Ronnar
Kharbrook
As patrulhas noturnas em Kimuth começavam assim que a noite caía, e para Ronnar Kharbrook não estava sendo tão diferente da vida que levava em Beymuth depois que sua família morreu.
Na época ele virava as noites em tavernas, bebendo e desperdiçando sua vida, até que entrou para Ordem; foi quando trocou as noites de bebedeiras por noites de treinamento, aperfeiçoando sua técnica com o machado e ensinando a arte de matar a todos aqueles que se juntavam à causa.
Ronnar já não era tão jovem quanto havia sido tempos atrás, mas ainda hoje poucos homens teriam coragem de atravessar seu caminho depois que ele franzia o cenho.
Era bem verdade que o grande homem não gostava de matar, nem tão pouco se meter em confusões, mas assim que se envolvia em uma, ia até o fim.
Naquela noite estrelada do céu Kimutita, que começara como outra qualquer, ele pusera mais uma vez sua armadura com capa e placa peitoral azul que tanto odiava, encontrara seu capitão e os outros guardiões no quartel do portão sul e começou a patrulhar.
Alguns dias haviam se passado desde que começara sua empreitada na patrulha, e o fato fez-lhe lembrar seu pai Ronthar Kharbrook, quando à época era o tão respeitado Comandante Guardião do portão sul, da mesma patrulha que ele encorpava hoje.
Em geral pouca coisa acontecia em Kimuth: um pequeno furto aqui, uma briga entre prostitutas por disputas de território ali, outra briga entre bêbados em uma taverna acolá.
Seu cunhado Tebas poderia ter razão afinal, Kimuth provavelmente transformara-se no território mais seguro dentre todos, bem diferente do lugar que ele deixara muitos anos atrás.
Naquela época não existiam tantos guardiões patrulhando como agora, e havia pelo menos dez vezes mais o número de ladrões e assassinos que hoje.
Contudo, Mikar Noutmander havia ordenado execuções em massa na até então Praça Irmã assim que voltara de Beymuth com os exércitos depois da unificação. O ato corroborava o fato implícito que Valanthar tinha um novo rei, ainda que não coroado publicamente; e a mensagem oculta da ação, e que realmente era o propósito por traz de tudo, no final sempre era transmitida a todos aqueles que ousassem desafiar seu poder, e isso incluía os outros Dominantes.
Não obstante aos fatos, os atos públicos de Noutmander provavelmente haviam afugentado o restante dos ladrões para bem longe.
Era bem verdade que os roubos e assassinatos ainda existiam, porém eram raros.
Mas se era tão tranquilo assim, por que Ronnar sentia uma sensação de insegurança no ar? Uma paz que parecia que se romperia a qualquer momento?
Era frequente notar outros soldados cochichando e olhando para ele quando estava de costas, mas assim que se aproximava os cochichos cessavam.
Fora seu cunhado Tebas, Ronnar não havia feito nenhum amigo em Kimuth, e na verdade nem estava lá para isso, estava na cidade para procurar a espada Régia, pôr Rikkar de Brunne no trono e vingar a morte de sua família. E para isso, precisava incorporar um autêntico soldado Kimutita. Ele esperava ter mais sorte que seus amigos que haviam partido para os outros territórios.
Os relatos na carta que recebera pela manhã não traziam tantas novidades ou avanços dos companheiros, e nem se fazia menção de qualquer sinal do paradeiro da espada, ou seja, sua situação não estava muito diferente de seus amigos.
Ronnar havia conseguido entrar na guarda da cidade e enfim havia encontrado Salazhar Mouth, que lhe dissera que no momento certo o colocaria dentro do castelo Noutmander. Mas apesar de ainda não ter um plano concreto acerca do que faria a seguir, ele não ficaria apenas esperando a boa vontade do homem em cumprir o que se propôs nas cartas enviadas à Ordem, e assim tinha seu próprio segundo plano, e ele envolvia uma certa jovem de cabelos loiros.
Quando saía para sua ronda noturna geralmente começava pela rua das Moedas. Na época em que vivia em Kimuth ela não se chamava assim, era conhecida como rua do Prazer. Na atualidade, a cidade queria passar a sensação de riqueza e organização, por isso deram à um nome mais requintado.
Lá, na antiga rua do Prazer, tempos atrás, o jovem Ronnar Kharbrook gastava boa parte do que ganhava em seu tempo como aspirante a guardião do portão sul.
Era bem verdade que os bordéis continuavam ali ainda hoje, mas dificilmente jovens que ganhavam uma moeda de bronze por dia teriam como se aliviar lá agora.
