Emma, se as mensagens eram realmente sérias, eu acho que você deveria esperar ele voltar, em casa. Você também deveria comer alguma coisa para se acalmar... — Antes que ele pudesse terminar, o interrompi:
— Eu não estou com fome pai! Só me leva pra Eliza, por favor! — Naquele momento eu percebi que havia gritado com meu pai, o que pareceu espantá-lo, eu não era de ficar gritando.
— Está bem. — Ele finalmente respondeu, depois de alguns segundos me encarando. Sua voz estava neutra, mas mansa ao mesmo tempo. Mesmo assim não me consolava...
Fechei meus olhos durante um instante, enquanto repousava minha cabeça no vidro.
O barulho do carro andando sobre o asfalto me fez pensar de quando eu bebi álcool em gel e passei mal depois. Deitada na minha cama, eu ouvia apenas o barulho da chuva caindo sobre a janela do meu quarto, enquanto afundava em uma solidão profunda e triste.
A sensação que eu sentia agora era a mesma.
É incrível como a preocupação toma conta dos sentimentos das pessoas. É como se o seu coração trabalhasse mais rápido que os seus pensamentos, e não desse tempo de você ouvir o seu cérebro, a sua razão. Você se prende em uma aflição constante, como uma espiral, que se afunila infinitamente.
Quando havia chegado, imediatamente abri a porta. Meu pai também não perdeu muito tempo, e foi embora, me deixando ali.
Me sentia culpada por ter gritado com ele, mas não tinha tempo pra pensar nisso agora, minha mente estava preocupada com outra pessoa.
— Eliza!!! — Eu gritava, enquanto meus pés se afundavam no gramado que se tornava escorregadio.
Assim que eu tinha descido do carro começou a chover, de novo. Pequenas gotas que brotavam do céu nebuloso.
— Eliza!! — Agora não eram apenas gotas de chuva que caíam do céu, mas sim lágrimas que se acumulavam nos meus olhos.
Bati na porta repetidamente, sem parar, com medo de que Eliza também não me atendesse.
A chuva agora caía sobre minha pele, gelada e trêmula, que se misturava com as lágrimas que ameaçavam cair rapidamente.
Ouvi um barulho por dentro, e a porta se abriu, mostrando a mãe de Eliza, parada diante de mim com um avental vermelho fosco escrito "eu sou sexy como cupcakes". Seu cabelo estava amarrado em um rabo de cavalo, e havia chantilly em sua bochecha.
— Emma! vem logo pra dentro, você vai se molhar toda. — Ela disse, passando as mãos em volta dos meus ombros e me empurrando para dentro.
Ela fechou a porta logo em seguida, então, enquanto ela fechava, comecei a falar:
— Oi tia Rachel, a Eliza está? Preciso muito falar com ela, é sobre o Logan, ele... — Mas neste momento, ouvi passos descendo as escadas, e um bocejo longo. Me virei para a direita e Eliza estava lá, com um pijama rosa cheio de bolinhas brancas e o cabelo todo despenteado. — Eliza! — Corri em sua direção e agarrei ela, que fez um murmúrio de espanto:
— Amiga, ai! Você tá me esmagando! O que você tá fazendo aqui a essa hora da manhã?
Soltei ela e a olhei diretamente nos olhos:
— É hora do almoço agora, Eliza. — Respirei fundo. Agora não era o momento ideal para rir da Eliza chamando tarde de manhã.
— Uh, sério? Acho que dormi demais. — Ela começou a cheirar o ar como um cão fareja comida. — Você está fazendo café da manhã de almoço, mãe?
Tia Rachel, que agora estava na cozinha preparando uma massa que ao meu ver seriam panquecas, se virou para nós e respondeu depressa:
— Sim docinho, eu também acabei de acordar. — Enquanto ela derramava a massa numa frigideira, com a outra mão pegou um vidrinho de corante azul. — Estou fazendo as panquecas arco-íris!
— AH! PANQUECAS ARCO-ÍRIS! — Eliza foi correndo até a cozinha, quase tropeçando no tapete e pegou algo no armário: um tubo de melaço e balas de goma em um saquinho com a outra mão. — Podemos colocar balas de goma?
Tia Rachel pegou outro vidrinho, vermelho dessa vez, e colocou outras gotinhas na massa, afirmando que sim com a cabeça.
A preocupação no meu rosto ainda era nítida. A chuva começou a aumentar lá fora; gotas pesadas caíam sobre o vidro das janelas como um estalo.
Onde estaria Logan?
— Emma, vem! — Eliza me chamou.
Com passos apressados e firmes, fui até a mesa e me sentei na cadeira, enquanto observava Eliza tirar do prato cinco panquecas de uma só vez e as colocar no dela.
Tia Rachel apareceu em seguida, carregando copos de suco de morango, sentando-se também.
