࣪✶ um frasco com catarro?
— Aquele cartão ali abre a porta, mas o problema é que o russo que carrega o cartão também carrega uma arma enorme. — Dustin explicou, andando de um lado para o outro, enquanto Robin e Steve estavam sentados à mesa. Steve girava o chapéu de marinheiro nos dedos, distraído. — Não faço ideia do que tem naquela sala ou nas caixas, mas o fato é que eles não querem que ninguém descubra.
— Deve haver um jeito de entrar. — Robin afirmou, olhando para Tessa, que estava sentada no balcão em frente à janela, pensativa.
— É, com certeza tem. — Tessa concordou, sua mente já trabalhando em possíveis soluções.
Steve, ainda focado no chapéu, o soprou para desamassar. — Olha, eu posso derrubar ele.
Robin e Tessa se entreolharam, incrédulas.
— Derrubar quem, Steve? — Robin perguntou, levantando uma sobrancelha.
— O guarda russo. — Steve respondeu com confiança. Tessa soltou uma risada curta, enquanto Robin se inclinava para trás, arqueando as sobrancelhas, expressando toda a sua descrença com um simples "hmm...".
— O quê? Eu chego por trás, apago o cara e pego o cartão. Fácil.
— Você não ouviu a parte da arma gigante? — Dustin perguntou, cruzando os braços e olhando para Steve com ceticismo.
— Sim, Dustin, eu ouvi. Por isso mesmo eu chegaria de surpresa. — Steve "caminhou" com os dedos pela mesa, como se ilustrasse seu plano, mas Dustin apenas bufou.
— Me diz uma coisa, e seja honesto: você alguma vez... ganhou uma briga? — Dustin provocou, se aproximando.
— Pois é, se não fosse por mim, o Billy teria acabado contigo naquela vez. — Tessa provocou, lançando-lhe um olhar brincalhão.
— Olha só, foi uma vez só e...
— Duas. Jonathan, um ano antes. — Dustin o interrompeu, enquanto Robin e Tessa permaneciam em silêncio, observando a discussão ridícula dos dois.
— Pera aí, isso não conta.
— Por que não conta? Pareceu que ele te deu uma surra.
— O quê? Não!
— Parecia até o Homem Elefante.
— Cara, eu nem entendi essa referência.
— Homem Elefante.
Enquanto a discussão continuava, Robin olhou para o duto de ar e uma ideia lhe ocorreu. Ela murmurou um "Isso pode funcionar" e começou a pegar suas coisas, correndo para o outro lado do balcão e interrompendo a discussão.
— Robin. Ei, Robin! — Steve gritou ao vê-la pegar todas as gorjetas do pote. — O que cê' tá fazendo?
— Preciso de grana.
— Mas metade disso é meu! Onde é que você vai?
— Dar um jeito de entrar naquela sala. Um jeito seguro. Enquanto isso, vende um sorvete, se comporta, e vê se não apanha, tá? Eu volto rapidinho. — Ela disse, já saindo em disparada.
Steve olhou para o lado, vendo Dustin lamber uma colher de sorvete.
— Qual é, cara! É a minha concha. — Steve reclamou, tirando a colher da mão de Dustin e a guardando no suporte de conchas do uniforme.
Enquanto isso, Tessa bocejou, provavelmente pela décima sexta vez desde que tinha chegado ao Scoops Ahoy.
— Dezesseis. — Steve comentou, fazendo Tessa franzir a testa.
— O quê?
— Você bocejou dezesseis vezes desde que chegou. Não dormiu? — Steve perguntou, surpreso por ter notado e contado.
— É, não muito. Enfim, continuem com as esquisitices de vocês... Porque eu preciso trabalhar. — Ela disse, alisando a saia preta. O não muito era igual a nada, ela não havia dormido nada essa noite. — Faz um milkshake de morango pra mim, Steve. Pra viagem.
Ela brincou no final.
{ . . . }
— Se importa se eu fizer uma pergunta meio invasiva? — Christian perguntou, jogando uma pipoca na boca, atraindo o olhar curioso de Tessa.
