Capítulo 09 Coração emocionado

Eu tentei especular minha mãe, que disse que estavam analisando algumas propostas para mim, mas não me disse quais eram. Tentei especular meu irmão, mas ele disse que não sabia de nada, a Sô também ouviu um burburinho sobre o tal cigano viúvo estar vindo morar no acampamento para iniciar a nova família. O Ivan, ainda estava um pouco relutante, mas disse que conversaria com seu pai quando ele retornasse de viagem, em quinze dias, e eu? Continuava de castigo e com o pé imobilizado sem poder sequer dar uma fugidinha.

— Descobriu mais alguma coisa? — Perguntou Soraia.

— Não, mas vou seguir com o plano.

— Nat, você contou ao Alê sobre essa ideia de noivado falso?

— Não, e nem vou contar, ele vai me repreender, e não tenho outra saída.

— Já passou pela sua cabeça, que esse noivado maluco pode se tornar real?

— Não vai, eu resolvo essa situação antes.

— Como?

— Não sei, mas me casar com um senhor que serve para ser meu pai eu me recuso — bufei. — O problema nem é a idade, mas a diferença de pensamentos, ele vai querer me domesticar, estou fora.

— E você perguntou se ele quer isso?

— Ele quem?

— O Ivan, Nat, você chegou do nada e encostou o rapaz na parede. Já considerou a opinião dele?

— Não — respondi pensativa. Eu realmente não pensei, isso era um fato.

— Meninas, teu pai quer fazer uma reunião — avisou minha mãe. — Na sala.

Eu e Soraia nos entreolhamos, e então os dirigimos até a sala. Meu irmão estava sentado no sofá de um lugar que ficava embaixo da janela, Ariane do outro lado da sala com minha mãe no sofá grande e na poltrona o canto meu avô de pernas cruzadas observava tudo, pensativo. Caminhamos com passos rápidos e nos sentamos juntamente com minha mãe e Ariane, que se manteve o tempo todo cabisbaixa.

— Estão todos aqui?

Meu pai passou pela cortina de fitas que separava a sala da cozinha, e se posicionou em pé, próximo à estante; eu só conseguia suar frio e pensar que estava ferrada...

— Bem, eu pensei muito depois da reunião de ontem com o conselho e as coisas não estão nada boas. Temos uma quantidade relevante de jovens que já estão em idade de se casar, alguns já deveriam estar casados, mas optaram por estudar.

Eu, Ale e Soraia trocamos olhares, então voltamos nossa atenção para ele novamente.

— Estão me cobrando uma postura como líder, e não tem muita coisa que eu possa fazer, a influência da tecnologia é muito grande, podemos até monitorar as crianças, mas os jovens é uma missão praticamente impossível.

— Tempos bons foram aqueles em que os filhos ouviam os pais — disse meu avô.

— Vamos reforçar os ensinamentos sobre nossas raízes, cada chefe de família precisa tomar as rédeas de sua casa, eu como líder não posso me responsabilizar pela educação do filho de ninguém. Mas tenho a obrigação de ser exemplo para quando houver necessidade de uma cobrança.

"Lá vem",  pensei aflita.

— Outra cobrança está sendo por o Alejandro estar vivendo no mesmo teto que Ariane.

— A gente mal se fala — ela murmurou abaixando a cabeça.

— Sim, mas não é assim que os outros veem, um casal não pode conviver assim sem casar.

— O que isso significa, pai? — o Ale perguntou.

— Vou marcar a data do seu casamento, e já entrei em contato com a família do noivo da Soraia para agilizarem isso também.

— Eu? — ela o olhou com espanto.

— Sim, não há motivos para adiar, e quanto a Natacha, tenho algumas opções em vista.

— E se alguém pedir a minha mão? — perguntei aflita. — Digo, alguém próximo a... nós.

Mal consegui terminar a frase, eu já estava nervosa.

— E você tem algum pretendente que não sabemos? — Meu pai me olhou curioso.

— Na-não, eu, só... — limpei o suor da testa antes de me abanar. — Continue.

