Envolvidos

Depois que voltaram para o hall, onde havia sido improvisada uma perfeita pista de dança, se permitiu respirar. Nem o pouco de álcool que corria em seu sangue era capaz de anular a crescente frustração e constrangimento que sentia ao olhar para Max. Ele, por outro lado, se movia triunfante entre as pessoas.

Max a conduziu para uma sala perto da cozinha. Algumas caixas estavam espalhadas pelo chão, a fazendo lembrar de algum tipo de quartinho da bagunça.

- Imagino que já esteja sóbria o bastante, agora. – Ele sorriu de maneira predadora. Helena revirou os olhos. – Temos que encontrá-los.

- Quem?

- Os italianos, gatinha.

- Ah. – Tinha se esquecido novamente. – Por que eles estão aqui?

-Aparentemente está acontecendo uma conferência latino-americana sobre entretenimento em Porto Alegre, eles resolveram dar uma passada aqui antes de irem para lá.

-"Resolveram" significa que você os convidou? – Ela não era boba. Max assentiu contrariado, tomando um shot de cachaça que ela nem sabia da onde ele tinha pego.

- Uau. Queria que eu ficasse sóbria para que você pudesse se embebedar?

- Hoje não está sendo meu melhor dia, gatinha. – Ele murmurou, afrouxando a própria gravata.

- Está tenso... – Era uma concordância, um dia particularmente difícil para os dois. Mas Helena sabia seus motivos, e os dele? Não custava nada perguntar. – Por quê?

- Você ainda pergunta? - Uma das sobrancelhas dela se arqueou. As mãos de Max brincavam com as laterais do corpo feminino. Ela inalou profundamente a procura de controle. Só queria que seu próprio corpo obedecesse – Tenho necessidades biológicas, gatinha. Mas só você pode satisfazê-las.

- Você quase iguala os homens aos animais ao falar assim...

- Você desperta o melhor e o pior de mim.

Ela colocou a mão no peito dele, para tentar distanciá-lo. Passar por aquilo novamente seria difícil. Já podia sentir seu próprio sexo em chamas.

E pior, Max não estava errado. Os dois estavam com uma nítida tensão sexual, um sentimento que parecia segui-los por todo o tempo. Seu corpo clamava por ele. E as atitudes de Max não facilitavam em nada sua fracassada tentativa de controle e fuga. Max nem se mexeu. Helena, para não o encarar, virou o rosto.

– Max, para com isso...

Ele piscou como se finalmente tivesse voltado a si. Notando a mão dela em seu peitoral, Max deu um passo para trás. Um distanciamento que por mais que fosse necessário, evocava um tipo de solidão nela.

Para disfarçar, Helena fingiu ajeitar as madeixas. Ele continuava observando atentamente todos os movimentos dela.

- Tá pronta? – Max indagou. Sem encontrar palavra alguma para dizer, Helena balançou a cabeça afirmativamente. Ele pagou a mão dela, entrelaçando os dedos dos dois.

Helena se deixou ser levada. Max os guiou até a escada. Ela o olhou perplexa.

- Max, se você pensa que vou subir essa escada com esse salto...

- Gatinha, é isso ou me encarar dentro do elevador.

Helena engoliu em seco. Max tinha tomado a decisão correta. Mas o pior era ter consciência de que não teria que encarar ele, e sim eles dois. Estava ficando farta de absorver todo aquele sentimento, não sabia o que poderia fazer se finalmente se permitisse desfrutar.

- Escada. Qual é o andar?

- 3°.

Ela fez uma careta, protestando. Mas ainda assim, o seguiu na escadaria. Quando chegaram, ela estava atordoada.

Max abriu a porta do andar, dando passagem para ela. Helena entrou, e se surpreendeu. O andar era temático, representando a música. As paredes eram de um tom preto fosco, e onde se olhava, havia quadros grandes, emoldurando grandes cantores, principalmente do rock.

A atmosfera era também diferente. A luz mais escurecida e amarelada. A música da banda U2, "Witch or without you" soava ao fundo.

- Nossa, que lindo.

- Foi a reforma. Tivemos a ideia de dispor todos os andares com temas. Legal, não? – Ele disse ao lado, as mãos na própria cintura, admirando o espaço temático. Helena o observou admirar o próprio fruto do trabalho. – Que foi?