— Me importo. — Ela respondeu brincando, mas logo sorriu fraco enquanto colocava mais milho na máquina de pipoca. — Manda.
— O cara com o uniforme de marinheiro, o que tava nos espionando aquele dia... O da sorveteria. Ele é seu namorado? — Assim que Christian perguntou, Tessa quase engasgou com a própria saliva e começou a tossir, claramente pega de surpresa.
Christian franziu a testa, confuso com a reação dela. Agora, depois da tosse, ela começou a rir nervosamente.
— O Steve? Meu namorado? — Tessa balançou a cabeça, ainda recuperando o fôlego. — Não. Não, claro que não. — Ela repetiu, tentando controlar o riso nervoso. — Ele é só um amigo. Um amigo que, sim, é um pouco intrometido e usa aquele ridículo uniforme de marinheiro, mas é um amigo. Um amigo de infância.
— Ah, entendi. — Christian respondeu, parecendo aliviado, apesar de estranhar a quantidade exuberante de justificativas que ela deu. Ele deu um pequeno sorriso e um passo mais perto dela antes de continuar. — Então... se ele não é seu namorado, talvez eu possa te chamar pra sair algum dia?
Tessa ficou ligeiramente surpresa com a proposta, piscando algumas vezes enquanto tentava encontrar uma resposta. Antes que ela pudesse dizer qualquer coisa, a porta dos fundos se abriu e Steve entrou apressado, sem bater.
— Tess! — Steve chamou, parando e murchando um pouco ao vê-la com Christian. — A Robin chegou e tem um plano. Precisamos de você agora.
Ele falou rapidamente, mas a energia na sala mudou quando ele notou a proximidade entre Tessa e Christian.
Christian ergueu as sobrancelhas, lançando um olhar curioso para Steve.
— Ah, o marinheiro. — Ele disse com um meio sorriso, sem desviar o olhar.
Steve deu um pequeno sorriso forçado, claramente desconfortável com a situação.
— E você é...? — Steve perguntou, mesmo se lembrando muito bem dele.
— Christian. — Ele respondeu com confiança, cruzando os braços. — Eu trabalho aqui com a Tessa. E você deve ser o famoso Steve Harrington, né?
— Não sabia que era famoso. — Steve respondeu, tentando manter a compostura enquanto olhava de Christian para Tessa, claramente desconcertado.
Tessa, percebendo a tensão crescente, deu um passo para o lado e limpou a garganta.
— Então, Steve... O que você dizia sobre a Robin mesmo? — Ela perguntou, tentando mudar de assunto e aliviar o ambiente.
Steve piscou algumas vezes, voltando a si.
— Ah, é. A Robin conseguiu uma ideia de como entrar naquela... Naquela... — Steve começou, mas parecia distraído, seus olhos ainda fixos em Christian. Ele não queria revelar demais na frente do colega de Tessa. — Naquela sala.
Christian, percebendo a hesitação, deu um passo à frente.
— Parece importante. Talvez você devesse ir, Tess. — Ele disse com um tom amistoso, mas havia algo a mais em sua voz. Steve travou o maxilar ao ouvir o apelido. Tess. Só ele a chamava assim.
Bem... Não tecnicamente. Muita gente a chamava assim, especialmente os mais próximos, mas ele gostava de pensar que era um apelido exclusivamente seu.
Tessa sentiu o clima ficando ainda mais estranho e resolveu encerrar a conversa.
— Você não se importa? — Ela perguntou, um tanto quanto apreensiva.
Christian negou com a cabeça e ela sorriu de forma fraca, saindo de trás do balcão.
— Obrigada, Christian. — Ela agradeceu genuinamente, mas havia uma leve tensão em sua voz. Virando-se para Steve, ela completou: — Vamos?
Steve assentiu, ainda lançando um olhar de soslaio para Christian, enquanto colocava a mão nas costas de Tessa para guiá-la para fora, um gesto que não passou despercebido por Christian.
Enquanto os dois se afastavam, Christian os observou, seu sorriso diminuindo ligeiramente, mas ainda presente.
