01. De Volta ao Lar

And if you like going places we can't even pronounce...

O barulho dos carros e o movimento rápido das pessoas nas ruas chamavam a atenção dos olhos negros. O caminho era conhecido, passava por ele todos os dias, entretanto ainda lhe chamava atenção.

A mão pequena envolveu a semelhante, porém maior, e, conforme segurou-a firme, enrolando seus dedos curtos em torno do local, o aperto em seguida fez com que a criança se sentisse segura e protegida.

Atravessaram a rua correndo e entre risos, quem visse de longe a cena um pouco boba era capaz de acompanhá-los nas risadas. Jimin não se assustou quando sentiu o filho soltar sua mão e correr para a tia, Jihyun, que já o esperava em frente à creche. A morena de cabelos longos estava ciente da situação e era a única além da mãe e do pai dele a saberem sobre Youngmin.

Quatro anos sem muitas notícias sobre Jeongguk, o jovem rapaz pouco ligava e quando falava com a mãe era minutos. Claro que Sunmi estava preocupada, mas com a chegada de Youngmin isso a deixava mais calma e menos estressada com o filho mais velho. Jimin todo esse tempo deixou que a família Jeon estivesse presente no crescimento de Young. Park ficava feliz por todo amor e carinho que ambos recebiam deles.

Entretanto, sempre que Sunmi tentava falar sobre Jeongguk, Jimin fingia que não ouvia. Não fazia por mal, apenas não queria saber do homem que poderia futuramente roubar seu filho, por isso, dentro dos quatro anos insistiu que não queria saber sobre o rapaz e muito menos qualquer ligação com ele. Porém já havia visto uma vez a foto do filho da Jeon, ele era bonito e notavelmente parecido com Youngmin.

Agora, vendo seu menino ser acolhido nos braços de Jihyun, seu coração apertou. Youngmin mostrou o dente mole para a tia, que o ajudou com a mochila.

Aproximou-se deles e lançou um sorriso verdadeiro para a morena.

— Você não vai se despedir do papá? — Youngmin correu para Jimin e o abraçou forte. O maior balançou seus fios pretos, abaixou-se e beijou a bochecha dele antes que o filho entrasse na creche. — Venho buscar ele às quatro.

— Ele está crescendo tanto, Jimin, MinMin é muito esperto. — Park sabia que tinha algo errado quando ela pegou algo no bolso de trás da calça. Ele pegou o papel e viu três bonequinhos desenhados, mas para a sua surpresa um deles tinha rabiscos no rosto como se estivesse chorando.

— O que é isso?

— Isso foi o que Youngmin desenhou. Estou preocupada com ele, Jimin, ultimamente não tem saído da sala e fica sozinho a maioria das vezes na hora do intervalo. Desde a festinha dos pais ele tem estado estranho, temo que esteja sofrendo bullying, mas ele não me fala nada. — Jihyun suspirou pesado. — Quando perguntei sobre esse desenho, o Young disse que era o papai dele e que ele estava chorando. Você... hm, falou do meu irmão pra ele?

Jimin sentia que tinha falhado com o filho, que tinha sido egoísta por muito tempo. Mas criar Youngmin foi uma decisão sua e agora tinha que arcar com as consequências. Queria sim ter um relacionamento, no entanto, quando pensava em Youngmin e que sua atenção seria dividida, escolhia sempre o filho, pois sabia que ninguém o amaria tanto quanto ele.

Jihyun tossiu, trazendo Jimin para a realidade.

— Desculpe, não falei sobre seu irmão. Eu vou conversar com o Young, ele está crescendo e deve ter percebido que os coleguinhas têm dois pais e ele não. Droga, era isso que eu temia — sentiu a garganta queimar. — Não quero que ele ache que por ter um pai a menos o amor é menor.

— Tudo bem, Chim. Só converse com ele sobre isso, Youngmin conta tudo pra você. Tenho certeza que ele irá se abrir — novamente a morena tossiu e o ômega encarou-a com preocupação.