- Parabéns. – Ela murmurou, dando um sorriso amarelo. Max se virou para ela, olhando-a dentro dos olhos.

- Obrigada. – A voz dele pareceu embargada.

Ai, droga.

Uma mulher seminua que passava com uma bandeja pediu licença a eles e, Helena finalmente respirou, mentalizando um agradecimento silencioso para a desconhecida.

Aquela intromissão havia feito o clima estranho parar e, ela percebeu que estavam rodeados por algumas mulheres que perpassavam com minivestidos exibindo notas musicais bordadas e uma cartola pequenina nas cabeças adornadas com perucas coloridas.

Max pegou a mão dela, levando-a por um longo corredor amplo. Ele bateu numa porta com a foto de Elvis Presley. Um homem uniformizado abriu. Lá dentro, haviam outros três homens em volta de uma mesa de mogno redonda. Ângelo Fernoni, Giovani Tugaz... e Pablo Barbieri. Este último olhou Helena e sorriu maliciosamente.

Talvez a reunião não fosse tão boa assim.

- Ragazza, quanto tempo! – Ângelo se levantou com os braços abertos para cumprimentá-la. O terno azulado, um charuto na mão, um lenço no bolso do paletó. Era um homem grande, mas com um sorriso doce. Ele tomou a mão dela, dando um beijo singelo em seu verso.

- Tio Ângelo!

Max semicerrou os olhos ao ouvir o cumprimento familiar dela, Helena mal notou, sorrindo para Ângelo e Giovani, que por sua vez continuava o mesmo: alto, meio magricela, mas ainda assim, com um "que" misterioso no olhar. O tipo de homem que não encantava por sua beleza, mas sim magnetismo. Os cabelos negros um pouco mais longo emolduravam o rosto aquilino e sério. Ele se levantou e sorriu abertamente para ela.

- Saudades, Lena. Estás um tanto sumida.

- Muitas coisas aconteceram... – Ela murmurou, Max tirou uma das cadeiras, para que Helena se acomodasse. Ela agradeceu a Max com um sorriso, sentando-se.

- Imagino que sim, ouvimos alguns rumores. – Giovani disse. Helena inclinou a cabeça receosa. - Mas conversaremos sobre isto outra hora. Queria apresentar a vocês Pablo Barbieri, nosso novo sócio.

- Já o conhecemos. – Max não estava sendo muito amistoso. Helena deu um beliscão em sua perna assim que ele se sentou.

- Mas ainda assim, foi um imenso prazer. – Pablo completou. Max fechou a cara.

- Sim, foi sim, Sr. Pablo. – Helena tentou ser atenciosa.

- Apenas Pablo, Bambina.

- Pablo. – Ela se corrigiu. Ângelo, notando o desconforto de Max, retomou a conversa.

- Então nos diga, Ragazza. Como andam as coisas.? Já soubemos que Marcelo faleceu... sentimos muito! Infelizmente não pudemos estar presentes, Francesca estava em trabalho de parto.

- Obrigada...Mas tenho mesmo é que parabenizar você. Eu estou tão feliz por vocês! – ela disse exultante. Francesca era a mulher de Ângelo, eles estiveram tentando por muito tempo. Ela não conseguia imaginar a felicidade dele naquele momento, ainda que um de seus grandes amigos tivesse falecido. – Mande meus parabéns para ela!

- Ragazza, você mesma deve fazer isso. Sabe, ela ficaria muito feliz! Sentimos muita saudade de ti e do Leandro. As coisa devem estar parecendo estranha para você e seu irmão devido à ausência do Mureb...mas não está! Vocês dois sempre terão um espaço em nossa família.

- Obrigada... – Helena precisava ter ouvido aquilo. Mas não estavam ali para isso, ela tinha um acordo com Max. Ele estava cuidando da parte dele, ela devia fazer o mesmo. – Mas...

- Mas imagino que a Helena não esteja aqui para isso... – Foi Pablo quem a complementou numa sincronicidade meio bizarra. Helena pensou ter ouvido o maxilar de Max trincar.

- Isso! Obrigada, Pablo. Estou aqui para falar de negócios...

