Martillian


Arma




Enfim sozinho...

Enquanto Ednand Martillian caminhava campina à dentro, seus ralos cabelos tocando o ombro, já brancos como a neve, voavam com o constante vento soprado das campinas, assim como sua manta marrom e as pontas de seu cinturão feitos de pano bege.

Em pensamento regozijava-se por poder ter aquele tempo livre e sozinho para fazer suas coisas longe de tudo e de todos. Era difícil admitir, mas apesar de gostar de estar na presença do rei e todo o séquito que o acompanhava, o velho alquimista havia se habituado a viver recluso nas montanhas.

No início fora difícil; ele passava as noites se escondendo em frestas nas rochas ou se equilibrando em cima das árvores por causa dos lobos. Havia decidido que iria para aquele lugar com o intuito de nunca mais voltar. A dor e a culpa pelo erro que havia cometido no passado o consumia, e ele apenas queria deixar o tempo passar até que a morte o viesse buscar. Tudo havia perdido o sentido; não havia mais causa, Ordem, ou mesmo um rei a quem servir, só o peso das consequências de seu ato.

Mas os dias foram passando e a morte não veio buscá-lo. Então começou a aprender muito sobre o terreno em que estava e sobre todas as suas propriedades, pois, mesmo no inverno, época em que lá chegou, debaixo da neve ele conseguia extrair algumas plantas e minérios raros existentes somente naquela região, mas quando o gelo começava a se desfazer, lá por volta da terceira fase da lua, era quando ele tinha total acesso às áreas mais remotas, como: cavernas, riachos e o Donesh: um afluente do largo rio Caienne; que era um pequeno braço d'água corrente entre as montanhas Iryárthis.

Ali ele aprendeu a pescar, fazer pequenas construções, se proteger dos perigos, e principalmente, tirar o maior proveito possível do lugar. Para a maioria das pessoas, as isoladas e frias montanhas de Beymuth eram um lugar inóspito e a ser evitado, mas não para um homem com o conhecimento de Ednand Martillian. Seus muitos anos de estudos contínuos na Academia Alquímica o ensinaram a tirar proveito de tudo o que a natureza poderia lhe oferecer.

No início as simples poções, unguentos e venenos, se fizeram mais necessários por conta do estilo de vida que estava sendo obrigado a levar, mas assim que se ambientou, ele começou a focar no que mais sabia e gostava de fazer: alquimia.

Suas arcaicas ferramentas à princípio acabaram por interferir no andamento de seus projetos, mas assim que encontrou a bem estruturada caverna na qual vinha morando nos últimos anos, ele conseguiu produzir todos os tipos de experimentos que precisava para seus estudos, e muito das matérias primas que obtinha vinha das profundezas da caverna, dezenas de metros abaixo dela; onde ele chegou até mesmo a sentir um imenso calor vindo de níveis ainda mais baixos.

Martillian não tinha certeza, mas desconfiava que aquelas montanhas geladas outrora haviam sido ativos vulcões; o lugar perfeito para encontrar tudo o que precisava para suas experiências.

Com uma fornalha bem rudimentar entalhada em uma grande pedra ovalada, ele conseguiu transformar a areia do rio em vidro, por consequência acabou fazendo seus próprios tubos de ensaios e seus inúmeros vasilhames que, serviam para guardar todo o material das transmutações por ele realizadas.

Dentro da própria caverna onde morava, ele encontrou diferentes tipos de matérias primas, algumas delas até fluorescentes, e com elas foi descobrindo diferentes formas para fazer materiais inflamáveis.

Naquela região Martillian também havia conseguido encontrar combustíveis fósseis, como: carvão, betume, xisto, entre outros; sendo os três primeiros mais utilizados em suas experiências. Ele descobriu que ao combinar muito daqueles materiais fósseis, e também diversos tipos de fragmentos de pedras calcárias, eles produziam níveis de explosões maiores.

Inacreditavelmente, o velho alquimista conseguira evoluir mais naquela caverna nas montanhas, que em Beymuth, onde tinha tudo o que precisava à mão.

