Notas da autora:
Hello aventuzueiros, Capitulo quentinho saindo do forno!
Espero que gostem deste "especial" de Halloween e Dia dos Mortos :3
Fiquem com o capítulo.

POV Matt.
Nossas espadas se chocavam mais e mais, faíscas saiam incessantemente, podiam até ascender um barril de pólvora, isso se tivesse um aqui. Sorte que não tem, ou estaríamos ferrados.

O mastro principal já estava posto em seu lugar e o navio já partira cheio de suprimentos. A água se chocava contra o casco fazendo sua madeira estalar e toda a sua estrutura balançar de um lado pro outro tornando mais difícil ficar em pé. Ótimo, agora tenho de me concentrar no treino e em ficar em pé.

Wield avançou novamente e eu bloqueei o ataque com minha espada. Ele fazia força e as lâminas cruzadas se aproximavam mais do meu rosto. A lâmina da minha espada cortou um pouco minha bochecha esquerda e pude sentir o sangue escorrer quente. A pressão continuou mas eu pisei em uma corda e escorreguei, caindo e puxando um Wield desprevenido junto.

Eu: sai de cima de mim!

Wield: você que me puxou. - ele diz ao se levantar, eu levanto em seguida.

Eu: culpa sua 7-7

Wield: minha? Você que caiu!

Eu: aí já é culpa da corda.

Drago: da pra pararem de discutir sobre a maldita corda? Daqui a pouco vocês estão discutindo qual peixe pula mais alto.

Eu: seria engraçado.

Talia: deixa eles Drago, são crianças. - ela ja usava um dos conjuntos que roubou na ilha do tal Wilkins, era uma blusa preta e uma calça. - Deixa se divertirem.

Jack: esse é o espírito! - ele ri ouvindo nossa conversa.

{...}

Como o vento batia forte nas velas, o navio navegava com velocidade. Logo, um nevoeiro denso invadiu todo o convés. Ele se espalhava tão rápido quanto água derramando, assim tomando conta de todo o navio.

Eu: que isso?

Jack: devemos estar perto da ilha.

Talia: porque toda ilha aqui tem de ser coberta por névoa e...

Wield: PEDRAS!

Jack: Droga! - o ouvi xingar.

O leme girou com força, o navio virou com tudo e uma grande e pontuda pedra passou de raspão tirando a tinta do casco fazendo um longo som agudo quase insuportável enquanto toda a extensão da madeira era arranhada.

Drago tampou os ouvidos e começou a bater com a cabeça no mastro.

Drago: PARAAAAAAAAA! FAÇAM ISSO PARAR!

Jack: SÓ UM INSTANTE! - ele virou o leme de vez e o navio se afastou das pedras, fazendo o som parar e meu pai ficar aliviado. - Resolvido.

"Ei, venham ver isso" - minha mãe chama.

Ela estava encostada no parapeito do convés, curvada para ver algo além da estrutura de madeira do navio. Quando me inclinei para olhar, vi na água velas e pedaços de madeira flutuando juntamente com alguns mastros e roupas, sendo que eu suponho que essas roupas já tenham dono, e que eles estão a usando no momento.

Eu: o que aconteceu aqui?

"Naufrágios" - diz um dos marinheiros, ele tira seu chapéu e o aperta contra o peito em sinal de respeito aos colegas piratas que se foram. Logo ele recompõe sua postura e seu chapéu volta a cabeca. - "temos de sair daqui. Não é seguro. Os destroços gritam isso. Se ficarmos, iremos todos morrer."

Jack pareceu considerar a proposta de seus subordinados e começou a rodar o timão para que o navio desse a volta e fosse embora.

Começamos a virar, minha mãe suspirou aliviada por não ter de enfrentar outra batalha.

Subitamente, o navio parou e começou a... dar ré?!

Jack: o que que...

Eu: porque o navio está dando rê pelo amor de Deus?!

"Eu sabia! Eu sabia que ia dar merda!" - grita uma voz (apavorada) do além, suponho ser um dos tripulantes.

As pedras que se erguiam por todo o caminho começaram a se contorcer e tomaram a forma de tentáculos de polvo.

Talia: Kraken?!

Jack: Krakens Não atacam assim, do nada. Muito menos se disfarçam de pedras! - ele trava o leme com uma corda e desce pro convés - A seus postos! Abrir velas! Carregar canhões! Atirem em qualquer coisa que se mover!

