🌻TRÊS🌻

  

Logan

 Apenas um banho rápido seria o suficiente para eu não me atrasar no colégio.

 Fiquei a noite toda pensando naquela garota que me salvou. Também fiquei pensando se ela chegou a ver o bilhete. Mas, o mais estranho disso tudo é: por que ela queria desesperadamente tomar um banho? Quer dizer...ela tinha mergulhado na água!

 Isso acabou me dando insônia, e dormi até tarde, acordando com 10 minutos restantes pra tomar banho, comer e trocar de roupa.

 Os gêmeos Christian e Nathan iam passar na minha casa daqui 3 minutos, e eu ainda estava trocando de roupa.

Enquanto colocava a calça totalmente desajeitado, olhei no relógio e faltava 2 minutos.

— Ah, merda! Vou me atrasar! — Exclamei.

 Olhei novamente no relógio. A campainha tocaria em alguns segundos, tenho certeza.

E ela realmente soou.

Fui até a janela e gritei, enquanto descia apressadamente as escadas:

 — Já tô indo!!! — Tropecei em um degrau em seguida, mas continuei descendo.

— Anda cara! A gente vai se atrasar! — Gritou um dos gêmeos, acho que era Christian. Anos convivendo com os dois, já estava acostumado a diferenciá-los. Mas não era tão difícil, ambos tinham estilos diferentes.

Corri o mais rápido possível, e peguei uma maçã da fruteira, para comer no caminho.

 — Foi mal gente, não dormi direito essa noite e acabei tendo insônia. — Ofegante, dei uma mordida na maçã.

— Hum, aposto que ficou pensando naquela garota! — Nathan deu um "leve" empurrão em mim, e rimos.

 — Quê?  Garota? Que garota?! — Eu falei, ainda rindo, me referindo a garota do lago.

 Assim que falei isso, a chata da Chloe veio correndo em minha direção.

 Chloe era uma garota loira desbotado de olhos verdes, e vive pegando no meu pé só por causa do nosso "beijo". Agora ela pensa que namoramos ou algo do tipo.

 — Oi anjinho! — Ela se jogou nos meus braços e me olhou bem nos olhos.

Na verdade, ela era bem bobinha e fácil de enganar, então era só dizer:

   — Nos encontramos depois Chloe.

E ela ia embora rapidinho, pensando  que esse "depois" existia, mas na verdade não, nunca existia e nunca vai existir.

  Eu e os gêmeos continuamos andando até a entrada do colégio, e logo em seguida pra sala.

 No corredor, como todos os dias, Charlie passava do nosso lado, e ele e Christian davam um sorrisinho um para o outro e seguiam caminho.

Sim, Christian era gay. E não, seu irmão, Nathan, não era gay, pelo contrário, ele gostava da...

 — Jasmine! — Exclamou ele, correndo na direção dela, enquanto ela fazia o mesmo.

 Eles nunca se declararam um pro outro, mas era muito óbvio que eles se gostavam.

 Eliza também vinha em nossa direção, mas ela não gostava de alguém da nossa turma ou sala.

Na verdade, Eliza era afim de um cara mais velho que ela, Noah,  enquanto ela tinha 16, ele tinha 18. Os dois se gostavam e tal, mas tinha um pequeno problema.

— Daisy... —  Disse Eliza, com ódio nos olhos, olhando fixamente para Noah e Daisy se beijando no corredor.

Em seguida ela suspira fundo, e todos nós seguimos para a sala de aula.

 E eu, bom, eu sou o cara que sempre fica sozinho.

   Emma

 Enquanto comia uma fatia de torta de maçã, pensava em como seria minha nova psicóloga; Se ela seria alta, magra, baixa ou gorda, pra mim isso não importava, desde que ela consiga trancar meus pensamentos, para mim já estava bom.

Eu terminei de comer e levantei, colocando o prato e garfo na pia de mármore. Meus pais desceram as escadas, e abriram a porta para irmos.

 Eles abriram a porta do carro, e eu entrei no mesmo, fechando a porta logo em seguida.

— Está ansiosa, filha? — Perguntou minha mãe, me dando um sorriso.

  Candy ficou em casa, dormindo em sua caminha ou brincando com sua bolinha. Aquela preguiçosa.

