Capítulo 01 Voltando às origens

Lembro com carinho daquela noite de lua clara em que voltei para casa. Como de costume, meu pai e meu avô reuniam adultos e crianças para contar histórias dos nossos antepassados, mantendo viva a memória de nosso povo. Mais tarde haveria muita dança e cantoria em volta da fogueira, isso era algo que senti muita falta nos tempos em que estive fora. 

O acampamento mudou; já não tinha mais a mesma aparência de antes. Ele cresceu e perdeu as características de um acampamento tradicional, aliás, desde os meus tempos de criança já não se via carroças de moradia, nem tsaras, as famosas tendas ciganas que representam a nossa cultura. Embora ainda existissem em outros lugares, ali, em nossa comunidade, as casas se tornaram comuns, lembrando mais uma vila rural de qualquer cidade.

Quando olho para o passado, o sentimento é de que um pouco de nossa identidade se perdeu a medida que o progresso nos engolia, e, de fato, foi isso que aconteceu. Ao lembrar de minha infância, uma saudade imensa invade meu coração: roupas coloridas, dança, muito brilho, tsaras enfeitadas, carroças, cortinas... Foi uma época muito feliz. É uma pena que nada seja eterno, que, gradualmente, nosso povo tenha perdido as características para se encaixar no mundo moderno.

Para vocês entenderem um pouco melhor, chamamos de "gadjes" as pessoas que não são ciganas. "Gadgí", se refere a uma mulher não cigana, enquanto, "gadjô" é o termo para um homem não cigano. Nosso idioma é o romani, que normalmente usamos apenas entre nós. No entanto, falamos a língua local para nos comunicarmos com as pessoas ao nosso redor, o que faz com que, muitas vezes, misturemos as duas línguas em uma única frase. Isso acaba se tornando um vício. Nossa cultura é vibrante; amamos música e dança, somos um povo alegre e descontraído por natureza. Nossa sociedade é organizada em torno de valores familiares, e respeitamos muito a hierarquia comunitária, assim como qualquer ser humano nesta terra.

Nosso grupo era formado por poucas famílias, o que nos permitia ter um nível de vida razoável, diferente de muitos grupos que vagam pelo mundo enfrentando grandes dificuldades. As mulheres dedicavam-se à produção de artesanatos para vender nas feiras da cidade, enquanto os homens cuidavam da comercialização desses produtos. Assim, todos tinham uma fonte de renda, os que não trabalhavam na fazenda, vendiam os seus artesanatos na região.

Meu povo é conhecido por ser nômade, vivendo sem criar apego aos lugares. Essa maneira de viver permitiu que nossos antepassados desenvolvessem uma cultura rica, repleta de tradições, que são passadas de geração em geração. No entanto, hoje em dia, essa realidade já mudou de forma significativa. Existem ciganos estudados e bem-sucedidos vivendo em grandes cidades, e alguns até escondem sua origem para evitar preconceitos e a discriminação. Penso eu, que as pessoas deveriam ter mais empatia umas pelas outras, em vez de adotar comportamentos que não são respeitosos. Isso se aplica a todos, independentemente de serem ciganos ou não.

Caminhei pela principal viela e observei as crianças brincando, os jovens conversando em grupos e outros sentados nos bancos da praça improvisada. Se fosse na cidade, estariam todos entretidos com seus celulares, isolados em uma redoma impenetrável, ou trancados em suas casas, mas ali, por incrível que pareça, ainda existia o costume de interagir como nos velhos tempos. Parte disso se devia ao sistema rígido implantado pelo conselho do clã, que havia enfrentado problemas graves devido ao uso da internet. Agora havia um trabalho bem intenso de conscientização e regras a serem seguidas sob pena de castigos aplicados pelos responsáveis a quem não as cumprisse.

Já era fim de tarde quando chegamos, então, ainda não havia conversado com praticamente ninguém além de minha família, mas se dissesse que me incomodei estaria mentindo. Eu estava naquela fase complicada da passagem da adolescência para a vida adulta e algumas coisas em mim mudaram, como, por exemplo, a minha disposição para interagir com as pessoas. É claro que depois de um tempo isso mudou, mas naquela época eu trocava qualquer interação pelo silêncio do meu quarto.

