No altar está Antônio, ansioso, suas mãos suam frio. Quando chegou o momento da noiva entrar, as portas de madeira com detalhes em dourado, se abriram. Ana caminha  acompanhada do seu pai. Mas, no meio do percurso Ana parou, o seu pai impulsionou para frente o seu braço para continuar a andar, mas ela largou o braço dele, encarou Antônio que está aflito no altar, a canção parou de tocar, os convidados, músicos e fotógrafos ficaram parados olhando para ela.

Neste instante, Ana tira o véu da sua cabeça, joga-o no chão. Com passos largos e um semblante furioso, foi até Antônio, encarou-o mais uma vez, depositou um beijo rápido em sua boca e falou:

_ Tu és meu único amor. Mas, a verdade é que não estou preparada, quero continuar sendo um pássaro livre, voando pelo céu, não quero ser a tua segunda opção. Resolva-se, Antônio!

Sem esperar respostas, Ana bateu o buquê no tórax do seu noivo, ele segurou as flores, ela se virou e se dirigiu à saída. Seu pai que estava parado no mesmo lugar que ela deixou-o, segurou-a pelo braço, mas com muita força Ana conseguiu se soltar, franziu o cenho, deslizou as mãos sobre o vestido e saiu apressadamente por aquela porta, sem mais nenhuma palavra. Todos os convidados ficaram surpresos com a ação dela e estavam cochichando.

Antônio ali ficou, sentou-se nas escadas do altar com o buquê nas mãos e chorou.

Chorou como nunca havia chorado, derramou lágrimas salgadas e velhas, porque já havia engolido tantos choros, não aguentava mais ser forte. Não sabia o que decidiria, com quem realmente ficar: amava Ana, mas desejava Maria.

Ele já estava farto de sofrer, de amar à primeira vista, de trocar olhares na rua, são encantos para os olhos, mas se apaixonar, se atrair por todas, é o mesmo que se iludir.

Mas de uma coisa Antônio tem certeza, escolherá a que toca o seu coração, levava-o para as nuvens, a que permitiu ele experimentar a afetividade e finalmente a peça que falta e que se encaixe em seu coração. Poderia tudo acontecer, mais desejava que fosse naturalmente.

Tem vezes que é necessário se restaurar, apagar as velhas histórias e iniciar uma nova. Nunca é tarde demais.

Antônio está se redescobrindo, depois de provar tantos sabores, continua à procura da sua alma gêmea.