A timidez e o amor
Toda tarde numa sala, havia cadeiras posicionadas formando um círculo e nelas estavam sentadas diversas pessoas que reuniam-se em constantes palestras acompanhados de médicos e psicólogos para trocarem experiências, conhecimento e alegrias.
Havia o senhor Luiz que tem o cigarro como companheiro por dezenove anos e é viúvo.
A senhora Danilla, proprietária de uma pizzaria é viúva também, depois que perdeu o marido, começou a fumar por exatamente seis anos.
A dona Esmeralda, dependeu-se dos cigarros por três anos, parou, mas, por motivos emocionais voltou a fumar, mas em vez de cigarros, atualmente degusta charutos há quatro anos.
Evellyn a mais nova, tem trinta e cinco anos, fuma a dez anos e toda noite bebe um cálice de vinho.
Carlos tem quarenta anos, fuma a doze anos e deixa a ansiedade tomar conta de si.
Jimmy é casado com Viviane, fuma a dezessete anos, apaixonado por flores, acredita que para viver tem que aproveitar dos prazeres da vida, sem restrições.
A dona Viviane de cinquenta anos, é casada com Jimmy, fuma por mais de vinte anos, mas luta para largar o vício, já que ainda nunca teve nenhuma doença, melhor parar enquanto é cedo.
São sete pessoas esforçando-se para largar o vício, assim como a fumaça se esvai, a saúde também.
Foram-se quatro anos de tratamento, onde todos estavam chegando próximos aos seus objetivos e em comemoração depois de uma complexa palestra, fariam uma atividade dinâmica: dançar.
_ Atenção, formem os seus pares. - anunciou a psicóloga, a doutora Andressa.
Todos sentados encaram-se, Jimmy levantou e agarrou a sua esposa Viviane, Evellyn formou par com Esmeralda, Carlos foi balançar o esqueleto sozinho, não resistiu a música agitada que contagiava conforme as batidas.
Agora um caso inusitado foi que ainda sentados, Danilla e Luiz ficaram trocando olhares, ela se encontrava com as bochechas coradas, as mãos suavam frio, os lábios levemente sorriam e o coração palpitava desde quando Luiz levantou da cadeira e se aproximava dela.
_ Me conceda esta dança, senhora? - falou Luiz estendendo suas mãos na direção dela.
_ Cla-Claro! - gaguejou Danilla e se posicionou para começar a bailar.
Todos felizes dançavam pela sala.
_ Você está bem? Suas mãos estão trêmulas. - perguntou Luiz num tom de preocupação.
_ Isso chama-se timidez. - respondeu ela com um leve sorriso.
_ Feche os olhos. - ordenou ele.
_ Porque? - questionou ela.
_ Confia em mim.
Então Danilla fez o que ele pediu.
_ Você é a mais linda flor que encontrei - depois de uma pausa continuou - e eu sou o beija-flor.
Ao acabar de falar Luiz depositou um pequeno beijo sobre os lábios de Danilla, que sorriu e corou as bochechas.
_ Você é poeta?
_ Quando era mais jovem, sim, fazia poesia de tudo. - ele sorriu e sussurrou - Danilla, já que estamos começando uma nova etapa de nossas vidas, largando esse vício, a senhora aceita viver o resto dos seus dias ao meu lado?
_ Estou cansada de viver sozinha, falar com os meus animais de estimação, sempre deixo a timidez me dominar. - depois de uma pausa, sorrindo continuou - Então, eu aceito.
Ao redor os médicos e psicólogos observavam os seus pacientes, alegres, cheios de vida interior e energia, tudo resultado de grandes e rotineiras palestras.
_ Agora dance suavemente comigo, feche os olhos e deixe eu te guiar. - disse Luiz abraçando Danilla que sorriu e ele continuou - Eu prometo te eternizar em meus versos até os últimos dias de nossas vidas!
Danilla mais uma vez sorriu e depositou um beijo na bochecha de Luiz, continuavam todos a dançar e dançar, até o momento que se cansaram e sentaram-se.
E lá estavam na mesma sala, sete pessoas com personalidades e características diferentes, mas que tinham algo em comum, estavam todos os dias unidos lutando pelo mesmo objetivo: largar o vício de fumar cigarros.
Uma nova fase de suas vidas iniciavam-se.
O amor está em todas os lugares, nos olhares trocados, nos beijos roubados e nos simples gestos. O amor está aqui e ali, no metrô, no ônibus, na rua, não tem idade certa para ele chegar, porque é uma chama que só nasce quando almas que entram em sincronia encontram-se.
Devemos nos arriscar as vezes para provar novos sabores e para ser feliz, se a queda for livre, saiba que você tentou e adquiriu novas experiências.
Viva.
Ame mais.
Desapegue do que te faz mal.
Liberte-se.
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