Meu pai, o cigano Ramirez, era o líder do acampamento, muito respeitado entre o povo cigano, exatamente por tentar manter as tradições e a ordem, de modo que ninguém manchasse a nossa imagem. O conselho era formado por ciganos mais velhos, e todas as decisões eram tomadas em comum acordo, assim como em toda e qualquer comunidade, tínhamos a nossa organização. 

O acampamento era pequeno, não havia mais do que quinze famílias, e todos trabalhavam para ter seu próprio sustento. Na verdade, não era mais um acampamento tradicional cigano. Há mais de vinte e cinco anos nosso grupo já tinha endereço fixo nas terras doadas gentilmente pelo senhor Augusto, um fazendeiro que era muito amigo de meu avô, que recebeu até a documentação daquele lote. 

Todos comentavam sobre um grande segredo entre eles, mas ficava trancado a sete chaves. Até então, o que se sabia era que se conheceram ainda crianças e que o senhor Augusto devia sua vida ao meu avô, o cigano Gregório. Essa amizade foi a razão pela qual meu povo passou a viver ali e a conviver com sua família. Mal sabíamos que o tal segredo, um dia viria à tona e mudaria o rumo de nossas vidas.

A lua prateada clareava o céu estrelado, enquanto as tochas lançavam labaredas coloridas iluminando os rostinhos das crianças. Elas estavam sentadas em um silêncio respeitoso, prestando atenção em meu pai, que falava sobre nossos ancestrais que um dia viveram livres pelo mundo. Um dia fui uma dessas crianças que criavam filmes na cabeça ao ouvir aquelas histórias. Ah, como eu gostaria de voltar no tempo, mesmo que fosse por alguns instantes, pois uma angústia me apertava o coração. Olhava ao redor, perdida, sem saber o que exatamente me faltava. E, para ser sincera, não era pelo clima nostálgico daquela noite tão linda.

A brisa fresca da noite trazia consigo o perfume da terra úmida e das flores silvestres, que se misturavam com o cheiro da lenha queimando. Aquela noite era especial; os familiares da cigana Ariane, noiva do meu irmão, Alejandro, vieram para tratar dos detalhes do casamento e para que ela já ficasse conosco, a fim de se acostumar. Esse foi um combinado entre as famílias, pois, segundo a tradição, uma vez casada, ela deixaria sua família para se juntar a nossa. Essa notícia pelo jeito não agradou muito a ciganinha Jade, minha prima, que sempre foi apaixonada pelo meu irmão.

O Alejandro sempre fez sucesso com as mulheres, por sua cor morena bronzeada e olhos verdes como os do nosso pai; diferente de mim e Soraia que herdamos os olhos negros da minha mãe. Meu irmão agora estava com os cabelos curtos por conta da faculdade, mas desde sempre os fios castanhos em um tom claro eram mantidos compridos, o que eu particularmente achava mais bonito. 

Não faltavam pretendentes a ele dentro e fora do acampamento, o fato de não poder se envolver com ninguém, fez com que algumas mulheres da faculdade investissem em uma possível conquista. Pelo visto, realmente o que é proibido se torna um desafio mais interessante, porém, para a tristeza das candidatas, havia um acordo entre as duas famílias desde que ele tinha dezessete anos, de que quando Ariane, que na época tinha apenas doze, completasse dezoito anos, eles se casariam.

Naquela época sua família estava na Espanha, para onde foram depois de terem vivido muitos anos no Brasil, onde ela havia nascido. Meu pai nunca perdeu o contato com eles, mas o reencontro só aconteceu entre os noivos depois de cinco anos, desde que firmaram o compromisso e agora passariam a conviver na mesma casa, porém, sem nenhum tipo de intimidade, até que fossem casados. 

Os casamentos continuavam sendo realizados entre ciganos, não sendo permitida a quebra de nossas regras e tradições. O noivo escolhia sua noiva, na maioria das vezes, por volta dos doze anos, e o pedido ficava sob a responsabilidade de sua família, de modo que em pouco tempo o casamento fosse realizado. Exceto se fosse de comum acordo esperar um tempo a mais, o que vinha acontecendo com frequência, como aconteceu com Alejandro e Ariane.