Em sua grande maioria, essas casas agora eram frequentadas por ricos senhores de terras ou mesmo lordes.
Depois da rua da Ladeira, a patrulha chegava ao porto.
Kimuth gabava-se de ter o maior porto dos territórios; Título também ostentado por Léssia. Ali o grupo de oito soldados se dividia, indo de dois em dois para quatro direções diferentes.
Nesta noite em particular, Ronnar havia ganhado a muralha norte. Desde que ingressara na patrulha, era a primeira vez que pegava essa rota. Seu companheiro de ronda desta vez, surpreendentemente era alguém que ele havia se afeiçoado com uma certa rapidez, e todas as vezes que calhava de estarem juntos o homem ia logo dizendo:
— É só me seguir, grandão, e deixa o resto comigo!
Sarin era o mais falastrão do grupo. baixinho, atento e engraçado, era por quem Ronnar mais sentia empatia. Ambos formavam uma dupla bem peculiar; enquanto um era muito alto, o outro era bem baixo.
Os outros soldados geralmente falavam pouco, e quando falavam, normalmente eram só bobagens, nada que Ronnar pudesse aproveitar a seu favor, mas Sarin conseguia fazer algo que o Kharbrook achava que não conseguiria fazer ali: sorrir.
Marec, capitão da patrulha, era o mais perigoso de todos. Só abria a boca para determinar comandos, e toda vez que Ronnar se virava em sua direção, ele o estava observando, precisaria ter cuidado com ele.
— Fique atento esta noite, Beymutita. — Marec havia dito em tom sombrio, como se chamá-lo de Beymutita fosse ofendê-lo. — Faça sua parte e não teremos nenhum problema.
Ronnar assentira e partira com o restante do pelotão, e assim que se afastaram um pouco perguntou:
— Do que Marec estava falando, Sarin?
— Lorde Andrel. — O baixinho respondeu.
— E quem é esse Lorde Andrel? —Ronnar perguntou mesmo já tendo ouvido falar do nome inúmeras vezes.
— É quem nos paga. Bem, quem nos paga na verdade é o Dominante Mikar II, mas é Lorde Andrel Finley quem comanda seus exércitos, portanto, é o responsável por recebermos o nosso tão suado dinheirinho. — Sarin respondeu sorrindo.
— O encontraremos? — Ronnar perguntou.
— Nós? Claro que não! Apenas ficaremos lá em pé, esperando horas e horas enquanto ele bebe, come e fode sua puta Analin.
Ronnar nunca tinha visto Andrel Finley pessoalmente, mas sabia que ele estivera na frente de batalha dos campos azuis. Foi ele quem comandou a infantaria de Kimuth, e também esteve na grande reunião que decidiu o amargo futuro de Beymuth, e quem sabe daqui a pouco tempo não estariam frente a frente.
— Chegamos. — Sarin anunciou tirando Ronnar de seus pensamentos.
Quando o alto homem olhou a sua volta percebeu que não estavam sós.
Ele notou que a entrada da grande casa azul de dois andares a qual pararam em frente era uma das maiores casas de prazer de Kimuth, e lá havia dois soldados parados com mantos azuis, estáticos em posturas pomposas, como se esperassem alguém muito importante.
— Vamos, estamos atrasados. — Disse Sarin.
— Se ele é tão importante assim, por que o próprio capitão Marec não está aqui para fazer sua escolta? — Ronnar perguntou.
—Está louco?! — Sarin arregalou os olhos — Marec odeia lorde Andrel. O cargo de subcomandante das tropas de Kimuth era pra ser dele, mas Lorde Finley se recusa a aceitá-lo por que ele só tem metade de sangue Kimutita!
— Como se isso fosse realmente importante... — Ronnar comentou em um tom quase inaudível, mas Sarin ouviu.
— Para lorde Finley é.
— Humpf! — Ronnar fungou com indiferença. — Pensei que nosso trabalho fosse patrulhar as ruas, Sarin?
O soldado riu.
— Nosso trabalho é fazer tudo que nos mandam fazer. Somos apenas meros guardiões da muralha, meu amigo grandalhão. — O pequeno homem liberou uma risada antes de continuar. — Aprenda isso agora e lhe poupará problemas futuros. Além do mais, não é sempre que ele vem ao lugar. Pelo que sei, no máximo uma vez por mês. Dizem que ele ama a esposa, mas de tempos em tempos aparece aqui para ver a tal Analin. Eu não me importo de estar fazendo isso, nesta cidade não acontece nada de importante mesmo, pelo menos daqui dá para ver algumas putas em suas janelas, como aquela ali olhando pra nós.
