Fica comigo!
- NÃO!
Helena caiu no chão, levando uma das mãos ao peito. O som do disparo ainda latejava em seus tímpanos, numa lamúria infinita e aguda.
- Helena! – Max chamou, tateando-a. Helena abriu os olhos, antes pressionados.
Não havia nenhuma dor. Nenhum sangue.
Não havia sido atingida.
- O que foi que... – a voz dela se esvaiu, se dando conta do que acontecia com Carlos.
Gabriela lutava com o latino, tirando o revólver da mira deles, e colocando-o em direção aos céus. Carlos resistia a força dela, ainda que não parecesse fazer com eficácia. Na verdade, ele parecia fazer um esforço sobre-humano pra não colocar a amiga dela ainda mais em risco.
- Carlos, por favor! Pare! – Gabriela suplicava, tentando manter a mira longe.
- Gabriela... você sabe que eu não posso.
Helena olhava a cena sem piscar.
Sua amiga. Fora sua amiga quem a salvara.
Max a levantou de supetão, um braço sustentando a cintura dela. Mas Helena não queria ir, então fez força contra ele, se debatendo contra suas mãos.
Ela precisava ajudar a amiga.
- Helena, ela te salvou. Não se ponha em perigo novamente!
- Não! – Protestou.
Max meneou a cabeça, e mesmo que soubesse que ela protestaria ainda mais, a tomou nos braços, correndo matagal a dentro.
- Gabrielaaa - Helena esticou os braços na direção da amiga, os olhos irrompendo em lágrimas.
Se sacudiu. Gritou. Mas Max não a soltou.
Eles chegaram no próximo pasto, apinhado de cavalos. Max olhou em volta, procurando por alguma coisa. Então chegou perto de um garanhão negro, que tinha os pelos reluzindo sob pouca a luz solar que transparecia no céu nublado.
Ele colocou Helena no chão e foi até a frente do cavalo.
Ela ergueu o rosto, ainda tentando observar qualquer coisa que acontecesse através do mato alto. Seu coração estava apertado pela amiga, e piorou ainda mais quando ouviu mais disparos soar.
- Não... – murmurou, andando de um lado a outro sem saber o que fazer.
Valeria a pena voltar?
- Nem pense em fazer isso, Helena! – Max avisou, como se estivesse atento aos pensamentos dela. – A melhor maneira de ajudar Gabriela é procurando ajuda. E só vamos conseguir fazer isso se formos embora.
Helena gesticulou, não dando importância ao que ele havia dito, ainda que estivesse certo. O silêncio depois de tantos disparos a fez parar. Ela ficou na ponta do pés, erguendo o olhar por cima do matagal.
Nada.
Para onde eles foram parar? Ela olhou por cima do ombro, outra preocupação estalando. Cadê Max?
- Max! – sibilou.
- Helena, estou aqui. – A voz veio de cima. Helena ergueu os olhos, e então tomou um susto quando o viu em cima do cavalo negro.
- O que você está fazendo aí? Eles vão te ver! Achei que o plano fosse se esconder e fugir.
O cavalo olhou para ela de soslaio. Helena deu um passo para trás. Max estava impaciente, segurando na crina do animal.
- Helena, já estamos na etapa fugir. – Ele indicou o cavalo com o queixo e estendeu a mão na direção dela.
Helena inclinou a cabeça tentando entender. Quando deu por si, a meneou.
- Não...não. Nem pensar que vou subir nesse cavalo...
- Anda logo, Helena! – Max ralhou.
Algumas vozes foram escutadas ao fundo. Helena se encolheu e mordeu os lábios.
– Não vou te deixar cair.
- Vocês não vão fugir! – Alguém gritou perto.
Helena respirou fundo uma última vez e aceitou a mão estendida de Max. Ele a segurou firme, a puxando com um movimento rítmico e natural.
Ela ficou boquiaberta quando se encontrou sentada atrás de Max, em cima do cavalo. O animal protestou com um relincho.
- Ai jesus. Estou montada em um cavalo... – estava preocupada, olhando para o corpo macio do bichano com os olhos arregalados.
O barulho do farfalhar do mato alto denunciou os corpos se movendo. Estavam chegando perto.
– Max, faz essa coisa andar logo.
Max segurou firme na crina do cavalo, e soltou um assovio que a fez tampar os ouvidos. Como que ligado por um interruptor, o equino deu partida, o corpo deles se balançando conforme o movimento galopante do cavalo progredia.
Eles conseguiram se distanciar um pouco, seguindo pela rua de barro. Max quando iam virar a esquina, alguém saiu de dentro do mato, se colocando à frente deles.
Uma risada estranha ressoou. Helena olhou por cima do ombro de Max pra ver quem era o dono. Sentiu o ar parar quando o reconheceu.
Ryan.
Quando ela pensou em pedir ajuda, identificou a expressão do ex, que parecia alterado. Ryan levantou um revólver na direção deles. O cavalo parou bruscamente, quase os jogando no chão.
- Se entregue, Max. – O tom dele era grave.
- O que você está fazendo, Ryan?! – Helena quase berrou.
- Desça, Max. – ele repetiu. - Estou fazendo isso pelo seu bem, Helena.
Max ficou quieto, sopesando a ordem. Helena segurou firme a cintura dele. Não deixaria que se entregasse.
- Seu mentiroso! – Ela vociferou para Ryan. – Pilantra, safado! Não é à toa que está do lado deles, é da mesma laia.
- Não, Helena! – ele rebateu. – Estou fazendo tudo isso por você meu amor, eu te amo!