— Você está doente, Ji, precisa se cuidar também.

— Eu vou. Aliás, hoje irei mais cedo pra casa e a Seulgi irá ficar no meu lugar e provavelmente amanhã também.

— Pode deixar, hoje não irei me atrasar para pegar o Young. — Jimin riu. A maioria das vezes chegava atrasado por conta do trabalho e era Jeon Jihyun que ficava com seu filho depois da aula, esperando-o.

Jihyun acenou para o pai do seu sobrinho e correu para a creche. Park sabia que ele estava lá mais precisamente por causa de Young, os Jeon's eram muito protetores, não que estivesse reclamando.

Olhou mais uma vez para a creche antes de seguir para o trabalho, mas a frustração também o acompanhou e não foi por um breve momento. O ômega estava preocupado com seu pequeno alfa.

[...]

Jogou a mochila sobre o sofá, cansada. Tinha pego um resfriado e agora precisava ficar longe da creche e se recuperar. Uma das coisas que odiava era ficar longe de Youngmin. Após sair e deixá-lo com Seulgi, quase quis chorar e abraçá-lo por horas.

O sobrinho lembrava muito Jeongguk, não era só o cabelo negro e os olhos incrivelmente escuros como universo. Era lindo. Mas Youngmin tinha herdado outra coisa do seu irmão, o cheiro e a teimosia.

Largada desajeitadamente no sofá, bufou, soltando um palavrão em seguida quando a campainha tocou. Com preguiça de levantar, gritou um "entre", a porta demorou um pouco para ser aberta e isso a alertou. Porém, não estava preparada para o que viu quando a mesma foi aberta. O homem alto de cabelos negros e um pouco longos fez com que a Jeon pulasse de onde estava e corresse para abraçá-lo forte

— Jeongguk! Mano! — Gritou a mulher, sentindo os braços do irmão ao redor do seu corpo. Quatro anos tinham feito bem para ele, que agora aparecia mais alto, forte e o cabelo longo caiu-lhe melhor ainda. Não parecia o adolescente encrenqueiro que era. — Senti sua falta.

— Eu também senti sua falta, pirralha. — A voz rouca e quase irreconhecível fez com que a Jeon soltasse um suspiro, ainda mais feliz. O rapaz soltou brevemente a irmã quando a mesma tossiu. — Não deveria estar trabalhando?

Jihyun fungou, voltando para o sofá.

— É verdade, mas peguei um resfriado e agora preciso me recuperar em casa. As crianças da creche são frágeis e poderiam ser contaminados. — Jeongguk assentiu.

Logo ouviu um barulho vindo da escada, o coração acelerou e teve medo de que ele parasse a qualquer momento. Esqueceu-se das malas na porta, nada mais importava quando seus olhos capturaram a progenitora descendo lentamente os degraus, distraída no celular. Ela ainda não tinha notado sua presença, mas não demorou muito para que seus olhos pequenos se erguessem e encontrassem seu menino.

Largou o dispositivo no chão em um ato não pensado, os olhos queimaram e as lágrimas brotaram facilmente. O choque dos corpos foi grande, a morena abraçava o filho tão forte quanto Jihyun fez minutos atrás. A saudade estava sendo exposta através daquele aperto e Sunmi sentiu o ar se esvaziar do pulmão aos poucos.

Ele segurou a mão delicada, levando-a aos lábios, selando delicadamente.

— Meu garoto. Meu menino. — Ouviu-a sussurrar. Era tão bom poder estar perto dela, ouvir sua voz rente ao ouvido, Jeongguk sentia que estava em paz.

— Senti tanto sua falta, mãe. Desculpa por ter ficado longe de casa por tanto tempo, mas agora eu voltei. — Sunmi sorriu graciosamente, arrochando o parto do abraço. Jeongguk pareceu ter amadurecido bastante e, ao olhá-lo com mais precisão, viu o quanto o neto parecia com ele.

