🌻VINTE E CINCO🌻
Logan
Uma luz forte batia no meu rosto, me fazendo apertar os olhos com força. Quase dei um pulo com o impacto que tive, como quem sonha que está caindo e acaba acordando assustado.
Quando ia mexer meus braços para tampar meu rosto da luz, alguém os apertou, e fui obrigado a deixar eles imóveis até meus olhos se acostumarem com a claridade.
Parecia que eu olhava diretamente para o sol, ou quem sabe eu estava olhando para o que as pessoas diziam ser "a luz no fim do túnel", ou a "passagem para o além".
Então, comecei a escutar vozes.
— Ele vai ficar bem, não vai? — Sussurrou uma voz feminina calma e densa. — Quer dizer, ele já passou por isso antes, e sempre melhorou.
Alguém se remexeu ao meu lado, e em seguida uma voz mais grossa, porém também feminina respondeu:
— Ele piorou. Vocês terão que aumentar a dose de remédios, ou então deixá-lo aqui por um tempo, igual fizeram da última vez.
Então, como um passe de mágica, a luz do meu rosto sumiu, e os meus olhos foram criando manchas, até a minha visão se acostumar ali.
— Oh, você acordou! — A voz calma e densa chegou mais perto de mim, e alguém se debruçou sobre a minha barriga.
Então eu vi os cabelos castanhos da minha mãe esparramados sobre o meu peito, enquanto ela me abraçava e deitava sobre a minha barriga.
Olhei para o lado e percebi que meu pai me olhava preocupado e sério, uma coisa bem rara, já que ele sempre se encontrava calmo.
Então eu me lembrei.
Me lembrei do que aconteceu, e porque eu estava ali, deitado naquela cama de hospital de novo.
Minha vontade era de explodir, ou simplesmente desabar a chorar. Isso não podia estar acontecendo de novo...
Eu pensei que eu já havia melhorado, que tudo estava certo!
Mas meu subconsciente me deu um tapa:
Eu sabia que eu estava ficando ruim. Todo aquele suor, a falta de ar, o cansaço físico.
Eu apenas os evitei.
Evitei o inevitável.
E agora me sentia como um tolo. Alguém que fez alguma coisa idiota e agora se arrependia profundamente por ter feito aquilo.
Respirei fundo e fechei meus olhos novamente por uns segundos.
Enquanto a médica conversava com a minha mãe, virei minha cabeça para o lado e abri meus olhos.
Meu pai continuava me olhando, e eu sabia o porquê.
A minha mente foi vagando lentamente para o que aconteceu antes de eu estar aqui no hospital, e enquanto eu pensava, as vozes femininas do quarto iam se esvaindo, indo para bem longe dos meus ouvidos, enquanto eu olhava fixamente para as mãos do meu pai, que estavam tão apertadas uma na outra, com os dedos entrelaçados, que era possível ver os nós de seus dedos se esbranquiçarem.
Fechei meus olhos novamente, engolindo as minhas lágrimas.
Antes de eu acordar no hospital, eu havia conseguido chegar ao meu quarto.
Me apoiei na cômoda, na qual meu celular ainda estava ali, ao lado da agenda que Emma tinha me dado.
O girassol colado nela continuava vivo, e ainda mais bonito do que antes.
Isso me fez sorrir, por mais tonto que eu estivesse naquele momento.
Comecei a vestir qualquer roupa que vi pela frente, respirando tão fundo que podia jurar perder o ar de vez em quando.
Era como se as veias do meu coração inchassem, e quisessem explodir a qualquer momento. Era horrível.
Mal vesti a blusa que tinha achado jogada no chão, e comecei a andar até a cômoda, em direção ao meu celular.
Assim que o peguei, percebi que o aparelho começou a tremer, e me perguntei o porquê, mas logo que esse pensamento me ocorreu, me dei conta de que não era o celular, mas sim minhas mãos que começaram a balançar.
Meu pai logo vai acordar. Pensei.
Minha mãe vai me encontrar aqui, passando mal.
Mas eu só pensava na Emma. Precisava dela. Nem que ela me encontrasse aqui, desmaiado, mas eu preciso dela aqui comigo, me assegurando de que está tudo bem.
Comecei a digitar, mas meus dedos não colaboravam.
Até que consegui escrever:
"Pode vir daqui a pouco?"
Quando ela chegar aqui, eu já teria desmaiado, ou minha mãe simplesmente iria escutar eu pedindo ajuda.
Esperei ansiosamente por uma resposta, até que ela, para meu desapontamento e desespero, respondeu:
"Não posso, estou atrasada para ir ao consultório."
Me arrependi amargamente de não ter dito a ela "Emma, estou morrendo, venha aqui" ou "Estou passando mal".
Senti meu peito estufar de novo, e então, respirando fundo, tentei gritar por socorro, mas minha voz quase não saía.
Então comecei a ligar para Emma, que não atendia.
Meus olhos se encheram de lágrimas, e eu comecei a me ajoelhar no chão, ainda tentando ligar para ela.
E então, quando percebi, já estava deitado de bruços, tentando de todas as formas me comunicar com ela.
Mas não adiantava, e a última frase que ouvi antes dos meus olhos se fecharem foi o som da caixa postal de Emma:
"Oi, é a Emma, não posso falar agora, deixe seu recado! Bip!"
Eu teria rido com o "bip!" que ela tinha feito no final da frase, mas nesse momento eu já estava esparramado no chão gelado, com uma lágrima presa no canto dos meus olhos escorrendo pela minha bochecha.