Obedecendo a suas ordens, todos começaram a fazer seus serviços. As velas foram totalmente abertas para coletar o máximo de vento possível, pude escutar o som das bolas de canhão sendo postas no cano juntamente com toda a pólvora. As posições foram definidas, alguns controlando as cordas e outros os canhões, o silêncio se instaurou e apenas o som do barco estalando foi ouvido.

As pedras pareciam puxar o navio para trás, mas elas não se moviam. O casco quebrava a água criando ondas, eu comecei a observar as ondulações cheias de espuma para ver se tinha alguma coisa nelas, mas não havia absolutamente nada.

Houve um tranco do nada e todos caíram, o navio havia chego a terra firme e subiu com tudo na areia, assim ficando entalado. Quero dizer, eu acho que é areia, porque o nevoeiro não me deixa ver nada muito abaixo da linha do convés.

Drago: que merda foi essa?!

Jack: é como se a ilha fosse um buraco negro atraindo tudo ao seu redor. Acho que por isso tantos barcos naufragaram.

Wield: Essa ilha nem existe num mapa. É claro que tinha de ter alguma peculiaridade filha da puta pra estragar o resto do nosso dia.

Jack: olha a boca pirralho.

Wield bufou frustrado, a névoa foi espalhada pelo ar da sua respiração.

Todos olhavam ao redor, procurando algum sinal de perigos evidente, não havia nada e ninguém se arriscava a sair do navio.

Eu: isso aqui parece uma ilha deserta.

Drago: a Terra Indefinida também parecia.

"Olha só o que temos aqui." - diz uma voz no convés.

Todos se viraram com suas espadas e armas nas mãos para encarar quem quer que fosse. O nevoeiro assumiu a forma de uma pessoa, era um homem, mas sua pele era pegajosa e estava em carne viva como se ele tivesse sido queimado por um forte ácido.

"Venham ver isso rapazes." - ele diz. A névoa muda de forma de novo, desta vez fazendo aparecer mais dois homens em situação igual a do primeiro. - "Achei que não teria mais chances de redenção"

Talia: ah droga.

Eu: conhece eles?

Talia: são os três trolls que tentaram me matar no dia em que conheci seu pai.

Eu: e por acaso alguém não tentou te matar quando conheceu o Drago?!

Ela parou pra pensar.

Talia: sim. O Krusto, os gnomos, as fadas e o Jack.

Wield: eles não parecem nada vivos.

Jack: mas estão aqui. Tomem cuidado.
Os três invasores riram e atacaram com mais velocidade e força do que eu esperava.

Eu: é. Não são zumbis comuns!

POV Talia.
Não disse? Quanto mais rezo, mais assombração me aparece.

E agora apareceram esses três malucos devoradores de coração de dragão. Só devo ter jogado pedra em um milhão de cruzes pra ter uma sorte tão grande!

Eles queriam focar em mim mas a tripulação, que ganhava em quantidade, não permitia. Mas por precaução, peguei uma pistola e uma espada para me defender.

Do nada um dos malucos saiu do meio do nevoeiro e me atacou com uma clava de madeira bruta cheia de espinhos metálicos. Agindo mais por instinto do que profissionalidade, eu recuei rapidamente permitindo que a clava passasse direto por meu rosto para ficar presa na madeira do convés e movimentei a espada em minha mão, abrindo um profundo corte horizontal na garganta do troll em corpo humano.

Com um sorriso vitorioso no rosto eu vi seu sangue coagulado começar a escorrer, mas lá se vai minha vitória quando a névoa se funde com o corpo dele, regenerando seu ferimento e o fazendo aumentar de tamanho, se tornando um troll.

Eu nunca tinha visto um troll pessoalmente, mas vejo agora, e por isso posso dizer que: cruz credo! Oh Bicho feio. É o cão chupando manga enquanto toma sol de meio dia de sunguinha na praia.

Ele é grande, sua pele é verde e enrugada e é cheio de pelos no peito. Sua barriga é grande e dura. Ele realmente só usa uma sunga, cueca de pano, ou sei lá o que é isso que ele usa pra se cobrir. Os dentes sao amarelados, sendo alguns pretos ou faltando, as sombrancelhas estavam tão por fazer que se fundiram se tornando uma monocelha. E sua cara tem algumas rugas.

Eu: mil vezes droga.

Com um grito de guerra ele pega um dos canhões, sim, um CANHÃO! E faz de clava contra mim.

Eu: AH! - grito desviando do golpe que quebrou uma boa parte do parapeito do convés. - SEU APELAO!

Quando ele puxou o canhão eu saltei parando em cima de suas mãos grandes e pulei por cima de sua cabeça a fazendo de apoio para que eu caísse atrás dele e saísse correndo.