Até mesmo o sorriso de "coelhinho".

— Ah, você pode ficar no quarto de hóspedes. Como não sabia que você voltaria pra casa tão cedo, não pude limpá-lo. — Mentiu. Na verdade, o quarto foi usado algumas vezes por Youngmin quando Park precisava ficar até tarde. Gostava de ter o pequeno pilantrinha que adorava mexer nas coisas de Jeongguk.

— Eu vim sem avisar, achei que seria uma boa surpresa. Não tenho problema em ficar no meu quarto, senti falta dele também. — Animado, o alfa pegou as malas e seguiu para o segundo andar. Antes que pudesse finalizar os degraus, Jeongguk parou e encarou a irmã mais nova. — Quer que eu vá no seu lugar amanhã? Você não vai melhorar de uma hora pra outra.

Jihyun ficou pensativa por um breve tempo. Talvez não fosse uma má idéia Jeongguk assumir seu posto e ajudar Seulgi, porém, logo veio-lhe a imagem do pequeno Youngmin.

Oras, sim, poderia ser um belo encontro de pai e filho. No entanto, o irmão mais velho sequer sabia que era pai e agora teria a chance de conhecê-lo.

— A Seulgi vai adorar ter uma mãozinha a mais.

***

Segurando a mochila do homem de ferro que estava pendurada em seu ombro, o ômega assistia o filho andar um pouco mais a sua frente como soldado. Se orgulhava de tê-lo carregado por nove meses e quatro dias, Youngmin era o que tinha de mais precioso, e não queria falhar com ele.

Lembrava das suas primeiras palavras, que não foram papai. O alfa resmungava breve palavras desconexas referentes ao desenho que assistia e após esperar meses, lá estava o dono dos fios negros chamando papa.

Foi reação em cadeia.

Obviamente registrou cada momento. Se era um pai bobão? Sim. Talvez muito.

Agradecia fielmente a Sunmi por ter o abordado e lhe dado a chance de ser pai de um garoto precioso. Entretanto, estava preocupado com seu menino e, depois do que Jihyun havia falado, sentia que poderia estar perto de falhar com ele. Era um ômega sozinho, sem marca ou um alfa com quem tivesse um relacionamento íntimo. Notava que algumas mães o olhavam descaradamente na creche, como se fosse um alienígena, às vezes até com pena, e era isso que odiava.

Foi uma escolha sua e não se arrependia de nada.

Suspirou, cansado e triste.

— Filho, você brincou com os coleguinhas hoje? — O menor não respondeu, continuou andando e olhando para as vitrines como se fosse a coisa mais importante. Contudo, Park sabia que era só mais uma tentativa de fugir da conversa. — Sua tia me mostrou o desenho. Quer conversar sobre ele?

— Não. — Respondeu sem dar a mínima para o progenitor.

— A Ji disse que você desenhou outro papa, mas por que esse papa tá chorando? — Somente então o menor parou e segurou a mão do loiro. Jimin resolveu pegá-lo no colo, mas, antes que o fizesse, o que ouviu do filho o fez parar.

— Porque Eunji disse que eu só vim ao mundo por causa de dois papais, mas que só tenho o senhor porque meu outro papai nos deixou. — O ômega admirava a inteligência da filha de Baekhyun, tão linguaruda quanto o pai ômega.

— Andou conversando com a espertinha. — Youngmin assentiu envergonhado. — Lembra do que conversamos, MinMin? É verdade que você tem outro papai, mas ele não sabe sobre você porque eu decidi criá-lo sozinho. Ele está longe, sim, mas não porque nos deixou, ele ao menos nos conhece. — O menino ameaçou chorar, abraçando o pescoço do ômega. Jimin engoliu em seco, sentindo a queimação na garganta.

Ótimo. Não chore na frente dele, seja forte. Pensou.