 Ri pensando naquilo, e respondi minha mãe:

 — Bom, digamos que eu esteja curiosa.

 Ela sorriu para mim, e meu pai começou a dirigir.

  O consultório ficava em um local calmo e tranquilo, onde não tinha muito movimento.

Meus pais me entregaram minha ficha e documentos, e eu desci do carro dizendo:

 — Bom, eu ligo pra vocês quando acabar.

 Eles acenaram para mim e foram embora.

 Fiquei parada em frente ao consultório, onde era bem relaxante de se entrar.

 O local era bem espaçoso, e para chegar até a sala de espera eu tinha que atravessar um jardim, com um caminho cheio de pedras coloridas.

Havia também um som de fundo no local, com sons de cachoeiras.

Entrei na sala de espera, e quem me atendeu foi uma senhora.

— Olá querida. Tem horário marcado? — Perguntou ela.

— Oi, tenho sim. Às 14:00, e bom...já é 13:57. — Dei uma visualizada no lugar até encontrar um relógio.

— Oh, sim! Você é a Emma, não? Já pode ir até lá. O número da sala é quatro. — A senhora deu um sorriso caloroso para mim, e apontou para um corredor, onde havia várias salas.

Eu a agradeci e fui até lá.

Quando achei a sala número quatro, nem precisei bater na porta. Uma mulher de 40 anos, com cabelos pretos e longos, abriu ela para mim e me puxou para dentro.

Quando olhei em seus olhos, pude perceber que eles eram verdes bem escuros.

— Olá Emma! Mary me contou um pouco sobre você. — Ela sorriu pra mim, e começou a arrumar alguns papéis.

 Normalmente as pessoas só estão sorrindo pra mim hoje, mas enfim.

Assim que ela disse "Mary me contou um pouco sobre você", fiquei meio insegura, pois o que a Mary contou sobre mim? Coisas boas ou ruins?

 Me ajeitei na poltrona de pacientes, e esperei que ela falasse.

 — Bom, vamos tratar desse TOC. Primeiramente, quero que me diga o que você sente sobre o TOC. — Ela foi bem simples e direta sobre a ordem.

 Pensei um pouco antes de responde-la, então disse, num tom calmo:

 — Bom, eu vejo o TOC como pensamentos soltos em minha mente,  — Respirei fundo — Uma praga que não me deixa um dia sem ter que passar álcool em gel nas mãos e no rosto.

 Ela me olhou com compreensão, e continuou dizendo:

— E o que você espera que eu faça com esses pensamentos soltos?

— Que você os prenda. — Respondi imediatamente.

 Ela ficou me encarando por um tempo, até que ela finalmente falou alguma coisa:

 — Bom, é isso que irei tentar fazer. Veja bem, para isso acontecer você deve colaborar.

"Ora, mas colaborar com o quê?" — Pensei.

— Colaborar com o quê exatamente? — Perguntei a ela.

 — Com seus pensamentos, é claro. — Respondeu. Mas eu continuei sem entender.

 — Mas, como assim?

— Conforme o tempo for passando, você entenderá melhor. Entenderá seus pensamentos. — Ela colocou suas mãos no meu ombro — Agora, por hoje é só.

   — M-mas...e os tratamentos? — Perguntei, ainda confusa, enquanto ela mesma me levantava da poltrona.

 Ela não me respondeu, e quando vi, já estava fora da sala número quatro.

  Liguei para meus pais virem me buscar, e em 5 minutos eles chegaram.

 Fui até o carro e entrei.

 — Como foi querida? — Perguntou meu pai.

 — Foi...confuso. — Respondi.

    Logan

 Na saída do colégio, disse para a galera ir indo sem mim. Precisava fazer uma coisa antes.

— Tem a ver com a garota? — Perguntou Eliza, rindo.

 — Ah, qual é! Não tem nada a ver com ela! — Eu menti. Na verdade tinha tudo a ver com ela.

  — Então tá, nos vemos amanhã Logan! — Disse Eliza.

 Eu concordei, e assim que eles sumiram de vista, fui até o bosque em que caí no lago.

 Atravessei a praça, segui a trilha e entrei no bosque. Eu precisava vê-la, mesmo que seja de longe.