Ronnar olhou para cima e viu uma bela mulher os observando.
— E esses soldados, quem são? — ele perguntou virando-se para Sarin.
— Soldados pessoais de Lorde Andrel. Ele os manda na frente para se certificar que o caminho está seguro.
Ronnar apertou os olhos.
— E Nós? Para que somos necessários aqui afinal?
— Hahaha! Para nada, meu amigo grandalhão... É apenas uma forma dele humilhar o capitão Marec, colocando seus soldados para vigiar sua foda!
Ronnar achou aquela situação interessante, ainda mais depois de todas as informações que o tagarela Sarin havia fornecido.
Em apenas uma noite de caminhada ao lado dele, ficara sabendo de toda a história sobre seu capitão.
Sarin dissera que Marec Benneton fora de uma família muito rica em Kimuth, mas era filho de pai Kimutita com mãe beruíta; aos olhos Kimutitas, uma péssima combinação.
Seu pai havia sido um famoso negociante no porto de Kimuth, comprava e vendia quase tudo que chegava lá, tornando-o rico e famoso, mas na invasão beruíta ele foi assassinado, e sua mãe foi poupada pelos conterrâneos invasores.
Alguns dias após a invasão, descobriram que ela era beruíta, então a estupraram em praça pública e a retalharam em pedaços.
O Dominante Mikar Noutmander tomou tudo o que os Benneton tinham e deu aos Finley, seus maiores concorrentes no porto de Kimuth. Marec, quando criança, foi obrigado a trabalhar para eles quase como um escravo. Marec e Andrel cresceram juntos, e o restante já dava para imaginar.
Ronnar caminhou em silêncio, remoendo todas aquelas informações, até que de repente, quatro homens a cavalo chegaram e o tiraram de seus pensamentos.
Eles desmontaram e caminharam em direção a casa do prazer.
Todos tinham espadas na cintura e passaram por eles como se nem estivessem ali.
Lorde Andrel era facilmente distinguível. O único que não usava uniforme azul, apenas sobretudo preto, botas pretas e luvas pretas. Parecia querer se misturar à noite de Kimuth. Era magro, calvo e com um olhar cruel. Ronnar costumava ouvir Lorde August dizer que o olhar de um homem revelava mais que suas palavras.
Dois deles entraram, Lorde Andrel e um soldado, os outros dois se juntaram ao restante ali na entrada do lugar bem no momento em que Ronnar chegou com Sarin.
Então, um dos quatro soldados que ficara ali, logo olhou para Ronnar e disse:
— Pelos Antigos! Como conseguiram encontrar um uniforme para essa aberração? — Os que estavam com ele sorriram, mas Sarin não conseguiu conter o riso.
Ronnar olhou calmamente para o homem e respondeu:
— Tiveram que fazer umas calças bem largas pra caber meu pau. — Agora Sarin gargalhava bem alto, enquanto os outros o acompanhavam.
O homem que havia provocado Ronnar não sorriu.
— Cuidado com o que diz, grandalhão... ou vai ficar sem pau.
Ronnar se aproximou dele.
— E quem vai cortar, baixinho?... Você não alcança.
O homem na verdade não era baixo, tinha estatura mediana, mas à frente de Ronnar poucos poderiam fugir daquela alcunha. E ao ouvir aquilo, ele logo arregalou os olhos com fúria e pôs a mão na espada, mas seu companheiro se colocou entre eles.
— Acalme-se Carl! Não estamos aqui pra isso.
Carl tirou a mão do cabo da espada e disse:
— Está com sorte, grandalhão..., mas qualquer hora dessas teremos nosso acerto.
Ronnar sorriu.
— Aguardo ansiosamente... Baixinho.
Carl virou-se para o amigo que o impediu de sacar a arma.
— Pra que precisamos destes aqui?
— Não precisamos. — respondeu o outro soldado. — Mas Lorde Finley exige que alguns guardas do capitão fedido estejam aqui. Ou deveria dizer... Capitão beruíta? — Falou olhando diretamente para Ronnar. — Mas não importa. Hoje não deve demorar, ele anda preocupado com sua inesperada viajem para Léssia.
Aquela informação pegara Ronnar de surpresa. O que o comandante das tropas Kimutitas iria fazer em Léssia? Não que fosse algo incomum ele viajar para lá, já que os dois territórios sempre tiveram bom relacionamento, mas uma viajem dessas em um momento de tanta instabilidade e tensão no ar, poderia sim significar alguma coisa.
