Capitulo 1- A Marca
"Não procure saber muito sobre o meu passado, porque encontrarás mitologia na minha história."
-João Alfredo
★
Isaac estava deitado na sua cama, uma cama macia adornada, com uma madeira de provavelmente muitos anos, olhando para aquela marca que estava fixa em sua palma, como uma tatuagem, ainda lembrava como se fosse ontem de quando tinha apenas sete anos e se aventurou na floresta proibida.
O tempo passará, mas suas lembranças continuavam vívidas.
Depois daquele encontro repentino notou que uma estrela mal formada apareceu em sua mão, exatamente no local onde a ninfa havia lhe tocado, não podia ser pura coincidência. Ele nunca soube o que aquilo significava e depois de onze anos acabou apenas afirmando quando o que seu pai dizia — certamente a ninfa traiçoeira—como Fillipe a chamava—havia lhe marcado, uma marca endemoniada.
Entretanto, Isaac achava uma idiotice pensar assim, e mesmo não encontrando livro algum que explicasse o que acontecera com ele, o jovem se recusava a acreditar que aquilo não era algo especial, ele sentia e ainda lembrava como se fosse ontem dos olhos verdes acinzentados penetrantes da ninfa do lago. Mesmo que a sua memória as vezes borrasse o rosto dela, seus olhos permaneciam claros em sua mente.
Em onze anos bastante coisa havia mudado, seu pai agora estava muito doente e não podia mais cuidar do reino, e ele ,como tinha apenas dezoito anos, não podia ser coroado, logo, a coroa estava nas mãos do seu Tio Joseph, irmão do seu pai, um homem com ideias inovadoras que estava revirando a vida tranquila de todos da população.
Por volta de um ano atrás, quando Joseph entrou no cargo de rei, a floresta proibida parou de ser tão proibida assim, de alguma forma ele conseguiu um encontro com a rainha das ninfas e depois de um novo acordo ter sido assinado, ela sumira misteriosamente.
Muitos comentários se espalhavam sobre seu repentino desaparecimento, mas ninguém sabia ao certo.
As ninfas ,um tanto atordoadas pela perda da sua rainha, nem podiam recorrer a jovem princesa. A menina dos olhos cor de névoa tinha simplesmente sido mandada para um exílio por sua mãe, e ninguém sabia o motivo, apenas nunca mais tinham ouvido falar dela, e toda aquela história deixava Isaac com um certo incômodo na ponta do estômago, toda essa áurea misteriosa que envolvia aquela garota estava começando a enlouquecê-lo, se ainda restava parte sana para ser enlouquecida nele.
Enquanto mantinha-se inerte em seus pensamentos, o barulho da porta sendo aberta soou em sua cabeça no momento em que Nathaniel entrou apressado em seu quarto, os cabelos loiros sem sinal algum de desordem, a farda bem colocada e a medalha discreta brilhando em seu peito. Isaac sentou-se na cama arqueando as sobrancelhas.
— Isso é uma completa loucura.—Proferiu o rapaz colocando as mãos na cabeça— O seu tio perdeu a cabeça, Isaac. Tudo bem fazer um acordo com as ninfas para acabar com a guerra, mas promover um projeto em que ele trás ninfas para o castelo é uma completa insanidade, não quero nem ver a confusão que isso vai dar quando seu pai melhorar.—Nathaniel apenas entrou com as palavras sendo cuspidas rapidamente, não que Isaac já não estivesse acostumado.
— Ah, não se preocupe.—Isaac revirou os olhos do desespero exagerado do amigo— Eu até apoio meu tio..—Deu de ombros de forma indiferente recebendo olhares reprovadores de Nathaniel.
Para falar a verdade, Isaac havia quase esquecido que hoje era o grande dia. Seu tio Joseph conseguiu convencer as ninfas que depois de um ano a rainha deles não retornaria, e sem princesa alguma, eles estavam perdidos. Foi quando ele anunciou ,na semana passada, um projeto de integração entre o mundo dos meros humanos, no caso eles, com a população das ninfas.