Comecei a batucar os dedos na mesa, impaciente, enquanto as duas começaram a conversar sobre roupas para porquinho da Índia.
O som de mastigação de Eliza me deixava ainda mais ansiosa, assim como as palavras saíam da boca de tia Rachel, as minhas também queriam sair, mas não enquanto as duas estivessem conversando.
Depois da quinta garfada de panquecas, Eliza me perguntou:
— Então Emma, nada que boas panquecas arco-íris pra me acordar. O que você queria falar mesmo?
Sem mais delongas, comecei a cuspir as palavras:
— É o Logan! Antes de eu ir para o consultório hoje de manhã ele me mandou umas mensagens estranhas, dizendo que tava passando mal. Eu tentei ir até a casa dele, mas não tinha ninguém lá, ninguém mesmo! — Respirei fundo para recuperar o fôlego. As lágrimas teimavam em cair. — Eu bati na porta, nas janelas, chamei por ele, mas nada! Eu não sabia o que fazer, então vim pra cá, talvez você soubesse de algo...Eu... — As lágrimas agora escorriam de verdade pelo meu rosto, deslizantes e esguias, prontas para serem enxugadas por uma mão oferecendo conforto.
Tia Rachel começou a enxugá-las, enquanto Eliza ficava com a boca aberta (sua boca estava toda colorida), me encarando.
— Beba um pouco de suco, Emma. Eu vou tentar ligar para os pais do Logan okay? — Ela deslizou a mão sobre minha bochecha e saiu até a sala.
— Logan, passando mal? — Eliza abandonou as panquecas de lado e se inclinou para frente, segurando minhas duas mãos, que seguravam o copo de suco.
Confirmei positivamente com a cabeça.
— Ele...ele já passou mal de vomitar, ou até dar tonturas depois de correr muito, e... — Ela hesitou antes de continuar.
— E o que Eliza?
— Suar. Mais do que o normal... — Ela suspirou fundo. — Será mesmo que tem algo de errado com ele?
No mesmo momento, a mãe de Eliza apareceu, um pouco cabisbaixa:
— Eles não atendem. Olha meninas, por que vocês duas não vão até a casa dos gêmeos? Talvez eles saibam de algo.
— Você tem razão mãe. Hum...Eu vou trocar de roupa, vem Emma. — Eliza encheu a boca de panquecas e correu até a escada, subindo a mesma.
Segui ela, e andei entre algumas folhas de chicória e cascas de melancia (incrível como as escadas ainda continuam cheias de legumes e frutas do Jujuba) até chegarmos em seu quarto.
O quarto estava o mesmo de sempre, com vasinhos de plantas em cima da prateleira, a cama bagunçada (eu duvido se ela já arrumou algum dia) e doces espalhados por todo canto.
Jujuba estava deitado no travesseiro da cama de Eliza, comendo algo que eu acho que era aipo.
Ainda cabisbaixa, me sentei ao lado do Jujuba, acariciando seu pelo todo enfeitado com laços roxos.
— Você já se trocou? — Perguntei, me virando para ver Eliza, que agora estava vestindo uma calça jeans azul clara.
— Quase. — Ela respondeu.
Respirei fundo e fechei os olhos. Era uma forma de me acalmar quando estava preocupada ou ansiosa.
Minha vontade agora era de deitar na cama de Eliza e não acordar até que Logan apareça na minha frente, dizendo que estava tudo bem.
Mas infelizmente, a realidade não é colorida e doce como as panquecas da mãe de Eliza.
Ainda estava chovendo lá fora, e só aumentava ao passar do tempo.
Eliza e eu estávamos agora na sala, pensando num jeito de conseguirmos ir até a casa dos gêmeos de maneira rápida e sem nos molharmos.
— Podemos ir correndo! É só pegar o guarda-chuva! — Eu sugeri.
Mas Eliza sorriu, segurou minha mão e disse:
— Vem comigo!
Ela me levou pra debaixo da escada, onde havia uma porta que levava pra garagem.
Ela abriu a porta e entramos, na qual ela fechou em seguida.
Havia um gancho de guarda-chuvas pendurado na parede, em que eu peguei um grande, que cobrisse nós duas.
Assim que eu ia sair da garagem, Eliza gritou dos fundos dela:
—Onde você está indo?! Nós vamos de bicicleta! — Ela surgiu então, carregando consigo uma bicicleta rosa choque.
— O que? Nessa chuva?! — Exclamei, indo em sua direção.
Ela pegou o controle que abria o portão, apertou o botão e o mesmo foi abrindo lentamente.
As gotas pesadas de chuva começaram a cair no piso da garagem.
— Vamos! Sobe aqui. Você segura o guarda-chuva sobre nós enquanto eu pedalo! — Ela falou, quase gritando.
