Apego ilusório
Naquela mansão, externamente parecia abandonada, mas internamente tinha algo que chamava a atenção, além da poeira que tomou conta da mobília.
Lá havia o senhor piano que era tão antigo que quase todas as gerações da família Julius tocou-o ou ao menos arranhou as teclas fazendo um som de uma melodia sem ritmo. A senhora cama, é o móvel mais velho da mansão, pois oito gerações já haviam deitado a carcaça sobre ela.
Essa mansão é intrigante. Na enorme cozinha maluca, a cadeira rangia, os copos tilintavam, a mesa sambava, as lâmpadas piscavam, as colheres batiam na pia. Na sacada, os sinos soavam. Na sala, o piano tocava. No banheiro, o vaso sanitário dava descarga sozinho, os espelhos corriam pela casa e todas as portas e janelas fechavam e abriam em sincronia, coordenadas pela senhora cama. Assim todos os dias de manhã e de noite um som estrondoso soava pela solitária rua da Lembrança.
Os moradores acreditam que é alguma maldição, outros já creem que são os pirralhos da vizinhança que fazem aquele escarcéu de estourar os tímpanos.
Mas, a verdade se resume em um mistério, talvez, a revolta da casa pela morte do último membro da família, o senhor Pierre Julius, ele era muito apegado naqueles móveis e naquela velha mansão. Quem sabe, ele ainda não vive ali, sozinho, afundando cada vez mais na agridoce ambição.
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