Corações despedaçados

Helena se levantou sem jeito, encarando Max boquiaberta. Estou apaixonado por você. A frase ainda ecoava na mente dela, trazendo uma enxurrada de emoções. Max sorriu sem graça, e se virou, pegando um pedaço de papel toalha para limpá-la.

- O que você disse? – Ela perguntou. Precisava escutar novamente. Max suspirou, continuando a limpar o rosto dela lambuzado por seu próprio prazer. Helena segurou a mão dele. – Max.

- Helena, eu disse que estou apaixonado por você. – repetiu com todas as letras. – Não precisa dizer nada... não espero que seja recíproco... eu só precisava que soubesse.

- Não é isso.

É claro que estava apaixonada por ele. Tentara várias vezes se convencer do contrário, mas não havia dado certo. Porque a verdade era que estava apaixonada por Max a muito tempo, desde que ele a sustentara quando estava se despedaçando em prantos pela morte do avô. Desde que ele a alimentara quando voltara morta do trabalho, desde que...

Poderia listar cada ação de Max que a fizera se apaixonar perdidamente por ele. Mas naquele momento, tudo o que conseguia sentir era culpa.

Helena queria responder que o sentimento era recíproco, mas antes disso, tinha que contar a Max o que viera guardando desde o início. Aquelas informações poderiam mudar tudo... até o que Max achava que sentia por ela.

- O que é, então? – ele perguntou com o verde dos olhos brilhantes.

- Bem... – ela mordeu os lábios, procurando qual forma conduziria a conversa para um assunto totalmente distinto do momento. – Preciso contar que a Gabriela...

- Helena, eu acabei de declarar que estou perdidamente apaixonado por você, e tudo o que tem a me falar é sobre a sua amiga? - ele meneou a cabeça, visivelmente magoado. Helena sentiu os olhos marejarem, mas ainda assim pegou as mãos dele.

- Eu sei, Max. Mas antes de qualquer coisa há algo que tenho que falar pra você... e isso pode mudar tudo.

- Nada vai mudar o que eu sinto por você.

- Você só vai poder avaliar isso depois que eu contar...

- Me diz então, Helena. Esse seu suspense está me matando... já faz dias que está estranha... – Max murmurou. Ela fechou os olhos, tomando coragem.

- Gabriela está desaparecida e eu acho que Carlos é o responsável por isso. – soltou. Max piscou algumas vezes.

-Quê? – Ele parecia atordoado pela informação. – Como Gabriela está desaparecida se ela disse que vai na festa do nosso casamento amanhã? E o que Carlos tem a ver com isso, Helena?

- Gabriela sumiu, Max! Não vai mais para o trabalho, não aparece em casa... e ela estava ficando com Carlos...

- Eu imaginei que eles estavam juntos. O que tem isso?

- Tudo começou com as suspeitas nos seus registros contábeis, e depois... – ela engoliu em seco. A expressão de Max era indecifrável, o que não era bom. Helena decidiu pular grande parte da história. – Gabi teve a ideia de se aproximar de Carlos...

- Você está me dizendo que Gabriela estava usando meu amigo?

- Max, só...me deixa terminar. – Ela pediu, com as palmas juntas. – O que interessa é que Gabi descobriu que os roubos eram feitos quando você não estava no Brasil, então quando voltou para Los Angeles, eu fui até seu hotel...

- No dia que você disse que tinha um jantar com a Fernoni&Tugaz?

- Sim. E então descobri...

- Pare.

- Não.... – ela queria continuar. Mas Max levantou uma mão, gesticulando como se aquilo tudo não tivesse a mínima importância.

- Helena, sua amiga usou Carlos. Você mentiu pra mim sobre um jantar para poder fuxicar no meu ambiente de trabalho. – Max massageou as têmporas, não acreditando. – Nada do que você tenha descoberto valerá a pena depois de agir de uma maneira tão...suja.

Aquela conclusão de Max a atingiu como um golpe, mas Helena se manteve firme. Gabi poderia ter usado Carlos, mas também estava apaixonada por ele. E ela realmente tivera um ótimo jantar com a Fernoni&Tugaz....ainda que o tenha marcado para fazer descobertas. Ela apertou as sobrancelhas e continuou:

- Carlos está envolvido na lavagem de dinheiro da sua empresa, e tenho fortes indícios de que foi ele quem sequestrou Gabriela – ela revelou finalmente, e Max...riu.

- Sabe quem é Carlos, Helena? Você tem ciência de que estas são acusações muito graves? – Ele perguntou pra ela. Helena assentiu diversas vezes. – Não, não deve ter ciência disso ... Carlos está ao meu lado desde sempre, cresceu comigo, me ajudou a levantar a minha empresa... é meu melhor amigo.

Ela nunca se lembrara de Carlos como um bom homem. Mas, em relação a humanidade, malevolência e benevolência são relativas. Somos feitos de coisas boas e más. Ela mordeu os lábios, sentindo a respiração se desregular.

Pela primeira vez, eles se olhavam como desconhecidos. Helena podia sentir a fúria aumentando na energia de Max.

- Eu conheço Carlos há muito tempo também, Max. – Admitiu. Max levantou uma sobrancelha e balançou a cabeça.