— E se ele estiver sozinho? — Park mordeu o lábio sem saber o que responder. Afinal, não conhecia o filho de Sunmi, sequer lembrava do seu rosto. Quatro anos se passaram e o rapaz poderia estar casado e feliz com sua família, logo não poderia chegar em sua porta e dizer que o filho queria conhecê-lo. Contudo, algo lhe dizia que não era só por isso que o menino estava triste.

— Eu sei que não é por isso que está triste, Young. É os coleguinhas da sua turma? Eles fizeram algo com você?

— Não, papá.

Park estreitou os olhos. Avistou o apartamento onde morava, e o porteiro assim que o viu abriu o portão rapidamente. As bochechas do ômega se tornaram um pouco vermelhas. Yugyeom era jovem e bonito, mas também dono de flertes. Não era algo que lhe incomodava, era bom saber que alguém se sentia atraído por si.

Passou por ele, ouvindo quando a voz do alfa sussurrou um "boa noite, senhor Park". Antes que pudesse entrar no elevador, encarou o porteiro.

— Yugyeom, gostaria de sair para beber qualquer dia desses? — Precisava de alívio, um pouco de álcool e uma boa conversa.

— Claro, senhor Park. — Respondeu ele, entusiasmado.

A caixa de metal fechou, cortando a visão de Jimin do moreno completamente feliz. Olhou para o espelho, podendo ver o filho quase dormindo. Céus, seu bebê agora era um rapazinho e merecia respostas melhores, no entanto, Jimin não sabia o que fazer.

O elevador abriu e Park se deparou com algumas caixas no corredor e um barulho no apartamento vizinho, em seguida uma loira muito bem conhecida com uma caixa na mão apareceu. Ela sorriu graciosamente, deixando o objeto no chão e vindo alegre em sua direção.

— Chim, acredita que o Soo conseguiu um trabalho no Japão? Eu sei que disse que não voltaríamos pra lá por causa da família dele, mas agora que vamos ter um bebê é a melhor coisa a se fazer. — Disse a vizinha, tocando a barriga sem volume.

— Mas vocês já vão embora? Vou sentir sua falta, Joy!

— Também vou sentir. Mas não se preocupe que logo outro vizinho vai ocupar o meu lugar, até já reservaram o apartamento.

Ótimo. Um novo vizinho. Esperava que não fosse alfa, Joy e Soo eram os melhores vizinhos e sempre faziam questão de ajudá-lo com Youngmin.

— Vou colocá-lo na cama e te deixar com sua mudança. Prometa sempre me mandar notícias, quero fotos quando a barriga crescer.

Joy assentiu. Jimin obteve ajuda da loira para abrir a porta. Youngmin se remexeu, aprofundando o aperto dos bracinhos no pescoço do pai, não querendo largá-lo. Entrou no quarto do filho, depositando-o calmamente na cama, quase concluindo o que pretendia até o menino abrir os olhos.

— Quero dormir com o papá. — Resmungou sonolento e manhoso. Apesar de não conhecer o pai de Youngmin ou lembrar da sua aparência, de algum modo sabia que ele parecia mais com o alfa do que consigo.

— Pode dormir com o papá, mas vá tomar banho primeiro enquanto vou fazer seu leite.

O malandrinho levantou rapidamente da cama, fazendo o ômega rir. Youngmin era como uma luz na escuridão, era o amor dele que o fazia enfrentar todos os dias os pais dos alunos da creche. Não era fácil ouvir os sussurros ou ser parado por ômegas, casados e marcados, para dar-lhe conselhos do que deveria fazer para o filho. Obviamente isso o incomodava, mas Jimin sempre tentou fingir que não e guardava tudo para si.

Entretanto, ele não sabia e nunca imaginaria que a sua vida estava para mudar na manhã seguinte.

[...]

O barulho do despertador pela manhã era uma das coisas que mais odiava, e, naquele momento, arrependeu-se de se oferecer para ir até a creche, principalmente porque ficaria em período integral.

