🌻VINTE🌻
Emma
Fiquei pasma e perplexa ao mesmo tempo. O que as duas estavam fazendo aqui a essa hora?
Entre os lábios perguntei o que elas queriam, e elas deram de ombros, sorrindo e mostrando uma corda feita de...meias?
Estava frio, escuro e eu vestia meu pijama. O que essas duas tinham na cabeça?!
Revirei os olhos e fiz um sinal para elas esperarem. Ambas vestiam casacos por cima das blusas dos pijamas.
Virei as costas para elas e peguei a primeira blusa com zíper que vi assim que abri o guarda-roupa.
Olhei para Candy. Ela ainda cochilava aos pés da minha cama, tranquilamente, como eu gostaria de estar.
Mas não se é possível com amigos que provavelmente cheiram açúcar e orégano todos os dias, pra fazerem essas "retardadices".
Abri a janela, e o ar frio e gélido se instalou de imediato no meu quarto, me fazendo arrepiar da cabeça aos pés.
As duas jogaram a corda de meias para mim e eu a agarrei, enquanto as duas seguravam a outra ponta.
A única sorte que eu tenho essa noite é de os meus pais têm o sono pesado, porque se não tivessem, eu simplesmente iria surtar.
Eu até abriria a porta da frente para Eliza e Jasmine entrarem, mas a chave fica numa caixinha com várias outras dentro, então eu iria fazer muito barulho. Eles têm o sono pesado, mas não a ponto de não escutarem sons de metais se chacoalhando e a porta sendo aberta, com a Candy latindo.
Segurei a corda firmemente, e fiquei em cima dela, para que as duas pudessem subir.
Quem entrou em meu quarto primeiro foi Eliza, que iria gritar se eu não tivesse tampado sua boca a tempo. Jasmine entrou em seguida, puxando o resto da corda para dentro e cruzando os braços. Não parecia feliz como estava lá embaixo, muito pelo contrário: estava com uma feição totalmente zangada.
— O que vocês duas estão fazendo aqui? — Perguntei, tomando a iniciativa das explicações.
Jasmine abriu a boca para dizer algo, mas Eliza começou a explicar toda excitada, como se tivesse comido 1 quilo de açúcar puro:
— Viemos te buscar, Espionagem! Doces! Parque abandonado!! — Ela não parava de agitar as mãos, e seus olhos brilhavam de loucura. Talvez brilhavam também por causa dos doces que ela não parava de comer.
— O que ela está tentando dizer — Jasmine segurou as duas mãos de Eliza — é que descobrimos que os garotos estão fazendo uma festa do pijama e não quiseram nos contar. Além disso, eu estou furiosa com o Nathan! Ele prometeu estudar comigo para a prova de geografia depois da aula, e desmarcou só pra ir a esta festa boba! — Jasmine começou a apertar as mãos de Eliza com força, que contraía os lábios de dor.
— Você está machucando minhas mãos! Eu preciso delas para segurar os doces e colocá-los na minha boca Jasmine!! — Eliza Exclamou.
Então ela se deu conta de que estava a machucando e as soltou.
Ainda não entendendo nada, perguntei:
— É, eles me contaram algumas horas atrás antes de vocês chegarem. Mas o que temos com tudo isso? É uma noite de meninos, não fazemos parte dessa categoria. — Dei uma risada cínica, olhando para a única entre as duas que estava em condições de explicar algo, e de preferência que não estava dopada de açúcar.
— Eu quero saber o que o Nathan faz de tão interessante que é mais importante do que estudar para uma prova! — Jasmine explicou, jogando os cachos para o lado — Ah, e Eliza quer roubar a comida deles. Ouvimos os três falando que iriam ao supermercado depois da aula, mas quando chegamos perto, eles mudaram de assunto.
— E por que querem fazer isso? Não seria mais fácil esquecer essa situação toda ou simplesmente ignorar? — Sugeri, segurando o braço de Eliza para que ela não pulasse na minha cama.
Então, dessa vez a doida comedora de açúcar me olhou, franziu a testa e segurou os meus ombros, olhando nos meus olhos e respondendo a minha pergunta:
— Por que, entenda Emma, é divertido. — Ela me soltou e voltou a agitar as mãos — Então, vamos?!
Eu olhei para as duas. Eliza topava qualquer coisa, e Jasmine, que, pelo meu conhecimento do grupo era a mais sensata e inteligente, transmitia no olhar um desejo de vingança e divertimento.
Não podia recusar uma noite como essa.
Fiz sinal para as duas ficarem em silêncio, e fomos até a janela. Jasmine segurou a ponta da corda e jogou a outra extremidade lá embaixo.
Eliza desceu primeiro, mal segurando na corda, na verdade, acho que ela simplesmente pulou.