- Por que escondeu isso de mim?

- Não achei que fosse importante lhe dizer que o conheci quando trabalhava para meu avô. – Helena deu de ombros, omitindo a parte negra da história dela e Carlos.

Max virou-se de costas pra ela, com o olhar longe. Helena sentiu o corpo suar frio, ficando trêmula.

- Você realmente não é o que imaginei que seria... – ele passou a mão pelos cabelos, desarrumando-os.

- Max... – ela colocou uma mão no ombro dele.

- NÃO! – ele gritou se esquivando do toque dela. Helena se sobressaltou, assustada. Max parecia outro homem – Sabe o que é pior? Queria acreditar que ele estava errado sobre você...

- Ele?

- Sim! Carlos disse que você não prestava! Que inventaria coisas absurdas, que usaria a Lirol pra fazer negócios com a minha empresa para me roubar!

- O quê? – ela praticamente berrou, soltando um riso nervoso – Usar a Lirol pra roubar você?

É claro que a família de Helena era ambiciosa, e estava com Max justamente para ganhar mais poder e dinheiro...Mas roubar, ele? Max realmente achava que era tão baixa à esse ponto?

- Você pensa que eu não sei que Leandro tentou negociar com Carlos enquanto eu estava fora? – Max soltou uma risada de descrença. – Carlos me disse que quando você soubesse que éramos roubados veria isso como uma oportunidade para fazer o mesmo... Ele tinha cantando a pedra desde o início: "Helena vai investigar pra saber como é feito, e depois vai fazer o mesmo..."

- Eu nunca ouvi acusações mais absurdas... – Helena murmurou com lágrimas nos olhos – Leandro jamais me contou sobre as pretensões de fazer negócio com vocês, e eu comecei a investigar porque queria te ajudar!

- Me ajudar?! – ele indagou com as sobrancelhas erguidas. - Você acha que eu não sei o que está acontecendo e como está sendo feito, Helena?

Helena entreabriu os lábios, procurando ar. Não podia ser... Ou não queria acreditar na verdade que sempre esteve estampada em sua cara? Ela reuniu um pouco de esperança, e num fio de voz perguntou:

- Então você... sabe de toda a verdade?

Max a olhou, os verdes que tanto amara estavam nublados de pura raiva. Estava óbvio qual era a resposta, mesmo assim os olhos dela faiscaram de esperança.

- É claro que sei. Eu sempre soube de toda verdade. – Ele ergueu os braços. – Nada acontece na minha empresa sem que passe por mim.

- Eu estava errada sobre você... – ela balbuciou, o peso da decepção se alojando no coração.

- Eu é quem estava errado sobre você!

Helena sentiu os olhos nublarem, as lágrimas os turvando. Ela espalmou a mão no rosto afastando uma lágrima, e inspirou fundo uma última vez pra segurar o choro.

Então se afastou de Max com dificuldade. Estava literalmente sem chão, mas com todo amor a si mesma que ainda lhe restara, disse:

- Eu vou sair e estarei de volta em uma hora. Quando eu chegar... não quero mais vê-lo aqui. Esqueça dos acordos que fizemos, esqueça do casamento... – Os olhos de Max estavam arregalados. Mas ela era determinada, nada lhe faria mudar de ideia. Ele tentou tocá-la. Ela se esquivou. – Esqueça de mim. Não quero ver você, nem qualquer coisa sua aqui. Nunca mais.

Ela pegou a sua bolsa e com toda dignidade, se encaminhou para porta. Por Deus! Ela estava com um criminoso. Totalmente apaixonada por um criminoso. E diferente de Gabi, se soubesse do envolvimento de Max desde o início, não repetiria as ações, mas sim a pouparia de um sofrimento desnecessário como aquele.

Olhar pra ele era como observar alguém fora de alcance. Tão perto e tão longe. Já não importava o que sentiam um pelo outro, então não se deu o trabalho de admitir que a paixão era recíproca. Nenhum relacionamento tem futuro quando se ergue em mentiras e segredos.

- Helena...

- Nunca mais diga o meu nome, Max... – Disse ainda de costas. Seu peito estava exposto, partido. Parecia que seu coração jorrava sangue a cada passo que dava para longe dele. Ela virou um pouco a face, e evitando encará-lo, murmurou – Eu quis confiar... pensei que fosse um bom homem. Mas você é só mais um grão de farinha do mesmo saco.

- Saiba que posso dizer o mesmo... Mas jamais quis que tudo terminasse assim...

Ela caminhou a passos duros para longe de seu próprio apartamento. E dessa vez, Lorenzo lhe seguiu. 



Olá, xuxus! Obrigada por terem chegado até aqui. 

Esse capitulo também me cortou o coração... Me digam, Max é o que esperavam? Sim ou não? 

Mas fiquem calmos. 

Ainda que Helena queira correr e romper com tudo relacionado a Max devido às verdades expostas, nem tudo é o que realmente parece ser. O buraco é bemmm mais embaixo, e acredite, pode engolir os dois. 

O próximo cap vem ainda nessa semana, e promete uma reviravolta ainda maior, recheada de ação, medo, mas ainda assim...amor.

Não desista desses dois, e principalmente de Max !! Não se esqueçam das entrelinhas e comentários <3 



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