- Sobre isso... Tenho uma curiosidade, linda Helena, quem está com a Lirol agora? – Pablo indagou se debruçando pela mesa.

- Meu irmão, Leandro. Ele é presidente interino. Mas haverá uma nova votação em algum tempo...

-Desculpa, mas esta empresa deveria estar sob sua administração, Ragazza. Mureb sempre dizia que você era a alma daquela empresa. – Ângelo como um bom italiano, falava gesticulando com as mãos.

Helena soltou um muxoxo. Realmente ainda não se sentia pronta para falar do avô, mal havia se permitido pensar nele. Se bem que sabia que poderia se abrir para eles.

Ângelo e Giovani não eram apenas representantes de empresas como Max pensava. Eles foram grandes amigos do avô, quando em vida. Eram uma grande família.

Quando iam até Roma, era comum que se encontrassem e ficassem papeando até de madrugada no restaurante da mama de Ângelo, comendo massas e bebendo vinhos rosé.

- Talvez fiquemos por mais alguns dias, podíamos marcar um happy hour. Mas sentimos falta de suas visitas a Roma. – Giovani murmurou o "R" de Roma de um modo um tanto arrastado.

- Você fala como se eu estivesse sempre pela cidade das Luzes – Helena riu de nervoso.

- E como não, Lena? Marcelo me encontrou em Bologna quatro vezes ano passado, achei que estivesse com ele. – Giovani tentou explicar, mas só complicou.

Quando ela trabalhava para o avô, era comum que viajasse com ele. Na verdade, Helena quase conhecera metade do mundo por causa da empresa de Marcelo.

- Com Marcelo?! – Ela perguntou incrédula. As pernas de Max eram duas britadeiras, talvez estivesse incomodando-o com o assunto que não percorria os temas que gostaria, mas ela não estava tão preocupada com isso agora.

- Sí, Ragazza! Você fala como se não soubesse disso... – Ângelo tirou o charuto da boca, brincando com o mesmo nos dedos. – Mureb falou tanto de você...

- O que está acontecendo, Lena? O que houve com você e seu avô? – Giovanni perguntou.

As lembranças de Marcelo retornavam como uma cadeia de pesadelos e sonhos. O avô era a única pessoa que conhecia que sorria com a alma. Seus lábios abriam um sorriso tão grande que os olhos amendoados quase desapareciam, de tão esticadinhos que ficavam. Helena tornou a balançar a cabeça.

- Tivemos alguns problemas... – Ela disse com a cabeça baixa, fitando os próprios dedos. Max, que já tinha parado de se balançar, pegou uma de suas mãos, entrelaçando os dedos dela nos dele.

- Acredito que esse não seja um assunto para este momento, senhores. – Max disse, fazendo carinho na mão de Helena.

- Sim, vocês devem se encontrar com a bambina posteriormente. – Pablo disse para Giovani e Ângelo, analisando Helena com os olhos ferinos. – Vamos tratar de negócios.

- Sí, sí. – Ângelo gesticulou com a mão, como se enxotasse o assunto da mesa. Giovani a encarou e, piscou em solidariedade.

- Temos um grande acordo para discutir... – Giovani murmurou – Mas...

- Mas o que?! – Max já estava atento.

- Pode ser que o Mallone não goste tanto assim. – Ângelo disse, indicando Max com o queixo e repuxando a boca magra em um dos lados.

- Estamos aqui para fazer um acordo com a Velax, rapazes. – Helena esclareceu.

- Sim, Lena. Mas queremos mais... seu avô nos prometeu mais.

Pelo visto Marcelo ainda causava problemas para ela.

- Como assim?!

- Ragazza... Indo direto ao ponto – Ângelo começou. – Podemos oferecer o que Mallone quer, se em troca, a Lirol aceitar nossa oferta para fusão.

- Mas eu não trabalho mais na Lirol, faz muito tempo... Vocês me pedem algo impossível.

- Sim, Lena. Mas os acionistas gostam de você. Estamos colocando a proposta em primeira mão a ti pois as ações da Lirol vêm caindo, uma fusão seria um bom negócio agora, mas do que isso, gostamos da empresa, e trataríamos como se fosse "nossa". Além disso, as ações da Velax Group não estão lá essas coisas...Seria como ajudar dois coelhos com uma cajadada só – Giovani se referiu a Max por último. Um brilho descontente passou pelos olhos verdes.

