Sra.Mallone
Os olhos dela percorreram o gramado verde, as cadeiras brancas enfileiradas e os ramos de flores vermelhas. Piscou. Helena queria acreditar que a decoração é tudo o que havia no jardim florido da mansão do avô, no entanto, esta era uma tarefa difícil, uma vez que uma multidão de pessoas a esperavam ansiosas.
- Tudo bem. Será como nos nossos treinamentos. – Leandro entrou no ângulo de visão dela. – É só andar devagar, respirar fundo e prestar atenção para não tropeçar no tapete. – ele se virou para Linda, que estava preocupada com o começo da música dos padrinhos. – Tem certeza de que aquele tapete realmente é necessário, Líli? Se entretermos os convidados e o retirarmos rápido ninguém irá perceber!
- Lê... -Linda começou, soltando a mão de Mathews para abraçar Leandro. - Você está nervoso demais. Relaxa.
- Não, é?! - Helena concordou risonha. - Parece até que o casamento é dele.
Linda gargalhou. Leandro suspirou.
- Não pense que me engana, Hel. - a loira monumental apontou pra ela um segundo depois de a abraçar de maneira atabalhoada. - Sei que está mais nervosa do que todos aqui. - a cunhada cochichou em seu ouvido.
Quando se separaram, Helena soltou uma piscadela pra Linda. Leandro ainda encarava o tapete como se o pobrezinho fosse um monstro.
- Lê. – Helena chamou, pousando a mão no antebraço do irmão. - Tá tudo maravilhoso. Eu irei andar com calma. Não irei tropeçar naquele tapete como pensa, e...
- Nos treinamentos você tropeçou duas vezes no tapete!
- Eu sei, mas é porque estava ansiosa pra terminar. – argumentou.
Não convencido, Leandro passou a mão na testa suada. Helena tentou sorrir genuinamente, mas o próprio interior era um poço de nervosismo.
- Certo. Você tem razão. – ele segurou suas mãos. – Ai, mana. Você está tão linda! – a abraçou de supetão, logo depois a soltando com a mesma rapidez. – Desculpe! Esqueci que sua maquiagem tem que estar impecável.
Helena riu.
- Você é um bobo.
- O bobo mais emotivo do mundo! Nem acredito que minha irmãzinha anti matrimônio está casando... – passou o dorso da mão na bochecha molhada.
- Lê... – começou, sentindo os olhos marejarem. Entretanto, a música clássica adentrou o jardim, alarmando a todos.
- Vai começar! – alguém gritou. Leandro arregalou os olhos na direção da entrada dos padrinhos, para onde Linda caminhava exultante ao lado de um Mathews de saco cheio.
- Vai começar. – O irmão repetiu pra si mesmo. - Helena, e se... - A voz dele era um ruído longínquo. Todos os músculos dela estavam empedrados. Talvez tivesse se tornado uma estátua. – Ah não, Hel! Pare de pensar na Gabi, ok?! Ela está bem. Está onde escolheu.
Helena inspirou fundo, pressionando os lábios. Já haviam se passado cerca de duas semanas depois da recuperação dela. E enquanto Ryan continuava em coma induzido, Gabriela e Carlos não haviam dado nenhum sinal de vida.
Quer dizer, pelo menos, não em presença física.
Ontem, uma mensagem misteriosa havia chego em seu telefone, com alguém dizendo que estaria presente no casamento mesmo que longe. Sabia que era da Gabi, mas como esta estaria presente ainda era uma incógnita, ainda mais com a polícia tendo-a como foragida.
De toda forma, somente aquela mensagem fora um acalento para seu coração. Uma pontada mínima de esperança, de ter todos aqueles que mais amava ao seu lado.
Os únicos pares de padrinhos começaram a entrar. Linda e Mathews, Greg e Cláudia – que trabalhavam com ela no escritório-. Os convidados se levantaram sorridentes, recebendo-os.
- É a sua vez! – Leandro exclamou exultante quando a música mudou.
Naked, de James Arthur, irrompeu o jardim através voz do músico que a tocava com o auxílio de um violão. Nenhuma música os representaria mais do que aquela. Max topara de imediato sobre a escolha da canção. E até dissera que parecia ele a estar cantando pra ela.
O irmão a encarou uma última vez. A expressão era a mais bobona e orgulhosa que ela havia visto. Ele a ajudou ir para o começo do tapete vermelho, arrumando a cauda e o véu atrás dela.
Uma torrente de pensamentos perpassou por sua mente.
