Capítulo 30 - Acordos
Aquilo não seria fácil.
Helena suspirou, Dan e David estavam em pé na cozinha lado a lado, com braços cruzados e uma expressão de insatisfação.
Ela pensou que quando chegasse em casa teria algum tempo de paz, mas não foi o que aconteceu, bem, teve sim um pouco de paz, pelo menos no tempo que tomou um banho e pode ficar a sós com seus pensamentos, enquanto Dan e David esperavam na sala.
Lavou o cabelo para tentar relaxar, mas não quis secar, somente secou um pouco com a toalha e o deixou úmido, respirou fundo e foi encontrar os garotos.
Quando chegou na sala com a toalha no pescoço, ainda secando o cabelo, Dan a olhou, piscou os olhos rápido e desviou o olhar sem graça.
"E então, como isso vai funcionar?"
Dan questionou.
"Não deveria ter envolvido ele nisso. Já é perigoso demais só com você. E pelo que vi hoje, pode ser ainda pior."
David falou irritado. Helena ainda não o tinha perdoado totalmente por ele ter sumido.
"Bem e de quem é a culpa?"
Ela rebateu com o mesmo tom de irritação, David baixou o olhar vencido, Dan olhava confuso para Helena e para a direção que ela olhava, David estava em pé apoiado no armário e Dan estava há uns três metros de distância dele, perguntou olhando para o espaço vazio.
"O que ele falou?"
"Nada demais. Certo, vou falar como isso vai funcionar. Assim como antes, nós vamos voltar a fazer a ligação e eu vou te ajudar a voltar, como combinamos..."
Dan e David abriram a boca para falar ao mesmo tempo, mas Helena não deixou.
"Esse é o acordo, essa parte não é negociável. Só tem uma condição."
Os dois esperaram ela concluir.
"Antes da ligação estar concluída, David, você vai nos ajudar a pegar o espírito do assassino que nós acabamos trazendo pra cá e está causando toda essa merda. Ok?"
Dan encarava o vazio.
"Certeza que só você pode ver ele ou é ele que tá de implicância comigo?"
David bufou irritado, olhando de esguelha para Dan.
"Só por que eu morri, não quer dizer que sou um expert nesses assuntos."
Helena respondeu para Dan.
"Ah, ele disse que não, ele meio que não tem controle disso."
Dan levantou uma sobrancelha.
"Não foi isso que ele disse."
David riu com desdém.
"Olha só, até que é um pouquinho esperto."
"O que... o que ele tá dizendo?"
Helena bufou.
"Dá pra gente se concentrar no que é importante? Obrigada, então, David? De acordo?"
Ele balançou a cabeça levemente.
"Tudo bem, mas então não vou ficar o dia todo perto de você, vamos continuar com a ligação, mas vou pegar pouca força vital por dia, até banirmos aquele maldito de vez."
Cruzando os braços com mais força, Dan encarava Helena com uma sobrancelha levantada.
"Ele concordou, e disse que só vai pegar um pouco de força vital por dia, vai... vai ficar longe de mim a maior parte do dia, até pegarmos ele."
Parecendo satisfeito, Dan concordou.
"Tudo bem, pra mim está bem assim. Mas eu não preciso ficar longe e vou passar o maior tempo possível por aqui, não sabemos o que aquele cara pode fazer, não é?"
David o fuzilou com o olhar.
"Falando nisso, pergunta para o fantasminha camarada aí, se aquele espírito pode fazer alguma coisa física contra você e se isso pode ser um problema."
Ignorando a piada, David respondeu.
"Não acredito que ele vá atacar fisicamente, não é fácil para conseguir causar alguma interferência no plano físico, imagino que pra ele também, por isso que ele está fazendo suas vítimas assim, as influenciando."
"Também acho que você está certo, ele parece querer me provocar... como se isso fosse um jogo."
"Exatamente."
"Hey, eu tô aqui, dá pra ir traduzindo, por favor?"
"Desculpe. David disse que não acredita que ele possa causar algum dano físico, eu concordo com ele, por que até agora ele só influenciou as pessoas a se matarem, e o lance do número é para me provocar talvez."
"É, pra ajudar temos um fantasma fã de filmes de terror dos anos 90. Aliás, como ele se parece? Como ele aparece pra você?"
"Bem..."
Helena estremeceu.
"Não é uma aparência lá muito agradável na verdade, ele tem olhos verdes brilhantes de arrepiar, é alto e com o cabelo comprido até o queixo, acho que tá usando calça jeans e jaqueta de couro, as mãos estão sempre ensanguentadas e ele tem um ferro enfincado na barriga que parece ainda escorrer sangue."
"Ah um clássico. Deve ter a aparência do dia da morte."
"É de arrepiar."
"Desculpe por fazer você ter que vê-lo, sinto muito por ter que passar por isso."
David parecia desolado. Helena sorriu, enquanto Dan perdia a conversa interna novamente.
"Tudo bem, não é sua culpa."
"Sim, tudo isso é minha culpa."
"David..."
Ele sorriu timidamente.
"Mas eu vou consertar tudo isso."
Helena não pode conter o sorriso, e isso incomodou Dan.
"Bem, com tudo que tem acontecido e por hoje ter sido um dia cheio, o que acha de deixar para começar a ligação, para amanhã? O que me diz amigão?"
Dan olhou para direção onde estava David, que acenou um sim.
"Eu vou embora por hoje então..."
"Não... quer dizer, fica... perto."
"Não se preocupe, estarei por perto, vigiando a casa."
Ele acenou e desapareceu.
"Ele foi embora?"
Dan encarava o vazio.
"Sim, ele concordou em deixar a ligação para amanhã e decidiu se afastar por hoje, disse que vai ficar vigiando a casa."
Balançando a cabeça para cima e para baixo, Dan se aproximou de Helena.
"Você acredita mesmo em tudo que ele disse? Acha que está falando a verdade e que não vai te machucar?"
O olhar de Dan era suplicante, isso derreteu um pouco da teimosia de Helena.
"Eu acredito. Dan sei que é difícil, mas ele mostrou confiança e além disso, a gente viu, o assassino é real e as reportagens e tudo mais que a gente leu, você sabe que é verdade."
Dan suspirou.
"Tudo bem, mas por favor, não se arrisque e me conte tudo o que você precisar fazer, não me deixe de fora, fechado?"
Ele esticou a mão para Helena apertar e fechar o acordo.
"Fechado."
Ela apertou a mão quente de Dan e ele sorriu, virando as costas da mão dela para ele e a beijando, depois pegou um salgadinho que estava na mesa e sentou no sofá.
"Que tal dar um tempo por hoje? Já que não tem muito o que fazermos agora, vamos relaxar e aproveitar esse pequeno momento de tranquilidade, certo?"
Ainda um pouco abalada com o pequeno gesto de ternura, sua pulsação pareceu saltar um pouco, Helena sentou no sofá ao lado de Dan roubando o pacote dele e rindo com a cara de indignação que ele fez.
Bạn đang đọc truyện trên: AzTruyen.Top