- Quer dizer que fundiram as empresas de vocês também? – Ela novamente mudou o assunto, enquanto intimamente analisava a proposta. Ângelo assentiu. Aquilo não era surpresa, Fernoni e Tugaz eram empresas diferentes que sempre pareceram administradas por uma dupla só: Ângelo e Giovani. A fusão já deveria ter acontecido a muito tempo.

- Estamos em processo de fusão com a Wanwiza, que é tailandesa. Queremos criar uma mega transnacional de entretenimento e streaming. Estamos mudando o perfil tradicional e familiar da empresa para um ramo mais corporativo e competitivo – Pablo abriu uma pasta na mesa, separando alguns documentos e repassando-os a Helena e Max, que os analisam. – Queremos estar em um patamar para concorrer com a Netflix e o Prime Vídeo.

- Precisamos de tempo para pensar. Mas quero garantir, se conseguir, teremos um contrato de dez anos? – Helena já negociava.

- O acordado com a Velax fora de três anos, bambina. – Pablo a corrigiu.

- Mas agora eu quero 10. – Foi incisiva. – Tem noção do quanto de trabalho terei? E outra, pelo visto, vocês ganharão muito se tudo der certo. E vai dar, se aceitarem esse adendo como uma medida de justiça.

Cruel. Mas se fosse eficaz, não teria tanto trabalho assim, apenas muito lucro. Ângelo riu, a risada ecoando pela sala. Max a olhou, sorrindo em contentamento.

- Ragazza, você continua a mesma...

- Feito. – Giovani disse pelos três. Ângelo levantou o copo com conhaque em saudação. – Depois que a Lena conseguir a fusão da Lirol nossos advogados entrarão em contato com todas as cláusulas.

Pablo, ainda que contrariado, rabiscava na folha alguns rascunhos de clausulas que Max buscava negociar. Coisas como publicidade conjunta, contas e ações. Tudo a procura de mais segurança para sua empresa que estava passando por altos e baixos.

Na opinião dela, medidas declaradamente paliativas. A mínima desconfiança de um crime devia ser combatida pela raiz, não com uma mera dificuldade que a longo prazo podia ser contornada pelos criminosos. Ainda bem que a empresa não era dela.

- Ficamos sabendo do noivado de vocês. – Ângelo murmurou depois que a negociação de cláusulas terminou. Ele e tantos outros sabiam, pelo visto. Os tabloides faziam questão de contar. - Trate-a bem, Ragazzo. Helena é uma grande amiga, a considero uma sobrinha... não queira nos ter como inimigos, hum? – Continuou dizendo, o observando através do copo. Max sorriu e se levantou, apertando a mão dos três.

- Tenham certeza que tratarei.

Com o sucesso da mini reunião, o clima entre eles melhorou consideravelmente. Ao menos para Max. Agora, para Helena, havia a sombra de efetivar a fusão da Lirol com a Fernoni&Tugaz. Eles voltaram para o Hall, perpassando com dificuldade entre os corpos dançantes na pista. Tudo que queria era chegar em casa...

- Mana! – Leandro a puxou pelo ombro. Ela se virou, deparando-se com o irmão acompanhado de um homem alto e sério. – Fala para Gabi que infelizmente não poderei dar carona a ela.

Helena franziu o cenho, trocando o peso dos pés.

- Lê, diga você mesmo. – Ela murmurou com os pés doloridos.

- Gabriela já não foi embora? – Max indagou. Leandro e Helena se entreolharam desconfiados. – Eu a vi saindo com o Carlos. - Leandro ergueu as sobrancelhas, um misto de perplexidade e decepção. Ela o entendia.

- Tudo bem então... – o irmão ficou sem saber o que dizer. De repente, a expressão se clareou. – Aliás, retiro tudo o que disse sobre a festa ser um fiasco, cunhado. – Ele inclinou a cabeça para o homenzarrão ao lado. – Eu a-d-o-r-e-i. – Disse pausadamente. Helena sentiu a pele corar, rindo sem graça. Max pendeu a cabeça para trás, gargalhando.

- Fico feliz que tenha apreciado.

