Capítulo 41 Passeio inesquecível
Eu ainda estava em choque devido à confusão de antes, e o olhar daquele homem sobre mim, só fez complicar meu estado emocional.
— Tem cacos de vidro na cozinha, e sangue na sua boca — observou, o tio. — Não vai me dizer que vocês dois brigaram?
— Eu disse que esse negócio de não contar a verdade, daria merda. — Caio reclamou balançando a cabeça negativamente, me ajudando a levantar.
— São irmãos, cara, até quando vão viver assim?
— Não fui eu quem criou esse monstro — o loiro bufou irritado.
— Ela está bem? — perguntou o homem voltando sua atenção para mim, que o olhava desconfiada.
— Caiu na piscina, e se afogou — respondeu Caio me envolvendo com uma toalha.
— Está sentindo alguma coisa, Ana? — perguntou o estranho. — Não é melhor levá-la na emergência?
— Eu te conheço — afirmei quando finalmente consegui dizer alguma coisa.
— Pouco provável, nunca nos encontramos — disse ele, verificando alguma coisa em seu celular antes de guardar novamente no bolso.
— Sim, eu te conheço — estreitei os olhos ao me lembrar da maneira fria como ele a olhava. O curioso é que agora me ofertava um olhar sereno acompanhado de um semblante calmo.
Os cabelos negros com vários fios grisalhos agora pareciam mais curtos, a barba, antes comprida, agora estava aparada, mas ainda assim o reconheci. Ele tinha pele em um tom amarronzado, com traços indianos e uma mancha clara de vitiligo no meio da testa que sumia cabelo adentro, que não sei porque cargas d'água me chamou a atenção no dia em que o vi.
— Você estava com a Patrícia.
Caio nos olhou desconfiado...
— Quando foi isso, Ana?
— No trânsito — comentei. — Ela estava chorando, eu te falei.
— Ah, sim, ela apareceu no meu apartamento no dia em que cheguei. Queria que eu convencesse o teu irmão a aceitá-la de volta — disse o homem para o Caio. — Estava transtornada, coloquei no carro e levei embora.
— E como ela soube que estava na cidade? — Caio perguntou.
— Eu não sei, o porteiro disse que ela tem ido lá constantemente a minha procura. A moça precisa de tratamento, aquilo não é normal — disse o tio pegando uns cacos pelo chão.
— Todos precisamos — observou Caio.
— Ela é sempre desconfiada assim? — perguntou o homem com um sorriso.
— Só está um pouco assustada — disse o Caio. — Esse é o meu tio Geraldo.
— O famoso tio Gera — afirmei com um sorriso fraco.
— Ajudei praticamente a criar esses rapazes, são como filhos para mim — explicou, passando o braço pelo ombro do Caio enquanto entrávamos na casa.
Dentro de mim, a desconfiança e a incerteza se faziam presentes. O tio demonstrava um carinho muito grande pelo Caio, e, pelo visto, era recíproco, mas havia algo que me deixava incomodada e não sabia identificar o que poderia ser. Reconheço que seus conselhos foram ótimos, notei uma certa preocupação em manter a harmonia e a paz entre os irmãos, mas ainda assim, não me inspirava confiança.
— Acho melhor a moça tomar um banho, essa roupa molhada pode fazer mal — disse ele me olhando preocupado.
— No meu quarto, segunda porta a direita — explicou o Caio. — Tem toalha limpa, pode pegar o que precisar.
— Se quiser acompanhá-la — sugeriu o tio.
— Melhor, não, ele pode voltar, e...
— Está certo, filho, sente-se aqui e me conte como andam as coisas.
Subi as escadas reprisando aquela confusão em minha mente. Se ao menos imaginasse que terminaria assim, nunca teria saído de casa, eu não precisava de mais motivos para me sentir culpada, já me torturava o suficiente com os que tinha.
— Está linda — Caio soltou uma risada nasal ao me ver com uma camiseta gigante e um short de futebol quando retornei a sala.
— Você não disse qual poderia pegar, e eu não queria mexer em suas coisas — falei envergonhada.
— Ok, eu já passo aí — disse o tio em uma ligação enquanto se aproximava. — Preciso ir, tenho umas coisas a resolver, mas passo na delegacia ainda hoje falar com aquele cabeça dura.
