Capítulo 9 - (Des)Ventura

Andavam pelo corredor da escola, já era a última aula, Helena então se lembrou do pedido de Nick, pensou que ele podia estar a esperando na quadra depois da aula, tentou falar da forma mais desinteressada possível para Dan.

"Antes de irmos, vou dar uma passada lá na quadra."

"A é? Pra quê? Hoje não tem o treino do time de basquete?"

"É, se lembra que o Nicolas pediu pra eu dar uma passada lá."

"E você vai mesmo?"

"É, por que não?"

Dan a olhou, também fingindo desinteresse.

"Por nada, beleza, então a gente dá uma passada lá."

"Ok."

A ansiedade fez com que a aula passasse rápido demais, logo Helena ouviu o sinal tocar e se demorou pegando suas coisas, Dan também não parecia ter presa, pegando tudo lentamente.

Sem dizer nada, eles saíram da sala, seguindo outro caminho, não o da saída, mas o que daria na quadra, as portas das salas do corredor tinham nichos fundos que não era possível ver se tinha alguém, a menos que se aproximasse o suficiente.

Enquanto andavam, Dan viu alguém em um dos nichos da frente e brincou.

"Olha, parece que alguém está se divertindo hoje."

Brincou levantando as sobrancelhas insinuando para Lena que riu e empurrou ele, os dois passaram pelo casal que estava envolvido em um beijo no nicho e Helena olhou de relance para ver quem eram.

Seu coração deu um pequeno tranco e sua expressão de divertimento morreu por um momento, deu mais alguns passos à frente antes de se virar para voltar, puxando Dan pelo braço.

"Vamos, Dan."

Dan estava confuso, mas se deixava puxar.

"Mas por que... ahh"

Quando virou ele viu quem estava dando uns amassos no nicho da porta, era Nicolas e uma garota que ele nem se importou se ele sabia quem era, Lena o puxava com a cabeça baixa, os dois estavam tão entretidos que não viram Dan e Lena passarem.

Cretino, filho da p...

Dan xingava em seus pensamentos por Nicolas ter magoado Lena, Dan sabia que ela tinha uma queda por ele e sabia que ela devia ter imaginado que o interesse dele ontem não era só em seus arremessos, claro que Dan também não queria que ela ficasse com ele, mas também não queria vê-la magoada.

Deu uma última olhada com uma expressão fechada para o nicho.

Lena é muito melhor que essa garota.

***

"Então, o que vai ser?"

Dan perguntava entre uma mordida e outra no salgadinho de batata que comia, ele estava sentado no sofá com o controle na mão, Lena estava deitava no sofá e tinha colocado uma almofada no colo de Dan para apoiar a cabeça.

"Sei lá, algo engraçado, mas não comédia."

"Terror trash então? Faz tempo que não vemos um assim desde..."

"Dia dos Namorados Macabro? Esse foi ridículo."

"Não, a gente viu outro depois desse, aquela porcaria com aquele ator que você curte, lá que fez Jogos Vorazes."

"Ahh, nossa, Pânico na Escola, gente, nem me lembre daquela coisa, pior que ainda tinha viagem no tempo."

Os dois riram. Era bom ter esse tempo com Dan e esquecer todo o resto, Helena disse a si mesma que não pensaria mais nem um segundo em Nicolas.

"Bem, vamos ver, ahh você já viu Sharknado?"

"Ah nem vem com essa bosta de novo, vi só os primeiros vinte minutos do começo e sem condições."

"Qual é, já virou um clássico trash, sério, daqui a pouco a franquia vai ser cult."

"Não, não, não, algo mais atual vai."

"Tá, tem outro aqui, que tal A Morte te dá os Parabéns?"

Lena riu.

"Gente, esses títulos são maravilhosos, só que não."

"Nem me fala, os filmes de Jogos Mortais então..."

Dan riu. Lena lembrou de algo, se esticou e pegou o controle da mão de Dan.

"Hum, lembrei de um que eu não vejo a muito tempo, um clássico dos anos 90, o que acha?"

Helena colocou o filme e Dan sorriu.

"Beleza, Os Espíritos então, me amarro nesses efeitos especiais."

Lena apertou o play e voltou a deitar, esticou a mão em direção ao pacote de batata, Dan o aproximou para ela pegar e começaram a ver o filme.

***

A corda era grossa, mas mesmo assim, tinha de tentar. A barra fina de ferro que encontrou não era lisa, parecia um tipo de barra usada para estruturar casas e prédios, sendo assim, ela tinha muitas ranhuras para facilitar a aderência ao concreto e era isso que o ajudaria a se livrar das cordas.

Apoiou a barra em buracos e rachaduras entre o chão e a parede, num ângulo de uns 45 graus, ajoelhou pressionando o joelho, mesmo ferido, contra a barra, a forçando para não se mover, com isso começou a fazer movimentos rápidos com as mãos para cima e para baixo, depois de algum tempo sentiu primeiro a corda começar a esquentar levemente e depois, com muito esforço a corda começou a romper.

"Isso!"

Continuou o movimento, agora com mais animo, até que finalmente a corda se partiu o suficiente para conseguir se soltar, arrancou as cordas rápido e sentando começou a trabalhar em seus pés, foi mais difícil que das mãos, mas finalmente conseguiu se soltar.

Riu de felicidade com o pequeno feito, mas logo sua expressão fechou, agora, só faltava escapar daquela prisão e fugir daquele que o prendeu, por que finalmente, as lembranças começaram a saltar em sua mente e ele já se lembrava de tudo que tinha acontecido.

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