Capítulo 42 - Desfecho
Entraram sem levantar suspeitas, alguns outros alunos chegavam também, traziam equipamentos das praticas de esportes que faziam, alguns outros tinham livros e outros materiais, para as outras oficinas, por mais que tivessem várias oficinas, a quantidade de alunos ainda era significativamente pequena.
O olhar de Dan continuava sombrio.
"Tudo bem mesmo com você Dan?"
Helena perguntou preocupada. Dan respirou fundo.
"Bem, só quero que isso acabe rápido. Vou ficar bem, não se preocupe."
Ele já ia andando à frente, ela puxou sua blusa o fazendo parar.
"Dan, sabe que me preocupo muito com você. Você sabe disso né? Nunca arriscaria sua vida se soubesse que poderia dar errado, sabe disso, não é? Não quero..."
Dan a puxou para um abraço, foi como um alento caloroso perante o frio que fazia, ele era tão quente e confortável, Helena retribuiu o abraço e ficaram assim por um tempo.
"Eu sei Lena, vai ficar tudo bem."
Sussurrou em seu ouvido e pela primeira vez, ela teve certeza de que realmente ficaria tudo bem.
E assim seguiram juntos para começar a executar o plano.
***
Estava sentindo ser caçado, eles estavam cada vez mais próximos, podia sentir, assim que coletou quase tudo que precisava de força vital e que a ligação estava quase concluída, eles foram atraídos como tubarões por uma gota de sangue.
Eles não a pegariam, não dessa vez, não agora que estava quase completo, não agora que tinha finalmente conseguido e logo voltaria, ele não permitiria isso, jamais.
Não tinha muito o que fazer, somente tinha de atraí-los e torcer para ela ter feito todos os preparativos de forma correta, se não, esse seria o seu fim.
***
Assim que terminou de ajudar Dan a concluir os desenhos do ritual, foram bem criativos nas formas que os colocaram nas paredes, com folhas, recortes e outros materiais, a professora de artes ficaria orgulhosa, se aquilo tudo não fosse para abrir as portas do submundo.
Depois de tudo pronto, Helena foi para frente da escola, enquanto Dan ficaria na sala para atrair o assassino.
David disse que Helena com sua percepção amplificada pela ligação de ambos, também sentiria a presença dos guardas do submundo e saberia quando seria a hora certa.
***
Girou a faca em sua mão, pela primeira vez naquela semana, se permitiu inundar com as vozes, os sussurros de morte, deixou-os tomar conta de seu ser, deixou toda a raiva, ódio, remorso, depressão o corroer.
Se enganou quando pensou que iria ficar tudo bem e que ele conseguiria suportar, ele não conseguia, com a faca pressionando seu pescoço, sangue já escorrendo pela sua pele, só pensava em acabar com tudo.
Sorriu, afinal, era disso que precisavam, da realidade, não uma mera interpretação, ele tinha que sentir que seria o fim e assim pressionou ainda mais a faca do lado do seu pescoço.
***
Não sabia que era possível o ar esfriar mais do que já estava em poucos segundos, entretanto uma brisa congelante atingiu Helena, o ar saia condensado de sua boca, formando nuvens esbranquiçadas.
Ela pode sentir antes de realmente ver, a presença deles vinha chegando como uma nuvem que escurecia o ambiente, de repente tudo ao seu redor, o vento, árvores, chuva, tudo assumiu um tom além do sombrio.
Contou os segundos da aproximação em sua mente e então correu de volta para a escola.
Penetrando pelos corredores, era como se uma sombra a seguisse, o pânico assumiu e Helena correu mais do que devia se afastando da sombra, como estava correndo e olhando para trás ao mesmo tempo, não viu alguém entrar em seu caminho, até que trombou em cheio, quase caindo.
"Hey cuidado aí."
"Ah, foi mal."
Resmungou a desculpa e já quis sair correndo, mas Nicolas segurou em seu braço.
"Espera, Lena? A gente não se fala faz tempo não é? Você ficou de ajudar com uns arremessos..."
"Foi mal Nicolas, sem tempo, tenho que ir."
Ela tentou se desvencilhar, não tinha tempo para isso, olhou para trás e a sombra já estava virando a última curva antes de chegar até onde estava.
"Espera, não é só isso..."
"Olha, realmente, não tenho tempo agora tá, de verdade."
"É que na real eu queria falar com você, eu soube que você gosta de mim, enfim..."
Ele fez um charme se fazendo de sem graça. Helena realmente não tinha tempo, nem mais paciência para essas besteiras.
"Pois é, gostava, agora já passou, pode ficar numa boa, bola pra frete."
Deu um tapinha no braço dele e correu, realmente, como podia ter gostado de alguém tão arrogante assim? Ignorou a conversa e continuou correndo, faltava tão pouco para chegar na sala de artes, estava há dez, sete, cinco metros quando... quando sentiu ser pega por uma força invisível que a jogou contra a parede a segurando.
Como tudo parecia ter começado tão bem e agora dar terrivelmente errado? Helena gritava em seus pensamentos enquanto sentia-se sufocar, seu coração estava sendo esmagado, sentia como se estivesse sendo puxado por uma linha invisível e logo seria arrancado para fora de seu peito.
Olhava em pânico para seu peito, a dor era excruciante, ela não sentia mais o ar em seus pulmões, era como se estivesse sendo congelada por dentro, ela não aguentaria por muito mais tempo, sentia sua consciência querer a deixar.
Quando estava prestes a desmaiar, viu David e ele puxou o que quer que fosse que tinha prendido seu coração.
"Helena agora!"
Ele gritou.
Ela correu.
Quando passou pela porta da sala, David não conseguiu mais segurar os guardas e Helena sentiu a sombra vindo, olhou ao redor, faltava uma última peça para o círculo estar fechado e o ritual começar, correu para colocar no lugar e viu pelo canto do olho Dan ajoelhado com sangue escorrendo pelo pescoço.
Tinha um vulto atrás dele, mas sua visão começou a turvar e ela não soube dizer se era o assassino, assim que a peça do desenho se encaixou, ela caiu perdendo completamente a consciência.
***
Sua respiração estava fraca, conseguiu reunir suas últimas gotas de força de vontade para se impedir de rasgar o próprio pesco, caiu de joelhos jogando a faca no chão, quando Helena chegou correndo para encaixar a última peça do ritual.
Dan não soube dizer se o que viu foi real ou se estava delirando pela perda de sangue ou se estava morrendo, talvez só imaginou que não havia cortado o pescoço, talvez só imaginou que foi forte o suficiente, talvez aqueles seriam seus últimos momentos e com esses pensamentos, fechou os olhos, independente do que acontecesse, não queria mais ver.
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