— Eu vou conversar com ele também, mas preciso fazer isso com calma. Não quero mais segredos entre nós.
— Espere a poeira baixar, ele está nervoso, e não vai te receber bem — orientou o tio. — Prometo que farei de tudo para amenizar essa situação, não podem ficar assim.
— Quando é que essa família terá paz? — Caio passou a mão pelo cabelo andando de um lado para o outro.
— Eu já ia me esquecendo, estive em Brasília e intervim pelo seu pai. Ele pediu que não me envolvesse, mas não consegui, tenho um certo problema com injustiças.
— Eu nunca entendi a merda que fizeram — Caio suspirou inconformado.
— No dia da invasão, era para ele estar presente, mas estava com intoxicação alimentar. Não só ele, mas alguns policiais que participaram de um almoço dois dias antes da decisão. Ele não participou da ação em si, mas isso não anula seu mérito.
— Inclusive, eu achei essa intoxicação muito suspeita — comentou Caio.
— Confesso que pensei o mesmo, mas não há nada que possamos fazer sobre isso. Eu soube que ele pediu aposentadoria, e conseguiu.
— O velho nunca vai conseguir ficar parado — Caio balançou a cabeça negativamente. — Qual é a dessa decisão repentina?
— Ele quer passar mais tempo com a família, disse que vai morar na casa do Colorado, mas pretende passar uma temporada por aqui.
— Espero que saiba o que está fazendo.
— Bem, então, eu vou indo — disse o tio abraçando o Caio de lado, antes de voltar sua atenção para mim. — Foi um prazer conhecê-la pessoalmente, Ana.
Não consegui responder, apenas ofereci um sorriso forçado, e confesso que me senti aliviada quando ele se foi.
— Vou levá-la para casa — afirmou o Caio pegando a chave do carro.
— Me desculpe por causar aquela confusão — pedi envergonhada e, ao mesmo tempo, preocupada.
— Tudo bem, Ana, em algum momento ele iria descobrir.
— Está bravo comigo?
Caio sorriu me abraçando. — Não, é claro que não.
— Volta pra mim, Caio — murmurei em seu abraço. — Estou sentindo muito a sua falta.
Por um instante me perdi em seu olhar, meu coração disparou enquanto aquele frio característico subia pela minha coluna. Se ele soubesse como sua presença mexia comigo, não mais me castigaria daquela forma.
— Como eu senti a sua também, minha pequena!
Quando nossos lábios se encontraram, foi como se o mundo ao redor desaparecesse. Suas mãos acariciavam meu rosto com delicadeza, enquanto ele brincava com minha boca, como se quisesse aproveitar cada segundo daquele beijo, que, para mim, dentre todos foi o mais carregado de emoção.
Eu sabia que dentro de mim o amor pelo Eduardo estava guardado, bastava olhar para ele que sentia o quão era importante para mim, mas não podia negar que o Caio abalava minhas estruturas, trazendo uma intensidade que me deixava cada vez mais apaixonada.
Depois daquela confusão o coronel comprou briga com seus superiores e veio socorrer sua família que desmoronava. Dessa vez a conversa aconteceu em sua casa com a minha presença e a do tio, que não abriu mão de participar. Caio demonstrou um profundo respeito por ele, mas o Eduardo o olhava com submissão.
Percebi que não o contrariava e que acatava suas decisões sem hesitar, como se obedecesse mais ao padrinho do que ao próprio pai. O problema, é que não estamos falando de uma criança de cinco anos. Apesar disso, a conversa fluiu bem, o coronel nos deu espaço para contar sobre nossa aproximação e, por fim, selamos um acordo de paz.
— Eu sei que aconteceram muitas coisas que não deveriam, mas nada que diga ou faça agora fará o tempo voltar. Se falhei como pai, peço perdão aos dois por isso, tentei ser o melhor que pude, mas sou falho. Queria que a mãe de vocês estivesse aqui agora para nos dar uma direção, ela sempre tinha uma resposta para tudo, um jeito único de resolver os problemas — coronel soltou um suspiro profundo.
— A mãe faz muita falta — disse o Caio com lágrimas nos olhos.