— Se algum cigano demonstrar interesse, precisa vir falar comigo, você sabe — ele cruzou os braços à minha frente.

— Sim, meu pai — respondi baixando o olhar em sinal de respeito.

Meu pai nunca foi autoritário com a gente, porém gostava das coisas certas, e com relação a isso era muito rígido em alguns pontos. Seu tamanho intimidava, ele não só era alto como tinha um físico que somado a sua postura, impunha respeito. Desde que me conheço por gente me lembro de seus cabelos e barba compridos, sua pele clara contrastava com os olhos de um tom esverdeado, e suas vestes de longe denunciavam sua etnia. Ele sempre teve muito orgulho de ser cigano e por onde passava chamava a atenção. Minha mãe que o diga, ela sofria com as investidas das mulheres da cidade.

— Vamos fazer um levantamento das ciganas com idade de se casar, tem ciganos de outros grupos à procura de uma noiva, quanto antes encaminharmos todas, melhor — ele continuou.

— E o problema do grupo se resume a isso? — Perguntei.

— Isso o quê?

— Casamentos.

— O problema do grupo é que temos regras, costumes que estão sendo esquecidos e isso é muito sério. As meninas estão rejeitando seus parceiros, já não obedecem como deveriam, e o número de envolvimento com gadjes vem aumentando. Não se trata apenas de casamento, Natacha, nossas origens enfraqueceram, a semente cigana não pode morrer.

— E porque os homens sempre têm mais privilégios?

— Respeita seu pai, Natacha! — minha mãe interveio.

— É disso que estou falando — meu pai apontou para mim. — A Soraia nunca saiu daqui e não temos problemas com ela, já a Natacha desde que chegou vem questionando tudo como se tivesse esquecido o que lhe foi ensinado.

"Não acredito que estou ouvindo isso!", pensei, revoltada.

— É falha minha — minha mãe murmurou cabisbaixa.

— As ciganas como a Natacha, que se esqueceram de onde vieram, vão para o topo da lista para os ciganos mais velhos — afirmou meu avô. — Os jovens não saberão lidar com elas.

— Me desculpa, meu pai — falei com lágrimas nos olhos.

— Para de falar — Soraia sussurrou discretamente em meu ouvido.

— Alejandro e Ariane, não terão contato sem supervisão até o casamento — meu pai apontou para os dois, antes de mudar sua atenção para nós. — Soraia e Natacha se comportem, pois como filhas do líder precisam ser exemplo. Não quero saber de vocês soltas por aí, e nada de ficar circulando entre os funcionários da fazenda, entendeu, Natacha? Ninguém sai sem permissão.

— Sim, meu pai — Soraia concordou.

— Você me entendeu, Natacha? — ele perguntou novamente, me fazendo pular de susto pela alteração do tom de sua voz.

— Sim — respondi assustada.

— Vou cuidar delas, Ramirez — minha mãe suspirou abatida.

— Ótimo, alguém tem alguma coisa a dizer? — ele perguntou de braços cruzados.

Minha mãe me olhou aflita, mas dessa vez me mantive calada. Eu é que não ia cutucar aquele leão com vara curta.

— Vou convocar uma reunião com os pais — ele afirmou quando ninguém se manifestou.

Eu saí daquela sala com o coração acelerado, o dia mal havia começado e já estávamos naquela tensão. Cada um foi caçando seu rumo rapidamente; o Alejandro deu carona em sua moto para a Soraia ir até a fazenda; Ariane foi para seus afazeres e minha mãe começou embalar as bijuterias para entregar na loja. Com meu pai naquela pilha, ninguém se atreveria a dar mole ao azar. Bem, ninguém com juízo...

— Ei, Ivan! — acenei para o moreno, que estava olhando alguma coisa em sua moto antes de ir para o trabalho. Eu fui até sua casa a pedido de minha mãe pegar umas peças que a cigana Carmencita ficou de terminar durante a noite.

— Bom dia, Nat — ele me cumprimentou, se sentando na moto.