Eu fiz igual os bombeiros faziam, e escorreguei, dando voltas e mais voltas involuntariamente.
Jasmine hesitou antes de descer, e quando fez isso, foi deslizando sorrateiramente.
— Finalmente! Que demora! — Eliza exclamou, puxando a corda de meias e arrastando a mesma para um arbusto.
— E se eu caísse e quebrasse algum osso? — Retrucou Jasmine.
— Dessa altura? Impo...
— Chega vocês duas, vamos logo! — Interrompi, antes que ambas entrassem em uma discussão.
Nossos pés faziam ruídos no gramado, enquanto saíamos da minha casa, chegando finalmente ao asfalto da rua, que agora era coberto pela neblina, formando uma densa camada pelo caminho inteiro.
A casa do Logan estava com todas as luzes apagadas, exceto pela da sala. Nas janelas, formavam-se sombras, que tremeluziam na grama do quintal do lado de fora da casa, na qual continuava com hortaliças mordidas e esparramadas pelo chão.
Pareciam estar se divertindo. Um pacote de salgadinhos foi atirado contra a janela, deixando um pó laranja grudado no vidro, e em seguida uma tampinha de refrigerante se estatelou na janela da cozinha.
— Acho que a vingança pode ficar pra depois, não é meninas? — Perguntei, com receio de me aproximar mais um pouco da casa e acabar levando uma garrafa voadora na cara. Mas já era tarde demais para interferir, a cacheada esperta e a louca consumidora de açúcar já tinham se espreitado para debaixo da janela da sala.
As duas fizeram sinal para que eu me juntasse a elas, e foi o que eu fiz, com as mãos por cima da cabeça; nunca se sabe quando um salgadinho ou uma tampinha pode atingir você no meio da madrugada.
Jasmine, Eliza e eu espiamos pelo vidro o que os meninos estavam fazendo.
Depois de olharmos, abaixamos as cabeças novamente, nos entre olhamos e por fim, rimos a beça. A primeira a dizer algo, foi Jasmine, entre risos:
— Por que Christian e Nathan estão com pijamas do Stich?!
Logan
— Vocês sabem que todas as pessoas do supermercado estão olhando para vocês desde que chegamos, não é? — Perguntei, pegando um pote de sorvete e jogando dentro do carrinho.
Chris, que recolhia caixas de pizza congelada, respondeu:
— Isso é porque estamos extremamente gatos nesses pijamas.
Pois é, depois da aula, os dois conseguiram me arrastar até o vestiário masculino e me obrigar a ver ambos vestirem pijamas, que por sinal eram do alienígena mais fofo do mundo: o Stich. Depois, saíram deslizando pelo corredor, com as mochilas nas costas, e caminharam pra fora do colégio como se tudo estivesse normal.
"Os seguranças não vão deixar vocês entrarem vestidos assim" Eu tinha dito a eles.
Mas eles me ouviram? Não.
Na verdade, ninguém se importou muito, só ficaram rindo e trocando alguns olhares. Depois, uma manada de crianças (que mais pareciam a família Weasley de Harry Potter) correram até os gêmeos e queriam autógrafos. Perdemos 30 minutos com isso.
Depois de comprarmos toda a comida que queríamos, eu e os Stichs pagamos no caixa e saímos do supermercado.
E aqui estamos nós, tentando jogar comida na boca do outro a distância.
Chris já acertou um pacote de salgadinhos de queijo na janela, e Nath lançou acidentalmente uma tampinha de refrigerante no vidro da cozinha.
Eu tinha aberto um pote de sorvete de morango, mas derrubei parte dele no chão da sala, que agora estava sendo lambido pelo Billy, o coelho anão da clínica da minha mãe.
Enquanto arremessava o pote para Nath, que estava na cozinha, uma coisa gelada se estatelou no meu rosto.
— O que é isso?! — Gritei, tirando da minha bochecha uma fatia de pizza que ainda estava congelada. — Chris!
— Hum...O que foi? — Balbuciou Chris, com a boca cheia de massa crua. — Ah é, quer pizza?
— Quero, mas não crua e gelada! — Respondi, e mesmo sem perceber, a fatia escorregou para o chão. Billy já avançou e começou a devorá-la.
— Eu gosto assim. Ei, o Cup noodles já tá pronto? — O Stich com a pizza crua perguntou.
— Não, mas já deixei os três copos ali na bancada, estou esperando a água ferver. — Nath respondeu, virando as costas para a cozinha e se jogando no sofá com vários pacotes de salgadinhos e caixas de pizza abertas.
Minha boca estava cheia de refrigerante, enquanto só se ouvia os sons de mastigação vindo de Chris comendo a pizza.
De repente, as luzes da sala se apagaram, deixando tudo escuro.
— Ei! O que aconteceu?! — Nath, pelo que parecia, havia exclamado.
