Capítulo 35 - Contato
Estava preocupada, mesmo com Dan ao seu lado e David garantindo que voltaria logo para dar notícias, Helena não conseguia deixar de se preocupar, quando Dan chegou com a notícia da possível nova morte, Helena quase desmoronou.
"Não é sua culpa, não pense nisso nem por mais um segundo."
David havia dito a ela, tentando a confortar. Helena achava que por causa da ligação, ele poderia sentir seus sentimentos, mesmo que ela tentasse não demonstrar.
"Obrigada David."
Ele deu um meio sorriso, não convencido de que Helena ficaria bem.
"Bem, de qualquer forma, vou investigar, posso ir até os hospitais próximos verificar e também procurar por mais informações na casa dela e ver se tem algo a ver com os alunos."
Olhando para Dan, que parecia bem disperso naquele dia, Helena contou o que David falou.
"David disse que vai investigar, ele consegue ir procurar nos hospitais próximos para verificar se foi suicídio e se tem alguma conexão com o que aconteceu com os outros alunos."
Dan murmurou enquanto concordava.
"Ok."
Voltando-se para David novamente.
"Quanto tempo acha que consegue?"
"Não muito, não deve ser muito difícil encontrar a casa ou o hospital, se bem que se ela infelizmente morreu mesmo, talvez terei de verificar no IML, mas isso eu vejo por lá."
Helena acenou concordando enquanto David já sumia e virou para Dan.
"Certo, volte assim que conseguir. Ele já foi."
Dan ainda parecia muito longe, como se sua mente não estivesse, de fato, presa em seu corpo. Quando viu a expressão preocupada de Helena ele pareceu sair do transe.
"Tudo bem?"
Indagou Dan, Helena respondeu, não conseguindo esconder a preocupação.
"Sinceramente, não sei, parece demais pra gente lidar, não acha?"
"Sim, coisa demais pra processar em tão pouco tempo."
Esfregou o rosto com as duas mãos, como se pudesse se livrar daquele sentimento ruim que invadia seu corpo, suspirou continuando.
"Acha que a gente consegue?"
Não escondeu a angustia que sentia. Dan sorriu, da forma brincalhona e leve que sempre fazia, e que Helena não via a algum tempo.
"Com toda certeza, é fichinha pra gente, já tá praticamente resolvido, pode confiar."
Sorriu espontaneamente com a mentira.
"Você mente muito mal."
Dan deu de ombros, o que mais poderia dizer?
***
Mesmo tentando não ficarem preocupados, aquele domingo foi um tanto deprimente para todos, não como aqueles domingos de preguiça onde você não queria fazer nada, mas foi de fato um dos deprimentes com direito a uma chuva com trovões no fim da tarde.
Dan ficou para almoçar com eles, o tempo todo ele parecia estar longe, David também já tinha voltado e pairava pela casa pensativo, com Alan em casa, eles não podiam conversar livremente, e mesmo que pudessem, Helena duvidada que conseguiriam conversar sobre qualquer assunto bobo que seja.
Depois de um tempo com todos assistindo TV, todos os vivos da casa, pois David tinha se dirigido para o quarto de Helena e ficara lá pelo resto da tarde.
Quando viram que começou a chover, Dan disse que era melhor ir antes que piorasse, mas já era tarde, pois pareceu cair uma tempestade. Por causa disso, Alan se ofereceu para leva-lo e Dan aceitou sem questionar.
Finalmente Helena teria a casa só pra ela para conseguir conversar com David, assim que se despediram na porta, Helena correu para o quarto para verificar se ele estava lá.
Ele estava deitado em sua cama, como na noite anterior, com as mãos atrás do pescoço como se olhasse para o teto, mas mantinha os olhos fechados. Ele não respirava, mas de alguma forma seu corpo parecia ter um leve tremular parecendo uma respiração.
Helena chegou mais perto, ele parecia mais sólido que antes, parecia menos translucido, quase como se ela pudesse tocá-lo.
Sua mão pairava acima do pescoço de David quando ele abriu os olhos, ela ofegou puxando a mão.
"Desculpe."
Respondeu sem graça.
"Tudo bem."
Ele sorriu timidamente enquanto se sentava, olhando para as próprias mãos disse.
"Eu pareço mais sólido, não acha? Acredito que a cada dia que passa eu estou mais aqui, eu quase posso sentir tudo voltando."
Helena sorriu e sentou ao seu lado na cama.
"Sim, fico feliz de estar funcionando."
Ainda com a mão levantada, David olhou tímido.
"Eu queira tentar algo, se você não se importar."
Helena somente assentiu um sim. David aproximou a sua mão do rosto de Helena que segurou a respiração, com o dedo indicador ele acariciou sua bochecha, descendo até seu queixo e parou por um momento ali, até puxar a mão. Helena sentiu um leve acariciar, como se o vento tomasse forma, era frio, mas terno de algum jeito.
Ele sorriu com o resultado.
"Eu quase posso sentir o calor da sua pele. É muito boa a sensação."
Helena corou, mas não conseguiu tirar os olhos dos de David.
"Obrigada Helena. Obrigada por me trazer de volta."
***
Naquela noite ele sentiu, sentiu como uma corrente que o puxava, como algo se aproximando seguindo seu rastro, mais como um animal o perseguindo.
Sabia que com a ligação avançando e que quanto mais ele cruzasse a linha entre a vida e a morte, mais perto ele estaria de atrai-los até ele, se eles o pegassem, ai sim seria seu fim.
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