— Se Ana estivesse aqui, ela diria que somos todos adultos, e está tudo bem nos sentirmos perdidos, porque não está escrito em lugar nenhum que somos obrigados a ser fortes o tempo todo. Diria que adultos também choram, se sentem perdidos, precisam de colo, também desabam, e isso não significa ser fraco — disse o coronel, também com lágrimas nos olhos. — É ser humano, então vamos seguir o exemplo daquela mulher, que mesmo com todas as suas dificuldades carregava a bondade em seu coração. Ela amou essa família e tenho certeza de que não ia querer ver os filhos brigados, então, por favor, se entendam. Se não fizerem por mim, façam pela memória dela.
Foi assim que ele encerrou aquela reunião de família que demorou umas duas horas ou mais, e, posso garantir, que me surpreendi. Eu temia uma explosão de ânimos e acabei presenciando uma conversa madura e cheia de sentimentos, onde, apesar dos desabafos, houve muito respeito, e por fim, selamos um acordo de paz, onde prometemos ser sinceros e não deixar que as mágoas e rancores trouxessem o caos de volta.
~♥~
Caio ainda estava apreensivo em relação aos sentimentos do irmão, assim como aos meus, então sugeriu irmos devagar, sem muitas exposições, de modo que cada um tivesse tempo suficiente para enfrentar seus próprios fantasmas. E apesar de me sentir balançada na presença do Edu, eu sabia que o Caio era a minha pessoa.
Agora ele havia resolvido atacar de homem romântico e viver o passo a passo de um namoro "normal", como dizia. Passamos pela fase dos passeios de mãos dadas no shopping, corridas no parque ecológico ao fim da tarde, cinema, sorveteria e lanchonete aos fins de semana, assim como jantar romântico.
O bom de se morar em uma cidade tão grande é que tínhamos opções de lugares para passear sem ter que ficar se esbarrando o tempo todo, exceto se fosse proposital, ou obra do destino. O Edu eu encontrava esporadicamente quando ia a sua casa, mas pouco nos falávamos. Confesso que me fazia muita falta, mas sabia que todos precisávamos desse tempo para assimilar tudo o que aconteceu e lidar com a situação da melhor forma possível.
— Oi, Su, como você está? — perguntei em uma ligação, na manhã de quarta-feira.
— Passei mal ontem a academia me levaram para o pronto atendimento, não está sendo fácil.
— Marcela não disse nada, você poderia ter me ligado — falei preocupada.
— Eu nem disse nada a ela. O Eduardo me socorreu e ficou comigo lá no hospital. Amanhecemos rodando pela cidade em seu carro, me liberaram no início da noite, mas as crises voltaram, não conseguia ficar quieta.
— Está tomando os remédios certinho?
— Sim, mas leva um tempo até fazer efeito.
— E os ensaios, sinto falta de vocês, mas está muito corrido para mim, quem sabe não consiga voltar depois das provas.
— Ah, Ana, eu pedi para Cibele assumir os ensaios, vou me afastar por um tempo também.
— Se entrega não, Su.
— O Edu está sendo um anjo em minha vida, agora entendo como se sente confusa.
— Ele é um ser humano espetacular, mesmo. Mas não pensa em mim, só fica bem tá?
— Estou tentando — disse ela, antes de encerrar a ligação.
Eu entendia seus sentimentos, já estive no fundo do poço e não é um lugar bonito. Viver a depressão é como mergulhar em um abismo escuro, onde a luz parece distante e inalcançável. O sentimento é real, a dor é real e não tem nada de frescura nisso, tampouco merece ser chamado de drama como acontece em alguns casos. Só quem sente isso na pele sabe como é difícil reagir, mas ter uma rede de apoio já é um bom começo, e nós, como amigos, tentávamos ser essa rede. Quem dera todos pudessem se sentir acolhidos assim.
~♥~
Era aniversário de Suelen e nos reunimos para fazer uma surpresa a ela como uma tentativa de agradá-la, foram dias complicados e a loira finalmente estava reagindo. Seria uma comemoração simples e discreta, tanto que optamos por fazer no meu apartamento, só não queríamos que a chegada de seus vinte anos passasse em branco.
Eu e o Edu ficamos responsáveis por manter a loira ocupada, então inventamos um passeio no parque de diversões, onde passaríamos a tarde. Ela ficou tão contente que nem se deu conta de que era uma armação.
