Prólogo

"Num mundo injusto aquele que clama por justiça é considerado louco."

Itália 1923, após a primeira guerra, o país estava se recuperando, a jovem Annabell de apenas 17 anos trabalhava na enfermagem do hospital Santa Luzia, ainda havia homens se recuperando.

A garota alta,cabelo castanho e olhos claros, atravessou a porta com um bisturi em mãos, parou ao lado do leito de um soldado que tinha um dos pés inflamado,o soldado dormia após tomar um calmante. A jovem se aproximou lentamente e levantou o bisturi,o soldado se virou, ela fez um sinal para que ele ficasse em silêncio.

- Shiii... Isso vai doer só um pouquinho...- Disse cravando o bisturi no pé do soldado,abrindo o machucado inflamado.- Bom agora vou ter de espremer para remover o pus,está bem?

- Faça logo, homem não sente dor.

" Quão tolo ele é?! Homem não sente dor.. Puf... Nem sabes o que é dor." Pensou a jovem, Annabell não mediu forças e apertou o ferimento, apertou tanto que o pus já tinha saído por completo, e agora o que escorria era um líquido vermelho, sangue. O soldado chegou a desmaiar, Annabell o olhou com desprezo,enfaixou o pé dele.

- "Homen não sente dor"...Sei!? - Disse a moça saindo da sala pois seu turno havia acabado.

" O primeiro pecado da humanidade foi a fé; a primeira virtude foi a dúvida."

Catedral de Spoleto, o padre Miguel estava diante do altar, rezava ao Pai, pedindo ajuda para que não caísse diante da tentação do pecado. O padre era novo na cidade,tinha apenas 23 anos, mudou-se de Roma para lá por motivos de fé.

Já havia conhecido muitos ali, muitos pecados haviam sido ouvidos, mas esse era seu motivo de estar ali, guiar as pessoas para o Senhor, aquele que não se purifica a entidade maligna tomaria sua alma. O padre já avistou várias jovens na cidade,mas naquele dia ele viu a jovem mais bela.

A garota alta,passou pela porta, curvou-se e fez o sinal da cruz, seguiu em direção ao padre, seu vestido arrastava no chão, seu cabelo negro estava amarrado com um laço branco.

- Buon Pomeriggio, prete.- Sua voz doce causou uma melodia única ao ouvido do padre.- Será que posso me confessar?

- Claro minha jovem, vamos ao confessionário. - O padre olhou nos olhos da garota e viu algo diferente, algo que chamou sua atenção. O padre e a garota seguiram para o confessionário.- Bom filha, o que tens a confessar?

- Padre eu pequei. Fui contra o oitavo mandamento, fui contra minha castidade...- " Não me surpreende,uma jovem como ela... Concentre-se Miguel."- E não foi uma só vez. Bom, hoje furtei agulhas do hospital.

- São coisas sérias filha...

- Padre, ambos sabemos que você tem idade para ser meu irmão, então não me chame de filha...

- Como quer que eu lhe chame?

- Annabell, agora qual é minha penitência?

- Ajoelhe-se e reze 20 "Pai nosso" e 10 "ave Maria", e devolva as agulhas.

- Só isso? Achei que teria um pouco mais de dor...- Ela tocou a parte inferior do lábio provocando o Padre.

- É só isso Annabell.

- Está bem.

A garota fez o que foi dito,saiu do confessionário e foi rezar. Levantou seu vestido de seda e começou a rezar, ao seu término ela seguiu rumo à sua casa. Depois da confissão o padre sentou em um dos bancos da Igreja e seus pensamentos o levaram ao toque suave dos dedos ao lábio daquela moça, mas foi interrompido pelo padre Joseph.

- É uma bela moça, não? - Miguel olhou para ele suspirou.

- Realmente, mas há algo nela que me cativa, e isso não é bom Padre...

- Você ainda é novo aqui garoto, mesmo sendo um padre excelente, ainda há muito a aprender sobre essa cidade.

- Tu falas isso como se fossem todos desconhecidos para mim...

- E não são? - Retrucou o padre Joseph.

- Estais certo. Posso lhe fazer uma pergunta? - Disse Miguel olhando para o altar, o velho padre assentiu.

- Quem era aquela moça? - Miguel olhou para o padre, que desviou o olhar.

- Essa era Annabell Pazzonni, deixe eu lhe dar uma dica padre Miguel. Se envolva com qualquer garota da cidade pois essa ai ninguém consegue, nem eu mesmo consegui. - Disse o padre Joseph saindo da Igreja.

" Aquela garota me lembra alguém que eu deveria ter esquecido... Maledizione, porque justo ela? " O padre Miguel se levantou e saiu para tomar ar fresco, quando saía da igreja viu algo que o perturbou. O padre Joseph apalpava uma garotinha, sem reação o padre preferiu sair daquele local. " Como um padre pode ser tão sujo a tal ponto, ele me dá nojo! " pensou Miguel.

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