Com muito custo, limitou-se a levantar da cama, precisava de pelo menos uma aparência boa para dar aulas. Jeongguk entrou no banheiro e encarou o rosto no espelho, quatro anos longe de casa e dos costumes o fez parecer mais velho e acabado. Apesar de ter o carinho da mãe ao voltar, sentia que algo estranho estava acontecendo, a começar pelo quarto.

O cômodo tinha um cheiro parecido com o seu, a cama forrada com lençóis de heróis e as prateleiras — onde deixara seu livros — agora estava com uma coleção de bonecos. O guarda-roupa tinha figurinhas na porta e não queria se lembrar das roupas minúsculas que encontrou, tinha plena certeza que nenhuma delas foi sua quando criança. O quarto também tinha um cheiro de ômega, era muito difícil de farejar, mas estava lá.

Também notou que Sunmi ficava nervosa quando mexia nas coisas, como quando tentou pegar um álbum de fotos e a morena logo se aproximou, pegando ligeiramente da sua mão.

Frustrado e ainda sonolento, tomou um banho rápido e arrumou-se. Iria chegar atrasado caso parasse para tomar o café da manhã, Jeongguk queria causar não só uma boa impressão para os alunos, mas para os pais também. Com os materiais em mão que sua irmã fez questão de explicar na noite anterior, organizou tudo e saiu do quarto. Ao descer para o segundo andar e ouvir os pais rindo de algo que Jihyun mostrava no celular, Jeongguk chegou de mansinho para também poder ter a visão do tanto lhes causava risos.

— Olha essa, ele gostou do travesseiro de One Piece. — Jihyun comentou, porém, assim que ela sentiu a sua presença, desligou a tela do celular. Ótimo. Todos estavam agindo estranho. — Ainda está aqui? Vai chegar atrasado, seu bastardo!

— Vou pegar um café na lanchonete aqui perto, não vou demorar. — Resmungou.

— Seja bonzinho com eles, a Jihyun sempre faz brincadeiras, canta uma música. Nada de fazer as crianças chorarem, Jeongguk. — Quando mais novo, especificamente na adolescência, o alfa tinha um dom de assustar as crianças e de fazê-las chorar. Lembrando disso, bufou.

"Que culpa eu tenho se elas são sensíveis demais?." Pensou.

— Não vou. Se caso alguém brigar, posso colocá-los no armário do zelador? — Brincou e a irmã mais nova jogou a colher no alfa. — Eu tava brincando, Ji. Preciso ir.

Jeongguk beijou a bochecha da mãe, seu pai estava sério e não fez questão de falar nada. Ligou a música no carro apenas para relaxar antes de passar o dia todo ouvindo crianças gritando no seu ouvido. Estacionou o carro perto da lanchonete e entrou, já tinha ido naquele estabelecimento quando ainda morava na Coreia, mas agora muita coisa tinha mudado lá também desde que esteve ali com Yoongi.

— Jimin! O Youngmin saiu pelos fundos, vá levá-lo para creche, eu assumo daqui. — Jeon não viu rosto do ômega, afinal, ele estava de costas, colocando algumas bebidas na geladeira atrás do balcão. A única coisa que conseguiu ver foi uma cabeleira negra correndo rápido demais para que seus olhos pudessem capturar a imagem dele, mas sabia que era uma criança alfa. E, ainda sem poder ver a face do tal Jimin, Jeon sentiu o cheiro de morango.

Ah, já senti esse cheiro antes, pensou.

— Você quer alguma coisa? — Um senhora baixinha se virou em sua direção, mas a atenção dela era total para o ômega loiro, que saiu como um furacão, correndo atrás da outra pessoa que a mulher citou.

— Capuccino, por favor — Jeongguk olhou um pouco apressado para o relógio no pulso. Dez minutos atrasado, Seulgi iria matá-lo. Se as crianças não fizessem primeiro. O pedido foi entregue por outra pessoa que Jeon conhecia muito, o ômega de Minho. Ele não disse nada, mas o sorriso ladino dizia tudo. — Obrigado, Taemin.

