~~ {Narrador p.d.v} ~~

Os dias foram se passando, Licilen começou a treinar com Slug em uma sala especial dentro do laboratório. A mesma estava presa pela cintura e pelos pulsos por algemais metálicas que estavam grudadas a uma parede de metal bem resistente, enquanto outra parede de metal vinha em sua direção tremendo um pouco, sendo impedida pelas pernas de Licilen que se esforçava muito, para evitar ser esmagada. Além do que havia uma energia branca, quase imperceptível passando por suas pernas, como se fosse uma cobra se enrolando, a energia ia até à sola de seu pé. Ela podia sentir seus ossos estalando dentro de suas pernas, se não fosse à magia que estava usando para curar na mesma velocidade que os ossos rachavam, pois, provavelmente alguma coisa já teria se partido. Do outro lado da sala mais afastado, de frente para um painel com muitos botões e uma ou duas alavancas, havia Slug que olhava tudo com uma expressão séria, por trás do seu saco de papel.

–Apenas isso que consegue?–Perguntou próximo de um pequeno microfone que reproduziu sua voz no cômodo todo.

–N-Não!–Respondeu Licilen com há voz um pouco baixa, levantando o rosto para cima, puxando o ar com força para seus pulmões. Ela continuava empurrando as pernas para frente, torcendo para manter a prensa na distância que ela estava, além de estar tentando ao máximo garantir que sua magia permanecesse no absoluto controle, afinal era o que mais mantinha ela intacta e era a coisa mais destrutiva daquela sala.

Slug soltou um suspiro, por trás de toda sua postura séria e fria, seu coração batia um pouco desregulado, embora tivesse certeza que aquele treino estava mais do que seguro para sua filha, não estava livre do perigo, pois afinal ela ainda teria que se machucar um pouco com aquilo, mas não era nenhum tipo de risco a sua vida. Ele estava no controle da prensa e conhecia sua filha e sua instabilidade.

–P-Pai! A-A gente pode p-parar um pouco?!–Perguntou sem olhar para Slug, se olhasse talvez pudesse se distrair e a mesma não queria arriscar. Slug pensou por um momento e então mexeu em um botão do painel, logo a prensa emitiu um som um pouco alto de ar comprimido sendo liberado, a prensa começou a se afastar e Licilen aproveitou para soltar um suspiro aliviado, deixando seu corpo amolecer. Slug caminhou calmamente até ela. Quando ele estava do lado de Licilen, a mesma levantou sua cabeça para olhar para ele.

–Fui bem?–Perguntou baixinho e Slug acariciou suavemente o topo da cabeça dela.

–Foi ótima, Licilen–Disse vendo um sorriso largo se abrir no rosto de sua filha. Ele a pegou com cuidado no colo assim que as algemas de metal saíram e soltaram à mesma, que se não fosse por Slug, ela teria caído no chão devido ao cansaço.

–Quer fazer um lanche antes de descansar?–Questionou enquanto andava para fora da sala, levando Licilen.

–Huhum...To morrendo de fome–Disse baixo, com sua cabeça deitada no ombro esquerdo de Slug. Os dois não disseram mais nada, apenas seguiram para a cozinha. Ao chegar na cozinha Slug deixou Licilen sentada em uma cadeira e assobiou para um Hat bot pequeno, que andava em uma roda, seu corpo era meio quadrado, o mesmo possuía um chapéu e avental de cozinheiro, logo esse pequeno bot se aproximou rapidamente dos mesmos.

–Comida! Comida!–Licilen disse batendo na mesa com suas mãos, logo os olhos do robô piscaram e ele começou a cozinhar rapidamente, com alguns braços saindo de compartimentos que abriram de seu corpo, para ajudá-lo a preparar tudo rapidamente.

–Aproveite o seu pequeno intervalo, você voltara ao treino daqui a 40 minutos–Informou Slug com um tom sereno na voz.

–Tla bou!–Respondeu enquanto já devorava algumas batatas fritas que o robô deixou próximo a ela, ela enchia a boca sem ligar muito para os bons modos. Slug suspirou, mas apenas a deixou comer em paz, ninguém estaria olhando à mesma de qualquer forma, além de que, ela era apenas uma criança. O Hat bot continuou cozinhando, preparando mais algumas coisas para a Licilen, o bot preparou uma salada cheia de legumes e verduras, uma salada de frutas, acompanhado com sorvete de framboesa, feito da fruta mesmo, um pudim de chocolate, fritou mais batatas, uma porção de nuggets, uma pizza pequena, cortada em quatro fatias de quatro queijos. Slug apenas desviou o olhar e começou a sair da cozinha.

–Vou arrumar algumas coisas na sala de treino...Assim que terminar volte para lá no termino do intervalo, esta bem?–Disse na porta da cozinha, olhando para Licilen que concordou rapidamente com a cabeça. Ele saiu, e Licilen continuou comendo, uma aura de energia começou a se manifestar pelo seu cabelo, levitando algumas mechas.

–Gracias Bot!!–Disse sorrindo para o robô, que emitiu alguns sons com uma leve coloração nas bochechas metálicas, se isso é de alguma forma possível, logo após isso Licilen pegou uma fatia da pizza e deu uma grande mordida na fatia. Ela ficou quase todo seu intervalo ali até terminar de comer tudo que o Chefe Hat bot havia preparado para ela, depois disso, ela ficou sentada ali na cadeira por alguns minutos.