O Alê era o braço direito do meu pai, e tinha tudo para ser um líder muito querido um dia, era um dos mais habilidosos domadores de cavalos da região e também o responsável pelos cavalos da fazenda. Eles criavam esses equinos para competição, para exposição e também para ser usado por crianças. Vinham pessoas não só do Brasil, mas de países vizinhos em busca de seus animais, com isso o senhor Geraldo, filho do senhor Augusto, não permitia que meu irmão fosse embora. 

Ele tinha o mesmo tratamento de seus filhos, Cristian e Samuel, inclusive nos estudos, pois o senhor Geraldo pagava a faculdade de veterinária para meu irmão e os filhos dele que cursavam zootecnia e administração. Ele investia em seus ajudantes que era como os chamava, fazia isso em sinal de reconhecimento por tantos anos de fidelidade e dedicação do meu povo a eles.

Minha mãe, como sempre, estava preparando o famoso kavi cigano, chá preto com frutas frescas, e tagarelando com as visitas que estavam se preparando para a dança que sempre era uma festa em volta da fogueira. Queria estar animada feito elas, mas me sentia deslocada, era estranho estar em casa, sentindo falta de casa. Mal conseguia prestar atenção nas palavras do meu pai, parecia estar em outra dimensão, até que uma voz conhecida me trouxe de volta a realidade...

— Murri shukar. Uma rosa por seus pensamentos — disse Alejandro, se sentando ao meu lado, com a mão estendida segurando uma flor vermelha.

— Perdão, o que disse?

— Eu te chamei de minha linda — Alejandro sorriu, me olhando confuso. — Ué, Nat, esqueceu nosso idioma ou só está no mundo da lua?

— Só estou no mundo da lua — sorri, pegando a rosa e a beijando. — Obrigado pela flor, você é um cavalheiro.

— Me senti angustiado, sei que tem a ver contigo. O que houve, está sentindo falta da cidade?

Alejandro era esponja, um tipo de pessoa que é muito sensível às emoções. Ele absorvia os sentimentos, sejam eles bons, ou ruins, e isso algumas vezes o deixavam muito carregado, física e mentalmente. Também tinha o dom da palavra, e com isso, mesmo jovem se tornou um conselheiro muito procurado na fazenda.

— Ah, meu irmão, é estranho estar aqui, desejando estar lá. E quando estava lá, tudo o que eu queria era estar aqui.

— Confuso, né? — ele sorriu, compreensivo.

— Eu sei, mas é exatamente assim que me sinto. Nem desfiz as malas e já quero ir embora. Será que isso passa?

— Passa, sim, minha desmiolada preferia.

— Nossa, que carinho! — ri, com uma risada um tanto quanto esquisita. — E você, está feliz?

— Ansioso — respondeu, olhando para a noiva que conversava com algumas ciganas mais adiante.

Ariane tinha a pele alva, olhos negros e cabelos cacheados, longos e volumosos. Seu corpo exibia belas curvas que com aquele vestido lilás com detalhes em dourado, assim como suas joias, se destacava ainda mais.

— Ela é linda, você teve sorte.

— Linda demais — ele concordou com um sorriso ladino.

— Não é estranho saber que acabaram de se conhecer e logo estarão casados?

— Um pouco, mas no que depender de mim, seremos muito felizes. Ainda não conversamos a sós, mas estive observando seu comportamento e o carinho como ela trata as pessoas. Ariane é uma garota fascinante.

— Nunca se envolveu com as meninas da cidade? Eles têm um jeito diferente de se relacionar; trocam de pares muito rápido, tem intimidades em público, alguns até dormem juntos. Conheci várias meninas da minha idade que faziam isso.

— Não se guie pelos outros, Nat.

"Como se isso fosse fácil", pensei. — E Jade? Vocês já se beijaram uma vez.

— Ela me beijou.

— Você retribuiu.

