Cap.9 - "Deveria"
O desconhecido chegara andando, indo até o homem que havia revirado a casa dos Battle por inteiro.
"Uma coisa, eu lhe ordenei apenas uma coisa, pegar o garoto enquanto não possuia magia alguma, e você fracassou. " — sua voz era tranquila e gélida, contendo também desapontamento.
"Senhor, sinto muito, isso nunca mais virá a acontecer" — respondeu o homem, com medo do que estava por vir.
"Tem razão, não irá mais acontecer."
Logo o homem se tornou pedra, de forma tão rápida que não pode dizer uma palavra sequer. Em seu rosto empedrado jazia sua agora eterna expressão de pavor.
"Eu mesmo farei tudo" — ele empurrou seu antes subordinado, que caiu e se despedaçou.
POV Matt.
O vento soprando constante, o navio navegando relativamente rápido em direção ao vasto horizonte banhado pelas cores do sol poente após horas de viagem, tudo tranquilo... É, não é tão ruim assim.
Drago estava sentado no chão do convés e minha mãe estava em pé, trocando as ataduras das asas do homem a sua frente, ela parecia tranquila e relaxada enquanto cuidava dele. Quem desconhece nossa situação, pode muito bem olhar para minha mãe e dizer que ela está feliz e de bem com a vida, enquanto a grande realidade é que ela não deixa nada transparecer, então podemos dizer que ela estava apenas... Aproveitando o pequeno momento de tranquilidade que surgiu. Não minto, sinto ciúmes, e muito, afinal, a pouco tempo atrás eu era o único homem na vida dela.
Logo sou tirado de meus pensamentos pelo Wield.
POV Talia.
Quando terminei de trocar as faixas das asas do Drago, eu fui para o convés inferior e me deitei em uma rede. Meu corpo relaxou automaticamente, fechei os olhos sentindo minha mente flutuar, finalmente eu estava tendo um pouco do descanso que mereço. Penso que estou ficando doente, sinto meu corpo cada vez mais pesado e dolorido; minha mente funciona a mil por hora, sem parar um minuto sequer, me causando insuportáveis dores de cabeça e meu nariz sangra quando me esforço, tudo revelando o quanto meu corpo humano é frágil, talvez ele não aguente mais batalhas e magias, provavelmente por conta da minha idade, porque por mais que a experiência venha com a idade, a força se vai.
Meu sono foi revigorante, não posso negar isso. Já havia anoitecido, o navio balançava e estalava suavemente de acordo com as calmas ondas do mar, os marujos que cuidam o turno matutino agora dormiam para voltar a trabalhar no dia seguinte, pelo menos eles tem um ciclo de trabalho que não é tão cansativo. Não vejo Matt, nem Drago ou Wield, então me levanto e vou pro convés, meus dragões estavam sentados conversando com copos na mão, Wield chega do meu lado.
Wield: descansou?
Eu: sim, obrigada pela preocupação Wield. — sorrio — o que eles estão bebendo?
Wield: veneno de baiacu ao álcool.
Eu: ata.... Pera! Que?! Veneno de baiacu ao álcool é muito forte! Matt não pode beber essas coisas! — digo preocupada, ele põe o braço por cima dos meus ombros e da um gole em sua bebida.
Wield: se acalme senhorita. Olhe só. — ele aponta com o dedo indicador que estava no copo para onde meu marido e meu filho estão, eles estão sorrindo e conversando alegremente. — Está vendo? Não esta sóbrio, mas não está passando mal. Seu corpo é muito mais forte que o de um humano, a senhorita poderia morrer com o teor alcoólico da bebida, mas ele? Está ali, levando como se fosse a bebida menos alcoólica do mundo.
Eu: tem razão...
Eu estava feliz por eles, se dando muito bem nem que fosse por um instante de inconsistência, mas algo em mim se sentia mal, Matt nunca conversou comigo da forma que está conversando com Drago. Seria isso ciúmes ou inveja? Simplesmente não consigo definir.
Olho para a área mais alta do convés, Jack estava lá, com as mãos no leme e o olhar na bússola. O observando melhor, agora noto que ele não mudou quase nada. Suas roupas continuam as mesmas, a aparência, a voz, a personalidade... Mudou apenas o comportamento que antes era meio infantil e agora é responsável. Será isso resultado de ter criado o filho do Wield como seu próprio filho?
Ele nota meu olhar e o seu se cruza com o meu, ele sorri o que me induz a sorrir também. Fui até ele, o mesmo saiu do leme me dando lugar e o segurei, o leme lutou contra meu comando por causa da força da água no mecanismo que fica submerso mas conectado ao leme para a direção do navio ser definida pelas águas , parece que ainda não aprendi a manha para o segurar sem deixar que a água force essa roda contra minha vontade. Jack pôs as mãos por cima das minhas, me ajudando a manter firme.
