Logan

 — Você quase colocou tudo a perder! — Nath gritava, enquanto olhava para o céu e agitava os braços, irritado.

 — Calma Nath, como o Logan iria saber que a Emma estaria justamente ali? Ele estava carregando caixas até a cabeça, não estava conseguindo enxergar nada! — Jasmine colocava as mãos no ombro de Nath, tentando controlar a situação.   

 Mas ele estava certo, eu quase coloquei tudo a perder. Fico pensando se a Emma não viu alguma coisa dentro das caixas, isso estragaria tudo.

— Escute aqui, Logan — Jasmine apontava o dedo indicador na direção do meu rosto — É melhor você se controlar para não ver a Emma até semana que vem, tenho certeza de que se você a ver novamente, vai começar a suar e gaguejar, então se controle.

 — Como eu vou fazer isso?! Não tem como eu evitá-la! Eu não consigo... — Antes que eu pudesse terminar de falar, Nath me interrompeu:

 — Chris vai cuidar disso, ele e Eliza não vão abandonar a Emma durante toda a  semana.

 Quando se trata de Chris e Eliza, não duvido do que esses dois podem fazer juntos. Explodir a Terra talvez?

 Resolvi então confiar na palavra de Nath, e apenas me preparar a semana inteira com tudo que eu tinha naquelas caixas, e principalmente em mim.

  Não acredito que aguentei uma semana inteira sem encontrar a Emma.

 Eu tentei diversas vezes falar com ela quando nos encontrávamos na praça ou depois da aula, mas Nath e Jasmine sempre tinham uma desculpa na ponta da língua para dar a ela. Enquanto isso, Chris e Eliza saíam com Emma para vários lugares, e ainda levavam o Jujuba e a Candy.

 Mas finalmente o tão esperado fim de  semana chegou, e aqui estou eu, arrumando minhas coisas para me encontrar com os gêmeos na casa deles.

 Assim que termino de colocar a última camiseta na mochila, jogo ela em meu ombro e desço as escadas.

Meu pai estava sentado no sofá, lendo um livro. Já minha mãe, estava na cozinha alimentando um papagaio.

 — Um papagaio dessa vez? — Perguntei, indo em sua direção.

 — Sim, seu nome é Túlio. — Disse minha mãe, enquanto o Túlio repetia "um papagaio dessa vez, HÁÁÁÁ".

 — Bom mãe, pai, vou indo na casa dos gêmeos, como já sabem, vou voltar na segunda-feira. — Dei um abraço em minha mãe, então fui até meu pai e fiz o mesmo gesto.

 — Boa sorte com a Emma, filho.  — Meu pai cochichou no meu ouvido, enquanto nos abraçamos.

 — Pode deixar pai. — Cochichei de volta.

Arrumei a mochila novamente em minhas costas, abri a porta e saí.

  Realmente o dia estava perfeito para ir a praia. A brisa suave pairava no caminho, enquanto o sol escaldante me fazia suar um pouco.

 Assim que me aproximei da casa, vi os gêmeos arrumando algumas bolsas na calçada.

 — Não, não, não! Nunca coloque o protetor solar embaixo das roupas! Ele pode estourar e ensopar elas! — Chris gritava com Nath, enquanto arrumava as coisas dentro de uma grande mochila.

 Nathan, com a cara fechada, me viu e cutucou o ombro de Chris, que levantou os olhos e sorriu, assim como Nath.

 — E aí Logan?! Chega mais. — Exclamou Nathan.

 — E aí? Tudo pronto? — Chris fechou o zíper da mochila, e se levantou do chão.

 — Tudo. Só um pouco nervoso. — Apertei mais um pouco a alça da minha bolsa, e olhei para o chão.

 E se ela não gostar?  Pensei.

 — Não fica nervoso, a Emma é uma garota demais, Logan. — Disse Chris, olhando fixamente para a esquina.

 — Quem você está procurando, Chris? — Perguntei.

 Neste momento, um garoto familiar veio correndo em nossa direção.

— Charlie!!! — Chris largou a mochila no chão, e foi correndo se encontrar com Charlie.

Os dois chegaram na metade da calçada, e se abraçaram, sorrindo um para o outro. Em seguida, deram um beijo carinhoso, e voltaram para onde estávamos, de mãos dadas.

 — Oi gente! — Charlie sorriu, com uma mala de mão, a alça pendurada no ombro.

 — Oi Charlie, como você está? — Nathan perguntou, se agachando para pegar a mochila.

— Vou bem. Quando o Noah vai chegar? Ele vai vir com aquela namorada mesquinha dele? — Charlie perguntou, revirando os olhos. — Ele combina muito mais com a Eliza do que com aquela garota boboca.

