Capitulo 19- Assustador
"Creio no riso e nas lágrimas como antídotos contra o ódio e o terror."
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Dylan fez questão de se encolher por trás de Nia quando sentiu o olhar frio e congelante do homem à sua frente lhe congelar a pele.
Tanto Nia quanto Dylan já tinham visto muitos humanos desde que chegaram a pouco mais de um mês atrás, porém, ambos tinham certeza absoluta de que nenhum humano lhes parecera tão assustador quanto Fillipe.
Ele não tinha a beleza e a timidez de Isaac ou até mesmo o jeito falador e esnobe de Joseph.
Ele era apenas, assustador.
Fillipe apertou os olhos e fez questão de levantar a cabeça para mostrar poder.
—Vocês não são humanos—Ele analisou Nia e Dylan com nítido desprezo.—Devem ser—Uma tosse rouca saiu de seus lábios e só respirando profundamente conseguiu voltar a falar.—Duas das ninfas que Joseph acolheu por aqui.
—Sim, nos somos as ninfas que foram convidadas—Dylan de trás de Nia fez questão de destacar que eles tinham sido convidados.—Eu sou Dylan e ela é Nia.—Indicou a garota na frente dele.
Fillipe os ignorou, ele não queria surtar, mesmo que estivesse a um passo de acontecer.
Seu rancor pelas ninfas tinha dobrado, principalmente quando Isaac um pouco depois da chegada delas, descobriu que ele tinha tido um caso com a Rainha das ninfas e por tal motivo e descuido dele a guerra tinha começado.
Desde aquele dia, Isaac só visitava o pai para ver se ele estava bem, porém, não proferia uma palavra com ele.
—Onde está meu filho?—Foi tudo o que Fillipe perguntou.
Agora, analisando ainda melhor, Nia conseguia ver o quanto o homem parecia mal, mesmo mantendo a pose de "durão", ele estava acabado.
Seu rosto parecia contraído de dor e seus olhos, opacos.
Dylan ia abrir a boca para dizer que Isaac estava desaparecido quando June, a governanta, entrou no grande salão principal acompanhada de Idris.
—Meu Rei!—Ela exclamou.—Finalmente o encontrei. Vossa excelência sabe que não pode sair da cama.—Pronunciou com elogios exagerados.
Nia conseguiu captar o momento em que Fillipe soltou o ar em protesto e tédio.
— Preciso conversar com Isaac sobre algumas estratégias—Fillipe olhou para as ninfas como se lembrasse que perto daqueles seres, não pudesse falar nada.—Ele não veio para o meu quarto como faz todas as manhãs.
June e Idris se olharam por um momento, era óbvio que todos no castelo sabiam do sumiço de Isaac e das outras ninfas, todavia, nenhum deles parecia querer contar ao Rei, talvez pela sua fragilidade causada pela doença.
—Ele certamente está ocupado com alguma atividade, Senhor.—Idris se pronunciou pela primeira vez e subiu os degraus acompanhado por June.—Seria melhor que o senhor retornasse para o quarto e descansasse.
Fillipe pareceu pensar sobre o assunto e após arrumar as mangas da sua roupa, concordou com a cabeça.
—Vou fazer isso. Mas assim que Isaac aparecer, peça para que ele vá ao meu quarto.—Fillipe virou-se e foi desaparecendo pelos corredores, seguido fielmente por June.
—Sim, Senhor.—Idris o reverenciou antes de virar para as ninfas que continuavam como estátuas no meio do salão.—Dylan? Nia? Tudo bem?
Ambos balançaram a cabeça como se voltassem ao mundo e sorriram levemente ao verem que apenas Idris tinha restado ali com eles.
—Sim.—Nia apressou-se em dizer e quando algo veio de repente em sua mente ela se afobou e fez questão de dar alguns passos para se aproximar do rapaz.—Idris, a última vez em que vi Lucy, ela estava com você! Você sabe para onde ela pode ter ido?
Nia queria de alguma forma ajudar a encontrar os amigos.
—A última vez em que a vi, Jack a levou com ele para o meio do campo—Idris colocou as mãos nos bolsos.—No entanto, não se preocupem. Já repassei tudo o que sei para o guardas que estão procurando por eles.
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Lucy e Jack já estavam há cerca de uma hora andando pelas beiradas da floresta, eles nem ao menos tinham certeza absoluta de como retornar para o castelo, e também não lembravam-se de como voltar à aldeia.
Eles estavam agora na beira de uma estrada de terra, a seguiam na esperança de que uma carruagem passa-se por ali e os ajudasse a achar o caminho de volta.
—Minhas pernas estão me matando!—Lucy resmungou, contraindo o lábio superior.
—E ainda se diz uma ninfa.—Jack fez questão de a zombar, porém, com um sorriso de canto nos lábios.
Ela parou no mesmo momento e o olhou com as sobrancelhas arqueadas.
—Nem se faça que eu sei que está cansado também. —Revirou os olhos— Faz mais de um mês que não andamos ou treinamos como fazíamos todos os dias na floresta, não queria admitir, mas você sabe que aqui com os humanos estamos bem acomodados.
— Diga isso por você— Ele levantou um pouco as mangas e mostrou seus músculos.— Eu continuou formoso.—Piscou para ela.
Lucy não consegui evitar o sorriso.
Ela não podia negar, tinha sentido cada parte do corpo dele com a ponta dos dedos.
A garota ruborizou com os pensamentos e voltou a andar.
— Bem que a gente podia usar os nossos truques— Jack sugeriu enquanto esfregava as mãos.