— Sei que foi errado, não nego minha culpa, mas você sabe que eu ainda não tinha uma noiva. E foi a única vez. Desde que eu e Ariane fomos prometidos um ao outro eu a espero, e Jade sabe disso, não entendo essa insistência.

— Na escola eu vi uma garota chorando pelo menino da sala, ele ficava com várias meninas. Um dia pediu para sair comigo.

— Nat, você não...

— Não, eu sei que não posso me envolver com ninguém até que me escolham.

Na verdade, tive vontade, mas sabia que não podia e esse foi um grande dilema que enfrentei em meus dias longe de casa.

— Fico aliviado em saber disso.

— Os gadjes são muito diferentes de nós, parece bom, mas, ao mesmo tempo, ruim, sei lá, confuso.

— Como seres humanos somos todos iguais, minha irmã. O que nos difere são as questões culturais — disse ele, antes de encostar a cabeça em meu ombro e afagar o meu cabelo. — Conheci ciganos que moram na cidade e se comportam exatamente como os gadjes, a convivência influencia muito.

— Senti falta de seus conselhos enquanto estive lá.

Não sei se era ciúme, mas ver meu irmão comprometido era como se um pedaço de mim estivesse sendo arrancado, e ele nem iria sair de casa. Eu, sim, sairia quando chegasse a hora de me juntar a minha nova família.

— Ariane dançará especialmente para você essa noite. Como se sente?

— Já me acostumei a ver as meninas dançando, mas acredita que estou nervoso?

— Será que ficarei com essa cara de boba quando tiver um pretendente?

— Não estou com cara de bobo — ele sorriu, corado. — Jade me disse que não entende o porquê de você não querer que ela seja sua segunda esposa.

— Eu não acho que a Ariane aceitaria, e entendo o lado dela. Planejo ser um marido fiel, não me vejo casado com mais de uma mulher.

— Eu também não aceitaria, mas quem dera todos os homens pensassem assim.

— Eu não imaginava que me sentiria assim. Confesso que tive medo desse reencontro, mas me senti balançado desde o momento em que a vi. Só tenho receio de que ela se sinta presa por ter que ficar aqui e ter que se submeter a uma rotina.

— Opchá — disse o cigano Ian, se aproximando.

— Ian?

— Quanto tempo, Natacha — Ian esboçou um sorriso discreto.

Ian e eu fomos muito amigos nos tempos de criança, mas desde que entrou na adolescência ele começou a trabalhar e acabamos nos afastando. Com um metro e noventa e cinco de altura, ele era o cigano mais alto do acampamento, e também o mais ágil na habilidade de atirar facas. Sempre foi muito magro, chegava a ser desengonçado, mas agora exibia formas muito atraentes, tanto, que quase não o reconheci. Seu cabelo negro estava preso em um rabo de cavalo, os olhos de jabuticaba contrastavam com a pele oliva que se escondia atrás de uma barba levemente aparada. É, meu amigo cresceu e se transformou em um homem muito bonito.

— Bem-vinda de volta — disse ele, enquanto eu ainda o olhava boquiaberta.

— Ah, sim, obrigado — respondi atrapalhada.

— Eu queria falar contigo — afirmou, voltando a atenção para meu irmão.

— Se isola não — Alê deu tapinhas em meu joelho, antes de se levantar e ir com Ian para outro lugar.

Soltei um suspiro profundo, as cartas da minha vida pareciam estar todas embaralhadas. Deveria me misturar aos demais, mas acabei ficando em um canto afastado, remoendo aquela confusão interna que gritava dentro de mim. Eu me sentia uma estranha no ninho.

— Vai ficar aí afastada de todos? — perguntou Soraia, se sentando ao meu lado.

— Estou apreciando minha companhia.

— Valeu! — ela tentou se levantar, mas a segurei pelo braço.

— Não é isso — eu ri.

— Jade já se estranhou com Ariane.

— Estava falando com o Alê sobre ela. Não tenho um bom pressentimento sobre isso.

— Eu também não — disse ela, estalando o dedo, impaciente.

— O que foi?

— Preciso sair daqui sem que ninguém me veja.

— Sair?

— Tenho que fazer uma coisa e você vai comigo.