— Ah, e, Tessa? — Ele chamou antes que a porta se fechasse, fazendo os dois se virarem para ele. — Pensa com carinho na proposta que eu te fiz, pode ser?
Tessa olhou rapidamente para Steve, notando a expressão de curiosidade em seu rosto, antes de voltar seu olhar para Christian e assentir, esboçando um sorriso.
— Claro, Chris. Vou pensar no assunto. — Ela respondeu com um sorriso fraco enquanto Steve abria a porta, deixando-a passar primeiro.
Assim que a porta se fechou, Christian balançou a cabeça e voltou ao trabalho, uma expressão pensativa tomando conta de seu rosto.
No corredor, enquanto caminhavam em silêncio em direção ao Scoops Ahoy, Steve finalmente quebrou o silêncio.
— Oh, claro, Chris. Vou pensar no assunto. — Ele imitou Tessa, usando uma voz exageradamente fina e doce. — O que foi aquilo?
— Aquilo o quê, exatamente? E eu não falo assim! — Tessa respondeu, virando-se para ele com a testa franzida.
— Fala exatamente assim. — Steve insistiu, provocando-a. — E o que tá rolando com o Chris? — Ele novamente imitou a voz fina ao falar o apelido.
— Não tá rolando nada, e se você me imitar assim de novo, eu vou te dar um soco. — Tessa ameaçou, sem esconder o tom sério.
— Se não tá rolando nada, por que fez aquela voz fininha? — Steve continuou provocando, um sorriso brincalhão nos lábios, mas parou quando recebeu uma encarada mortal de Tessa.
Eles chegaram ao Scoops Ahoy, e Steve abriu a porta para que ela entrasse primeiro, seguindo logo atrás.
— Não teve voz fininha nenhuma. — Tessa retrucou, claramente irritada.
— Por que demoraram tanto?! — Dustin perguntou impaciente, mal levantando a cabeça do que estava fazendo.
— Tessa tava ocupada demais flertando com o colega de trabalho dela. — Steve provocou mais uma vez, mas dessa vez foi recompensado com um puxão repentino em seu cabelo, que o fez franzir a testa e resmungar de dor.
— Ai! — Ele reclamou, massageando o couro cabeludo. — Tá vendo? Ela fica violenta quando tá nervosa.
Tessa revirou os olhos, mas tinha um sorriso crescendo nos lábios.
— Talvez você devesse aprender a ficar quieto, Harrington.
Steve não perdeu a oportunidade de provocá-la, inclinando-se ligeiramente na direção dela.
— E o Chris não né? Ele você até queria que falasse mais. — Ele provocou mais uma vez imitando a voz dela.
Robin, que acabava de chegar com algumas folhas enroladas nas mãos, observou a cena com curiosidade, e interrompeu antes que a Tessa retrucasse.
— Bom, se vocês dois já terminaram a sessão de terapia, eu posso mostrar o que consegui? — Ela ironizou, interrompendo as provocações dos dois.
— Claro, Rob. O que conseguiu? — Tessa perguntou, aliviada pela mudança de assunto, enquanto ela e Steve se aproximavam da mesa.
— Eu acho incrível o que se consegue com 20 dólares no cartório da cidade. — Robin disse com um sorriso travesso, abrindo as folhas que trazia e as espalhando sobre a mesa. — Starcourt Mall. A planta completa.
— Nada mal. — Dustin elogiou, impressionado.
— Tá, estamos aqui, na sorveteria, e aqui é onde precisamos chegar. — Robin começou, apontando os dois locais no mapa.
— Não tô vendo nenhuma entrada. — Steve observou, analisando as plantas.
— E não tem, se você pensar só em portas. — Robin afirmou, puxando outra folha do seu bolso. Tessa e Dustin rapidamente entenderam e trocaram um olhar cúmplice.
— Dutos de ar. — Os dois disseram ao mesmo tempo, sorrindo.