— Eu não sei! — Respondi de volta, mas quando ia voltar a dizer algo, uma coisa muito mais gelada que a fatia de pizza foi jogada por uma mão na minha cara, me causando arrepios. — Ahgh!!! — Balbuciei, fechando os olhos por impulso.
Uma voz, que pelo meu tempo de experiência com os gêmeos, era do Chris, começou a se elevar:
— Cadê meu celular? Onde eu deixei ele?! — Então ele esbarrou em mim. — Logan? É você?
— Sim, sou eu. — Toquei em seu ombro e passei por ele, tentando caminhar em direção ao interruptor da sala, apalpando os móveis até chegar lá.
A coisa gelada que estava no meu rosto, começou a escorrer, pingando no chão que eu mal conseguia ver.
Mas antes que eu pudesse tocar na parede e alcançar o interruptor, as luzes voltaram, fazendo com que pudéssemos ver tudo mais nitidamente.
A sala estava completamente normal, a não ser por alguns detalhes.
No rosto de Nathan haviam riscos aleatórios de canetinha preta, e enquanto em Chris, vários caramelos redondos grudavam em sua bochecha e nariz. Já em mim, passei a mão no creme gelado, e era nada mais, nada menos do que sorvete de chocolate.
— O que aconteceu aqui?! — Os Stichs exclamaram juntos.
— Eu não faço idéia. — Disse, como resposta.
Um apito começou a soar bem alto, nos assustando. Mas era só a chaleira, indicando que a água já havia fervido para o Cup noodles.
Corri até lá, e desliguei, a colocando em cima da mesa. Já que estava na cozinha, abri a torneira e limpei meu rosto conforme o jato de água escorria.
Nath me acompanhou também, esfregando seu rosto com uma esponja e detergente.
Já Chris, simplesmente pegou uma bala de caramelo que estava grudado em seu rosto e começou a comer.
— Não sei quem foi que fez isso, mas foi gentil em deixar balas de caramelo no meu rosto. — Falou, surpreendendo eu e Nath.
— E se isso estiver envenenado, Chris?! — Nathan exclamou, com o rosto vermelho de tanto se esfregar.
— Pelo menos eu morro feliz. — Ele respondeu, pegando mais uma.
— O que quer que tenha acontecido aqui e agora, vamos...sei lá, esquecer disso tudo e continuar a nossa noite? — Perguntei, encarando os dois em busca de resposta.
Os dois acenaram que sim com a cabeça, mas antes que tudo voltasse ao normal, reparei em uma coisa: tinham roubado uma caixa de pizza, três potes de sorvete e um pacote de salgadinho.
— Ei! Eram ladrões de comida, roubaram parte da nossa!! — Exclamei.
Os dois pareciam nada surpresos, apenas chegaram na cozinha e se sentaram nas cadeiras.
— Pessoas roubam comidas umas das outras todos os dias, isso é super normal. Devia ser uns vândalos sem nada pra fazer. — Nath explicou, revirando os olhos.
— Agora coloca a água aí nos copos que eu tô com fome. — Chris estendeu o seu Cup noodles, e eu enchi com a água quente.
Me sentei junto a eles, e observei a sala para ver se não tinha acontecido outra coisa.
Ela estava totalmente bagunçada, e a única coisa que isso me fez lembrar foi: estou ferrado. A sala toda suja, o Billy comendo porcaria a noite inteira, e ainda pra piorar, vândalos invadiram a casa e roubaram comida. Sério...comida?!
Meus pensamentos foram interrompidos por uma cutucada que Nath deu no meu braço, dizendo que o macarrão estava pronto.
Chris foi o primeiro a começar a comer, em seguida Nath e depois eu.
Mas, passado 2 minutos, o rosto de Chris ficou vermelho igual a uma pimenta, então ele começou a gritar:
— Fogo!! Ahgh!! Pimenta!!! — Então ele se levantou correndo e enfiou a cara embaixo da torneira da pia, a bebendo também.
— O que? Mas o sabor que compramos nem foi de pimenta, foi de frango, o que tá aconte... — Mas o rosto de Nathan ficou vermelho também, antes que ele pudesse terminar.
Ele correu para a garrafa de refrigerante na sala, e começou a tomar tudo em vários goles longos.
Antes que eu pudesse sequer pensar em algo, meu rosto começou a arder, igualmente da minha língua, e como todos os líquidos disponíveis agora estavam ocupados, corri escada acima para o banheiro, jogar toda a água da torneira na minha cara.
Enquanto corria, os pensamentos mudaram, e a única coisa que eu pensava era: "que merda tá acontecendo?!"
Capítulo 20 concluído ✔
Capítulo 21⬇️
Bạn đang đọc truyện trên: AzTruyen.Top