Enquanto eu dormia (ou pelo menos fingia dormir), podia ouvir meus pais cochichando ao meu lado. Mas eu não era surdo, podia ouvir que estavam falando sobre mim.
Não tinha forças pra ouvir aquilo. Além disso, eu odiava ver meu pai todo sério e concentrado. Parecia que ele ia gritar a qualquer momento, e eu sabia que ele não faria isso, então me dava um certo nervosismo.
Virei a minha cabeça para a direção oposta da deles, e finalmente pude soltar um suspiro. Fechei os meus olhos lentamente, e comecei a pensar na Emma.
Será que ela já havia chegado da psicóloga e ido até a minha casa? Como será que ela estava?
Eu nem ao menos sabia que horas eram agora.
E na verdade, não quis saber.
Era melhor esconder a verdade deles.
Era melhor esconder a verdade dela.
Mas eu sabia, lá no fundo, que se eles viessem até aqui, até o hospital, eu teria que contar a verdade.
Porém eu não queria. Não queria ter que olhar nos olhos de cada um, e dizer.
Os meus olhos começaram a pesar, e a lacrimejarem. Meu corpo começou a pedir por um descanso, e uma fuga também para não ter que ouvir meus pais sussurrando sobre mim.
Então fui me rendendo ao cansaço, e acabei por fim, fechando meus olhos, pegando no sono mais profundo que já tive na minha vida até hoje.
Talvez isso se devesse ao fato de eu não querer acordar e encarar a verdade em meus olhos.
Emma
Meu coração palpitava de ansiedade enquanto eu corria desesperadamente pelo estacionamento do hospital.
Meus passos ecoavam no asfalto molhado pela chuva, e se misturavam com os gritos e alertas do Brody e de todos que estavam no carro comigo.
Mas eu não dei atenção. Meu objetivo era o Logan, e nada mais.
Entrei correndo na recepção do hospital, e a atendente me olhou com os olhos arregalados.
Não sabia se era pelo fato de eu estar toda machucada, encharcada e suja, ou pelo meu desespero. Talvez fossem os dois.
— Pois não? Como posso aju...
— Logan! Logan Patterson... — Cortei a atendente, respirando fundo e dando uma pausa — Ele está aqui não é? Ele está bem?
— Bom, sim, ele está. Mas quem é você? Qual o seu grau de parentesco com o pacie...
— Eu sou a namorada dele. — Respondi, mal esperando ela terminar de falar.
— Quantos anos a senhorita...
— Tenho dezesseis anos. Por favor, me deixe vê-lo!
Então, com uma expressão de impaciência no rosto, a mulher me respondeu:
— Desculpe, mas você precisa estar acompanhada. Onde estão seus pais?
Não sabia o que responder, então houve um murmúrio de excitação logo atrás de mim, e Brody juntamente com todos os outros (que fez com que a recepcionista fizesse uma expressão de desgosto), apareceu atrás de mim.
— Oi, eu sou o responsável deles. — Brody disse, colocando uma das mãos no meu ombro.
A mulher olhou de cima abaixo para ele, e depois para mim.
— Suponho que queiram ver o paciente Logan Patterson, não é? — E respirou fundo, cansada.
Então antes que Brody respondesse, eu disse sim (um pouco alto demais, porque duas senhoras sentadas em cadeiras próximas olharam para nós), e a atendente apontou para um corredor longo com uma porta enorme no final, dizendo:
— É logo depois daquela porta, a esquerda, último quarto.
Sem esperar mais nada, eu saí em disparada, passando ao lado da recepcionista.
Ela continuou a falar algo para Brody, mas não dei atenção.
Abri a porta com força, e quase tombei com um enfermeiro que levava uma senhora em uma maca.
Assim que passei por eles, virei a esquerda e corri pelo longo corredor, passando por um elevador, e avistei a última porta.
Estava a alguns passos da porta, quando uma mão agarrou meu braço.
Me virei bruscamente e vi que Eliza me puxou, e olhou nos meus olhos, falando com um pouco mais de seriedade que nunca tinha ouvido em sua voz:
— Espera Emma. Eu sei que você tá ansiosa, eu também estou! Logan ficou me devendo um picolé, ele não pode morrer agora. — E ela sorriu. (Admito que sorri também, sem ela perceber) — Mas só podem entrar duas pessoas por vez. Brody disse para eu te acompanhar, mas não dá pra fazer isso com você correndo igual uma doida pelo hospital.
Eu retribuí o olhar para ela, e segurei em sua mão, acenando positivamente com a cabeça.
Minha expressão não tinha mudado. Pelo contrário, estava mais séria do que antes.
A outra mão de Eliza repousou pela maçaneta de metal fria da porta, e meu estômago embrulhou.
Eu não fazia ideia de como Logan estava.
Olhei para trás, e o corredor se encontrava ainda cheio de pessoas, todas doentes, com tubos, agulhas e fios que eu mal conheço grudados em seus braços, alguns até no rosto.
Brody e os outros ainda não tinham chegado, mas poderiam estar avisando os pais de Logan pelo interfone que íamos entrar ali a qualquer momento.
Respirei fundo e olhei para Eliza.
Ela girou a maçaneta, e percebi que estava mais pálida do que antes.
A porta se abriu, e entramos na sala.
Capítulo 25 concluído ✓
Capítulo 26 ⬇️
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