Capítulo 26 - Calmaria
Ele sentia aquela paz, aquela calma que sentia quando havia feito um bom trabalho, claro que não estava completo, dessa vez quis ser um tanto mais dramático. Havia um tempo tinha encontrado o lugar perfeito no meio da mata, um lugar escondido e sem suspeitas.
Uma velha estufa abandonada, não sobrara quase nada da estrutura da estufa para ser identificada em um primeiro momento, somente se olhasse mais de perto, e passando por onde ficava a antiga porta, mais para o meio estava um poço.
O poço tinha sido aterrado, então não era profundo, mas era alto o suficiente, mais que dois metros e meio, talvez, tinha uma pesada tampa de pedra ao lado, que seria útil para ele.
Chegou no meio da madrugada, tinha investigado a vizinhança, era conhecida e sabia que não era composta por pessoas curiosas, estacionou o carro longe, não podia arriscar chegar tão perto.
Saiu do carro pegando uma mochila, foi até o porta malas e o abriu, o garoto continuava apagado, estava amordaçado, com as mãos amarradas às costas e os pés também amarrados com cordas grossas.
Jogou a mochila nas costas e se abaixou para pegar o corpo, conseguiu joga-lo por cima do ombro e fechou a porta do porta malas.
Ajeito o corpo em seu ombro e começou a andar pela mata, não demoraria muito e ele não era tão pesado.
Aproveitou o silencio da caminhada, a calmaria que estava, exceto por seus passos esmagando folhas úmidas, nada mais era ouvido. Chegou à estufa e colocou o garoto sentado apoiado no poço, deu mais uma olhada, bem, podia facilitar um pouco mais, não é? Não teria graça se ele morresse por inanição dentro do poço, e sentia que esse era o do tipo que lutaria e ele queria ver isso.
Então desamarrou seus pés, deixando somente os braços e a mordaça, erguendo-o, o colocou sentado na beira do poço, depois girou seu corpo fazendo as pernas ficarem penduradas, depois, segurando embaixo de seus braços, foi descendo o corpo até sentir que os pés tocaram o fundo e o soltou.
O garoto deslizou pela parede do poço caindo rápido com um baque surdo quando atingiu a terra. Depois pegou a pesada tampa e deslizou para fechar o poço, deixando somente uma fresta, e na frente da fresta, ainda colocou um pedaço de metal que encontrou ali, queria ver se o garoto seria criativo.
Estava feito, olhou o relógio, calculou o horário que ele acordaria, sorriu, a diversão ainda iria continuar por mais um tempo.
***
Dois dias, já faziam dois dias que Helena não via David, ela procurara por ele de todas as formas que podia imaginar, tentara invoca-lo e nada dele aparecer, no começo sempre que sentia uma brisa mais fria, olhava ao redor alarmada procurando por ele, mas ele nunca estava lá.
Helena já não conseguia esconder a decepção, estava muito deprimida aqueles dias, o sumiço de David, a aparição do assassino, a morte de Daniela, esse era o nome da garota que Helena veio a descobrir, tudo tinha vindo de uma vez só, rápido demais e agora, nada.
A tranquilidade normalizada dos últimos dias eram perturbadoras, eram como a calmaria antes de uma grande tempestade e Helena estava com medo de quando chegasse essa tempestade.
Pelo menos não era a única com os ânimos ruins, não que isso a confortasse, mas a escola inteira ainda carregava aquela aura sombria da morte, ninguém realmente queria se divertir muito depois daquela tragédia, então não se importavam em perguntar por que ela tinha aquela expressão.
Dan também não a questionou aqueles dias, ele estava absorto em suas próprias pesquisas, tinha colocado todo seu foco em entender e descobrir mais sobre o assassino, o que deixava Helena em paz para focar em David.
David...
Suspirou pensando nele enquanto andava pelo corredor, estava distraída, sem focar em ninguém especifico, somente andando pelo corredor seguindo pelo caminho conhecido de forma automática até a próxima aula, até que viu.
Um rapaz que ela não se lembrava se conhecida passou por ela no corredor, ele tinha uma expressão sombria, olhos fundos e com grandes olheiras, mas não foi isso que chamou sua atenção, não, o que chamou sua atenção foi a marca na sua testa.
O número 2 fantasmagórico pairava acima de seus olhos, como se tivesse sido rasgado na carne da testa e ao mesmo tempo não, pois conseguia ver a testa lisa por baixo do número que era translúcido.
Helena congelou.
Não, não, de novo não! Não posso permitir que ele tire mais uma vida! isso não vai acontecer!
Decidida ela correu pelo corredor esbarrando na massa de estudantes que vinham do lado contrário, estava decidida, não importava o que aconteceria, ela o impediria a qualquer custo.
Enfim, pensou, a tempestade havia chegado.
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