Ivan estava com a camisa de uniforme da fazenda, calça jeans e bota, como os demais peões se vestiam para o trabalho. Os fios negros de seu cabelo comprido estavam presos em um rabo de cavalo, que media pouco abaixo do ombro. Notei que deixava a barba crescer, apesar da pouca idade ele já tinha uma boa quantidade de fios, facilitando o desenho, que o deixava com aparência mais madura.

— Minha mãe pediu para pegar umas peças com a sua, ela está?

— Sim, está conversando com o Ian, chama lá — ele colocou o capacete e foi ligando a moto.

— Você pensou no que conversamos?

— Vai mesmo insistir nessa história absurda, Nat?

— Meu pai quer me casar com um homem mais velho, eu não quero isso para minha vida — segurei o guidão da moto e o encarei, de modo que olhasse em meus olhos.

— Ele não vai fazer isso — Ivan desligou a moto e tirou o capacete. — Eu te acho uma menina linda, nos conhecemos desde sempre, mas, Nat, se te peço em noivado e esse plano der errado teremos que nos casar, você entende isso?

— Seria ruim?

— Consumaria o casamento comigo?

Dei um passo atrás, olhando-o desconcertada.

— Eu e você?

— Eu não vou me casar com uma mulher que não será minha, posso até te pedir em noivado, mas se seu plano der errado, serei seu marido na prática.

— Calma, eu...

— Calma, não, foi você quem veio com essa ideia maluca.

— Eu, me caso contigo.

— Natacha... — ele disse em tom de aviso.

— Eu me caso, não quero ter um estranho como marido.

— Resolva seus problemas e depois conversaremos direito, mas já fique ciente de que não divido mulher com ninguém, então pense bem — ele colocou o capacete novamente, funcionou a moto e saiu.

— Estão brigando? — Ian perguntou ao se aproximar ao lado de sua mãe. Assim como seu irmão, ele estava uniformizado e com o cabelo preso, barba levemente aparada, uma bela visão para se começar o dia, já que a genética ali era de primeira.

— Não, o calango gosta de me perturbar — desviei o olhar, a fim de não entregar meu nervosismo.

— Eu estava pensando em você, Nat — a mãe dos rapazes me abraçou pelos ombros e fomos para dentro de sua casa. — Vou ensinar a Bruna e a Karen a bordar, pensei que pudesse me ajudar.

— Quem?

— As meninas lá da colônia, a Bruna você conhece, a Karen se mudou há alguns meses.

— Elas vão vir aqui?

— Sim, marcamos para amanhã à tarde, topa me ajudar?

— Ajudo, sim — concordei, surpreendida.

Quem dera eu fosse tão decidida quanto a Bruna que lutava para ter uma chance com o homem que ela queria. Ele não ficava em casa durante o dia, mas era uma ótima oportunidade de se aproximar da sogra, minha amiga me saiu melhor do que a encomenda.

***

Aquele dia não me atrevi a sair de casa ao menos que me pedissem, meu pai estava no acampamento e não queria dar mais motivos para me ver como uma cigana rebelde. Passei o dia na máquina de costura fazendo tapete de retalho, eu precisava ocupar a cabeça e aquela atividade me ajudou muito.

— Que lindo — comentou Alejandro quando terminei o jogo ao fim da tarde.

— Chegou cedo hoje — me virei para ficar de frente a ele.

— Eu não estava com cabeça para nada, Nat.

Ele respirou profundamente soltando o corpo na poltrona, estávamos em um cômodo reservado a confecção de artesanatos e costura, minha mãe quando não estava com a casa cheia costumava trabalhar ali.

— Está preocupado com o casamento?

— Seria tão mais fácil se ela saísse do meu coração, Nat.

— Poxa, Alê, não gosto de te ver assim.

— Quando foi que a gente se perdeu? — ele murmurou, esfregando o rosto com as mãos.

— Amar não deveria ser errado, Alê.

— Já passei por tanta coisa nessa vida, mas essa avalanche de agora está acabando comigo.

— E eu que pensei que as coisas para você tivessem sido bem mais fáceis.