— Não sei se é boa ideia sair assim, o Beto vem me seguindo nos últimos dias e se me ver com Edu pode causar uma confusão — disse ela, apreensiva quando eu chamava o elevador.
— Quem lembra de Beto quando se está saindo com Edu, tá maluca? — revirei os olhos com um sorriso.
— Queria ter essa maturidade — Suelen murmurou entrando no elevador.
Quando passamos pela portaria do prédio, avistei os gêmeos, cada um em uma moto, com um capacete extra no braço nos aguardando.
— Como você sabe quem é quem? — sussurrou a loira.
— O Caio, é o que está ao lado do Edu — falei aos risos.
— Besta — Suelen riu ficando vermelha.
— Ela quer saber, como eu sei quem é quem — falei ao me aproximar.
— Eu sou mais gostoso — disse o loiro que vestia uma camiseta branca, jeans, e tênis.
— Pelo deboche, você é o Caio.
— Tem certeza? — perguntou o outro loiro que vestia uma camiseta preta, jeans e sapato.
— Ana, me ajuda — pediu a garota enquanto ríamos de sua confusão.
— A diferença entre eles, é mínima — falei, quando Caio me estendeu o capacete.
— Que saudade de você — sussurrou em meu ouvido ao me cumprimentar.
— Também senti sua falta.
Seu olhar sobre mim, era tão intenso, que me fazia ficar com o rosto corado.
— Me sinto nua quando me olha assim, sabia? — afirmei me ajeitando em sua garupa.
— Quem te garante que não é isso que estou pensando?
— Indecente — belisquei sua cintura.
— Finja que não gosta, que finjo que acredito — cantarolou colocando a mão sobre minha perna nua. — Sei que não disse, mas está linda.
Seguimos lado a lado pelas ruas, os irmãos estavam em uma sintonia boa. Normalmente não saíamos juntos, é claro, mas se tratava de uma ocasião especial, então decidimos arriscar. Tinha tudo para ser perfeito se não fosse um movimento estranho que notei quando paramos em um farol. Caio olhou para o Edu, e fez um sinal que não entendi. Eduardo ajeitou o retrovisor, e acelerou a moto me deixando confusa.
— O que foi? — perguntei assustada.
— O Beto está nos seguindo.
— E agora?
— Vamos tentar despistá-lo.
Eles aceleraram por entre os veículos, mas o jovem era insistente, e continuava em nossa cola. Foi um longo trajeto costurando no trânsito até que o rapaz sumiu ficando para trás. Entramos no estacionamento do parque, e enquanto os dois rapazes foram guardar os capacetes, eu e Suelen conversávamos a alguns passos quando fomos surpreendidas pelo seguidor insistente...
— Suelen, que palhaçada é essa? — Beto caminhou até nós com um papel em mãos. — Você teve a ousadia de me denunciar, é isso?
Eu olhei confusa para ela, não sabia que tinha feito isso.
— O Edu me convenceu — afirmou a loira voltando sua atenção para mim.
— Reponde, Suelen! — insistiu irritado, balançando aquele papel. — Por que você fez isso?
— Você ainda pergunta?
— Não brinca com a sorte, galega — seus olhos se estreitaram como uma ameaça.
— Eu não vou retirar a queixa, se é isso que você quer.
— Perdeu a memória, amor, esqueceu com quem está se metendo?
— E com quem ela está se metendo? — os irmãos se aproximaram rapidamente.
— Fica na sua, parceiro, essa piranha não vale nada.
— Eu não sou seu parceiro, e não gostei nem um pouco da maneira como falou com minha namorada, então você tem dez segundos para se desculpar, ou...
— Ou? — Beto suspendeu a barra da camiseta mostrando uma arma.
— Acha que temos medo dessa merda aí? — Caio balançou a cabeça de cenho franzido.
Agora ele e o irmão faziam uma barreira a nossa frente parecendo uma muralha de braços cruzados encarando o rapaz que não se intimidou.
— O filhinho de papai tem peito de aço?
— Preste atenção, só vou dizer uma vez — disse Eduardo. — Eu não quero que você se aproxime dela, não quero que ligue, ou mande mensagem. E reza, mas reza muito para não cair em minha delegacia, temos um certo preconceito com covardes metidos a valentões que batem em mulheres.
