PASSADO DE ARLEY

-Onde estamos?-Perguntou Valerie à IA em sua extensão corporal, achando o lugar familiar.

-Estamos no passado de Arley, você viajou por uma extensão de partículas anti-massa, "táquions". -respondeu a IA.

Valerie observou que era sua terra, era exatamente como nos arquivos digitais das aulas de História, dada a validação dos "táquions" na ciência os cientistas guardavam mais do que tudo suas causas e efeitos, sempre que questionava o pai ou a avó sobre o assunto que nem mesmo a "dark web" sabia era vetada, ambos eram dos 7 guardiões da tese, mas um deles havia partido, era seu avô paterno, foi uma trama da qual ela nunca pôde discorrer, era preciso concluir a academia.

Olhou para o lado e viu um pequeno air cair antigo de Arley, achou que era o momento de retirar a IA de seu corpo, como dizia a avó, não se deve tornar-se dependente das tecnologias, é preciso deixar seu corpo trabalhar e libertar suas encantadoras habilidades, quando foi surpreendida por um homem um pouco parecido com seu pai.

-Acho que ainda não é hora mocinha, sem contar que veio antes do tempo esperado para aprender, precisava de mais conhecimento para estar aqui.

-Quem é o senhor?-Indagou a menina sem realizar o procedimento.

-É uma longa história, mas sou um imunologista, o doutor Donald, um dos 7 guardiões dos táquions, ninguém jamais tocou nessa parte do universo antes de provar-se digno e fiel perante a academia. -respondeu o homem abrindo caminho para um passeio.

-E qual é nossa ligação? Como sabe que eu viria? O que é tudo isso?

As perguntas estavam nos ares, o homem caminhava com ela entre muitas vendas repletas de produtos tecnológicos, seu caminhar era espaçado, as pessoas ali gritavam por uma cura.

-Há muito tempo, antes de você nascer eu estava no doutorado de Imunologia na Universidade de Arley, dado ao meu entusiasmo com a Ciência, arrogância e desejo por descobrir eu prometi ao povo a cura para a doença do século XXX, antes da virada para o século XXXI do qual pertence minha queria "Lerie", no entanto tive um sério problema com minha pesquisa, e deixei os parasitas contaminarem todo o local ao derrubar as placas de Petri durante uma apresentação. -Falou o homem suspirando e deixando lágrimas rolarem.

-Também sou desastrada, lhe compreendo, não sei nem como foi que toquei os táquions, mas fale mais sobre tudo isso. -disse a garota segurando a mão daquele que entendeu como o avô que não conheceu.

-Foi aí que os opostos se atraíram, foi Helen Weiss quem me acolheu, ela era doutoranda em Neurofísica, uma mulher inocentemente apaixonada pelo conhecimento, notória em tudo que fazia. Juntos desvendamos os quantas nas caladas da noite no Instituto de Física, ela nunca olhou tão apaixonada para mim quanto ela olhava para aquele "fentascópio" quântico, mas fomos entendendo como como adentrar à quarta dimensão e viajar pela linha do tempo unindo a Biologia e a Física. Exatamente 7 anos depois nos casamos, e cinco anos depois tivemos seu pai. -Encerrou Donald sorrindo.

-Bela história de amor pela cientista, é como dizem por aí, que semelhante dissolve semelhante. -disse a menina com os olhos arregalados, e observando que basicamente nunca saiu o suficiente do complexo acadêmico para conhecer onde morava.

-O que a fez cumprir sua missão antes da idade da qual eu, sua avó e os demais guardiões a preparamos?-Questionou Donald parando em uma sombra fresca.

-O Relógio do Juízo Final se aproxima da meia noite, e quando vovó morreu fui sugada pelo caderno digital que um dia lhe pertenceu, e foi deixado em minha cama, assim vim parar nessa reação em cadeia dos portais. -argumentou ela olhando profundamente nos olhos negros do avô.

-Muito bem. Imagino que esteja muito confusa com isso, não deve ter mais do que 7 anos. - prosseguiu o homem mais para si do que para a neta.

-Estou, e como estou! Adoraria estar em casa, e poder contemplar as cinzas de vovó, chorar, e ser apenas eu, não tenho poderes para mudar ninguém.-falou Valerie chorando e abraçando as pernas do avô.

Já com a menina no colo o homem continuou sua caminhada rumo ao complexo universitário, tinha um silêncio profundo, e ao longe olhava o protesto do povo, o povo que ansiava pelas respostas dos cientistas, os domadores daquelas terras, dos quais lhe mostravam leis naturais, e por vezes às quebravam ou mesmo às superaram, em meio aos bondosos e apaixonados das ciências ainda tinham aqueles que às viam como algo acima de tudo, dos quais tudo valia não importasse o que acontecesse-lhes, mas ainda tinham aqueles que como sua família só desejavam o bem do planeta, e buscavam por meios de melhorar e ajudar aos que precisavam. Valerie observava o quanto tudo era diferente, não era tudo tão tecnológico como em seus tempos, as plantas ainda estavam pequenas, mas era o início de uma revolução ecológica, era preciso questionar.

-Mas mexendo no tempo, não estarei quebrando leis e destruindo possibilidades, vovô?-perguntou a garotinha com olhos ansiosos por respostas.

-Nada se pode destruir, ninguém nada cria, então todo mundo transforma, e para viajar no tempo é preciso uma dinâmica, em que toda ação gera uma reação, todas na mesma intensidade, no entanto em sentidos opostos, sendo assim o passado vai mostrar suas consequências no futuro, e o futuro tem ações de seu passado que é o presente. Sem mais delongas, posso te mandar para casa pelo portal de Anos-Luz, se eu calcular a distância e o tempo certo, então encontrarás um amigo meu muito mais entendido do cosmos para lhe ajudar, sua avó era muito melhor em cálculos do que eu, nunca fui muito fã dos números, mas não custa tentar uma probabilística. - disse o avô olhando encarecidamente para a neta.

-Mas por qual motivo devo entender o passado antes de partir? -Perguntou ela lembrando-se de que não gostava muito das Ciências Humanas.

-É preciso entender o passado para entender o que nos levou ao presente, é preciso entender a história para ver o que pode dar certo e não cometer os mesmos erros que se passaram, aprender com os próprios erros é incrível, mas aprender a não cometer erros observando os dos outros é mais difícil ainda, por isso é preciso um estudo árduo e uma compreensão do que se passou, minha flor. -Foi dizendo o avô já calculando na máquina de portal do tempo à quantos Anos-Luz a criança viajaria.

-Adeus pequena!-despediu-se Donald deixando-a na máquina, que a levou em um estalo.

1089 Palavras

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