Capítulo 37 - Desolado

Não, não, não! Aquilo não podia estar acontecendo!

Enquanto conversavam, quando Helena iria contar o plano, um brilho começou a surgir na testa de Dan e um risco fantasmagórico começou a ser cortado no ar, era como algo cortando a carne sem realmente o fazer e conforme o risco avançava, sangue fantasma escorria, até que finalmente, formou o número 4.

"Lena, o que foi?"

Ela continuou a encarar a sua testa, automaticamente Dan colocou a mão na testa para ver se tinha algo, mas não sentiu nada, olhou para sua mão confuso, depois novamente para a expressão de Helena, de repente seus olhos se arregalaram.

"Eu fui marcado, não é? Tem o número quatro aí em cima?"

Helena engoliu em seco.

"Dan..."

Ele suspirou e sorriu, o sorriso pareceu deslocado para a situação.

"Pergunta respondida, agora já sabemos como atrair o assassino."

E apontou para a própria testa.

Não era esse o plano, não era isso que devia acontecer, não! Isso nunca podia ter acontecido! Não com Dan!

A mente de Helena estava a mil, o restante das aulas pareceu se arrastar, ela podia ver a expressão de Dan, era como se ele estivesse prestes a explodir, era visível todo o auto controle que ele tinha de usar para aguentar a situação.

Depois que o maldito número apareceu, Dan contou que ultimamente vinha tendo pensamentos intrusivos, pensamentos ruins, de auto sabotagem e em como eles pareciam gritar no seu cérebro, era como ter fones colados aos seus ouvidos tocando sempre a mesma melodia ruim.

"O que mais Dan? Você tem que me dizer para eu saber como ajudar."

"O que mais quer que eu diga?"

Dan explodiu irritado e se arrependeu no mesmo minuto.

"Desculpa Helena, olha eu só tô me sentindo meio instável, irritado com tudo, só não estou me sentindo eu mesmo, mas nada que seja o suficiente para me fazer me matar. Você me conhece, eu não faria isso."

"A questão não é essa Dan, o problema é não sabermos a força dele, não sabemos se ele pode só influenciar alguém ou de fato obrigar, isso que me preocupa, sabe que em você eu confio e sei que não faria isso."

Ele pareceu relaxar um pouco com a declaração. Helena estava fazendo de tudo para evitar ficar olhando para o número em sua testa, mas era algo difícil de não fazer.

"Olha a gente da conta, vamos resolver isso, ok?"

"Certo, eu só tenho que aguentar uma semana de tortura psicológica, nada demais."

Ele sorriu friamente. Isso partiu o coração de Helena.

"talvez não precise, posso perguntar a David se tem algo que ele pode fazer, a gente ainda nem contou pra ele sobre isso, talvez ele saiba como podemos te ajudar."

A expressão de Dan ficou sombria.

"Ótimo, David, nosso herói, com certeza sabe o que fazer."

Dan disse seguindo para fora da escola, após ouvirem o sinal de saída. Helena quis rebater, mas se segurou lembrando o estado que estava seu amigo, simplesmente o seguiu e ficou a seu lado em silêncio, enquanto eles iam para sua casa.

***

As vozes pareceram se intensificar em sua cabeça, quase como uma provocação, um castigo por ter contato a Helena, estava se sentindo miserável, desolado.

Não queria contar, não queria que ela soubesse disso, mas não estava conseguindo mais se conter, a irritação estava aumentando a ponto de ele querer explodir a todo momento, por qualquer coisa ou qualquer um que falasse com ele.

Ele rebatia em sua cabeça com respostas ofensivas tudo que todos diziam ao seu redor, julgava a todos e sentia-se julgado. A voz continuava e continuava humilhando-o, as vezes mudava o tom, como uma carícia a voz ofendia os outros, como se fosse um consolo para Dan.

O pior de tudo não eram as vozes, mas era sentir que Dan estava inclinado a concordar com elas, algo dentro dele aos poucos estava começando a concordar, começando a ter ideias.

Percebeu que estava batendo o lápis na carteira de forma repetitiva, encarou sua mão enfia no seu pulso, o pensamento o atingiu como um tiro. Ele soltou o lápis.

Olhou para o lado, Jéssica encarou a carteira de trás dele onde Helena estava com uma expressão de nojo, rasga o pescoço dela, mais um pensamento o atacou.

Dan tentava respirar e segurar sua expressão, todo o seu corpo estava fazendo hora extra para se controlar, para conter os impulsos de querer bater com a cabeça na parede, gritar e arrancar seu cabelo, arremessar a carteira através da sala e isso só o estava deixando cada vez mais agoniado, e essa agonia crescia e crescia dentro de seu ser, ele sentia seu estômago ferver com a inquietação.

Começava a duvidar se iria aguentar até o fim de semana.

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