–To cheia...–Comentou em voz alta, com há barriga um pouco inchada e um sorrisinho contente em seu rosto, enquanto balançava os seus pezinhos suavemente. Logo os olhos da mesma começaram a pesar e não demorou muito para ela cair no sono. O bot olhou para a Licilen por um instante enquanto limpava a louça suja. Após lavar e guardar a louça ele foi até a pequena Licilen e a balançou, seu intervalo tinha acabado de terminar e ela precisa retomar o seu treino. A garota resmungou e abriu os olhos.

–Já acabo?–Perguntou e o bot concordou com a cabeça e assim que o sono sumiu ela pulou da cadeira saindo correndo pra sala de treino.

~~ {Licilen p.d.v} ~~

A CADA UM MINUTO DE ATRASO ELE ADICIONA 15 MINUTOS NO MEU TREINOOO!! Eu corri o mais rápido possível para a sala de treino, rezando para chegar no horário correto. Meu pai odeia, ODEIA MUITO ATRASOS, então ele aplicou essa punição no meu treino, pois eu algumas vezes já me atrasei muito sem querer.

–Atrasada–Ouvi assim que abri a porta da sala de treino e entrei caindo no chão com tudo, suspirei em derrota.

–Droga...–Murmurei me levantando e olhei para cima, vendo meu pai de braços cruzados. Respirou fundo bufando e apontou para a parede de metal, a qual eu deveria ir e eu apenas fui meio envergonhada.

Logo fui presa à parede de metal e a prensa veio absurdamente rápido até mim. Pelo susto já coloquei minhas pernas para frente e fechei firmemente meus olhos, tentei levar minha magia pelo meu corpo, a fazendo fluir pelos meus pés. Abri os olhos novamente, estática pelo barulho alto de estática percorrendo a sala, logo outro barulho meio morto soou, indicando que a luz caiu, por tanto também sou solta da parede e acabo caindo sentada no chão, mas não ligo muito.

–O-Opa...E-Eu acho que exagerei–Falei sentindo meu rosto começar a queimar de vergonha. Logo senti uma forte energia se manifesta pela sala e então como uma luz em meio à escuridão meu pai apareceu do lado do meu pai Slug. Abaixei um pouco o olhar, envergonhada.

–Vocês estão bem?!–Perguntou preocupado e olhou para mim e depois para papi.

–Está tudo bem White, Licilen apenas sobrecarregou a luz, eu já resolverei isso–Respondeu de forma séria e então meu papa suspirou aliviado, olhei para eles tentando engolir minha vergonha.

–D-Desculpa–Disse e logo abaixei a cabeça de novo, fiquei olhando para baixo, ali no chão, estava me sentindo uma boba por fazer isso.

–Não se preocupe!–Ouvi de repente, a voz parecendo muito próxima de mim agora e então para me deixar totalmente assustada, meu papa me pega no colo e me abraça forte.

–Você não precisa se preocupar com isso Licilen–Se pronunciou meu papi Slug enquanto vinha para perto de nós.

–Isso mesmo, eu mesmo já fiz isso algumas vezes–Admitiu soltando um riso baixo e eu olhei para eles piscando.

–S-Sério?–Perguntei.

–Eu confirmo, agora pare de abaixar sua cabeça, você é muito mais que isso Licilen–Disse segurando meu rosto e mesmo que o saco de papel não deixasse eu ver, eu senti ele sorrir para mim.

–Hehe, valeu–Agradeci sorrindo, senti lágrimas se formando por meu direito, foi difícil mais as lágrimas conseguiram passar por meus óculos e escorrer pela minha bochecha.

–Não chore minha filha–Pediu meu papa White, secando minhas lágrimas delicadamente, senti o tecido de sua luva passando por minha bochecha com muito cuidado, soltei um riso com isso, às vezes ele parecia ser muito preocupado, como se eu fosse de porcelana.

–Vocês dois deviam fazer algo para se divertir, eu tenho que cuidar da luz–Falou sério meu papi Slug e soltei outro riso, ainda um pouco envergonhada, já que eu não esperava que ainda fazia isso. Eu ia falar algo, mas um formigamento forte começou no meu olho esquerdo e então uma enorme coceira, tentei coçar minha pele em volta da área do olho tentando amenizar a coceira.

–A-Ai! Ta coçando!!–Disse começando a sentir a coceira piorar e então começou a queimar.

–Slug!!!–Ouvi meu papa parecendo muito preocupado.

–Coloque ela na cama agora!!–O ouvi dizer apressado enquanto se afastada a passos acelerados.

Eu comecei a parar de notar o que ocorria ao meu redor, comecei a puxar o ar depressa, estava tudo ficando muito frio ou era só impressão? Meu corpo parecia mais frio, embora o meu olho ainda queimasse, mas a dor era tanto que parecia que minha consciência estava indo embora, me impedindo de gritar em meio à dor intensa.

Logo tudo...Só apagou

                               (...)

Abri os olhos calmamente, olhei em volta, estava tudo muito embaçado, no fundo, parecia que vozes começaram a surgir, aos poucos elas começaram a ficar mais altas e mais fáceis de entender.

–Lili! Você esta bem?!–Perguntou uma voz feminina, tia Clemência? Sim, definitivamente era ela, só ela me chamava de Lili.

–Clemência, por favor, não fique cutucando o vidro!!–Reclamou zangado, meu papi Slug sem dúvidas.

–Vamos manter a calma, por favor–Pediu gentilmente meu papa White. Minha visão ainda estava embaçada, mas eu ouvia com clareza eles, minha família. Eles estavam aqui há quanto tempo? O que aconteceu mesmo por falar nisso? Por enquanto acho que vou deixar essas questões sem resposta.