As sobrancelhas dela se arquearam ao mesmo tempo em que um nojo crescia no âmago. Então, como se finalmente juntasse as peças do quebra cabeça, lembrou-se.
- Você nunca quis me ajudar... Quando chegou no meu escritório com aquelas informações, estava tentando me fazer deixar Max...
- Sim, Helena! Porque ele é um criminoso!
- Quem é um criminoso é você! Agora entendo porque não quis que eu acionasse a polícia... sempre esteve envolvido. – Helena mordeu os lábios, tentando refrear o choro por ter sido enganado por ele de novo.
Ryan focou os olhos azuis em Max.
- Eu posso salvá-la. Mas para isso ele terá que se entregar.
- Se quer me salvar, me deixe ir!
- Não vou deixá-la ir embora com ele!
Ela sentiu Max engolir em seco.
- Ele não irá se entregar, pois é inocente. – Ela murmurou. Ryan riu alto. – Volte para sua quadrilha, Ryan!
Max virou o rosto, a expressão indecisa. Ele apertou as mãos de Helena que seguravam sua cintura, pedindo gestualmente que ela o soltasse.
– Max, por favor... não faça isso.
- Se isso for te salvar, eu farei.
Ela sentiu uma lágrima descer por sua bochecha. Jamais permitiria que ele se entregasse. Então, com coragem, olhou para Ryan e indagou:
- E se ele não se entregar?
- Eu o mato.
- Você por acaso é maluco?! Quer dizer que não é apenas infiel e criminoso, é também assassino?!
A última frase dela fez Ryan perder a cabeça. Ele levantou a pistola já destravada e desferiu um disparou para o alto.
Helena sentiu um calafrio percorrer a sua espinha. O cavalo relinchou, pulando com o susto e quase os jogando no chão novamente. Os braços dela doeram, fazendo o possível pra se segurar junto a Max e o Bichano.
Helena ficou com mais raiva.
- Se é um assassino, então me mate também. – Propôs.
- Não. – Foi Max quem se intrometeu.
- Não posso matá-la... - ele parecia transtornado. - Eu te amo, Helena. Sei que errei antes, mas não vou fazer isso novamente e...
- Não se machuca a quem se ama, Ryan. Isso que você sente por mim não é amor, é obsessão. – Disse Helena entredentes. Ryan abriu os braços, tirando-os da mira por um instante.
- A única doença é Max. - apontou o revólver de novo. - ele é quem está entre a gente.
Ryan mirou o peito de Max. Helena olhou dentro de seus olhos, com fúria. Mas nada que pudesse inventar poderia mudar a mente insana dele e o que estava prestes a fazer.
Ela escutou o disparo. E dessa vez não só o cavalo pulou, mas também ela, que usou toda a sua força para empurrar Max do cavalo e ficar a sua frente.
- NÃO! - Os dois homens berraram ao mesmo tempo.
Helena caiu do cavalo com a mão no peito, o corpo já cansado sem força alguma para tentar diminuir o baque. Estava em queda livre.
Dessa vez realmente havia sido baleada. E doía, ardia, como se a pele estivesse em chamas.
Sentiu o chão duro quando a lateral de seu corpo colidiu. Seu braço direito deu um estalo alto, a fazendo gritar.
Max já estava em cima dela, assim como Ryan, que a olhava aturdido, a expressão petrificada.
- Seu filho da... – Max voou em cima de Ryan.
E sentado em cima dele, deu um, dois, três socos. Se levantou, e sem pena chutou a barriga de Ryan, que já nem oferecia resistência, como um saco de pancadas humano.
Os olhos de Helena estavam fechando.
-M...Max...
Max continuo movido pela fúria. E agora acertava cotoveladas no rosto de Ryan.
- Max...
Helena podia sentir a vida se esvaindo dela pouco a pouco. Estava tão cansada. Seus olhos imploravam para se fechar, suplicando pra descansar.
Ela não viu que Max já estava ao seu lado, segurando seus ombros e os balançando.
- Não, não, não... Helena, fica comigo.- Ele murmurou, dando batidinhas no rosto dela pra que continuasse acordada. Ela tentou falar, mas apenas sentiu a boca seca abrir-se e fechar-se sem pronunciar som algum.
Helena ouviu um barulho de rasgo de tecido. E depois sentiu a pele do ombro ser apertada. Ela gritou em resposta, como se finalmente sentisse algo além da dormência que começava a afetar os sentidos.
Ele continuou a balançando. Lágrimas surgindo pelos cantos de seus olhos verdes.
– Gatinha... eu te amo. - Max a abraçou, envolvendo-a nos braços quentes.
Tinha ouvido certo? Sua consciência tentava ficar ativa. Ela fechou os olhos, sentindo-se grogue.
A cabeça dela pendia quando com esforço conseguiu semicerrar os olhos na direção de Ryan. Porém o ex estava tão ensanguentado que não era possível identificá-lo, sendo apenas um borrão vermelho.
- Me mate... – Ryan murmurou baixo, jogando o revólver nos pés de Max. Ele fitou a arma por um segundo e depois a chutou pra longe.
- Não vou te matar. Já será uma grande penalidade viver e saber o mal que você fez a ela.
Helena fechou os olhos. E não os abriu novamente.
Mais um cap,corações!! ( e desculpem pela demora hihi)
O que acham que acontecerá com nossa mocinha?
Próximo capitulo tem uma surpresa, e como não sou nenhum baú, já explano: Será narrado pelo Max!
Conto com vocês nessa reta final. Não deixem de prestigiar nosso casal <3
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