Vi Drago e Matt, ambos lutavam lado a lado contra os dois trolls restantes, e a tripulação ajudava revezando os combates. Mas esses três parecem imbatíveis, eles não eram assim, Drago deveria dar conta deles sozinho e sem problemas.

Com minha espada eu defendi um golpe da clava desferido por um deles para meu marido, em seguida tirei a pistola do cinto e atirei na testa do troll lhe abrindo um buraco bem no centro, ele caiu pesadamente e a névoa começou a se juntar para trazê-lo de volta.

Jack: temos de dar um jeito ou eles não vão parar de voltar.

Drago: eu sei disso. Mas essa situação é nova, até pra mim. — ele estava junto a mim e ao Matt para nos proteger, e foi isso que ele fez quando os dois trolls, em conjunto, bateram em nós com o canhão e a clava.

Ele cruzou os braços na frente do corpo para defender, mas o impacto foi tão forte que jogou nós três para fora do navio, atravessando o parapeito fazendo a madeira voar longe.

Minhas costas bateram contra as pequenas pedras que estavam na areia, Drago gemeu de dor e vi que suas quase curadas asas haviam voltado a sangrar, fingindo o esparadrapo branco com vermelho.

Matt: temos de sair daqui.

Eu: temos de voltar pro navio! — me levantei para a direção do navio e quase não acreditei no que vi.

Nao havia nada além de névoa!

Nem os sons de batalha ou os rugidos dos trolls eram ouvidos, é como se nunca nada daquilo tivesse existido.

POV Matt.
Eu me levantei, e deparei com isso.

Talia: Desgraçados! —  ela pegou uma pedra grande e, com um grito de raiva, jogou na direção onde antes estava o navio. A pedra apenas atravessou a névoa e sumiu. — Eu só queria estar na minha casa, sentada na minha poltrona, na frente da POHA DA LAREIRA! E TUDO ISSO ENQUANTO ASSISTO UM FILME COM MEU MARIDO E MEU FILHO!

Ela estava dando uma crise de raiva. Cadê o Rivotril? Ou algum maracujina, ou qualquer calmante que ela possa tomar?

Ela estava estragando toda a raiva que escondia. Jogava pedras pra sei lá onde e gritava com a névoa. Acho que devem estar a ouvindo lá do continente.

Drago: para de gritar. Vão te ouvir.

Talia: POIS QUE OUÇAM! EU JA ESTOU DE SACO CHEIO DESSA... — a terra explodiu, por assim dizer, e algo grande saiu do chão, interrompendo os xingamentos da minha mãe.

Eram paredes de pedra, elas se ergueram em volta de nós três, nos separando uns dos outros. Eu bati na parede.

Eu: mãe?

Talia: estou aqui. — ela responde do outro lado. — Drago?!

Drago: aqui.  — sua voz sai da parede atrás de mim.

Pude escutar os sons da minha mãe tentando escalar a parede, mas quando ela chegou ao topo houve um brilho azul seguido por um grito dela e o cheiro de fumaça, ela havia levado uma descarga elétrica e caiu no chão.

Eu: mãe?!

Talia: estou bem. — tosse. — fique aí querido. Vou achar uma passagem.

Drago: olhem bem. Além das paredes há um castelo, posso ver por entre o nevoeiro. Aparentemente esses corredores formam um labirinto com apenas um destino, aquele castelo. Nós temos de ir para lá. É nossa única chance de sairmos daqui.

Nós dois escutamos alguém fungar, era minha mãe, e ela... Parecia estar chorando.  Eu nunca a vi ou escutei chorar.

Talia: eu só queria estar em casa com vocês, como uma família normal estaria. Não aqui, em outro mundo, tendo de navegar pelos sete mares para tentar atrasar a morte iminente de meu único filho. Será que pedir isso é querer demais?!

Nenhum de nós dois disse uma palavra sequer mesmo que fosse de nosso desejo. Ela tem o direito de estar frustrada desse jeito, afinal, quem não estaria? Então, a única coisa que pudemos fazer naquele momento, foi sentar e esperar que ela voltasse a razão.

{...}

Ela havia parado de chorar e fungar, mas nao seu sinal de vida algum, suponho que acabou dormindo encostada na parede.

"Ei, o que pensam que estão fazendo ai parados? " — era ela do outro lado da parede, em minha mente posso até vê-la em pé com as mãos no quadril e a cara emburrada.—" Será que eu tenho de mandar vocês lutarem também?!"

Eu sorri, me levantei e olhei o caminho que tinha pela frente. Agora eu estava sozinho, pois os três caminhos se divertiam totalmente.

Continua...