— Eu? Mas, para onde?

— Depois te explico. Falarei para a mãe que estou com cólica e você ficará comigo em casa. Vê se confirma.

— Mas, Sô...

Não consegui terminar a frase, ela já tinha saído apressada, deixando um cheiro de confusão no ar.

***

A movimentação à minha volta dizia que ia começar a dança e cantoria, um momento muito alegre ao qual eu senti muita falta. A lua cheia brilhava no céu como um enorme diamante, iluminando o espaço onde a fogueira crepitava com labaredas que pareciam ter vida própria. As mesmas labaredas que destacavam o brilho das joias e o colorido das roupas em cores quentes que as ciganas usavam, assim como o top e saia verde bordados em dourado que eu vestia. O sentimento era de nostalgia e, apesar de não estar no meu melhor momento, era bom estar em casa.

— Nat, já falei com a mãe, agora temos que ser discretas — Soraia acenou para que a seguisse.

— Mentiu para ela, você é doida? Sabe que não podemos mentir.

— Não pira, você nem está gostando de ficar aqui.

— Tá, mas para onde vamos? — perguntei, enquanto desaparecíamos na escuridão.

— Não pode falar sobre isso com ninguém — disse ela, seguindo a minha frente quando avistei um cavalo amarrado em uma árvore.

— Falar sobre o quê, para onde estamos indo? — insisti.

— Tenho que falar com uma pessoa e você vai me ajudar. Ele já deve estar me esperando.

— Ele? — Minhas sobrancelhas se elevaram quando fiz uma parada brusca.

— Depois eu te explico.

A palavra, "ele", me deixou intrigada, pelo simples fato de que "ela" já era noiva. Soraia era mais um caso de casamento arranjado que não aconteceu antes de completar dezoito anos. Minha irmã já ia completar vinte e dois, e estava à espera do noivo, Ariel, um cigano que morava no sul e logo viria para acertar os detalhes finais do compromisso. O que transformou aquela "fuga repentina" em um motivo de preocupação para mim. O cavalo estava selado para a ronda da noite; havia muito roubo de gado naquela região, assim como ataque de onças, e então havia escala de ronda para cuidar da propriedade. Mais um motivo para não sairmos dali, sem contar que eu não sabia como ela justificaria o sumiço do animal, caso o dono desse por falta.

— Sobe — ela me estendeu a mão. — Vamos sair pelos fundos até a estrada de chão, temos que ser rápidas.

— Não sei se é uma boa ideia sair assim, Soraia.

— Se estiver insegura, tudo bem, eu entendo. Só não conte a ninguém, por favor.

— Espera! Eu vou.

Um pouco relutante, mas curiosa, montei em sua garupa e saímos cavalgando para longe do acampamento. Soraia estava agitada, e eu com o coração apertado. Não sabia em que tipo de confusão estava me envolvendo, mas agora era tarde para me arrepender, eu já havia caído nas armadilhas do destino.

— Estamos nos afastando demais — comentei, quando ela deu o comando para o cavalo reduzir. Estávamos em uma clareira perto da mata, no pé da serra, onde havia uma fogueira acesa e dois rapazes, sentados. Não precisei pensar muito para entender que estavam à nossa espera, e isso me deixou ainda mais apreensiva.

— Soraia, o que significa isso? — franzi o cenho, descendo do cavalo.

— Nat, por favor!

— Ou você me explica o que viemos fazer aqui, ou dou meia volta e você vai comigo, agora! — adverti, segurando em seu braço.

— Eu não posso.

— Soraia, olha esse lugar, tem dois homens ali, que tipo de confusão me meteu?

Ela me olhou em silêncio por um breve instante, como se sua resposta não fosse me agradar.

— Quem você veio encontrar, Soraia?

— O Cristian.

— Crístian? — levei a mão até a cabeça. — Como pôde se envolver com um dos filhos do patrão. Perdeu o juízo?

— Nat, por favor, não me julgue, não escolhi me apaixonar por ele.

E foi assim que caí de cabeça nas armadilhas do destino, iniciando uma série de confusões que alteraram o rumo da minha vida... 

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