🌻VINTE E SEIS🌻

  

Emma

 O quarto era iluminado e um pouco pequeno.

 Cerrei meus olhos com a claridade que sobreveio a mim, e andei alguns passos, até que pude o ver.

 Seus olhos estavam fechados, e ele estava deitado ali, tubos o rodeavam por trás da maca, seu rosto estava muito pálido, e por um instante eu temi que Logan poderia estar morto. Afastei esse pensamento imediatamente, porque era ridículo e totalmente improvável. É claro que ele não iria morrer.

 Quando ele acordar provavelmente vai me dizer uma coisa boba, como se ele tivesse caído de uma escada e torcido o tornozelo, ou sei lá, quem sabe bebido alvejante pensando que era suco.

 Eliza foi cumprimentar os pais de Logan, e em seguida ficou o olhando por um tempo, esperando alguma brecha, algum sinal para encostar nele. Eu também iria cumprimentar, se não estivesse tão obcecada observando ele finalmente ali, na minha frente, e então vários pensamentos começaram a surgir do que eu faria a seguir.

 Eu queria tocá-lo, beijar seus lábios e dar um tapa nele por me assustar assim, mas quando ia colocar minhas mãos nele, uma voz feminina e grave surgiu atrás de mim, fazendo eu dar um pulo:

 — O Logan precisa descansar mais do que nunca agora.... ahn... — Ela inclinou a cabeça para frente, e eu me apresentei:

 — Emma, sou a namorada dele.

 — Bom Emma, eu sei que deve estar sendo difícil pra você, mas Logan acabou de dormir a instantes atrás...

 Não me importava com o que ela ia dizer. Nesse momento eu explodi:

 — Eu estou pouco me lixando se o Logan acabou de dormir! Eu fiz de tudo para encontrá-lo, e agora que ele finalmente tá aqui na minha frente eu não posso nem ao menos segurar sua mão?! — Enquanto eu falava, gesticulava bastante com os braços e mãos, fazendo a doutora dar alguns passos para trás.

 No momento em que eu explodia, ouvi aquela voz que eu estava esperando muito para ouvir o dia todo:

 — Emma? — Seu tom estava embargado e rouco.

— Logan! — Corri até a maca e já o abracei com força.

 Ele estava cheirando a suor e hospital, mas não me importava.

Eliza correu também para o abraço, e exclamou, sacudindo os ombros do Logan:

 — Mas que merda foi essa?! Você sumiu do nada! seu maluco de meia tigela!! — Mas parece que ela se arrependeu de ter xingado e chacoalhado ele, porque em seguida o puxou para um abraço de novo.

 Ela se afastou um pouco e se agachou, ficando apoiada na maca olhando para ele e para mim.

Nossos olhos se encontraram, aqueles mesmos olhos cor de avelã que eu tanto amava, e eu coloquei minhas mãos nas suas bochechas enquanto falava:

 — Eu...me desculpa Logan. Se eu tivesse te ligado, ou te respondido rápido, talvez eu pudesse ter te ajudado! O que você tinha?! O que aconteceu?

 Ele pegou as minhas mãos e as entrelaçou com os seus dedos. Vi uma cadeira ao lado da maca, e me sentei, ainda com o rosto próximo ao dele.

 — Logan, você ainda não está pronto para todo esse contato... — A doutora começou a interferir, mas a mãe de Logan foi mais rápida:

 — Por favor, meu filho ficou muito tempo longe dela, deixe eles a sós durante um instante.

 A doutora abriu a boca para dizer mais alguma coisa, mas fechou a mesma em seguida, recuando pra fora da sala.

 Os pais de Logan passaram por ele, e sua mãe afagou sua cabeça antes desaparecer pela porta e a fechando em seguida.
 
— Finalmente a sós com você. — Ele disse com um sorriso de canto.

 Dei uma cotovelada em seu braço de leve, e respondi:

Quase a sós. — E olhei para Eliza.

 Ela olhou de Logan para mim e vice versa, e então levantou os braços como se estivesse rendida e se defendeu debochando:

 — Ah, me desculpem! Se vocês querem tanto dar uns amassos aí, eu viro de costas!

 Nós três rimos, mas paramos subitamente, nos encarando.

