Capítulo 07 Lobo em pele de cordeiro
Na manhã seguinte, Michael me chamou bem cedo, praticamente abrimos a universidade com a zeladora e algumas pessoas, que disseram ser funcionários de uma empresa que faria alguns reparos no prédio. Eram as mudanças chegando, finalmente iam instalar corrimões onde ainda não existiam, placas escritas em braile nas portas e corredores, rampas e algumas grades de proteção, o que facilitaria e muito, não só a minha vida, como a de outros alunos com deficiências.
O prédio, apesar de ser antigo, como o Michael disse; já apresentava diversas adaptações, mas algumas precisavam ser feitas e a minha chegada meio que agilizou o processo.
— Bom dia — disse Eduardo, se sentando ao meu lado poucos instantes antes do início da aula.
— Você está bem? — arrisquei a perguntar.
— Estou, sim, e você como está?
— Com sono — murmurei desanimada.
— Pelo jeito também teve uma noite ruim, eu sinto muito por ser o responsável por isso.
— Você está bem mesmo? — insisti ao notar a oscilação em sua voz.
— Eu imprimi o trabalho, só falta entregar. Estive pensando em tentarmos utilizar o programa em sala de aula para ver se consegue se concentrar com o barulho.
Aquela resposta me fez perceber que ele não queria discutir o assunto, então decidi não insistir. Para ser sincera, também estava com dor de cabeça, talvez pela privação do sono, não sei. Por isso, optei por ficar em silêncio, e durante a aula nos restringimos a falar apenas sobre a matéria.
— Você não vai sair? — perguntou ele, quando soou o sinal do intervalo.
— Estou indisposta, pode ir, vou arrumar as coisas e te encontro na sala especial após o intervalo — murmurei debruçada sobre mesa.
— Posso buscar um sanduíche, o que acha?
— Não precisa se preocupar comigo, Edu, eu estou bem.
— Coma ao menos uma barra de cereal — disse colocando em minha mão, e acabei aceitando.
— Como está o Caio?
— Viajou logo cedo, disse que vai passar uns dias fora, surgiu um serviço de última hora.
— Estranho — murmurei pensativa.
— O que é estranho, Ana?
— Que tipo de confusão seu irmão se meteu, Edu?
— Eu realmente não estou conseguindo acompanhar seu raciocínio.
— Era para o Caio estar em algum lugar hoje, mas não me pareceu um assunto de trabalho.
— Ok, me explica isso direito, foi o Caio quem te disse isso?
— Não, na verdade, nem sei porque estou comentando isso, não é da minha conta.
— Mas pode ser da minha, porque ele pode ter se envolvido em alguma confusão, então me conte o que sabe, por favor.
— Mas eu não sei de nada. O cara chegou falando coisas confusas, era como se estivesse ameaçando o Caio, sei lá, não entendi muita coisa porque estava dentro do carro.
— Onde foi isso, Ana?
— Em frente a minha casa — afirmei.
— Mas, o que o Caio tem na cabeça!?
A mudança em seu tom de voz, somada a maneira como reagiu, me deixou ainda mais confusa...
— O que está acontecendo, Edu?
— É isso que eu quero saber — respondeu inquieto. — O Caio desafia o perigo como se gostasse de fazer isso, é incrível.
— Ele é meu marrento favorito — falei com um sorriso.
— Não entendi.
— O Caio é uma caixinha de surpresas. Ontem, quando me levou em casa, já não era mais o cara explosivo que discutiu contigo, e sim, o rapaz legal que conheci; fico me perguntando o motivo dele dizer que não é uma boa companhia.
— Não tenta entender o Caio, Ana, não recomendo — respondeu ele quando a silhueta de alguém se aproximava.
— Eu posso falar com vocês dois?
Ao ouvir aquela voz meu coração até errou as batidas...
— Sem confusões, Patrícia, por favor — pediu Eduardo em um tom calmo, porém, preocupado.
— Eu passei a noite em claro pensando em como tenho agido e entendi que fiz tudo errado. Sei que agora pode ser tarde para admitir isso, pode ser tarde para reconhecer que fui desnecessária e preconceituosa. Eu fui fraca, deixei me levar pelo ciúme e mesmo que isso não conserte meu erro, mesmo que leve um não como resposta..., eu queria te pedir desculpas, Ana.
— Não precisa se desculpar — foi só o que consegui dizer naquele momento.