— Exato. — Robin sorriu de volta, pegando uma caneta do quadro branco e voltando à mesa. — Pelo que parece, a sala secreta precisa de ventilação como qualquer outra sala. E esses dutos levam até... — Ela começou a traçar o caminho com a caneta. — Aqui.
— Puta merda, Buckley. Você é um gênio. — Tessa elogiou, franzindo a testa em admiração. — Eu poderia te beijar agora.
Robin tentou esconder o rubor que subia em seu rosto, enquanto Tessa saía apressada para procurar uma caixa de ferramentas na sorveteria. Quando encontrou, pegou uma chave de fenda e estava prestes a subir na escada para soltar a grade do duto, mas Steve se adiantou e se ofereceu para ajudar.
Tessa entregou a chave de fenda para Steve, que começou a desparafusar os quatro cantos da grade do duto de ar com habilidade. Quando terminou, colocou a chave de fenda entre os dentes para retirar a grade com as mãos.
— Me passa a lanterna. — Steve pediu, a voz abafada pela chave de fenda entre os dentes, enquanto entregava a grade e a chave de fenda para Dustin, que prontamente lhe entregou a lanterna.
Enquanto Steve examinava o interior do duto de ar, Tessa cruzou os braços e apertou os lábios minimamente. Ela não podia evitar, estava achando Steve incrivelmente atraente fazendo aquilo, mesmo que nunca admitisse isso pra ninguém além da sua consciência.
— Sei lá, gente. Não acho que você caiba aqui dentro, não. — Steve comentou, ainda observando o interior do duto. — Parece bem apertado.
— Vai caber. — Dustin insistiu, subindo os degraus da escada. — Confia em mim. Sem clavícula, lembra?
— Hã? Como é que é? — Robin perguntou, claramente confusa, olhando brevemente para Tessa, que estava escorada no balcão, os braços cruzados.
Steve desceu os dois últimos degraus da escada e colocou as mãos na cintura, observando Dustin subir.
— Ah, ele tem uma doença rara. Cri... Crito... — Steve tentou lembrar o nome da condição de Dustin.
— Displasia cleidocraniana. — Tessa corrigiu, sem hesitar.
— Isso aí! Ele não tem os ossos da clavícula, então se dobra que nem o Gumbo. — Steve explicou, com um gesto desajeitado, enquanto Robin e Tessa franziram a testa.
— Quis dizer "Gumby". — Robin corrigiu.
— Tenho quase certeza que é Gumbo. — Steve retrucou, com convicção. Tessa balançou a cabeça, incrédula, cobrindo os olhos com a mão.
— Steve, cala a boca e me empurra! — Dustin gritou de dentro do duto, impaciente.
— Tá bom. — Steve respondeu em tom defensivo, subindo um degrau para segurar os tornozelos de Dustin. — Vou te empurrar.
Ele começou a empurrar Dustin pelos pés, arfando com o esforço.
— Os pés, não! Empurra minha bunda, burrão! — Dustin reclamou, a voz ecoando pelo duto.
— Quê? — Steve perguntou, incrédulo.
— Pega na minha bunda! Eu não ligo! — Dustin gritou, e Steve, relutante, tentou empurrá-lo pela bunda. Robin e Tessa observavam a cena com uma mistura de julgamento e divertimento.
— Vai logo! Com força! Para de brincar com as minhas pernas. — Dustin ordenou, exasperado.
— Eu não tô brincando. Tá difícil de pegar! — Steve retrucou, tentando encontrar uma posição melhor.
— Anda! — Dustin incentivou, e Steve subiu mais alguns degraus, apoiando as pernas de Dustin nos ombros.
— Vou te jogar pra dentro, pode ser?
— Você vai me jogar?
— Um, dois... — Steve contou e, com um último esforço, impulsionou Dustin para dentro do duto.
— Aí, merda.
— Funcionou? — Steve perguntou, ofegante.
O som da campainha do balcão tocando repetidamente chamou a atenção das garotas. Elas se viraram para ver Erica tocando a campainha incessantemente.
— Marinheiros. Olá, marujos no convés. Ahoy! Anda. Cadê vocês com as minhas amostras grátis? — Erica reclamou, sem parar de tocar a campainha.