 — Você tem razão. Noah só está com a Daisy ainda por causa dos pais dele, mas no Natal, ele disse a Eliza que abandonaria Daisy para ficar com ela. Os pais dele não teriam coragem de brigar com ele na frente da família inteira no jantar de Natal. — Nathan suspirou fundo, depois da longa explicação.

 Charlie assentiu, e voltou seu olhar a mim, perguntando o que todo mundo já havia me perguntado:

— Você está com todas as coisas aí Logan?

 — Sim, estou.

Neste momento, ouvimos sons de pneus dobrando a esquina, e um carro parando na nossa frente.

Eliza abaixou o vidro no banco do passageiro, e exclamou:

 — Subam logo! — Seu rosto estava neutro, e todos nós percebemos o porquê.

 Daisy estava sentada no banco do carona, tentando colocar cílios postiços, e mal tinha nos notado.

 Fomos colocando as malas no bagageiro, e entramos dentro do carro.

 Na fileira do meio, estava Emma (O que fez minhas mãos imediatamente começarem a suar), Eliza e Jasmine.

 Me sentei ao lado da Emma, enquanto os gêmeos e Charlie foram para trás.

Noah lançou um olhar "eu queria estar com você " para Eliza pelo retrovisor, e Eliza suspirou fundo, entediada.

 Minha boca repentinamente se abriu, e eu disse algo como:

 — O-oi Emma, B-bem está você? — E só depois que eu perguntei isso a ela, percebi que embaralhei as palavras.

 Noah começou a virar o carro na direção oposta que ele tinha vindo, e então seguimos o caminho para o nosso destino, que demoraria 1 hora e meia.

 Emma arqueou uma sobrancelha, e perguntou confusa:

 — O que você disse Logan? — Ela parecia tranquila com tudo aquilo. Ao contrário de mim.

— Eu perguntei se você está bem. — Respondi rapidamente, para que minha língua não me pregasse uma peça novamente.

 — Eu vou bem. Um pouco nervosa pelas coisas que podem acontecer lá, mas fora isso, melhor impossível. — Ela deu uma risada de leve, e eu ri também, tentando fazer com que minhas mãos parassem de suar.

— Não se preocupe, eu vou estar com você o tempo todo, prometo que não vou te deixar em momento algum. — Confirmei, amenizando a tensão.

 Então ela sorriu para mim agradecida, e senti ela segurando minha mão. Totalmente encharcada de suor.

 Ela fez uma careta, e soltou-a no mesmo instante.

— Sua mão está suada. — Ela se curvou para a direita, e retirou do vão do banco um tubo de álcool em gel.

 Não pude deixar de sorrir com aquilo. A Emma estava sempre preparada para tudo, e aquilo a deixava responsável.

 Primeiro ela passou um pouco em sua mão, e depois pegou as minhas rapidamente, e despejou o gel.

— Obrigado. — Agradeci, esfregando minhas mãos uma na outra.

 — De nada. — Ela respondeu, guardando o tubo no mesmo lugar.

Estávamos pegando a auto estrada, e o silêncio se seguia no carro. Os únicos ruídos que podiam ser ouvidos, era o som das páginas do livro de Jasmine sendo passadas de pouco em pouco.

 De repente senti algo molhado no meu pescoço, e quando me virei para trás, Chris estava dormindo, com a cabeça encostada no ombro de Charlie, que mexia distraidamente no celular. E ainda por cima, Chris estava babando em mim.

— Eca... — Murmurei, chegando para o lado.

 Emma estava organizando alguns amarradores em seu pulso, das cores mais claras para as mais escuras.

 Eliza estava mascando chiclete, enquanto tentava fazer uma bolha com ele. Nathan, que estava atrás de Jasmine, apenas admirava ela lendo seu livro, e enrolava seus cachos com o dedo indicador, arrancando vários sorrisos dela.

 Daisy estava tentando pintar as unhas, fazendo com que o cheiro forte de esmalte invadisse todo o interior do carro. Noah, para se distrair do cheiro, batucava os dedos no volante, mexendo os lábios em um ritmo silencioso.

 Eu era o único que estava parado, sem fazer absolutamente nada. Aquilo já estava me deixando impaciente.

 — Psiu, Emma. — Eu cochichei. — Me empresta um de seus amarradores?

 — Claro. Qual cor?

 — Qualquer uma. — Respondi.

Ela me entregou um amarrador rosa, então sussurrei para a Eliza:

 — Eliza, se liga só.  — Com os meus dedos indicadores, fiz um estilingue, e mirei no calcanhar de Daisy, apenas para dar um susto naquela garota metida que sempre nos ignorou.

 Soltei o amarrador, e o resultado foi hilário.

 Ela deu um berro, fazendo Chris acordar, e Eliza cuspiu o chiclete, tentando segurar a enorme risada presa em sua garganta.