Leandro, ainda que suado, abraçou a irmã tacando um beijo melado na bochecha. E virou-se saindo de fininho com seu parceiro. Max ainda ria baixinho quando Helena o segurou pela mão, guiando-o para a saída.

Chegando a saída, ele a deixou esperando por alguns minutos, enquanto repassava ordens a alguns funcionários. A ausência de Carlos não estava sendo muito bem vista.

Eles entraram no carro e, diferente da primeira viagem: tensa, aquela fora tranquila. Max tamborilava os dedos no volante ao ritmo de Nickelback em "save me". Helena tentou se deixar levar pela música, mas a preocupação era como uma vacina prestes a queimar seu traseiro.

- Max, só quero que lembre que a efetivação do seu acordo está atrelada a fusão da Lirol. – Ela murmurou, o despertando. Max a olhou com os olhos amistosos e tirou a mão do cambio, pousando-a em sua bochecha.

- Tudo bem, gatinha. Não acho que este seja um obstáculo. – O simples gesto dele lhe passou confiança. - De qualquer modo, estar na iminência de casar com você está me dando bons frutos.

Helena deixou um suspiro de alivio sair.

- Pelo menos não sou tão insuportável como você faz parecer. – Debochou.

- Eu espero que eu é que não esteja sendo insuportável.

Helena ficou em silêncio por tempo considerável para deixá-lo preocupado. Notando o semblante dele, tentou explicar.

- Não é o que você está pensando.

Até porque, a convivência entre eles (se excluísse a terrível tensão sexual), era boa. Max era amigo e muito atencioso. O problema era que também era gostoso e irresistível. Estar ao lado dele era ser perturbada 24h por dia pelas cenas da noite de sexo que os dois tiveram quando se conheceram. E para ser sincera, não sabia até onde sua força mental e física aguentaria.

- Então o que é? - As sobrancelhas de Max se apertaram. Helena olhou para os dois lados, procurando algo plausível a ser dito. – Porra, Helena. Seja sincera comigo. Acho que precisamos confiar um no outro...

- Max. – ela não o deixou continuar. – É... hum... acho que se continuarmos tanto tempo juntos será difícil manter uma amizade.

- Eu estou contando exatamente com isso. – Ele riu. Ela revirou os olhos.

Mas e senão fosse só uma tensão sexual? E se não fosse só uma caçada? Estaria pronta para seguir uma vida que mal tivera tempo de planejar? A dolorosa verdade era que tinha medo dos sentimentos que Max evocava nela.

Isso porque, sentimentos não possuem interruptor para ligar e desligar. Parecia estar se entregando a cada sorriso que enviava para ele. Helena respirou fundo. Certo, eram adultos. E putz, o que diria, os dois já sabiam.

– Max, não conseguimos nem ficar perto um do outro...

- Não, Helena. É você quem não consegue ficar perto de mim. Para que eu satisfizesse minha vontade de estar perto...só estando dentro de você.

- Merda, Max. Estou fugindo de você, não percebe?

- Eu sei gatinha, o que não entendo é o porquê.

- Não quero misturar trabalho com a minha vida pessoal. Eu não quero que essa relação evolua para algo fora de controle. Não posso me envolver ainda mais com você...

- Gatinha, é tarde demais. Já estamos muito envolvidos.

- Não, não é tarde demais.

Era certo que não queria um relacionamento sério neste momento. Mas a presença dele a fazia sentir-se diferente, de um jeito melhor do que era. Como se...como se Max estivesse reconstruindo todos os pedaços de seu coração.

Em vez de pensar na distância que deveria haver entre os dois, só pensava na proximidade, o modo como seu corpo e seu coração clamava por ele. Ela balançou a cabeça.

Se fosse em frente, sabia: não teria mais volta. E tinha prometido para si mesma não se deixar levar pelo coração. No passado, amar a tornara tão fraca a ponto de perder tudo. Não poderia abrir mão do que havia construído desde então.

- É tarde demais sim, Helena. Não adianta fugir de mim... eu não sei que porra é, mas isso entre a gente... – Ele gesticulou indicando eles dois – Não adianta tentar postergar o que vai acontecer novamente e, quanta vezes forem necessárias. Você só quer amizade e negócios, mas a verdade é que, por enquanto, eu preciso de muito mais que isso. 

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