O primeiro deles, era o avô.
Instantaneamente, os olhos dela marejaram. Então soube. Mesmo que pudessem ter passado por todos aqueles momentos difíceis, ele ainda seria a pessoa que ela desejaria que a acompanhasse até o altar. E seu coração poderia se apertar pela sua ausência eterna, mas jamais se esqueceria do avô, o homem cabeça dura que havia criado ela e o irmão.
O sol da tarde tocou levemente a pele dela, iluminando-a. Parecia uma benção divina a contemplando para o começo daquela nova vida.
Ela segurou o buquê com mais força, sentindo as pernas tremerem.
Uma quentura acalentou seu ombro desnudo no vestido de renda tomara que caia. Helena olhou rapidamente por cima do ombro, porém ninguém encontrou. Sua garganta se fechou. Boquiaberto, o irmão mirou-a:
- Sinto como se vovô estivesse aqui. – tirou as palavras da boca dela.
- Eu acho que está. - a voz saiu embargada. Leandro segurou a mão dela ligeiramente.
- Vai, mana. Você não está sozinha.
Conduzida por uma súbita confiança, as penas dela se moveram. A cada fileira de cadeiras passadas, as pessoas sorriam, ofertando-lhe admiração e bençãos. Os rostos dos tios, bem como de Ângelo, Pablo e Giovani passaram por ela.
Gostaria de sorrir de volta, mas não podia. Porque no final daquela passarela era ele quem a esperava. Max. A única pessoa que tinha toda a sua atenção.
Ele estava ao lado do padre, trajando um terno cinza-claro com uma gravata vermelha. A cor da paixão. O sentimento que os havia unidos com apenas um olhar. Exatamente como agora.
Os olhos de Max estavam molhados, com os verdes ainda mais profundos e nebulosos. Eram imãs, conectando-a a um sentimento sublime e maior do que qualquer outra preocupação que tivesse. Estavam entre centenas de pessoas. Mas só haviam eles dois.
Ela não soubera como chegara tão rápido, porém, agora suas mãos estavam envolvidas pelas dele, quentes e protetoras. Como sempre foram.
Um sorriso começou a se formar vagarosamente no rosto de Max, lançando Helena pra lembrança mais bonita que poderia ter de alguém.
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Tudo se passou como um flash até que Leandro entrou junto com Lorenzo. Não podia ser diferente. O irmão era o cupido que os tinha flechado, enquanto Lorenzo era o primeiro filho, que havia escolhido ela e ele como pai e mãe.
Quando Max se arqueou para tirar a pequena caixa do terninho do bichano, outra coisa lhe chamou atenção. Seu marido retornou com as alianças e uma rolha de Wisky nas mãos sem entender nada. Leandro e Helena se entreolharam, caindo na risada.
Era Gabriela. A amiga deixara ali a lembrança da última vez que se viram antes de tudo mudar. Quando beberam madrugada a dentro e conversaram sobre o amor, dizendo que apesar de quem e quando o coração escolhesse, valeria a pena.
Os olhos dela retornaram pra Max, com a certeza de que, de alguma maneira, mesmo com a ausência de algumas pessoas, tudo estava perfeito como jamais poderia estar.
Ela tinha ganhado uma família. Retornara pra casa do avô, de onde nunca deveria ter saído. Agora moravam todos juntos na mansão do Marcelo. E acordavam e dormiam todos os dias com a certeza de que sempre poderiam contar um com os outros. Lorenzo voltara a correr feliz no gramado que sempre vivera. Leandro tirara da cabeça a ideia de se mudar, ainda que agora estivesse convencido a deixar a presidência da Lirol antes do período interino. Mathews e Linda estavam passando uma temporada com eles, rendendo as companhias mais divertidas e briguentas que poderiam ter. Bem como Anne, que personificava a presença de uma mãe e amiga, ansiosa por se tornar avó.
E por fim, Gabriela, que até poderia estar escondida naquele momento, buscando se manter desaparecida às vista da lei. Porém Helena confiava na amiga, sabendo intimamente que ela estava fazendo o que dissera: se entregando ao amor.
Por isso, quando Max a beijara pra selar a união deles, logo depois se ajoelhando pra beijar seu ventre, com a promessa que guardava não só um futuro de possibilidades, mas também e principalmente, um pedaço deles dois, ela também não hesitara em se ajoelhar. Se curvando ao homem e ao amor que a reconstruíra pouco a pouco, colando cada pedaço do seu coração.
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