Corri em sua direção e coloquei meus pés sobre o apoio que havia entre a roda, ficando de pé e me apoiando com uma das mãos em seu ombro, enquanto com a outra, segurava o guarda-chuva sobre nós.
Eliza não esperou nem um segundo, começou a pedalar e saímos na rua, que estava molhada.
Não imaginava que estaria ventando tão forte, pois quando estávamos na metade do caminho, minha mão cedeu e o guarda- chuva saiu voando, bem longe.
— Emma! Por que estamos nos molhando?! — Eliza gritou, enquanto colocava o braço direito entre seu rosto para o vento não pegar em seus olhos. Não dava pra ver absolutamente nada com a chuva sobre nós.
— O guarda-chuva escapou da minha mão! — Gritei.
— O que?!! — Eliza respondeu gritando, e se virou para mim.
— Eu disse que o guarda-chuva escapou da mi...AAAAAAH! — Arregalei meus olhos e gritei, apontando para a luz de um farol que vinha em nossa direção.
Eliza deu um berro e se descontrolou com a bicicleta, que fez um zigue-zague até quase cairmos.
A bicicleta começou a ir mais rápida por causa do chão escorregadio, e então, o pior aconteceu: o freio estourou.
— Eliza! Vamos pular!! — Sacudi ela pelos ombros, e ela respondeu:
— Não! Estamos quase chegando! É no final dessa rua! — Ela ainda controlava o guidão normalmente, como se nada tivesse acontecido.
Eu nunca mais confio nas idéias da Eliza.
Não podia ficar só olhando nós deslizarmos pela rua igual um trenó, tinha que fazer alguma coisa.
— Desculpa Eliza! — Falei em seu ouvido.
Com as minhas mãos ainda em seus ombros, empurrei ela da bicicleta, que deu outro berro e caiu rolando pela rua.
Antes que a bicicleta derrapasse, me joguei no asfalto. Senti um pouco de dor na queda, e cai de bruços.
Olhei para o lado e Eliza estava a alguns metros atrás de mim, ainda deitada no meio da rua.
Olhei para baixo e percebi que minhas mãos estavam machucadas, as palmas estavam vermelhas e sangrando. Minha calça tinha se sujado, e havia um rasgo nela, perto do joelho.
Apoiei minhas mãos no chão para me levantar, que imediatamente ficou manchado numa cor rosa escuro, graças a chuva.
Corri em direção da Eliza, que começava a se levantar também.
— Eliza! Você está bem?
— Bem? Eu tô ótima! Pulamos de um veículo em movimento, uau! — Ela começou a rir.
— Acho que você bateu a cabeça.
— Ah não, eu tô bem, só bati meu cotovelo! — Ela respondeu, ainda sorridente.
— Não tô falando da queda, tô falando quando você nasceu. — Eu disse, rindo entre os lábios.
Eliza riu a beça, e soltou uma risada igual a de um porco no final:
— Você é tão engraçada amiga! — Então, quando ela deu um passo a frente, quase caiu. — Opa! Ah, meu pé também tá doendo.
— Você deve ter torcido o pé. — Passei seus braços em volta do meu pescoço, apoiando meu braço esquerdo por trás do ombro de Eliza. — Vamos, você me mostra onde é.
Assim que demos dois passos, ela falou:
— Você acha que eu vou ter que amputar? Quem pegar meu pé vai ter cheiro de chiclete.
— Eliza...só...ah, esquece. — Desisti de mandá-la calar a boca, porque se eu dissesse isso, ela iria começar a falar mais do que o normal.
Então tive que ficar ouvindo ela dizer dos doces que ela já "acidentalmente" pisou em cima:
— Uma vez pisei numa bala de melancia, e enquanto eu dormia, pude sentir a língua do Jujuba lambendo meu pé. Ou talvez não fosse o Jujuba...
— Ora, quem mais seria? — Perguntei. Mas me arrependi logo em seguida:
— O Bart, é claro.
— Quem é Bart? Você tem mais algum animal de estimação? — Me arrependi de ter perguntado de novo:
— Não, Bart é o monstro embaixo da minha cama, óbvio! — Ela olhou sonhadora para as gotas de chuva que caíam e respingavam, agora mais silenciosamente pela rua.
— Eliza, monstros não existem. — Respirei fundo, contendo um riso. Ela parecia uma criança presa no corpo de uma adolescente.
— Ah, então era o Jujuba mesmo. — Ela soltou uma risadinha e acenou com a cabeça para uma casa com gnomos de jardim na grama. — É ali!
Conforme fomos nos aproximando, começamos a ouvir um alarme de carro que vinha mais a frente.
Assim que ficamos defronte para a casa, vimos um carro prata, e nada mais nada menos do que a bicicleta rosa choque em cima do capô. O veículo era do vizinho dos gêmeos, e a roda da bicicleta estava girando e torta.