 Noah arregalou os olhos, e observou atentamente Daisy. Pensei que ele iria gritar com ela, mas em vez disso ele suspirou fundo, e falou, cansado:

   — O que foi dessa vez Daisy?

 Daisy olhou assustada para ele, e furiosa, começou a implicar:

   — Quando você está falando comigo, deve me chamar de amor!! E além disso, sua amiguinha deve ter jogado algo em mim!!! — Ela se virou e cerrou os olhos para Eliza, que mostrou a língua para ela, numa cara emburrada.

 Então Charlie se interveio:

 — Você acordou meu namorado! Não pode gritar mais baixo?!

 Chris estava descabelado, e com cara de sono, do tipo "o que tá acontecendo?".

 Daisy, que estava cheia de fúria, implicou com Charlie:

 — Você deveria acordar pra vida e parar de chamá-lo de namorado. O Mundo não é fácil para gente como você, queridinho.

 Charlie, que ficou com mais raiva do que nunca, devolveu seu deboche:

 — Então estou disposto a deixar que o Mundo torne o nosso relacionamento mais difícil ainda, porque caso você não saiba, eu faço qualquer coisa por ele.  — Charlie trouxe o corpo de Chris mais perto do dele, e continuou — acho que ninguém aqui pediu sua opinião sobre a sexualidade das pessoas, queridinha.

 Daisy ficou super vermelha, e quando ia dizer mais alguma coisa, ouvimos a buzina ficando cada vez mais alta.

 Então, Noah exclamou:

 — Chega Daisy!! Você dá chilique por coisas idiotas! Além disso, quem pinta as unhas no carro em movimento?! — Noah estendeu a mão e puxou o vidrinho de esmalte da mão de Daisy, jogando-o com força pela janela do carro. — eu estou quase desmaiando com a porra desse cheiro! — Sua cara se fechou ainda mais, e então, ele finalizou — Se você implicar com a Eliza mais uma vez, eu juro que deixo meus amigos na praia e volto pra te deixar na sua casa de volta. E ainda por cima volto para curtir com eles.

 Daisy, com muita raiva, gritou novamente:

 — E desde quando esse bando de manés se tornaram seus amigos?!

 Noah olhou fixamente em seus olhos, e a respondeu vitoriosamente:

   — Desde que conheci Eliza. Se mexer com eles, mexeu comigo também. Não os chame de manés, nunca mais. Quando alguém têm caráter comigo, já ganhou a minha confiança. E você, nunca demonstrou esse caráter.

 —Desde quando eu não demonstro caráter?! — Daisy agitava os braços, indignada com toda aquela situação.

— Desde sempre. — Ele respondeu, finalizando a discussão.

 Olhei para Eliza, que agora mordiscava caramelos de alcaçuz, com satisfação brilhando em seu rosto.

 — De nada. — Cochichei, com um sorriso no canto da boca.

 — Eu não acredito que você fez isso. — Emma estava se segurando para não rir, assim como todos dentro do carro.

 Daisy olhava incrédula para cada um de nós, apenas tentando identificar quem iria rir primeiro.

Estava muito difícil para Eliza não abrir a boca e rir, então Jasmine colocou várias jujubas em sua boca.

  Eu estava quase dormindo, quando sinto Emma puxar o meu braço, e sussurrar em meu ouvido:

— Já chegamos — E então ela completa, fazendo eu me despertar no mesmo momento — vamos, meu girassol?

 Eu seguro em sua mão, e rimos juntos, descendo do carro.

 Quando demos a volta para pegar nossas coisas, Noah chamou a atenção de todos nós, avisando:

 — Gente, preciso dizer uma coisa pra vocês. — Ele suspirou fundo e cruzou os braços — Meu pai alugou um chalé para nós, o problema era que ele não queria que... — Ele olhou para Daisy, e era óbvio que ela não queria que ficássemos num chalé público. Essa mesquinha. — não queria um chalé público. Temos que pegar a lancha que ele alugou e atravessar a costa, que por sinal é enorme...

Todos concordamos que isso seria o melhor a se fazer, então pegamos nossas mochilas, bolsas e malas, e fomos até a lancha, que estava próximo ao ancoradouro.

Eu ajudei Emma a subir, e nos sentamos nos assentos. Noah se sentou no banco, colocou a chave na ignição, ligou-a e começou a nos levar até o chalé.

 Olhei para trás, e lá estava a praia, ficando cada vez menor conforme nos afastávamos. Finalmente avistamos outro ancoradouro, com alguns chalés próximos a ele.

 Noah parou a lancha, descemos, pegamos nossas coisas e fomos para o chalé.

Eu, Charlie e os B.L.I fomos até o chalé N°5, mas Daisy foi caminhando para o chalé N°4.

— Daisy, não é esse chalé. Esse é o N°4, meu pai alugou o N°5! — Noah exclamou.