 Logan respirou fundo, e olhou profundamente para os meus olhos, como se estivesse absorvendo minha alma.

 — Emma, olha...eu tô aqui porque... — Ele vacilou um pouco, e ficou olhando para as próprias mãos depois, que estavam realmente brancas, assim como o seu rosto que começou a ficar pálido.

 — Logan? Você tá bem? Só me fala logo! Por que exatamente você tá aqui? O que aconteceu?

— Não foi nada demais. — Ele finalmente respondeu. — Eu só comecei a ficar enjoado, e simplesmente acabei desmaiando. Deve ter sido algo que eu comi ou sei lá, eu ainda não sei.

 Franzi o cenho na mesma hora, olhando para ele desconfiada.

 Eu já tive enjôos mais do que ninguém, e nem por isso cheguei a desmaiar. Só a situação do álcool em gel. Mas eu bebi aquilo porque eu quis, não foi um acidente.

  Isso só resta duas alternativas:

 Ou Logan realmente comeu alguma coisa estragada por acidente, o que é difícil de acreditar, pois se estivesse estragada ou fosse algo incomivel, ele não continuaria mastigando ou engolido.

 Ou ele está mentindo pra mim.

 — Okay. — Respondi. — Que bom que você está bem agora.

 Eu sei que tinha algo a mais nisso tudo, mas estava com receio de Logan passar mal se eu insistisse mais no assunto: seu rosto estava se intensificando em um branco muito pálido.

 — Quanto tempo você vai ter que ficar aqui? Foi tão grave assim? Você nem faz ideia do que tenha comido para ficar desse jeito? — Eliza se interveio, sentando na ponta da maca.

 — Olha só quem fala. Aposto que já deve ter comido outras coisas muito piores, tipo cadarço de tênis velho com ketchup. — Logan sorriu, e Eliza tentou se esforçar pra sorrir também. Mas a verdade é que ambas estávamos muito incomodadas com tudo aquilo.

 Qual é, Logan não comeu nada estragado para chegar a esse ponto. Por que ele não me conta a verdade?!

 Abri a minha boca para recomeçar as perguntas, mas a porta da sala se abriu, com a doutora e os pais de Logan entrando novamente.

 — Sinto informar, mas o tempo de vocês acabou. Vi que ainda restam outros amigos do Logan lá fora o esperando para vê-lo, e não é muito bom para ele — a médica apontou para Logan. — ficar com muito contato. — e então ela cerrou os olhos para mim e Eliza.

 Olhei desorientada para os pais de Logan, mas eles retribuíram o olhar como se não pudessem dizer mais nada.

— Tudo bem. Eu...eu te vejo depois então Logan. — Me aproximei rapidamente de seu rosto antes que a médica chata pudesse dizer algo, e beijei sua bochecha.

 — Espera aí! — Eliza exclamou. — Quanto tempo ele vai ficar aqui?

 A médica olhou para Logan e depois para Eliza, respondendo: 

— O tempo que for necessário para ele se recompor. Mas talvez uns dois ou três dias, se ele estiver melhor. Depois vem os medicamentos e...

— Posso falar com os meus pais a sós? — Logan a interrompeu.

 Ele estava estranho. Eu tive todo esse trabalho de vir até aqui, só para ele me dizer que comeu algo estragado e desmaiou?!

Eu não acredito nisso.

 — Oh, ok, é claro. — A médica respondeu.

 Logan olhou para mim, apreensivo, e logo desviou o olhar. Parecia que ia vomitar.

 — Eu te vejo daqui alguns dias, tudo bem? Eu te ligo, te mantenho... informada. — Ele disse por fim.

 Acenei com a cabeça, fui correndo até ele e o abracei.

 Nós trocamos olhares, por mais olheiras que ele tivesse, continuavam os mesmos olhos cor de avelã pelos quais me apaixonei.

 Nath, Chris e Brody foram vê-lo em seguida. A visita não demorou muito, assim como a minha, e logo já estávamos no carro, prontos para ir embora.

 Sentada ali, ao lado de Eliza, senti um vazio no meu peito, como se faltasse algo.

 Respirei fundo e encostei minha cabeça no banco, agora depois de todo esse agito meu cérebro parecia querer explodir a qualquer momento.