— Eu também queria falar com você Eduardo, mas a sós se for possível — disse ela.
— Por favor, Patrícia, já dissemos tudo o que tinha para ser dito, ontem. Para que ficar se machucando assim?
— Não é fácil ver seu mundo desabando sem poder fazer algo a respeito — a garota mal terminou a frase, já estava chorando. — Você é tudo para mim, Edu, sabe que preciso de ajuda, preciso de você. Eu surtei porque tive medo de te perder meu amor, sabe que eu te amo mais do que tudo e não vou conseguir ficar bem se não estiver comigo. Me perdoa Eduardo!
— Levanta daí, Patrícia! Se preserva não tem necessidade disso — pediu incomodado.
— Paty, o que está fazendo!?
A voz de Priscila e o burburinho a nossa volta me fez entender que os alunos já retornavam a sala de aula.
— Paty, ele não merece essa atenção toda — disse Luana.
— Eu me ajoelho, me humilho, faço o que você quiser, mas, por favor, Edu, volta pra mim! — insistiu aos prantos.
— Patrícia pare, por favor! — pediu constrangido, ou preocupado, sei lá, não consegui raciocinar direito diante daquela situação.
— Eu te amo, Eduardo. Não me importo que me julguem por lutar por você, temos uma história juntos, não quero te perder, por favor me escuta!
— Paty, vamos sair daqui, estão olhando — insistiu Priscila.
— Eu não vou sair, ele não pode fazer isso comigo. Edu por nós dois, não solta a minha mão, eu te imploro!
— Patrícia não faz isso — pedia ele, me parecendo meio perdido.
— Está doendo Eduardo, machuca demais, você não pode me soltar assim, não é justo!
— Não dá — disse ele, se afastando. — Laura, fique com a Ana, por favor!
— Edu, volta aqui! — a garota o seguiu aos prantos.
Aquela situação mexeu muito comigo, me fez lembrar de quando a minha melhor amiga, em um momento de desespero, protagonizou uma cena bem parecida quando o ex-namorado dela, apareceu na festa de rodeio da cidade acompanhado de outra. No mesmo dia em que terminou o namoro de um ano porque, queria "curtir a liberdade." Foram meses de angústia e depressão onde eu tentava animá-la, sem entender como uma pessoa ama tanto a outra a ponto de colocá-la em uma posição mais importante do que a si mesma.
"Calma, Ana, são situações diferentes, você não fez nada"
Eu repetia aquela frase em pensamento, tentando não deixar que o nervosismo crescesse ainda mais dentro de mim.
— Está satisfeita? — perguntou Priscila, me trazendo de volta a realidade.
— São situações diferentes — murmurei abraçando meu próprio corpo.
— É tudo culpa sua, se você não ficasse dando em cima do namorado alheio, a garota não estaria passando mal agora. Ela tem depressão, idiota!
— Mas eu não fiz nada, é sério! — insisti.
— Ei, garota! — Laura interveio. — Se está tão preocupada com sua amiga, par de falar merda e vá lá cuidar dela!
— Babaca! E você sua cretina, mesmo sabendo que o cara é comprometido fica grudada enel, tome vergonha na sua cara, todos aqui são testemunhas!
— Vai sair daqui ou vou ter que te rebocar? — Laura aumentou seu tom de voz.
— Isso aqui não é da sua conta, Laura! — Priscila respondeu de forma bruta.
— Ah, ela é minha amiga, então é da minha conta, sim! Vai sair daqui por conta própria ou terei que te levar pelos cabelos?
— Otária! E você, garota, se liga, está cheio de cara solteiro por aí, não precisa destruir um relacionamento de três anos!
— E vocês, bando de curiosos, vão procurar o que fazer, circulando, vai!
Laura conseguiu dispersar a galera, mas a especulação continuou e aquilo me incomodou extremamente porque sabia que ficaria marcada por algo que não fiz, pelo menos não intencionalmente. Aquela acusação me deixou pior do que já estava, e toda a minha tentativa de manter o controle foi pelos ares em questão de segundos.
— Ana, você está bem? — perguntou Laura ao perceber que eu estava à beira de um ataque de nervos.
— Eu...
— O que foi, me diz o que está sentindo.
— Eu preciso sair daqui, por favor, me ajuda — minha voz quase não saía, e se ficasse ali em meio àquelas especulações seria muito pior.