Quando Jeongguk entrou novamente no carro, pôs-se a ir mais rápido. Tinha aprendido muito fora da Coréia, talvez ainda tivesse um pouco do Jeongguk adolescente que só pensava em curtir, mas agora conseguia olhar as coisas de outras formas. Foi preciso estar longe da família e dos amigos para poder amadurecer. No entanto, não se arrependia de ter formado o plano com Minho para fugir das garras de Sunmi, que insistia para ele ter um filho na época e isso na sua cabeça de jovem mimado era um absurdo. Agora, era um homem que podia arcar com as consequências. Talvez.

Apesar de não se arrepender de ter partido, Jeon sentia que tinha perdido muita coisa. Ele ainda não sabia qual era e se ainda poderia recuperar.

Quando avistou a creche em que Jihyun trabalhava, suspirou pesado, tentando achar uma vaga para seu carro. Não estranhou não ver praticamente nenhum pai por ali, afinal, estava atrasado. Pegou a maleta antes de sair do automóvel e inspirou fundo antes de atravessar os portões.

Um pouco perdido, mesmo que sua irmã tivesse lhe dito a sala, Jeongguk só teve a certeza quando encontrou Seulgi na porta, como se estivesse procurando por alguém. Assim que a morena o avistou, ela sorriu animada, vindo ao seu encontro.

— Está atrasado, bastardo! Venha, as crianças já estão na sala, vou deixar que elas se apresentem. — O alfa assentiu, seguindo-a. Antes que pudesse entrar na sala, sentiu um cheiro ridiculamente parecido com o seu, forte e puro. Aquilo fez seu lobo interior ficar incomodado, o que deixou o Jeon confuso e frustrado. Seu lobo não se incomodou por não gostar e sim por se sentir acolhido, como se conhecesse a tal pessoa. — Hey, sentados. Hoje eu quero apresentar um professor substituto temporário da Jihyun, ele também é irmão dela e irá ficar conosco enquanto ela se recupera da gripe.

Jeongguk pareceu esquecer onde estava e o porquê, e farejava loucamente e insistentemente aquele cheiro acolhedor, que não entendia por que o seu lobo o reconheceu.

"Por que? Por que esse cheiro é tão bom?" — pensou.

E foi então que encontrou um par de olhos negros e intensos, como se carregasse o universo com eles. Um alfa. Ele estava na antepenúltima cadeira da segunda fileira, longe o suficiente para que Jeongguk se perguntasse por que aquele cheiro estava espalhado no seu quarto.

E por que... se parecia tanto consigo?

O menino o encarou de volta, curioso e atento, e Jeon percebeu que ele discretamente farejava o seu cheiro.

— Jeongguk, não seja tímido. Se apresente para os alunos. — Disse Seulgi, trazendo-o de volta e o tirando do transe que entrou ao encarar aquele garotinho.

— Ah, oi, pivetes. — Falou em um tom leve, contendo a voz rouca para não assustá-los, como tinha o costume. Coçou a parte de trás do cabelo, um pouco tímido quando percebeu que todos o olhavam animados. — Sou Jeon Jeongguk, o professor temporário de vocês.

Embora seu esforço em desviar o olhar daquele garoto obteve sucesso, Jeongguk não conseguiu mantê-lo longe por muito tempo. Voltando a olhá-lo intrigado, podendo ouvir os sussurros dos colegas de classe dirigido a ele.

"Não queremos você aqui."

O menino abaixou a cabeça, fingindo não ter ouvido nada. Porém já era tarde, pois Jeongguk estava ciente do que aconteceu. 

Opa opa amores. Espero que tenham gostado do capítulo. Muito obrigado pelos votos e comentários do capítulo anterior, não esperava que alguém fosse gostar, mas obrigado pela força que deram. Vou tentar atualizar o mais rápido possível ^_^

esse é o Youngmin

Até o próximo capítulo amores <3

Bạn đang đọc truyện trên: AzTruyen.Top