Tessa e Robin se entreolharam, compartilhando a mesma ideia antes de voltarem seus olhares para a Sinclair.
{ . . . }
Erica ligou a lanterna e olhou para dentro do duto com uma expressão de hesitação.
— Hum... — Ela desligou a lanterna e desceu da escada. — É, sei lá, hein.
— Não sabe se cabe aí? — Dustin perguntou, ajustando sua posição na escada.
— Não, eu caibo, sim. Só não sei se quero entrar.
— Você tem claustrofobia? — Robin perguntou com tédio, enquanto Tessa, ao lado do Steve e do Dustin, se escorava no balcão, já prevendo o quanto seria difícil convencer sua irmã.
— Eu não tenho fobias. — Erica respondeu com uma risadinha irônica.
— Então, qual é o problema? — Steve perguntou, cruzando os braços.
— O problema é: ainda não vi como isso vai ser bom pra Erica. — Erica afirmou com desdém.
Steve e Robin prepararam uma montanha de sorvetes e raspadinhas para ela. Steve empurrou a última banana split em direção a Erica, que empurrou de volta com uma expressão desafiadora.
— Mais calda, por favor. — Ela ordenou, e Steve respirou fundo, lutando para manter a calma. — Anda, vai logo.
Ele trocou um olhar exasperado com Tessa, que estava ao seu lado, como se dissesse que se pudesse, ele estrangularia a mais nova. Mas, em vez disso, ele pegou o sorvete e voltou para o balcão.
— Tá bom. — Robin pegou a planta do Starcourt e mostrou a Erica o que havia marcado. — Aqui está o caminho. Espere o último entregador ir embora, abra a grade, entre na sala e abra a porta.
— E vocês descobrem o que tem nas caixas? — Erica perguntou, com a boca cheia de sorvete.
— Exatamente. — Robin confirmou.
— E o guarda? Ele está armado? — Erica continuou, com um olhar inquisitivo.
— Sim, mas ele não vai estar lá. — Dustin respondeu.
— E as armadilhas?
— Armadilhas? — Robin perguntou.
— Lasers, espinhos na parede?
— Ah, fala sério... — Robin riu, perplexa.
— Sabem no que eu acho que vai dar esse plano de vocês? — Erica começou. — Menor de idade em perigo.
— A gente vai falar com você por rádio o tempo todo. — Robin argumentou.
— E qual é, você acha mesmo que a sua irmã mais velha, a mais legal do mundo, que tanto te ama, ia te meter em problemas? — Tessa tentou convencê-la, apoiando-se na mesa, mas sua voz soou claramente sarcástica.
— Menor de idade em perigo. — Erica repetiu, olhando fixamente para Tessa.
— Erica, escuta. A gente acha que esses russos querem fazer um grande mal ao nosso país. Você não ama o seu país? — Dustin tentou convencê-la.
— Ninguém escreve América sem Erica. — Erica respondeu, pegando o milkshake enquanto Tessa e Robin trocavam olhares perplexos.
— Estranho, mas verdade. — Dustin disse, observando Erica chupar o canudo de maneira barulhenta. — Se você não quer ajudar a gente, ajude seu país. Ajude a América, Erica.
— Hum. Uh! Me deu até um arrepio. — Erica comentou, tirando o canudo da boca e o Dustin sorriu. — Ah, foi do milkshake, não do seu discurso. Sabem o que eu mais gosto nesse país? Capitalismo. Vocês sabem o que é capitalismo?
— Sei. — Eles responderam.
— Capitalismo significa que as pessoas são recompensadas pelo valor dos seus serviços. A minha capacidade de caber naquele duto é extremamente valiosa pra vocês.
— Seja direta, Erica. O que você quer? — Tessa perguntou, exasperada com o longo discurso.
— Agora sim estamos falando a mesma língua. Esse USS Caramelo vai ser o primeiro de muitos. Eu quero sorvete grátis para sempre. — Erica afirmou, levando uma cereja à boca. — E você, Tessa, vai limpar meu quarto por um ano.