Isaac tinha certeza que se seu pai estivesse em plena condição física, ele mandaria o tio para a forca por tal absurdo, porque sejamos sinceros, seria um absurdo e uma completa confusão, em toda a história os dois mundos não tinham se misturado, não que Isaac soubesse pelo menos e agora, de uma hora para a outra, exatamente cinco ninfas seriam selecionadas para morar no castelo e viver entre as pessoas do reino. Enquanto isso, cinco humanos seriam mandados para a Corte das ninfas.
Talvez tudo isso não passasse de uma estratégia de seu tio, conseguir a confiança das ninfas pra dominar seu povo agora que eles estavam sem rainha alguma, entretanto, ele não podia esquecer que aqueles seres mágicos jamais seriam seres indefesos.
— Esta me ouvindo? Estou falando com você.—Nathaniel reclamou encarando o garoto a sua frente, Isaac conseguia se distrair em pensamentos até mesmo com a passagem de uma mosca.— Já está na hora de você se arrumar, logo as ninfas chegarão e a presença do príncipe é necessária. E por favor, só se arrume e vá, você já está muito grande e eu muito velho para ficarmos brincando de pega pega.
Isaac soltou uma risada abafada e levantou-se batendo no ombro do amigo, que na verdade, considerava como um irmão mais velho, quase um pai.
A companhia de Nathaniel na sua vida já era tão corriqueira e normal, que Isaac o implorou para que tratamentos formais como "Senhor", fossem deixados de lado, afinal, Nathaniel era seu amigo, não seu subordinado.
— Desculpe-me, homem de tanta idade—Ele sorriu brincalhão sabendo que Nath não suportava ser chamado daquela forma.— Prometo não atormentar você.
Nathaniel empurrou o garoto e saiu batendo os pés, todavia, um sorriso ligeiro estava em seus lábios, algumas coisas não mudavam e ele ficava grato por isso.
Não gostava muito de mudanças e de como a vida podia se mostrar mais complicada com o passar do tempo.
Como já era esperado, Isaac demorou mais que o necessário para se arrumar, mas como todas as meninas do reino diriam, ele estava maravilhoso. Seus cabelos estavam bagunçados como sempre, mas de um jeito que aumentava a sua beleza natural, seus olhos estavam embaixo de alguns fios que caiam e ele constantemente ajeitava. Sua pele agora era mais bronzeada, de tanto tempo que passava nos campos cavalgando ou treinando esgrima.
Ele estava vestido com calças justas e um casaco formal repleto de medalhas, que conquistou no decorrer dos anos. Podia-se dizer que Isaac era um príncipe com inúmeros talentos.
Saindo de seus aposentos e seguindo pelas infindáveis portas do castelo, ele chegou de forma casual, entrando pelos fundos, esperando não ser notado pelo público, que estava na frente do castelo escutando atentamente o discurso do Rei Joseph. O garoto percorreu o corredor em direção ao palco quando uma garota estérica gritou anunciando que o príncipe havia chegado, e seu grito rapidamente foi acompanhado por outros. Isaac ficou sem jeito, não gostava de ter tanta atenção assim para si.
Terminou de subir os degraus e se posicionou ao lado do seu tio ,que sorriu para ele de forma amigável, antes de levantar as mãos para pedir silêncio e assim continuar o discurso que já estava sendo proferido antes.
Isaac ficou olhando as pessoas atrás das grades que impediam que elas chegassem muito próximas ao palco que havia sido colocado no gramado frontal do castelo. Elas pareciam empolgadas, muitos ali nunca tinham visto uma ninfa e claro, estavam curiosas para ver se os boatos eram verdadeiros.
Crianças, mulheres, homens, senhores, todos se aglomeravam.
Enquanto Joseph continuava com seu longo discurso ,que falava sobre as igualdades entre ninfas e humanos, que todos mereciam ser aceitos, que aquela guerra entre eles já tinha acabado e que agora tinham que se unir como uma nação única, um barulho de carruagem preencheu o ar. Os convidados haviam chego.