Ronnar ficou travando um combate mental a cerca daquele novo fato. Seria mais um daqueles pressentimentos de conspirações, ou apenas coisa de sua cabeça? Então resolvera que era melhor tratar todas as informações com seriedade naquele lugar.
Passou-se uma hora até que os homens que haviam entrado, saíram de dentro do bordel. Lorde Finley parecia exausto, mas seu olhar estava um pouco menos cruel que quando entrara. Eles passaram pelos homens à entrada da mesma forma como haviam passado, em total silêncio. E logo após, os outros soldados que estavam ali os aguardando, os seguiram.
Todos montaram seus cavalos e já se preparavam para partir, mas inesperadamente uma flecha cortou o ar e acertou em cheio o pescoço de um dos soldados de Lorde Finley, derrubando-o de cima do cavalo.
Logo em seguida apareceram muitos homens gritando com armas nas mãos; surgiram do nada, pegando a todos de surpresa.
Ronnar notou que deveria haver pelo menos quinze homens se aproximando por todos os lados. Os soldados restantes de Lorde Finley saltaram dos cavalos e uma intensa luta começou.
Ronnar e Sarin correram para ajudá-los.
Aquilo tudo parecia uma grande loucura. Como apareceram? De onde? Por quê? Quem teria coragem de atacar o comandante das tropas Kimutitas em plena Kimuth com tão poucos homens?
Na verdade, não importava, Ronnar já sabia o que fazer.
Com seu pesado machado de face dupla avançou e rasgou um dos homens do pescoço até a virilha, matando-o na hora.
Ao longe viu Sarin lutando com outro homem. Pensou em ir ajudá-lo, mas sabia que a prioridade era o famigerado Finley.
Ronnar notou que apesar de estarem em maior número, os homens que atacavam não pareciam estar bem preparados. Roupas simples, pouca proteção de metal, movimentos lentos e imprecisos, apenas suas armas pareciam ser melhores que as deles, pois brilhavam como se fossem novas, mas em mãos pouco habilidosas era de pouca serventia.
Outro dos atacantes veio na direção de Ronnar e tentou espetá-lo com uma lança, mas ela esbarrou na placa de metal que ele usava.
O grandalhão careca tomou a lança do homem e em seguida cravou em seu peito e o levantou como se fosse uma criança.
À essa altura dois dos homens de Lorde Andrel haviam morrido, mas Carl lutava bravamente contra um assassino. Podia até ser linguarudo, mas sabia se virar.
Lorde Andrel estava acuado entre dois homens e tentava se defender a todo custo. Ronnar foi em seu auxílio e enfiou seu machado com tanta força nas costas de um deles que o machado praticamente sumiu dentro de sua caixa torácica. O outro virou-se para atacá-lo, mas o grandão o recebeu com um soco tão forte na cara que o fez cair tremendo no chão, em seguida foi até o homem caído e pisou com tanta força em sua cabeça que a esmagou fazendo um barulho angustiante.
Lorde Andrel olhava para Ronnar com espanto.
Era um homem experimentado e participara de algumas guerras, mas parecia nunca ter visto tamanha selvageria em alguém. Quando ele olhou em volta, viu que apenas um de seus soldados ainda estava vivo, Carl.
Ronnar combatia ferozmente o restante dos assassinos, que agora não eram mais que cinco.
De repente Carl virou-se e jogou um punhal na direção de Ronnar, que conseguiu se afastar bem há tempo de ser atingido.
O punhal passou por ele e acertou em cheio o peito de um assassino, que já se aproximava por detrás do grandalhão, preparando-se para apunhalá-lo pelas costas.
O homem caiu agonizando com o punhal cravado no peito.
Ronnar apenas teve o trabalho de finalizá-lo separando sua cabeça do corpo com um único golpe de machado.
— Não precisa agradecer, grandalhão. — Carl deu uma piscadela sarcástica para Ronnar. — Ainda teremos aquele nosso acerto.
O careca sorriu com desdém.
Quando olhou para Lorde Andrel, Ronnar notou que ele estava em cima do último assassino ainda vivo atravessando-o com sua espada.
Aquilo havia sido muito sangrento.
Apenas três homens haviam sobrevivido: Lorde Andrel, Ronnar e Carl.
Entre os caídos, Ronnar ouviu um gemido. Ele foi na direção do homem que agonizava e em seguida abaixou-se o encarando.
O homem devolveu um olhar cansado. Suas tripas estavam no chão e ele tentava segurá-las como podia.
— N-Não deveria te...ter acontecido a... assim... Você não podia ter... ter... Feito...
Ronnar cortou a garganta do homem antes que ele terminasse de falar.
Lorde Andrel se aproximou.
