Epílogo
Um apito ritmado soava ao seu lado, estava tentando se lembrar de onde conhecia aquele som, mas sua mente estava nebulosa demais.
Se esforçava para sentir seu corpo, parecia anestesiado, como se estivesse preso entre o sono e a vigília, como se estivesse preso no meio de dois mundos.
O apito deu um salto, depois outro e foi mudando de ritmo conforme a inquietação da imobilidade o atingia e ele tentava se mexer, começou a se sacudir tentando voltar de seja qual lugar estava antes, quando sentiu braços o segurando.
"Filho? Filho olha pra mim, mamãe tá aqui com você, filho."
Dan abriu os olhos exaltado. Olhou ao redor não entendendo onde estava.
"Graças à Deus filho você acordou. Se acalme, você está no hospital."
"Eu... quanto tempo."
Sua voz estava rouca, como se não falasse havia dias.
"Faz três dias, Dani, você ficou em coma por três dias."
Tentando entender a situação, sua mente girava procurando como foi parar ali, até que encontrou sua última lembrança.
Estava em seu quarto lendo as perguntas que enviou para os amigos de David, foi quando seu celular tocou e antes de atender ele viu o reflexo de alguém na tela do seu computador e foi então que se virou para encarar o intruso e era... David.
Dan sabia que era ele por ter visto as fotos, mas esse David era completamente diferente do rapaz bem humorado e gentil, não, esse David parecia perigoso, com um olhar sombrio, como um lobo vestindo a pele de um cordeiro.
Foi então que entendeu, Dan endureceu seu olhar.
"Você não é ele, não é? Você não é o David."
Ele sorriu para Dan.
"Ora, ora, vejam só, temos um grande investigador aqui. Pena que demorou muito para entender, não é garoto?"
"O que você pretende com tudo isso?"
Dan se levantou, não iria se acovardar agora, ele iria enfrenta-lo, em sua mente vasculhava o quarto, tentado lembrar o que seria útil como arma.
"Bem, o que eu disse, o plano sempre foi voltar, entende. O problema é que sempre fui meio dramático e não podia deixar escapar a oportunidade de estrear um grande show."
"Então por isso matou aquelas pessoas? Por isso fez toda aquela merda? Só pra se divertir?"
"Eu tinha que matar o tempo enquanto esperava, de qualquer forma, e também foi bom, para fazer a nossa querida Helena querer me ajudar ainda mais."
"Helena... fique longe dela seu miserável!"
Dan piscou e em um segundo ele estava a sua frente, encarando olho no olho.
"Ou então o que?"
Ele sorriu, Dan ainda tentou pegar alguma coisa na mesa para se defender, mas não teve tempo, quando deu por si, ele tinha agarrado seu coração, literalmente, mas não sentiu sua carne rasgar, Dan olhou para baixo e era como se a mão dele atravessasse seu peito intacto e chegasse ao seu coração.
"Eu queria tentar isso uma vez, estava curioso se conseguiria causar uma morte limpa, sem sangue, bom saber que ainda possuo essa habilidade."
Ele dizia como se aquilo tudo fosse muito interessante, uma descoberta incrível de que podia fazer, e sorriu para Dan que ouvia as últimas batidas de seu coração pulsarem em sua cabeça enquanto ele parava totalmente.
Suas últimas lembranças enquanto seu cérebro ainda funcionava, foi de ter caído de joelhos e tombado para frente, enquanto sua última visão foi o sorriso nefasto do seu assassino.
***
Agora em casa, sendo vigiado de perto pelos pais, já que quando eles encontraram seu corpo no quarto, sem batimentos, achando que teve uma parada cardíaca e correram para o hospital para salvar sua vida, eles também viram todas as ataduras dos cortes em seus braços, e Dan foi considerado um paciente que poderia tentar tirar a sua própria vida.
Ele tentava se recuperar física e psicologicamente, pois quando acordou no hospital, antes mesmo de Alan vir vê-lo, antes mesmo deles contarem o que aconteceu com Helena, Dan já sabia, ele já sentia que a tinha perdido.
Aquela coisa que não podia ser chamada de humana, matou Helena, seu corpo foi encontrado mutilado na floresta, a cidade inteira estava em choque e em luto com o acontecido, algo assim nunca tinha acontecido por lá antes e o crime repercutiu por todos os jornais.
Ele deve estar feliz com isso, Dan pensava com amargura no monstro que matou sua amiga e seu amor, pensou no pobre David que além de ter perdido a vida, teve sua morte difamada por aquela criatura.
Mas ele não podia deixar assim, a raiva que cresceu dentro dele fora inigualável, como jamais existiu antes, Dan passaria os próximos meses de sua vida buscando informações, procurando nos cantos mais escuros do mundo, sobre criaturas que voltavam da morte e monstros assassinos que devoravam corações.
Até que finalmente começaria sua própria caçada, não mais seria a criatura com medo do escuro, não, ele seria a criatura aguardando para encurralar os verdadeiros monstros na escuridão.
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