O orvalho, produto orgânico tão utilizado para umedecer ou banhar outras matérias-primas, ali era encontrado com abundância todas as manhãs, mas o arsênico, dissolvente natural mais conhecido, era impossível de se obter nas montanhas, fato este que acabou atrasando bastante seus experimentos. Outros elementos que também pôde encontrar nas cavernas foram o mercúrio, o enxofre e o gás natural. Todos faziam parte das principais matérias-primas da alquimia, e eram princípios fixos e ativos de suas obras. A maioria daqueles materiais apresentavam propriedades de combustão e corrosão, e quando combinados de diferentes maneiras, criavam pequenos ou grandes eventos naturais que os alquimistas chamavam: "Magia Natural".

Aquele era um mundo que ele dominava, o mundo pelo qual vivia: o mundo de Ednand Martillian.

Porém, a oportunidade de finalizar seu maior projeto só havia se apresentado há poucos dias, já na companhia do rei e quando o exército acampou nas campinas Bérniff. Ao caminhar por entre as inúmeras jaulas dos cães carniceiros, ele notou que havia uma carroça diferente das outras no acampamento, era a carroça de um latoeiro.

Mesmo sem muitas esperanças, ele foi até o homem para tentar conseguir o tão desejado arsênico, e para sua grata surpresa, ele tinha. Não era nada comum um latoeiro ter algo assim, mas o vendedor dissera que havia trocado por dois pães dormidos com um acólito da Academia que havia perdido a proteção de seu senhor, quando os unificados levaram o restante do que ele tinha.

No outro dia, à primeira luz da aurora e já com o precioso material guardado em uma bolsa na sela de seu cavalo, Martillian preparou-se para partir; e fez isso no mesmo momento em que o exército também se preparava para levantar acampamento.

Já em cima do animal, ele o esporeou e o conduziu para o mais longe possível dali, para enfim testar o que havia feito.

O alquimista não tinha certeza se daria certo ou não, ainda assim não podia deixar de tentar. Todavia, se funcionasse, poderia ser uma arma poderosa e preciosa para o exército do rei, que era muitas vezes menor que dos unificados.

Ao se afastar o mais longe que pôde, amarrou o cavalo a uma distância segura, e agora se via em meio ao imenso verde das campinas Bérniff, e para onde quer que olhasse só via aquela cor.

Aqui é o lugar perfeito!

Acender o fio da pequena botija que abrigava todo o material inflamável seria quase impossível por causa do vento, então ele cavou um buraco no chão e colocou o objeto lá dentro.

Até que o fio queimasse por completo e enfim chegasse à botija, ele teria aproximadamente três minutos para se afastar, pressupondo que daria certo.

Martillian observou em todas as direções uma última vez, e só quando teve absoluta certeza de que ninguém estava por perto, acendeu.

Imediatamente ele começou a correr o mais rápido que pôde, e quando decidiu que a hora havia chegado, se jogou no chão.

O alquimista esperou por um bom tempo, mas nenhuma explosão surgiu. Havia dado errado.

Imediatamente o sentimento de frustração o dominou. Tinha convicção de que daria certo. Havia seguido cada passo, mas para sua imensa decepção, não acontecera nada.

Ele se colocou de joelhos e começou a limpar a poeira de sua roupa. Foi só então que notou que muitas de suas pedrinhas haviam caído, então abaixou-se novamente a fim de pegá-las.

— Martillian.

A voz feminina deu um grande susto no alquimista em um primeiro momento, mas logo ele se controlou, pois sabia bem quem era a dona da voz.

— Lenna? O que faz aqui? — Ele disse enquanto se virava para ela.

De cima de um cavalo do vento a ruiva de olhos azuis respondeu:

— Fiquei preocupada com sua ausência; Aliás, suas constantes ausências. O rei tem perguntado por que você não tem aparecido nas reuniões; Novath também o procurou pela manhã, mas também não o encontrou. Eles estão preocupados.

Martillian olhou com receio na direção do buraco que havia cavado há algumas dezenas de metros atrás de si, mas logo voltou-se para a mulher novamente.

— Tem certeza que são eles que estão preocupados, Lenna?