Na mesma hora Joseph parou o seu discurso e ergueu as mãos.
— Nossos convidados chegaram, espero que eles sejam bem recebidos por todos. Eles fazem parte desse país como todos vocês, e merecem o respeito e a compreensão de todos. Espero que todo esse projeto traga ótimos progressos para nós.
Era óbvio que ninguém mais prestava atenção no que Joseph falava, todos estavam muito concentrados nas duas carruagens que agora entravam pelos portões grandes de ferro do castelo. Passando pelo jardim de rosas azuis e pelo caminho da fonte, indo até o palco.
Isaac endireitou os ombros, animado para ver quem seriam as ninfas escolhidas, ele não podia negar que estava curioso e acima de tudo, desejava que as ninfas tivessem a reposta para aquilo que ninguém nunca conseguiu explicar e que de muitas pessoas ele escondeu por todos esses anos. A marca na sua mão.
A respiração da população parou repentinamente quando as portas das carruagens foram abertas pelos cocheiros e de dentro delas começaram a sair as criaturas mais lindas que poderiam ter sido criadas.
A primeira a descer, foi uma garota alva, alta, com cabelos ondulados e finos, que escorriam por suas costas em uma cachoeira negra, seu rosto angulado era bem marcado por uma franja, suas bochechas estavam levemente vermelhas e seu olhar baixo, mostrando o quanto estava envergonhada.
Atrás dela, foi a vez de um garoto, ele era um pouco mais alto que a garota anterior, e se a menina já tinha uma beleza angelical, o garoto parecia ter sido desenhado a mão. Seus cabelos também pretos estavam cortados de forma rala, e eram bem arrumados, seus olhos verdes percorriam o lugar com uma rapidez e uma curiosidade que Isaac sorriu ao perceber a animação dele.
Mais uma vez, outra ninfa apareceu, mais um garoto, esse era ruivo, uma cor de cabelo que ninguém do reino estava acostumado a ver. Eles brilhavam como fogo conforme a luz batia neles, seus olhos eram azuis voltados para o verde, só que mais claros, e neles você sentia um ar de graça que não conseguia explicar, apenas sorrir involuntariamente como se os olhos dele sorrissem para você também, e o mais engraçado foi que ele automaticamente levantou a mão e começou a acenar para todos, ganhando a simpatia da plebe do reino que soltava risadas e acenava de volta.
Uma garota foi a próxima, ela tinha os cabelos bem encaracolados, na altura dos ombros, os olhos negros que passavam uma certa força e destemor, ela era a única que estava vestida completamente de preto enquanto os outros transbordavam cores alegres.
Isaac ,que observava tudo enquanto mordia a ponta dos lábios, viu que ela segurava no braço da última ninfa, uma garota de estatura mediana, usava um vestido verde, mas seu rosto estava escondido sobre um capuz, deixando a curiosidade de Isaac pular no peito.
Todos os cinco se aproximaram e subiram no palco quando Joseph os chamou, e assim foram aplaudidos e recebidos com muitas caras de espanto e admiração pela beleza que possuíam, pareciam anjos recém saídos do céu.
Porém, enquanto Joseph apresentava cada um dos cinco, Isaac se inclinava para o lado, tentando espiar a garota do capuz que se mantinha escondida, deixando a cabeça baixa. Isaac já se perguntava qual seria a história de cada um, e ainda mais, será que o reino das ninfas tinha tantos segredos quanto os dos humanos ?
━ ━ ━ ꧁ ★ ꧂ ━ ━ ━
Olá, minha estrelas!
Como estão?
Agradeço por estarem lendo mais um capítulo.
Espero que tenham gostado :)
E finalmente estamos aqui com o primeiro capitulo em si de "Pelas Estrelas", aproveitem a foto do nosso maravilhoso Isaac na capa do capítulo, interpretado por Chace Crawford ♥️
Nos vemos em breve!
Bạn đang đọc truyện trên: AzTruyen.Top