 O bosque estava gelado, pois era 18:30, e a lua já começava a surgir de trás das árvores. Estava uma noite fabulosa.

 Mas aí, eu ouvi o som de um graveto sendo quebrado.

 Acendi a lanterna do meu celular, e exclamei:

 — Quem tá aí?! — E então, fiz uma grande besteira. Joguei uma pedra na garota do lago.

 — Aí!!! — Gritou ela.

 — Ai caramba! Me desculpa! Você tá bem?! — Perguntei.

 — E-eu... — Ela começou a gaguejar, e escorregou na raíz de uma árvore.

 Por sorte, eu a segurei pelos braços antes que ela levasse o tombo.

 Ficamos nos olhando fixamente, e meus olhos se encontraram com os dela.

Ela continuou  segurando firme meus braços, enquanto eu a segurava.

 A garota tinha um cheiro bem suave, de lavanda pra ser exato, misturado com carvalho.

 Aquele olhar, aqueles olhos, aquele perfume, ela me fez delirar, e ficar paralisado com ela em meus braços.

 — Ahn...já pode me soltar. — Disse ela.

 — Ah...o-ok...me d-desculpe! — Gaguejei.

— Está tudo bem! Você só...ahn, ficou confuso. — Respondeu ela, rindo.

— O que você faz aqui esta hora no bosque? — Perguntou a garota.

Eu tive vergonha de lhe contar a verdade, mas saiu da minha boca mesmo assim:

 — Eu vim na esperança de te encontrar aqui.

 Ela me olhou fixamente, com aqueles olhos verdes magníficos, e ficou vermelha. Nossa! Ela era boa nisso.

 — Ah, você é o garoto que não sabe nadar. — Ela falou, por fim.

Começamos a caminhar pelo bosque, enquanto conversávamos:

 — Então quer dizer que você viu o bilhete? —Perguntei.

 Ela acenou positivamente com a cabeça, e eu finalmente tive a coragem de perguntar:

 — Qual é o seu nome?

— Ah, me desculpe não ter respondido antes. Me chamo Emma. — Respondeu Emma, me dando um sorriso.

— Bom, me chamo Logan. — Eu disse, retribuindo o gesto.

 — Prazer Logan. — Sorriu Emma.

— Prazer Emma. — Sorri.

 Continuamos a conversar, até que chegamos na margem do lago, onde a lua refletia todo o seu brilho nele.

 Havia também um bote.

— Acho que é melhor eu voltar. — Emma apontou para o bote, e foi caminhando devagar até ele.

 — Ah, certo! Tudo bem então. Nos vemos amanhã? — Perguntei indo em direção ao bote, e a ajudando a entrar.

 — Claro! Por que não? — Sorriu ela.

 Eu retribui o sorriso, e toquei em suas mãos, enquanto o bote atravessava o lago.

 Seguramos as mãos até não dar mais, e enfim, a soltamos.

 A última coisa que vi, foi Emma entrando dentro da sua casa, e o brilho prateado da lua.

    Emma

 Entrei dentro de casa, fechando a porta de vidro atrás de mim.

 Meus pais estavam assistindo TV na sala, e eu me despedi deles, indo para o meu quarto.

 Já estava tarde, e eu precisava descansar depois de tudo que aconteceu.

O garoto finalmente tinha falado comigo, e eu com ele. E o principal: ele me segurou pelos braços!

 Sabe, ocorreu igual aqueles filmes clichês, onde o casal se apaixona a primeira vista. Não foi exatamente assim, porque:

  Primeiro: Não estamos apaixonados. Apenas nos encontramos por acidente.

 Segundo: Ele jogou uma pedra em mim. Uma pedra!

 Terceiro: Nós nem nos conhecemos direito...ele nem sabe que eu tenho TOC!

Talvez, amanhã eu possa contar à ele sobre esse detalhe, mas, se eu contar ele poderá não querer ter minha "amizade".

 Bom, mas talvez esse seja o certo a se fazer.

 Amanhã contarei ao Logan que eu tenho TOC. Querendo a amizade dele ou não.

   Capítulo 3 concluído ✔
   Capítulo 4 ⬇

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