Laura me acompanhou até o ambulatório onde realizavam alguns atendimentos básicos, e após me avaliarem, me ofereceram umas gotas de um remédio amargo e me conduziram para uma sala de espera onde permaneci de observação. Eu repetia em minha mente aquela frase na esperança de não me sentir pior enquanto tentava me convencer de que não era responsável por causar tamanha dor em uma pessoa.
Se ela merecia, ou não, se cavou a própria cova, não cabia a mim julgar, nem tampouco me divertir com aquilo, pois, não era essa a minha natureza. Desde pequena minha avó me ensinou a ter empatia pelas pessoas, pois a vida cobra ossos erros.
— Tem certeza de que não quer que ligue para seu irmão? — perguntou a enfermeira.
— Melhor não, eu só preciso respirar um pouco. Não precisamos preocupá-lo com isso.
— Ok, se precisar me chame, estou auxiliando o doutor na sala da frente.
— Tem certeza de que não quer ir para casa, Ana? Não acho boa ideia ficar aqui, a galera vai ficar de especulação — disse Laura, quando a enfermeira nos deixou a sós.
— É injusto eu ter que ir embora para não ser julgada por algo que não fiz.
— É complicado, nessa história toda todos sairão machucados e depois daquela cena lamentável, vai ter bochichos com toda a certeza — afirmou ela.
— Continuo achando injusto, porque não fizemos nada.
— Infelizmente não tem como reverter essa situação. Não adianta bater de frente, o ideal é torcer para que eles se resolvam da melhor maneira possível e esperar a poeira baixar.
— Só espero que essa poeira não demore muito a baixar, meu irmão já tem tantos problemas e vai ficar preocupado — murmurei pensativa.
— Quem dera minha irmã se preocupasse comigo assim — disse ela. — Tudo bem se eu voltar para sala de aula?
— Claro, já estou melhor, na verdade, sonolenta, só guarda meu material, por favor, depois eu pego.
— Vou pedir para te entregarem — disse ela apertando minha mão. — Se cuida tá.
Meu irmão costumava dizer, que os amigos de verdade simplesmente aparecem em nossas vidas, e com a Laura foi exatamente assim. Ela não me conhecia e me acolheu; não me julgou, apenas foi justa e fez o que tinha que ser feito diante da situação, enquanto os demais estavam mais interessados em quem traiu quem, por causa de quem, do que como isso afetaria a vida dos envolvidos.
— Você me traiu, Eduardo!
A voz de Patrícia ecoou pelo cômodo, logo depois de a Laura ter me deixado sozinha, e pelo visto, estavam na sala ao lado.
— Eu não te traí, posso ter todos os defeitos do mundo, mas infiel nunca fui e sabe disso. Fui sincero te contando o que realmente aconteceu, porque achei que merecia uma explicação, mas...
— Quase beijou ela, como acha que me sinto?
— Não me orgulho por ter me deixado levar pelo momento. Não é o tipo de coisa que normalmente eu faria, nem existe uma justificativa, mas já foi, e esse é mais um motivo para não...
— Para não namorar comigo, é isso?
— Para não arriscar a magoar mais ninguém.
— Eu não sou um objeto sem valor que você usa e depois descarta, Eduardo — disse ela aos prantos.
— Algum dia eu te tratei como um objeto, Patrícia? — ele baixou consideravelmente seu tom de voz. — Cuidado para não ser injusta.
— Não, é claro que não, você foi a melhor coisa que me aconteceu, Edu. Nossos planos, casamento, filhos, viagens em família, parece que nada disso importa mais..., você desistiu de nós.
— Filhos? Você mesma dizia que criança tira a privacidade do casal, e que abominava viagens em família.
— Estou disposta a mudar pelo bem do nosso amor, eu...
— Meu pai, meu irmão, você nunca sequer tentou se aproximar deles, aliás, com meu irmão você vive em pé de guerra. Como pode falar em família, se abomina as pessoas mais próximas que eu tenho?
— Já disse que vou mudar, estou disposta a fazer esse sacrifício por nós dois.
— Sacrifício? Patrícia, por favor, não complica, não dá mais, ficar insistindo vai ser muito pior, qual a dificuldade de entender isso?
Os dois ficaram em silêncio por um breve instante e torci para se entenderem, eu ão queria ser apontada como a causadora daquele fim.