— O que ele dizia?
Ronnar levantou-se, limpou seu machado e respondeu:
— Não consegui entender, senhor.
Lorde Andrel lançou lhe um olhar desconfiado.
— Como se chama?
— Ronnar, senhor.
— Kharbrook?
— Sim senhor.
Lorde Andrel ficou pensativo.
— Claro... Como não percebi logo?... Você é Ronnar Kharbrook. Ouvi falar de seu retorno recentemente. Conheci seu irmão. Ele lutou ao meu lado nos campos Azuis. Um dos melhores soldados que já vi! Matou dezenas antes de morrer. Quem mais teria esse tamanho e essa força senão os Kharbrook? — Lorde Andrel limpou o suor da testa e embainhou a espada. — Se não fosse você, Kharbrook, certamente estaria morto. Esses idiotas que trouxe, claramente não teriam dado conta.
Carl e Ronnar se entreolharam em silêncio.
— Vou querer saber quem armou isso! alguém vai pagar!!! — Lorde Finley prometeu, e em seguida montou em seu cavalo.
Carl fez o mesmo.
— Kharbrook! — Disse Lorde Finley de cima do cavalo. — Tenho algumas questões a resolver por esses dias, mas fique atento, em breve o chamarei em meu castelo, precisamos conversar.
Ronnar assentiu.
Finley trotou, depois galopou e em seguida sumiu noite a dentro.
Ronnar olhou em volta contemplando todos aqueles mortos, andou até um deles e abaixou-se.
— Sinto muito... — Ele disse com tristeza olhando o corpo sem vida de Sarin, que havia sido golpeado mortalmente no pescoço.
Ronnar preparava-se para levantar quando dezenas de guardiões com mantos azuis surgiram.
— O que houve aqui, Kharbrook??? — perguntou Marec Benneton.
Ronnar respirou fundo.
— Na verdade não sei, senhor. Esses homens surgiram do nada e tentaram emboscar Lorde Andrel Finley quando ele saía do bordel. Houve uma intensa luta, e só eu, Lorde Andrel e outro de seus soldados sobrevivemos. Lorde Finley se foi e só os corpos ficaram.
Marec passou o olhar em toda aquela cena e ordenou:
— Recolham os corpos.
Os soldados foram atrás de carroças para começarem a tirar os corpos da rua.
Marec voltou-se para Ronnar e o olhou longamente.
— Você fez isso, Kharbrook?
Ronnar olhou para o chão.
—Tive ajuda, senhor... Sarin foi muito valente.
— Sim, ele realmente era. — Assentiu Marec. — Vá pra casa, Kharbrook, tire o resto da noite de folga. — Ordenou o capitão.
Ronnar assentiu e partiu.
Matar aqueles homens o havia deixado mal, assim como a morte de Sarin. Por isso queria o quanto antes chegar em sua cama e que esse dia enfim terminasse.
Ele caminhou pela escuridão da noite Kimutita nas ruas desertas com casas simples feitas de madeira, até que ouviu um barulho na lateral de uma delas.
Ah... Não acredito que ainda haja mais de vocês! Reclamou em pensamento achando se tratar de mais assassinos.
— Tive tanto medo! Assim que pude corri pra cá! Você está bem meu grandão?
Ronnar se assustou com a mulher de capuz que apareceu do nada.
— Estou bem, fique tranquila. — Ele a empurrou para a escuridão. — Mas não deveria estar aqui, é muito perigoso!
— E-Eu sei, eu sei. Mas tinha que vê-lo! Assisti toda aquela loucura da minha janela e tinha que ter certeza que estava bem. — A preocupação na voz da mulher era latente.
— Já disse que estou bem, não se preocupe. Nos encontraremos no mesmo lugar de sempre assim que possível.
— Consegui arrancar algumas coisas importantes de Andrel hoje. — disse ela.
— O que você desco... — De repente Ronnar viu dois mantos azuis que vinham em sua direção. — Vá agora!
Sem contestar, a mulher partiu por detrás das casas quando notou que os homens se aproximavam. Ronnar baixou a calça e fingiu estar urinando.
— Kharbrook, ainda por aqui? — Disse um deles, que o reconheceu na mesma hora em que o viu. — Se fosse eu, já estaria em um puteiro aproveitando a folga que Marec me deu.
— É o que farei agora. — Disse Ronnar erguendo a calça e partindo ladeira acima.
Quando havia caminhado o suficiente, ousou olhar para trás. Tinha que ter certeza de que nada de ruim havia acontecido com Analin, só então conseguiu partir para o seu merecido descanso.
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