— Nem tudo, Nat, eu tive que enfrentar muita coisa para realizar meus objetivos. E como sucessor do pai desde sempre fui muito cobrado — afirmou. — Tem horas que penso se um dia serei um bom líder, eu sou fiel a nossa cultura, mas algumas coisas me fazem pensar se realmente não poderiam ser aliviadas.

— Jamais pensei que te ouviria dizer algo assim.

— As coisas seriam tão mais fáceis se pudéssemos conviver em harmonia, sem que os costumes de uns afetasse os costumes dos outros.

— Você enfrentou preconceito na faculdade?

— Mais do que você imagina.

— Eu pensei que com vocês fosse diferente, nós mulheres ciganas chamamos mais atenção.

— Eu mudei muito, Nat, a faculdade me transformou em outra pessoa, mas caramba, foi tão difícil.

— Como assim?

— Logo nos primeiros dias, já enfrentei olhares de julgamento por conta minhas roupas e meu cabelo comprido. Não que eles não usassem cortes parecidos, ali havia alunos de vários estilos, só que a identidade de ser cigano já causa uma reação diferente nas pessoas. Eu ouvia piadinhas, enfrentava olhares, respondia perguntas desnecessárias, isso foi me cansando. É claro que também tem o lado bom, algumas pessoas se mostram mais evoluídas e nos acolhem, fiz bons amigos que conservo até hoje.

— Eu também — falei saudosa. — Você era assediado?

— Tanto por mulheres como por homens.

— A tia disse que somos um fetiche — falei ao me lembrar das vezes que cheguei chorando em casa por conta de algumas situações desconfortáveis que passei na rua.

— Sim e tem gente que extrapola, acaba sendo ofensivo — Alê concordou. — Eu fiquei tão desconfortável com aquela rotina maçante que raspei a barba, cortei o cabelo e mudei as vestimentas tentando me encaixar naquele mundo que não me pertencia.

— Tive que mudar também, mas era tão estranho.

— Sim, só que isso me fez muito mal porque, quando estava na faculdade, era como se fosse um deles, mas quando chegava aqui, era hostilizado por estar me distanciando de minhas origens. Por fim, nada daquilo valia a pena, pois, na tentativa de ser aceito por eles, acabei me distanciando dos nossos e chegou um momento que não me encontrava em lugar nenhum. Eu já não sabia mais quem era, me olhava no espelho e não me via mais, e agora os olhares de julgamento estavam aqui entre os nossos.

— E como conseguiu superar?

— Demorei para entender que não tinha que mudar quem eu era, para que os outros me aceitassem. Não foi um processo fácil, e se te contar quem me ajudou ficará surpresa.

— Quem? — Perguntei curiosa.

— O seu Augusto.

— O patrão? Conta isso direito.

— Ele começou a prestar atenção em mim e viu que estava revoltado, brigava com os peões por pouca coisa, o rendimento no trabalho caiu. Foi aí que me chamou no seu escritório onde conversamos bastante e acabei me abrindo sobre como me sentia. Foi neste dia que ele me revelou sua história de vida.

— Sério? E o que ele te disse? — Me levantei e sentei ao seu lado.

— Ele me contou que quando criança vivia nas ruas, e com isso se envolveu com pessoas erradas. A família era desestruturada, já não iam mais atrás, desistiram dele.

— Nossa, que triste — falei compassiva.

— Pois é, ele estava largado na vida, até que um dia conheceu a família do vovô que estava passando por lá e o acolheram, o alimentaram e lhe deram um teto.

— E a história dos ciganos que roubam crianças aconteceu — constatei.

— Não exatamente, eles o levaram para a família, mas não foram bem recebidos e quando estavam para ir embora ele apareceu no acampamento com uma trouxa de roupa e a certidão de nascimento em punho. Foi aí que passou a viver com nosso avô como irmãos.

— A família deixou?

— A família não ligava, Nat, foi um problema a menos.

— Isso explica muita coisa — comentei. — Eu nunca entendi tanta dedicação da parte dele, principalmente pela atenção que ele dedica a nossa família. Tinha que existir uma história por trás disso para explicar essa atitude.