Arregalei meus olhos — íamos ter problemas se descobrirem que a bicicleta era da Eliza.
— Minha bicicleta! Vamos lá pegá-la! — Eliza se adiantou sorridente, e se jogou pra frente para ir buscá-la.
Mas eu a impedi, segurando seu pulso e a apoiando em meus ombros antes que a mesma caísse de novo.
— Se descobrirem que a bicicleta é sua você terá problemas! Eu terei problemas também! Vamos logo pra casa dos gêmeos, eles resolvem isso depois.
Ela se apoiou em mim, meio confusa, e caminhamos até a porta da frente.
Bati fortemente na porta, diversas vezes.
Até que Nathan apareceu, com um roupão de banho e os cabelos molhados.
— Já estava indo, e minha nossa! O que houve com vocês duas? Parecem que foram atropeladas. — Ele disse, olhando de cima para baixo nós duas.
— É, quase fomos. Mas derrapamos de uma bicicleta rosa choque que está em cima do carro do seu vizinho, Eliza torceu o pé, o nosso guarda-chuva voou para longe e Logan simplesmente evaporou. — Respondi antes mesmo de ele perguntar porque estávamos ali. — Ah, e acho que Eliza bateu a cabeça na hora da queda, porque está falando coisas estranhas.
— Mais do que o normal? — Ele perguntou.
— É, bom, acho que esse já é o normal dela mesmo. — Comentei.
— Vocês estão em uma situação terrivelmente precária, entrem. — Nathan deu espaço para entrarmos.
Soltei Eliza, que se jogou no chão e começou a esfregar os braços ali, dizendo:
— Uh, o chão tá tão gelado...parece neve.
O piso era bege e liso, e o ar tinha um aroma de perfume floral, o que me agradou bastante.
Eles tinham um sofá de canto azul escuro, que combinava com os armários da cozinha e alguns quadros na parede. No centro da sala havia um tapete marrom, todo felpudo, e logo mais a frente, ao lado da cozinha, tinha um mini-bar, com uma mesinha de madeira e bancos com assentos revestidos de veludo preto.
Na sala também havia uma lareira, que estava acessa. O fogo crepitante começou a esquentar meu corpo, me trazendo uma sensação de conforto. Por fora, porque por dentro eu estava um caos.
Ouvi passos descendo as escadas, que eram revertidas de carpete, e então Chris apareceu:
— Meninas! Que bom ver vo...uh, vocês estão um horror. Foram o que? Mastigadas e cuspidas por um monstro de lixo?
— Monstro de lixo. — Eliza repetiu, se jogando no sofá e rindo baixinho.
Respirei fundo e contei a Chris e a Nathan o que havia acontecido desde o início. Sobre Logan, as mensagens esquisitas, o quase atropelamento, do porquê estávamos daquele estado, absolutamente tudo.
Conforme eu relatava, ambos ficavam horrorizados, e transtornados também.
— Isso...isso é muita coisa em uma tarde só. — Nathan suspirou e olhou para Chris.
— É verdade. Bom, a notícia boa é que sabemos como encontrar o Logan! — O rosto de Chris se abriu em um sorriso.
— Sabemos? — Nathan perguntou, duvidoso.
— Claro que sim! Vocês não se lembram do dia em que conhecemos a Emma? No lago. Colocamos nossos celulares pra rastrear um ao outro caso a gente se perdesse no bosque, tipo GPS. — Depois dele explicar, perguntei:
— E qual a notícia ruim?
— Ah, não tem notícia ruim, só estava blefando.
— Chris, você é um gênio! — Nathan deu tapinhas nas costas do irmão, e continuou — Já achamos um jeito de achar Logan, onde quer que ele esteja. Se ele passou mal, deve estar em algum hospital, ou quem sabe, já deve até estar em casa. O problema é que o rastreador não mostra o lugar, apenas a localização.
— Dane-se, já achamos uma maneira de encontrá-lo. — Intervi.
Eliza caminhou em nossa direção, disse baixinho um "uhul!" e caminhou para a cozinha pegar alguma coisa (pra comer, eu espero).
— Sabem o que isso significa? — Perguntou Chris a mim e a Nathan.
Ficamos em silêncio, esperando a resposta, que veio em seguida:
— Viagem de carro! Eu pego as chaves do papai! — Chris correu para o mini-bar, na qual tinha um molho de chaves num gancho na parede.
— Chris! Você está louco?! Não temos nem carteira de motorista! É melhor ligar para o papai!! — Correndo apressado, Nathan o seguiu.
Enquanto os gêmeos discutiam e Eliza comia balas de goma num pote de vidro, o único pensamento que me ocorreu foi:
Eu vou ter uma longa noite.
Capítulo 23 concluído ✔
Capítulo 24 ⬇️
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