— Aonde foi que errei, Edu, me fala e eu conserto.
— Acho que está bem claro, mas não faz diferença. Isso importava quando tentei lutar por nós dois, e você sabe que fiz isso durante muito tempo, mas hoje não adianta apontar o erro porque mesmo que se transforme em acerto, o que se quebrou não vai mudar.
— Vai ser diferente, eu prometo. Só me dê mais uma chance, uma última, Edu, e vou te mostrar que vale a pena. Uma viagem, sei lá, uma semana juntos e se não quiser mais, eu aceito, mas não me negue essa última tentativa.
— Uma última chance a troco de quê? — aquela pergunta saiu em um tom de sarcasmo misturado com desilusão. — Acha mesmo que tem como consertar em uma semana todos esses meses de crise que você nunca deu importância?
— Vai ser diferente, eu dou a minha palavra — insistiu.
— Patrícia, essa conversa não vai chegar a lugar nenhum. Está cheio de caras lá fora bem melhores do que eu, você é linda, não demora a encontrar um que te faça feliz como merece, e...
— Não fale assim, meu amor, por favor, não seja cruel — implorou.
— Não é questão de ser cruel, se eu saí da sua vida, foi porque você deixou a porta aberta. Infelizmente esse é o erro de muitas pessoas; se acomodar e achar que sempre dará tempo de consertar o que se quebrou.
Eu não queria ter que presenciar aquela conversa, mas me senti tão perdida, que travei em cima daquela poltrona desejando que aquele pesadelo terminasse logo e eles fossem para outro lugar. Mas para minha infelicidade, o assunto não só continuou, como também voltei a ser pauta daquela discussão.
— É ela, não é? Aquela garota virou a sua cabeça. — acusou. — Como pode agir feito um adolescente influenciável, Eduardo?
— Aí é que está; eu não sou mais um adolescente e esse foi seu maior erro. Namorar um homem o tratando feito um adolescente e agindo feito uma. Agora, por exemplo, está tentando jogar nas costas da garota que chegou agora a culpa do fracasso de um relacionamento que rasteja há meses. Não seja injusta, se nosso namoro chegou ao fim, a culpa é nossa.
— Nossa?
— Sim, nossa — afirmou. — Sua por deixar tanta gente se meter entre nós, por não ouvir os meus apelos quando dizia que estava desanimando..., e minha, por permitir que isso se arrastasse por tanto tempo.
— Isso não é verdade, Edu, mesmo estando em crise você ainda era o meu Eduardo. Sempre carinhoso, sempre lutando por nós e desde que ela chegou parece outra pessoa.
— Talvez porque na companhia dela eu me senti vivo depois de tanto tempo morrendo por dentro.
— Não vai me dizer que está apaixonado por ela, Eduardo!
— Lógico que não, eu acabei de conhecer a garota, não sou nenhum iludido; mas também não nego que a companhia dela me faz bem. Eu não tomei essa decisão porque quero ficar com outra, só não quero mais continuar arrastando essa situação que só faz mal a nós dois.
— Você nem sabe o que quer da vida, Edu.
— No momento eu quero é paz. Preciso cuidar de mim, e mesmo que rolasse, seja com ela, ou com outra pessoa; eu não seria um covarde de esfregar outra garota na sua cara, sabendo o estrago que isso poderia fazer. Não preciso te machucar para me sentir bem.
— Eu fico com ela — disse Priscila, interrompendo a discussão do casal enquanto consolava a amiga.
— A mãe dela está vindo, não a deixe sozinha, por favor. — disse ele, deixando o cômodo, e juro que pelos passos apressados no corredor, senti muita vontade de correr ao seu encontro e abraçá-lo até que se acalmasse como queria que fizessem comigo. Mas a única coisa que fiz, foi tapar o rosto com as mãos e deixar as lágrimas caírem, porque naquele momento, não era só ele que se sentia perdido.
— Paty, por que se humilhou assim?
— Não era para o Edu estar auxiliando ela, Priscila, era para o Caio fazer isso, mas aquele imbecil não aceitou. Eu pedi tanto, falei para ele que isso não ia dar certo, mas aquele idiota não me escuta!
— Até parece que você não conhece o Caio, ele nunca toparia ficar de babá como o Eduardo fica. É óbvio que não se prestaria a um papel desses.