— Ele viveu com nossa família até completar dezoito anos, quando foi para o Mato Grosso, onde estudou, se casou e fez fortuna.

— E como veio parar aqui?

— Ele disse que perdeu o contato com nossa família, mas um dia descobriu que havia esse acampamento nestas terras e que o antigo dono ia vender a fazenda e nosso povo teria que partir. Na época ele tinha bastante gado na outra fazenda, então vendeu uma boa parte e comprou a Corcel Negro, doando uma parte das terras ao vô para abrigar nosso povo em agradecimento por tudo o que fizeram a ele. Sua esposa, a senhora Marília , que descansa na graça, estava grávida na época, e as ciganas fizeram seu parto e desde então nosso povo passou a conviver com eles em harmonia. O nome do patrão, foi em homenagem ao cigano Geraldo, nosso bisavô.

— O pai dos rapazes nasceu por mãos ciganas, e tem o nome do nosso bisavô?

— Sim.

— Nossa, eu nunca ouvi ninguém comentar sobre isso, está aí o motivo de tanta dedicação ao nosso povo.

— Eles não comentam mesmo, são pessoas muito discretas. E tem também aquela história que falam por aí que roubamos crianças, se ele contasse a história dele já apareceria gente para falar que foi roubado.

— Mas porque ele te contou isso?

— Ele disse que se via em mim, e não queria que eu perdesse fé em nossas tradições, quis me passar a mensagem de que mesmo estando entre as duas culturas, é possível viver bem e em harmonia. E que todos temos o nosso valor.

— Que história linda — sorri emocionada.

— Pois, é, a Brenda te trata com tanta indiferença e não faz ideia de que o homem que ela tanto disputa contigo é neto de um cigano adotivo.

— Verdade! — Tapei a boca com a mão. — Ela me ofendendo, ofende a memória da família dele também.

— Exatamente.

— Você me conta uma coisa dessas e eu nem posso usar isso a meu favor — protestei estreitando os olhos. — Adoraria fazer ela engolir seu preconceito.

— Não mesmo, isso tem que ficar entre nós, e essa revelação não dá ao neto dele o direito de se casar com uma cigana, temos nossas tradições e não podemos passar por cima delas. O caso do senhor Augusto é um caso diferente.

— Bem, ele morou com nosso povo, mas não se casou com uma cigana, o filho dele veio ao mundo pelas mãos de uma cigana, mas também não se casou com uma, ou seja, eles são gadjes legítimos, tanto o Cristian, como o Samuel.

— São, Nat, e não tem nada que a gente possa fazer em relação a isso.

— Por que tem que ser tão complicado, hein?

— Nós que complicamos porque sempre procuramos olhar para as coisas que não podemos ter, nos esquecendo de valorizar o que já temos.

— O pai quer me casar com um homem mais velho, eu não quero isso, Alê.

— Você trouxe esse problema para si quando saiu por aí falando o que não devia. Eu também não concordo com algumas coisas, a Soraia não concorda, mas somos discretos e respeitamos. Faça o mesmo Natacha... pelo seu bem.

— Vou tentar.

— Não lute contra seu destino, coração, é remar contra a maré. Você nasceu cigana, e tem uma história para dar continuidade como nossos pais fizeram — Ale soltou um suspiro profundo me olhando nos olhos —, assim como eu e Soraia.

— E você vai aceitar assim numa boa se casar com uma moça que não ama?

— Rejeitá-la trará Rubi de volta?

— Não — afirmei. — Infelizmente, não.

— Então por que não aceitar meu destino e fazer a minha mulher feliz?

— E você, Alejandro, não merece ser feliz?

— Eu serei, Nat, a felicidade dela também será a minha.

Eu estava cada vez mais encrencada por conta de um sentimento que sequer sabia se era amor. Nunca tinha vivido essa experiência e ter a sua atenção daquela forma bagunçou a minha cabeça. Samuel me fazia sentir bem, me despertava sensações maravilhosas que eu queria muito explorar, mas o risco de me prejudicar era grande demais para pagar o preço. 

O problema era explicar isso para meu coração emocionado.

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