 Daisy, que estava de óculos escuros, o levou até a ponta do nariz e falou num tom de deboche:

 — Você está louco de achar que eu vou ficar no mesmo chalé que eles! — Ela levantou os óculos de volta no lugar — pedi para meu pai alugar um chalé só para mim. — E pra deixar Eliza enciumada, ela teve a audácia de completar — você tem passe livre para ir todas as noites me ver, querido.

 Eliza rangeu os dentes, a olhando com um olhar ameaçador. Ela não deveria ter mexido com a pessoa mais louca que eu já conheci.

 Daisy continuou a caminhar para seu chalé, enquanto fomos até o nosso.

 Chris e Charlie escolheram uma beliche para os dois, enquanto Nathan e Jasmine dividiam outra. Noah olhou para Eliza, que imediatamente jogou suas coisas na mesma beliche que a dele, mal se importando se ele iria ficar no nosso chalé ou não.

 — Você vai ficar aqui, não é Noah? — Eliza perguntou, fazendo beiço.

— Claro que vou, meu doce. — Ele jogou sua bolsa na cama debaixo, na beliche que os dois iriam dividir.

Olhei ao redor do chalé. Todos formavam um casal, mesmo que Nathan ainda não tenha pedido Jasmine em namoro, eles sempre formavam uma bela dupla de "futuros namorados".

 Olhei para Emma, que estava tirando um amarrador do seu pulso com os dentes, enquanto formava um rabo de cavalo em seu cabelo.

 Me aproximei dela, e como eu estava torcendo para isso acontecer, disse que dividiríamos a beliche juntos.
  
 — Tudo bem. — Ela concordou.

Então, Eliza veio correndo em sua direção, se jogando em cima dela.

 — Vamos colocar o biquíni Emma! — Eliza exclamou.

— Okay. — Ela respondeu.

 Ela se aproximou da cama, com a bolsa em suas mãos, e retirou de lá o biquíni.

Estava curioso para saber como era o seu biquíni,  então perguntei:

— Posso ver? — Levantei meus olhos para vê-lo em suas mãos, mas ela o escondeu.

— Só quando eu colocá-lo. — Ela sorriu, e foi para o banheiro se trocar.

Enquanto isso, subi em cima da beliche, e comecei a retirar de lá as roupas que eu ia usar na praia.

 Eu queria agradar a Emma, não queria deixá-la desconfortável ou algo do tipo, então vesti uma bermuda, camiseta branca, e coloquei uma faixa da mesma cor no meu cabelo. Quando eu chegasse na praia eu tiraria a camiseta, mas se ela não quisesse, eu não tiraria. Simples.

Pego minhas roupas e vou na outra cabine, que estava vazia. Assim que termino de me vestir, me deparo com Emma saindo do banheiro.

 Não consigo esconder o quanto fiquei maravilhado, pois ela estava linda, mais linda do que já é.

— Uau, você está... — Comecei a dizer, mas então ela me interrompeu, criando várias outras frases:

 — O quê? Você acha que ficou muito decotado? Eu sabia que deveria ter pedido para o Chris escolher outro, esse aqui é muito aberto atrás, você não acha? Eu também achei que... — Antes que ela pudesse terminar com as enormes dúvidas, eu a respondi:

— Eu achei você magnífica. Você está muito linda nesse biquíni Emma. Tudo bem? — Segurei suas mãos, e ela ficou vermelha de vergonha.

 — Okay. — Ela reparou na camiseta que eu usava — Pode tirar a camiseta, se quiser...

 — Eu tiro na praia. — Respondi.

Noah, que estava do lado de fora do chalé, entrou, sem camisa e com uma bermuda preta.

 — Vamos pessoal? — Ele perguntou.

 — Vamos! — Eliza correu em direção aos seus braços, mas quando ela chegou perto, Daisy simplesmente apareceu e o abraçou.

 — Você fica muito mais sexy assim, amor. — Daisy olhou fixamente nos olhos de Noah, enquanto provocou aquilo.

 Noah, muito mais esperto que esse cérebro de ervilha, cujo nome é Daisy, se afastou ligeiramente dela, e acenou para que todos nós fôssemos para fora.

 Caminhamos até a lancha, subimos nela e sentamos nos assentos novamente.

 Noah ligou-a, e fomos a caminho da praia.

 Daisy e Eliza não paravam de trocar olhares ameaçadores uma para a outra, e todos nós temíamos do que Eliza seria capaz de fazer com ela.

Não sei eles, mas eu espero que Eliza  jogue todas as coisas de Daisy no mar, inclusive os estojos de maquiagem dela. Quem sabe o cérebro dela aumente para o tamanho de uma cereja, e ela consiga pensar  em pular no mar para resgatá-los.

  Capítulo 13 concluído ✔
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