— Porque essa idiota não volta para o buraco de onde veio, mas que inferno! — protestou, iniciando outra crise de choro.
— Precisa se acalmar, Patrícia, nervosa assim não vai conseguir pensar em algo para reverter essa situação.
— O Caio jogou o irmão nessa furada, é tudo culpa dele, mas não vai ficar assim, ele me paga!
— Você só vai conseguir fazê-lo ficar ainda com mais raiva. Pense bem, não é inteligente ter o irmão dele contra você e do lado dela.
— Do lado dela? Me poupe né, você acha mesmo que o Caio vai dar importância para aquela garota sem sal?
— Não sei, mas comprar briga com ele, não é a melhor solução e você sabe disso — insistiu.
— Se ficar sozinha com ele eu consigo reverter essa situação, nunca falhei, o problema é que está irredutível.
— Então seja menos impulsiva e o convença aos poucos, Paty, assim não vai conseguir nada além de afastá-lo.
— Eu vou trucidar aquela imbecil, mas que raiva!
— Esquece a garota e foca no seu objetivo — alertou a amiga.
— Meu objetivo é fazer da vida dela um inferno se pensar que pode ficar com o meu homem.
O veneno destilado naquela frase me causou arrepios...
— Filha, o que aconteceu, eu estava aqui perto e me ligaram.
— Me ajuda mãe, eu não posso perder o homem da minha vida — outra crise de choro.
— Brigaram outra vez, Patrícia, eu já te pedi tanto para ter paciência, filha!
— Liga para ele mãe, diz que quer conversar, se você pedir ele vai lá em casa.
— Conversar mais o que Patrícia? Já esgotei meus argumentos, você sempre estraga tudo.
— Só o convença a ir lá e deixe o resto comigo.
— Depois vejo isso, agora vamos, o doutor está esperando, consegui uma consulta para daqui a vinte minutos.
— Eu não preciso de médico, preciso do meu namorado comigo — insistiu revoltada.
Naquela altura do campeonato, eu já brigava comigo mesma por ainda compadecer e sentir pena de um lobo em pele de cordeiro igual aquela garota, mas cada um oferece ao próximo aquilo que tem.
— Eu preciso me afastar de você Eduardo — murmurei entre suspiros, nem percebi que não estava mais sozinha.
— Por que se afastar de mim?
— Caramba, você brota assim do nada, quer me matar do coração?
— Você está bem? — perguntou em um tom bastante preocupado.
— Agora estou melhor. Foi só uma crise de ansiedade, me deram um chá e pediram para ficar aqui descansando.
— Fui denunciado a coordenação do curso por ser prestador de serviços aqui e estar me evolvendo com uma aluna.
— Ué, mas não eram namorados?
— A aluna é você, Ana.
— Ah, pronto, era só essa que me faltava! — levei as mãos até a cabeça.
— Não se preocupe, mesmo que fosse verdade, não existe uma proibição. Somos todos maiores de idade, deve ter sido coisa da Patrícia ou suas amigas.
— Eu ouvi toda a conversa de vocês, Edu — confessei. — Não tem como resolver isso de outra maneira?
— Voltando para ela? — perguntou em um tom amargurado.
— Não existe mais chances de se acertarem?
— Existe — disse ele. — Se eu quiser condenar a minha vida a infelicidade, porque quando penso no futuro, não me vejo casado com ela. Não mais.
— Realmente está em uma situação muito complicada, é uma pena que precisem passar por isso.
— É errado eu não querer me manter em um relacionamento ao qual não me sinto feliz, Ana?
— Não, é claro que não.
— Então por que me sinto tão pressionado, como se estivesse cometendo um crime?
— Talvez porque você é um cara do bem — dei de ombros.
— Sei que serei jugado, mas cara, por mais que me esforce não é mais a mesma coisa. Reatar esse namoro, seria um grande erro. Eu não queria que ela sofresse, mas também preciso pensar em mim, essa história já me prejudicou demais.
— Está vendo, mesmo depois de tudo, você ainda se preocupa com ela. Não se coloque como vilão.
— Essa pressão toda em minha mente... eu cansei.
— Não tenho experiência em relacionamentos, então não sou a melhor pessoa para te aconselhar, mas, siga seu coração porque ele não se engana.
— Meu coração me diz, que é hora de curar as feridas e seguir em frente.
— Então você já tem a resposta que procura, Eduardo.
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