 Nathan não perdeu tempo e ligou para Jasmine, enquanto Chris contava tudo para o seu namorado.

 Até Eliza parecia meio quieta.

 Olhei para ela, e a mesma estava observando o lado de fora do vidro do carro, enquanto Brody dirigia para fora do hospital.

Eliza parecia cansada, e ao mesmo tempo preocupada e intrigada.

 Admito que também estava, mas eu vou tirar a limpo essa história com Logan depois. Nesse momento eu só quero minha cama, um banho e remédio para a dor de cabeça.

 Instantes depois desse pensamento, meus olhos ficaram pesados e comecei a fechá-los, até a escuridão do carro e da noite tomarem conta de mim.

 Acordei com uma mão mexendo meus ombros, e tomei conta da realidade, de que eu havia chegado em casa.

 Me despedi dos gêmeos e da Eliza, agradeci Brody, e enquanto o carro foi se afastando, fiquei parada, pisando na grama molhada, observando o céu.

 Ele estava repleto de estrelas, por mais que tivesse chovido.

Isso me lembrou imediatamente o dia em que Logan acabou dormindo no chão do meu quarto comigo ao seu lado, nós dois olhando para as estrelas.

 Tão pequenas ao nosso olhar, mas tão grandes no espaço...

 Será que era exatamente assim o problema de Logan? Estava pequeno aos nossos olhos, mas só agora que ele foi para o hospital que percebemos o quão preocupante é?

 Eu estava perdida essa noite. Foi tão louco, tão... incomum.

Eu sorri para mim mesma pensando quantas coisas eu vivi até agora só porque os conheci... só porque conheci o Logan.

 Então meu corpo pareceu despertar como um baque, e percebi que já era muito tarde, e eu nem avisei, nem comuniquei os meus pais...

 E o meu pai, eu meio que gritei com ele...não é? Que droga.

 Me sinto um ser humano horrível agora.

 Eu tomo coragem e ando passos largos e apressados em direção a porta.

 Pensei que poderia estar trancada, mas para a minha surpresa não estava.

A luz da cozinha estava acessa, e Candy veio correndo ao meu encontro, me cheirando e latindo.

 — Emma? — Escutei minha mãe perguntar, preocupada.

Ela veio correndo em minha direção e me segurou pelos ombros, fazendo milhares de perguntas para mim.

 Meu pai, veio em seguida, correndo também, os dois falando ao mesmo tempo.

 Mas então uma das perguntas da minha mãe me deixou muito irritada.

 — Você teve alguma crise? Quer tomar o remédio? Emma, você sabe como você é com essas coisas...

— Eu não sou frágil okay?! — Gritei, cerrando os punhos.

Meus pais se calaram no mesmo instante, e percebi o espanto em seus rostos.

 Que droga, por que você faz isso Emma?!

 Abri as mãos e coloquei elas sobre o meu rosto para tirar um pouco das lágrimas presas nos meus olhos que secaram antes.

— Eu sinto muito. — Olhei para meu pai. — Desculpe ter gritado com você no carro, desculpe ter sumido assim do nada. — E agora estava olhando para os dois. — Eu fiquei muito preocupada com o Logan, então eu fui para o hospital procurá-lo, e nem lembrei de ligar para vocês... — Comecei a falar mais detalhes, e meus pais ficaram surpresos.

— Tudo bem Emma, só ficamos preocupados com você.

— Não te achamos frágil filha. — Meu pai começou. — Pelo contrário, te achamos forte e corajosa. Olhe só para o que você está passando, nós...só queremos que você seja feliz. — Então ele me pegou de surpresa e me abraçou.

 Minha mãe começou a me abraçar, mas então reparou nas minhas roupas sujas e no meu cabelo úmido e gelado.

 — Vá tomar um banho. Vou preparar um chá pra você, e arrumar sua cama.

 Eu não hesitei, pois era o que eu mais desejava fazer naquele momento.

 Subi as escadas, e fui para o banheiro.

 Enquanto a água quente escorria pelo meu cabelo, cheio de shampoo, minha mente trabalhava teorias e conspirações.

 O que o Logan está escondendo de mim? 
  

    Capítulo 26 concluído ✓
   Capítulo 27 🔽
  

Bạn đang đọc truyện trên: AzTruyen.Top