— O quê?! Um ano?! Nem pensar.
— Tessa, é só um quarto de criança, não deve ser tão difícil assim. — Dustin tentou argumentar.
— O quarto da Erica é o próprio purgatório. Eu não vou fazer isso.
— Então nada feito. — Erica disse, levando uma colherada de sorvete à boca.
Tessa sentiu o olhar de Dustin e Robin pesar sobre si e fechou os seus olhos, bufando alto em seguida.
— Argh, que raiva. Tudo bem, trato feito. — Ela aceitou, relutante. — É melhor que a gente fique rica e famosa, Dustin. Se não, você está ferrado na minha mão.
{ . . . }
— Erica, na escuta? — Robin perguntou pelo rádio. Ela, Dustin, Steve e Tessa estavam no telhado, aguardando ansiosamente que Erica chegasse na sala secreta para abrir a porta para eles.
— Uhum. Na escuta. — Erica respondeu com ironia, fechando o fecho do capacete. — Os nerds já estão em posição? Me avisa.
— Já estamos em posição. Tá tudo quieto por aqui. Sinal verde.
— Sinal verde, entendido. Iniciando operação: menor de idade em perigo. — Erica respondeu e começou a subir a escada com determinação.
— Será que a gente pode mudar esse nome? — Robin comentou, mas Erica já estava focada.
— Vejo vocês do outro lado, nerds. — Erica disse com sarcasmo antes de se enfiar no duto, começando a se arrastar com habilidade.
Após um bom tempo rastejando pelo duto, Erica finalmente chegou na sala secreta.
— Prontinho, nerds. Cheguei.
— Você tá vendo alguma coisa? — Dustin perguntou, ansioso.
— É, tô vendo aquelas caixas idiotas que vocês querem tanto abrir. — Erica respondeu, revirando os olhos.
— Algum guarda? — Robin perguntou, nervosa.
— Negativo.
— Armadilhas? — Robin insistiu.
— Se desse pra ver, seriam umas armadilhas bem ruins, não acha? — Erica zombou, e Tessa e Robin não conseguiram conter uma risadinha abafada.
— Tá bom, obrigada. — Robin respondeu, tentando manter a calma.
Steve se inclinou na direção da Tessa, que estava espiando por cima do ombro do Dustin. Ele se aproximou dela sorrateiramente e sussurrou, pegando-a de surpresa.
— Ela é mesmo uma versão mais nova sua, hein? — Ele murmurou, provocando. Tessa se virou para ele e deu um sorrisinho.
— Vou levar isso como um elogio. — Ela respondeu, dando-lhe um olhar de cumplicidade.
— Entrei. — Erica anunciou, depois de derrubar a grade com um estrondo.
Steve passou as mãos pelo cabelo, o nervosismo evidente em sua expressão. — Meu Deus. — Ele murmurou, imaginando todas as formas como aquilo poderia dar errado.
Erica se aproximou do painel de controle e apertou o botão para abrir a porta. — Sorvete grátis para sempre. — Ela disse com satisfação quando a porta se abriu.
Os quatro trocaram um breve olhar de alívio antes de descerem as escadas apressados, prontos para enfrentar o que quer que estivesse esperando por eles do outro lado.
{ . . . }
Steve passou o estilete cuidadosamente pela fita que selava uma das caixas, revelando uma outra caixa dentro. Esta, no entanto, era de metal, indicando que, definitivamente, guardava algo de grande importância. A tensão no ar era nítida enquanto ele girava a trava, e todos ficaram parados, seus olhares curiosos fixos na caixa.
Quando ele finalmente abriu a tampa, uma fumaça fria começou a se dissipar, provavelmente devido ao resfriamento necessário para manter o conteúdo preservado. Dentro da caixa, ainda havia mais quatro travas semelhantes à primeira, todas protegendo o que quer que estivesse escondido ali.
— Com certeza não é comida chinesa. — Steve brincou, tentando aliviar a tensão. Ele estendeu a mão para uma das travas, mas parou por um momento, olhando para o grupo. — É melhor vocês darem um pouco de espaço.