— C-Claro que sim! Só vim por que Novath estava ocupado!

Martillian olhou outra vez em direção ao buraco que havia cavado.

Mas por que diabos não deu certo?

— Está tudo bem, Martillian? Por que olha tanto naquela direção? Por acaso veio de lá?

Ele voltou-se para a ruiva com um olhar desconfiado.

— Por que acha que eu vim de lá?

— Eu não sabia...

— Você me seguiu, Lenna?

— E-Eu? Imagina se eu...

— Ainda não confia em mim, não é? — Ele a cortou.

— Você salvou o rei! Nos salvou. É claro que confio em você.

— Então por que veio atrás de mim com um arco nas costas?

Lenna tocou o arco como se tivesse lembrado que ele estava ali.

— É só proteção, Martillian, sou uma mulher sozinha andando por aí, e estamos longe do acampamento.

O alquimista olhou outra vez em direção ao buraco que havia cavado no chão.

Tanto tempo de trabalho... não acredito que deu errado!

— É sério, Martillian, por que tanto interesse naquele lugar?

— É algo em que venho trabalhando há muito tempo.

Lenna arqueou uma das sobrancelhas com desconfiança antes de prosseguir.

— Eu vejo sua sombra dentro da tenda durante a noite. Percebo que você não dorme muito.

— Esse projeto seria muito importante para a causa do rei, se eu conseguisse finalizá-lo. Mas acho que foi um fiasco mesmo. Se não veio aqui para me matar, acho melhor retornarmos para o acampamento antes que eles partam sem nós.

— Não vim matá-lo, Martillian, pode ficar tranquilo. — Ela olhou em direção ao lugar que o alquimista havia deixado o objeto. — E então... Não vai mesmo me dizer o que tem ali atrás?

— Vamos voltar, Lenna, no caminho te conto.

Martillian começou a andar, e logo a Longstrider cutucou seu cavalo e o seguiu.

— Eu falo sério quando digo que você está fazendo falta nas reuniões. Aqueles homens são todos valentes e ferozes, mas lhes faltam sabedoria... a sua sabedoria.

Martillian sorriu com o comentário gentil.

— Não se preocupe, Lenna, a partir de agora estarei em cada uma delas. Parece que terei que recomeçar tudo do zero mes...

Antes que o homem pudesse finalizar a frase, um forte impacto seguido por uma grande onda invisível o jogou no chão com toda força, e acima de si ele pôde ver Lenna voar de seu cavalo e parar alguns metros à frente.

Seus ouvidos ficaram surdos e seus sentidos desorientados, mas ainda estava vivo. Contudo, ainda demorou algum tempo até que pudesse se estabilizar, e então ele se pôs de joelhos.

Lenna estava caída e não se mexia, mas o cavalo dela havia partido em disparada e agora já não o via mais.

Ao fundo, na distante árvore onde havia prendido o seu, Martillian pôde ver o pobre animal se debatendo, tentando se soltar a qualquer custo de sua prisão. Contudo, sua prioridade no momento era a mulher caída; e assim que passou o atordoamento, ele se levantou e foi em direção a ela.

— Lenna! Você está bem? — Ele a sacudia tentando acordá-la. —Lenna! Acorde!

Vendo ele que não a acordaria, levou a mão ao cinto, pegou um pequeno frasco e o abriu perto do nariz dela, e Imediatamente a ruiva acordou.

— O... quê? O que aconteceu?! M-Martillian... O que você fez?...

Ao perceber que Lenna estava fora de perigo, Martillian sorriu.

— Deu certo! O tempo não foi o que eu planejei, preciso melhorar, mas deu certo!

— O... que deu certo, homem?! —Ela dizia enquanto passava a mão atrás da nuca.

Quando Martillian enfim olhou para o local onde a botija com os compostos havia explodido, ele viu se dissipando no céu uma imensa cascata de fumaça, como se fosse um gigantesco cogumelo fugaz.

— Tenho que estar a uma distância ainda maior. — Ele falou em forma de sussurro enquanto puxava a ponta da barba. — Me dê a mão e venha comigo. Lhe mostrarei o que criei.