— Nem pense nisso!— Lucy se apressou em contestar.— Quando esse acordo todo foi formado entre os humanos e nós, prometemos não usar nossos poderes aqui na cidade dos humanos se não fosse por algo crucial.
—É algo crucial.—Jack suspirou— Mas você tem razão.—Entrou concordância.
Todas as ninfas, por serem seres mágicos da natureza, guardavam consigo algum tipo de poder.
Umas nasciam com a habilidade de manipular as águas, outras faziam as plantas crescerem, formavam fogo com a palma da mão ou até mesmo comandavam todos os animais.
As ninfas do sexo feminino eram ainda mais fortes e habilidosas, porém, nenhum poder se comprava aos das ninfas da família real.
Jack olhou com o canto dos olhos para Lucy, a barra do vestido dela já estava acabada devido à longa caminhada e seus pés pareciam inchados.
Ele se culpou.
Afinal de contas, se ele não tivesse a arrastado para o meio do nada, ambos não teriam perdido as carruagens e poderiam estar agora aproveitando as acomodações do castelo.
Porém, ele não se arrependia de ter a levado com ele.
A noite que compartilharam tinha sido a melhor.
Jack andou até ficar parado na frente dela e se abaixou.
— O que você está fazendo?— Ela questionou confusa.
— Vou te levar nas minhas costas—Respondeu como se fosse óbvio e bateu nas próprias costas.— Vamos! Suba aqui.
— Ah não vou mesmo.—Lucy cruzou os braços, decidia.
— Não vai?—Jack levantou a cabeça para fitar a garota.
—Não!
— Se não vai por bem.— Ele se levantou—Vai por mal!
Jack passou os braços pelas pernas dela e a jogou pelo ombro como um saco de batatas.
Lucy gritou, porém, já estava sendo dominada e carregada por Jack.
Ela estava ali, pendurada no ombro dele.
— Jack Miller!—Exacerbou, brava.— Se você não me descer agora, eu vou gritar.
— Você já está gritando—Riu— E não, não vou te deixar descer. Aproveite a vista.
— Que vista?—Questionou sem saber até entender. Ela estava com a cara praticamente nas nádegas dele. Ruborizou e começou a esmurrar as costas dele.— Seu tarado!
— Tarado?—Ele riu e inclinou a cabeça para o lado.— Nem sei o que isso significa.—E ele realmente não sabia.
— É uma palavra dos humanos, ela se encaixa perfeitamente com você.— Bufou e começou a balançar as pernas.
Jack teve que segura-la com mais força, caso contrário ela acabaria por derrubar os dois.
— Se eu te colocar no chão você sobe nas minhas costas?— Ele sabia que ela queria aceitar aquilo, porém, era orgulhosa demais pra dizer que queria ser carregada por ele.
— Está bem. Agora me desça logo!—Ordenou.
Jack fez o que ela pediu e a colocou no chão.
— Prontinho, agora suba nas minhas costas.—Ele ia se abaixar para que ela conseguisse alcançar quando ouviu um barulho.
Automaticamente ele ficou na frente dela e tocou em seu braço.
— O que foi isso?—Lucy perguntou.
— Não sei.—Jack levantou bem a cabeça para olhar ao redor.
Eles estavam no meio de uma estrada deserta, para todos os lados eles só conseguiam ver floresta, plantas e mais verde.
O único barulho ali deveria ser o canto dos pássaros.
Porém, mais uma vez o barulho soou por meio dos galhos e eles conseguiram ouvir.
Era um grito, alto e feminino.
Um pedido de socorro.
— Tem alguém.—Lucy se assustou ao perceber e tentou andar, mas Jack a segurou.— Alguém está pedindo por ajuda, Jack. Temos que ir ver o que é.
— Pode ser perigoso, fique aqui que eu vou lá conferir. Está bem?— Ele estava sério, e se Jack estava sério era porque o motivo era realmente crucial.
— Jamais que eu vou te deixar ir sozinho para o meio da floresta de onde está vindo gritos.—Lucy se indignou com o seu pedido.— Eu vou com você!
Jack suspirou, porém, sabia que jamais conseguiria argumentar com Lucy. Ela estava decidida.
Ele desceu sua mão que apertava o braço dela até encaixar sua mão com a dela.
— Tudo bem! Todavia, não saia de perto de mim, Lu.
Ela concordou com a cabeça e os dois saíram da trilha da estrada e adentaram a floresta.
As árvores ali eram altas e repletas de folhas, mesmo que os troncos fossem finos.
A luz, ainda que fosse de manhã, entrava com dificuldade ao tentar contornar as árvores.
Os dois continuaram andando, e quando a mulher gritou mais uma vez "Socorro", eles apressaram o passo e tentaram seguir a voz.
Jack parou de repente fazendo com que Lucy quase batesse contra as costas dele.
Ela se inclinou para o lado já que ele estava na frente dela e conseguiu ver.
Era uma pequena cabana, escura, certamente feita de madeira. Parecia abandonada e praticamente engolida pela plantas.
No entanto, era dali que os gritos vinham e agora eram escutados com nitidez.
Uma mulher pedia por socorro.
Jack puxou Lucy para perto de si e ambos foram até a janela que tinha do lado da cabana e espiaram lá dentro.
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Olá, meus amores?
Tudo bem com vocês?
Espero que sim!
Estamos aqui no final de mais um capítulo.
Eu estou ao mesmo tempo triste e feliz, "Pelas Estrelas" é meu xodó, entretanto, divulgá-lo é sempre difícil, então gostaria de pedir que votassem e comentassem sempre o que estão achando.
Espero que tenham gostado da leitura e não esqueçam de compartilhar com os amigos!
Obrigada.
Até logo! ♥️
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