Jack: você tem de por força para deixar o leme na posição que quer. Se ele sair do lugar, saímos da rota... Sua força diminuiu...
Eu: eu sei. Estou envelhecendo Jack, não sou como você, que não envelhece...
Jack: deixa disso, você vai viver até os duzentos anos. Ou então, pode tomar uma poção de juventude.
Eu: obrigada, mas dispenso.
Senti algo muito quente queimando minha pele de repente, por causa do susto e da dor eu gritei e larguei o leme que simplesmente começou a girar muito rápido. Com a mudança repentina de curso o navio deu um tranco para a lateral enquanto a água o leva. Todos se assustaram e se seguraram, Jack pegou os apoios do leme e segurou com força lutando contra a correnteza, Wield que chegou correndo o ajudou a segurar e o navio voltou para a rota em que estava.
Jack: o que aconteceu?! Se existissem rochas aqui poderíamos naufragar! — ele estava preocupado, bravo e confuso, mas não o culpo.
Eu: d-desculpa! Alguma coisa me queimou. — mostrei minha mão pra ele, havia uma marca de queimadura estava em carne viva e ao redor estava avermelhado.
Ele segurou minha mão com cuidado pra não machucar e analisou, ficando mais confuso ainda. Vejo Wield se abaixar e pegar algo do chão, uma pedra preta saindo fumaça.
Wield: é pedra vulcânica. E ainda está quente.
Jack: não estamos perto de nenhuma ilha ainda. Se um vulcão entrou em erupção, a explosão foi forte.
"CAPITÃO! FOGO NO CÉU!" — gritou o marujo que fica no observatório do mastro
Todos olhamos para cima tempo o suficiente apenas para ver uma bola de fogo, não era grande, mas também não era pequena, tivemos tempo apenas para desviar, um buraco em volto de fogo na madeira do convés foi visto, as chamas começaram a comer a madeira lentamente.
Drago chegou correndo carregando um balde e toda a água foi derramada na madeira, apagando o fogo.
Jack: Icém a vela principal e vão para os remos! — ele gritou, a tripulação começou a correr pelo convés, alguns içaram a vela principal mas a maioria foi para os remos no convés inferior para remar o navio e aumentar a velocidade — Se continuarmos aqui o navio será esburacado e queimado ate Não restar nada além de nossos cadáveres.
Suas mãos foram ao leme, o navio ganhava velocidade, chovia pedras vulcânicas flamejantes que se chocavam na água com tamanha força que criava ondas altas que invadiam o convés e molhavam tudo.
Estávamos chegando mais perto daquela porção de terra que o vulcão em erupção habita, a fumaça com cheiro de enxofre que ele libera é densa, não podemos ver mais quase nada afrente do navio.
"SENHOR! PEDRAS A FRENTE!" — o observador grita do alto.
Jack não podia diminuir a velocidade do navio por causa das bolas de fogo, nem pode enxergar nada por causa da fumaça, parece que vamos encalhar nas rochas.
Eu: Drago! Guia a gente! — olho para ele que me olha de volta, assente e começa a subir na corda para o observatório do mastro.
Jack: o que ele vai fazer?
Eu: ser o observador.
POV Drago. o
Alcancei o pequeno observatório e o observador me puxou pra cima. Olhei todo o breu, então voltei meu olhar para o oceano, muitas quebras d'água.
Eu: Jack! Mantenha o navio em linha reta.
E assim ele fez, o navio seguia em um caminho sem desvios, algumas rochas baixas passavam de raspão no casco o arranhando, eu podia ouvir, e a cada som agudo desse eu implorava mentalmente a Thiamatt que o casco não fosse rompido, e parece que ela ouve meus pensamentos, não houve nada por enquanto.
Matt: porque você nos trouxe por um caminho com um vulcão ativo e cheio de rochas se você conhece os oceanos como a palma da sua mão?! — ele estava bravo, preocupado e desconfiado, assim como eu.
Jack: porque simplesmente não existiam essas coisas aqui. Era pra termos maré calma até a ilha onde vamos abastecer.
Matt: não parece!
"Cuidado!" — o tripulante que estava ao meu lado avisou, uma bola de fogo em nossa direção.
Sem pensar duas vezes eu o segurei e pulei com o mesmo para as cordas da vela do mastro da frente. A pedra atingiu o mastro em que estávamos, madeira voou para todo o lado e o mastro caiu na água.
Para piorar, a água começou a ficar rasa, o casco do navio se chocava com pedras e corais, os consecutivos impactos danificaram o mecanismo submerso do leme, Jack já não tinha mais controle do navio.
As duas âncoras foram lançadas mas apenas uma se fixou completamente. Houve um recuar violento da embarcação quando a corrente chegou ao limite. Havia uma pedra enorme, o navio agora virado bateu com força de lateral.
Continua...
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