Lenna estendeu a mão para o velho Alquimista e ele a levantou.

Ambos caminharam por algum tempo até que chegaram ao local da explosão. Então seus olhos sobressaltaram com o que viram: no local onde Martillian havia cavado apenas um pequeno buraco para abrigar o pote de barro contendo componentes químicos, agora se formara uma gigantesca cratera. O homem não teve como conter o sorriso de felicidade.

Com aquele poder, não importava a quantidade do exército dos Unificados, Rikkar e a Ordem tinham a chance real de saírem vencedores.

Então o homem ajeitou o cinturão que havia saído do lugar com o impacto e decidiu que era hora de voltar para o acampamento e enfim contar a todos o motivo pelo qual ultimamente estava tão recluso em sua tenda e até faltando a importantes reuniões.

— Então... Não vai dizer nada? —Ela falou enquanto caminhavam juntos.

— Não há mais o que dizer, Lenna. Você viu com seus próprios olhos, isso é poder!

— Não sei o que pensar... isso é tão poderoso, e ao mesmo tempo tão... perigoso... — Ela refletiu em voz alta.

— Somente se for mal usado.

— Quantas dessas você conseguiria fazer?

— Se conseguirmos retornar a Beymuth o quanto antes, e eu ainda conseguir encontrar fornecedores vivos, e supondo que não tenham se desfeito de todos os seus estoques em troca de comida... Poderia fazer centenas.

— Centenas?! Pelos Antigos! Dez dessas coisas já seriam capazes de colocar esse continente inteiro abaixo! Martillian, nós queremos vencer, mas temos que calcular todos os riscos.

— Só seria perigoso se estivesse nas mãos erradas, mas não está. Além do mais, ninguém tem o conhecimento para criá-las. Esse é o trabalho de uma vida, não pode ser copiado de forma tão simples.

— Por que você trabalha nisso há tanto tempo?

De repente Martillian Parou.

— Reston de Brunne me pediu.

Lenna espantou-se com aquela resposta.

— Por que o rei iria querer algo tão destrutivo assim?

— Na época eu não tinha certeza, mas desconfiava que ele estava se preparando para um possível ataque de Mikar Noutmander.

— Ele sabia que ia ser atacado? Como não contou a ninguém?

— Como disse: ele não sabia, mas desconfiava. Mikar Noutmander já não atendia suas convocatórias há algum tempo, e vinha atrasando sistematicamente os impostos como forma de provocá-lo. Todos sabiam da ambição do homem, e principalmente, seu irrefreável desejo pela espada Régia. O rei me pediu para desenvolver uma arma que pudesse conter o avanço de um grande exército de uma única vez, ou pelo menos enfraquecê-lo em sua base, caso precisasse. À época eu retornei para a Academia Alquímica para me aprofundar nos estudos de transmutação de elementos, e então descobri uma fórmula rudimentar há muito esquecida, mas que viria evoluir para se tornar o que você viu hoje aqui. Mas o que o rei não esperava era que o ataque de Mikar com seu exército viesse a se concretizar tão repentinamente, tão pouco que ele chegaria de surpresa e conseguiria convencer os outros governantes a se aliarem a ele.

— Quando você causou aquele acidente que matou tantos inocentes e feriu o rei, você estava trabalhando nisso?

— Lenna, — De repente Martillian encarou fixamente os olhos azuis da moça. — Eu trabalho somente nesse projeto há mais de dez anos. Eu fiz pelo meu rei, mas acabei não o finalizando para ele, mas finalizei para o filho. Não duvide de minha lealdade e devoção por Rikkar de Brunne. Não há outra vida para mim, senão servir ao meu rei. Quero que o pai dele tenha orgulho de mim por tentar ajudar seu filho. Eu nunca o quis machucar, Lenna... só fui descuidado. Mas para que isso não se repetisse, vim o mais longe possível dessa vez, como pôde ver.

— Não vou ter essa conversa com você outra vez, Martillian, você não merece. Sua lealdade não está sendo colocada à prova, garanto. — Lenna começou a andar e Martillian a acompanhou. —Confesso que o segui... me desculpe. Mas as feridas às vezes demoram a cicatrizar.