— De preferência, esqueça que ela existe — completou Caio. — E se..., eu disse, se, você pensar em encostar a mão nela outra vez. Enfio essa merda que esconde em sua cintura dentro do teu rabo, e aperto o gatilho.
— Acha que me assusta, mauricinho?
— Isso não é uma ameaça, meu jovem, é uma promessa — afirmou Caio.
— Beto, por favor, vá embora — ia dizendo Suelen.
— Cale a boca, piranha! — em um gesto rápido, ele levou a mão até a cintura.
Eu dei um sobressalto, estava tão focada na cena a minha frente, que nem notei o movimento rápido do Eduardo. Com uma agilidade incrível, em questão de segundos, estava com o Beto no chão, imobilizado, e algemado. Bem que ele disse uma vez, que tinha uma grande habilidade com algemas; aquela cena, apesar de tensa, me deixou boquiaberta.
— Calma, vai ficar tudo bem — disse o Caio, acalmando a loira, que tremia, e chorava ao mesmo tempo.
— Falta de aviso, não foi — disse Eduardo, logo após ter dado voz de prisão.
Enquanto os seguranças do local conversavam com a polícia, os curiosos filmavam a cena, me deixando incomodada. Não acho legal esse tipo de atitude.
— Viu o que você fez, Suelen, isso não vai ficar assim! — Beto a ameaçava, quando os policiais o levaram.
— Ele anda com pessoas muito perigosas — ela tremia apavorada. — Estou perdida.
— Não, você não está — Caio interveio. — Lembre-se do que conversamos, você não pode se sujeitar a viver sob ameaças.
— Ninguém merece viver assim — concordou Eduardo.
— É sério, Caio, nunca vou me perdoar, se vocês se machucarem por minha causa. Os caminhos por onde ele anda, são...
— Duvido que sejam piores do que os que já percorri — Caio deu de ombros voltando seu olhar para mim. — Dessa vez, não.
Ele se afastou para conversar com o Eduardo, e nem precisou terminar a frase para que eu entendesse o peso de sua promessa. Caio ainda carregava a culpa por não ter conseguido me manter segura no passado, e com toda a certeza transmitiria para Suelen esse cuidado agora. Assim como o irmão.
— Eu ouvi a parte da "minha namorada" — cantarolei para a loira que corou imediatamente.
— Não mereço um homem como Edu — disse ela olhando em sua direção.
— E por que não?
— Nem saberia lidar com um homem desse, acho que se me beijasse teria um treco — a loira se abanou ficando corada.
— Que treco que nada, aproveita, não é todo dia que um homem desse cruza nosso caminho.
— Estou carente, amiga, não me faça ter pensamentos pecaminosos.
— Eles fazem leitura labial — falei aos risos quando os irmãos se aproximavam.
— Ana! — a loira tapou o rosto envergonhada.
Caio disse alguma coisa ao irmão que esboçou um sorriso discreto vindo em nossa direção.
— Agora podemos curtir o passeio — disse Eduardo, se posicionando ao lado da loira que estava vermelha. — Só não vá ter um treco.
— Misericórdia! — Suelen estalou os olhos azuis nos causando risos.
Não nego, temia o momento em que o veria nos braços de outra, afinal, tivemos uma história muito intensa, que apesar de não me lembrar, eu sabia que estava bem presente em minha vida. Rolou uma pontinha de ciúme, mas, ao mesmo tempo, fiquei feliz por saber que era Suelen ao seu lado e não uma garota qualquer.
O passeio foi bem divertido, não tinha como ser diferente na presença daqueles dois. Rolou uma disputa no carrinho bate-bate, uma gritaria no trem fantasma, antes de o Caio nos convencer a ir na montanha-russa. Rolou até beijo com declaração de amor, que me fez emocionar, no alto da roda gigante.
Dessa vez Suelen não quis se aventurar, foram para o carrossel onde Edu depois de subornar o jovem que cuidava do brinquedo com uma chantagem emocional, realizou o sonho da loira de dar voltinhas com seu par romântico igual a um filme que assistiu na adolescência. Apesar dos pesares tivemos um passeio inesquecível.
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