Tessa, já sentindo o peso da situação, colocou as mãos nos ombros de Erica, guiando ela para trás junto com Robin, enquanto se afastavam alguns passos.
— Não. — Dustin respondeu obstinadamente, permanecendo no lugar, os olhos fixos na caixa.
— Anda, se afasta um pouco. — Steve insistiu, a voz carregada de preocupação.
— Não. — Dustin repetiu, mais firme.
— Vai logo, é sério. — Steve pressionou, a urgência aumentando.
— Não! Não. Se você morrer, eu morro. — A declaração de Dustin pegou Steve de surpresa, deixando-o sem palavras. Tessa, ao ouvir isso, levou discretamente a mão à boca, escondendo um sorrisinho. A amizade entre os dois era uma das coisas mais sinceras e tocantes que ela já havia presenciado.
— Tá bom. — Steve finalmente cedeu, dando de ombros como se não tivesse sido abalado pelo comentário de Dustin. Ele girou a trava com determinação, liberando mais fumaça e ar comprimido. Dentro da caixa, ele puxou um frasco com um líquido verde viscoso, que borbulhava de maneira inquietante.
— Que merda é essa? — Steve exclamou, franzindo a testa.
— O que é isso? — Robin perguntou, intrigada, aproximando-se um pouco mais para ver melhor.
— Tudo isso por um frasco com catarro? Maravilha. — Tessa ironizou, cruzando os braços e colocando as mãos na cintura, ainda tentando processar a estranheza da situação. Mas antes que qualquer um pudesse responder, um estrondo alto ecoou pela sala, e o chão sob seus pés começou a tremer violentamente.
— Foi impressão minha, ou a sala se mexeu? — Dustin perguntou, a voz carregada de pânico.
— Armadilha. — Erica murmurou, os olhos arregalados enquanto olhava ao redor.
— Quer saber? Vamos pegar esse negócio e sair daqui. — Tessa afirmou com firmeza, pegando o frasco da mão de Steve e o enfiando rapidamente na mochila cor de rosa de Erica. Ela sabia que aquele lugar se tornava cada vez mais perigoso a cada segundo.
— Qual botão eu aperto, Erica? — Dustin perguntou desesperado, tentando inutilmente um dos botões que parecia não estar fazendo nada.
— É só apertar a droga do botão, nerd! — Erica respondeu com impaciência, a tensão crescendo a cada momento.
— Qual deles? Eu tô apertando o botão! — Dustin insistiu, seu tom ficando mais frenético.
— Aperta "abrir porta"! — Erica gritou, cada vez mais nervosa.
— Eu tô apertando "abrir porta"! — Dustin rebateu, apertando o botão com mais força.
— Anda logo! — Robin exclamou, sentindo o desespero crescer dentro dela.
— Dá pra vocês pararem com isso? — Tessa interrompeu, a frustração evidente em sua voz.
Steve, exasperado, começou a apertar todos os botões que via pela frente. — Ah, que ótima ideia apertar todos os botões que você nem sabe o que fazem. Parabéns, Harrington. — Tessa provocou, aproximando-se dele com sarcasmo.
— E você tem uma ideia melhor? — Ele retrucou, a irritação evidente.
Antes que alguém pudesse responder, Steve pressionou um botão que fez com que uma das portas se fechasse com um estrondo. A sala inteira tremeu violentamente, e em um instante de terror, eles perceberam que estavam caindo. O chão sob eles se transformou em um elevador, que despencava em alta velocidade, jogando todos contra as paredes. Erica soltou um grito de pânico, e Tessa, agindo rápido, puxou a garota para perto de si, segurando-se firmemente em uma das caixas enquanto o mundo ao seu redor parecia desmoronar.
— Aí, merda... — Steve resmungou, segurando-se como podia enquanto a descida vertiginosa continuava, o som ensurdecedor do elevador rasgando o ar. Tudo estava fora de controle, e eles não podiam fazer nada além de se segurar e esperar que a queda acabasse.
Bạn đang đọc truyện trên: AzTruyen.Top