— Eu a compreendo. Não se preocupe.

Quando eles chegaram ao animal malhado que ainda estava irrequieto e amarrado na árvore, perceberam ao longe a aproximação de um grupo a cavalo.

— Sua escolta chegou, milady. —Martillian falou sorrindo.

— Meu irmão sempre consegue me encontrar, não importa onde eu esteja. — Ela também sorriu.

Assim que a viu, Novath pulou do cavalo e foi ao seu encontro.

— Está tudo bem, Lenna? Por que seu rosto está arranhado e sua roupa está suja?

Lenna olhou para Martillian e sorriu antes de falar.

— Ossos do ofício.

Como se não tivesse prestado atenção na resposta da irmã, Novath andou alguns passos em direção à cratera no chão.

— Pelos Antigos! Então foi isso? Nós sentimos o impacto lá atrás! O que aconteceu aqui?

— Uma arma, Novath. — Martillian respondeu.

— Não sei do que se trata, mas com certeza isso poderia fazer um belo estrago até mesmo no exército de pedra dos gêmeos Brunne! — De repente Novath mudou a feição em seu rosto. Era um misto de urgência e preocupação.

— Não veio até aqui somente por que estava preocupado comigo, não é, irmão?

O ruivo suspirou.

— Ninguém me conhece como você, lady Longstrider. — Seu sorriso passeava entre a felicidade e a consternação. — Estou realmente interessado em saber o que aconteceu aqui... Mas haverá tempo para essas explicações. — Ele falou em tom seco. — O motivo pelo qual vim atrás de vocês é por que chegaram notícias.

— Boas ou ruins? — Lenna adiantou-se.

— Os dois. — Respondeu o irmão.

— Ande, Novath, fale logo! — O alquimista o apressou.

— Mikar Noutmander II está morto.

Martillian observou o sorriso no rosto de Lenna, mas também notou que a expressão de Novath continuava sisuda desde que chegara.

— Qual é a segunda notícia, Sor?... — O Alquimista perguntou sem rodeios.

Novath voltou-se para a irmã e a olhou com tristeza.

— Aleric está morto... E nosso insubstituível Lorde August... Também.

No instante em que ouviu a informação, a feição de Lenna Longstrider mudou.

— C-Como isso aconteceu, Novath? — Ela perguntou já visivelmente emocionada.

— Aleric teve uma terrível febre e sucumbiu a ela, e quanto a lorde August... O tempo cobrou seu preço, irmã... No fim, disseram que ele apenas descansou.

Lenna baixou a cabeça e uma lágrima correu por seu rosto. As duas mortes a pegaram de surpresa. Sem sombra de dúvidas ela seria eternamente grata por tudo o que Aleric havia feito pela Ordem e por Rikkar de Brunne, mas a morte de lorde August estava sendo algo muito duro de assimilar.

Novath a deixou sozinha e voltou-se para o alquimista.

— O Quanto essa sua arma é poderosa, Martillian?

O alquimista suspirou. Ainda estava digerindo a notícia. Tinha lá suas diferenças com o velho teimoso, mas não podia negar que ele fora uma das pessoas mais fiéis e honradas que já conheceu.

— Se bem usada, Novath... Ela pode ganhar a guerra.

Novath suspirava outra vez.

— Então vamos retornar logo, meu velho amigo. Temos um grande homem a enterrar e uma guerra batendo à nossa porta, e precisaremos do máximo que pudermos arranjar dessas suas armas.

Martillian assentiu em silêncio. Não diferente de Lenna, ele saía dali triste e feliz ao mesmo tempo. Seria diferente agora retornar àquele castelo e não encontrar o prolixo e sábio August Redmond. Mas o velho alquimista também sabia que não havia tempo a perder. Enfim terminara seu projeto de anos de trabalho, e aquilo poderia ser a diferença entre o sucesso e o fracasso da resistência em Beymuth. Contudo, no que dependesse dele, faria tudo o que pudesse para ajudar seu rei; Reston de Brunne iria gostar, e com certeza, August Redmond também.


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