Capítulo 4
Rachel Roth /Rae
Budhaven, 02 de fevereiro de 2019.
Após levar seu amigo para pegar o carro de volta, Rachel não teve como fazer mais nada, pois o homem se recusou a ir pra delegacia.
Vitor Stone era dono de uma ONG que prestava auxílio a jovens, sendo assim, ele não acreditava que por meio da prisão o garoto fosse melhorar, muito pelo contrário.
— Tem certeza que não quer nem mesmo dar queixa de tentativa de assalto? — ela pede olhando mais uma vez os ferimentos de Vitor, desta vez checando a visão dele.
Havia perdido sua irmã gêmea a quase seis meses atrás. Sua mãe havia a sido tirada a menos de um mês.
Rachel estava sozinha e não tinha com quem contar. Na verdade, ela estava com medo e sem ter a quem recorrer no menor sinal que tivessem a encontrado perdia seu chão.
Ao saber que Vitor foi levado, ela não pensou muito antes de sair disposta a colocar a cidade de cabeça para baixo para encontrá-lo. E mesmo que Richard a olhava como quem queria respostas, ela iria se ater ao básico e não daria maiores detalhes, pois caras como ele só a deixariam mais e mais enrolada em problemas.
— Você então é uma agente de empregos, Hmn? — o detetive começa a falar a fazendo olhá-lo de cima a baixo.
Por ser filha de quem era, todos tentavam ao máximo ajudá-la para não terem problemas futuros, desta forma Rachel ia ajudando ali e aqui e quando se deu conta, tinha prestado ao longo dos anos favores a toda a cidade, aproveitando que tinha um ótimo salário e necessidade nenhuma de usá-lo.
Uma ideia que se mostrou muito burra, pois se tivesse mantido o dinheiro guardado, não estaria no rolo que estava atualmente.
— Eu ajudo as pessoas e elas me devem favores. Só isso. Não faço nada de ilegal.
— E por que mesmo você não pediu na delegacia que alguém localizasse o carro do seu amigo? — Grayson a pergunta sendo filmado pela produção.
Eles estavam cientes que poderiam vir a brigar e não perderiam a oportunidade de filmar aquilo. Como os abutres que eram.
— Vitor não gosta de envolver a polícia no que diz respeito a jovens infratores. Como eu conheço todo mundo, pedi um favor e me fizeram... — mentindo descarada Rachel usa o que tinha para desconcertar o detetive.
Jogando sua farda para trás, onde o câmera os filmava, ela foi na direção de Richard que travou por completo, prendendo até mesmo sua respiração enquanto ela procurava o cinto de segurança dele, o colocando e voltando ao seu lugar, fingindo não escutar as buzinas lá fora.
— Não se esqueça de dar o exemplo — Rachel Roth disse, fazendo-se de inocente, também colocando seu cinto.
Havia dado ao homem uma ótima visão dos seus seios, que ela preferiu deixar sem sutiã, pois havia tido suas costas queimadas como segundo aviso dias antes.
— Não se esqueça de vestir sua farda direito. Está em horário de serviço, oficial Roth — Richard Grayson devolve de maneira bem cômica.
Já que ele estava parecendo um cão de padaria vendo os frangos assados na vitrine de exposição.
Só não o responde com uma piada sobre como Richard se portava, pois Jinx a dona da joalheria que Rachel emprestou um dinheiro uns anos atrás, retornou a chamada que a fez mais cedo.
— Hey! Tá ocupada? — saúda a mulher ignorando os olhares do detetive.
— Que nada! Precisa de alguma coisa?
— Aqueles piercings de prata, ainda tem? — sonda a mulher que parece feliz.
Sim, porque havia tirado uma foto usando eles para o portefólio de Bee, das novas peças de verão e por estarem já postando prévias dos ensaios o número de pessoas que correram atrás do piercing deixou Jinx muito contente.
— Gata! Tudo que você quiser! Depois do post no insta, tudo mudou! Juro por Deus! Brotou gente do chão atrás deles...
— Nossa! Vai precisar de mais alguém por aí imagino — Rachel Roth entra no assunto pensativa.
Enquanto isso Richard quase bateu o carro ao ver que ao contrário de meses atrás, Rae tinha agora piercings no bico do seu peito, notável graças a atenção extra que ele dava a sua camisa regata branca.
— Vai continuar a postar fotos no insta da Bee com minhas joias? — Jinx a questionando séria recebe risadas da policial.
— Se quiser te mando os esboços dela, você seleciona as melhores peças para cada um, eu uso, tiro as fotos e devolvo, dessa vez marcando você nos posts, que tal?
Escutando gritos e sons de concordância, Rachel continua a ignorar o detetive dirigindo até que chega perto da delegacia.
Onde pega sua farda e a coloca em si, se arrumando ainda dentro do carro.
— Vou contratar mais duas então!
— Ótimo! Tenho sugestão de quem poderia ocupar uma vaga... — ela começa a dizer equilibrando o telefone entre o ombro e ouvido, abotoando sua farda.
Prendendo seu cabelo num coque, volta a colocar seu quepe e sai do carro conversando com a velha conhecida que até mesmo já previa parcerias de coleções para as próximas estações.
Depois disso não houve mais movimentações na delegacia, até que o final do expediente ia chegando e Rachel, decidida a ser adulta foi até a mesa de Grayson que não parava de fazer relatórios.
— Com licença, está muito ocupado? — Rae o perguntando calma é ignorada.
— O que quer? — o detetive Grayson falou direto sem nenhuma cortesia.
— Queria dizer que amanhã farei um jantar na minha casa, gostaria de saber se você vai...
— Não. Estarei ocupado — Richard Grayson, que deveria prever o futuro, pois ela não tinha outra coisa a pensar, respondeu depressa.
— Ótimo, perguntei por educação, não faço questão da sua presença — Rachel ralha com o homem que a olha de cima a baixo.
— Não gosto de disputar atenção de ninguém, só for fazer algo para seu parceiro apenas e somente, me avise e eu irei.
Espumando de ódio ela não consegue conter um rosnado baixo que a escapa o fazendo sorrir.
— Mais alguma coisa? — Grayson a questionou terminando de assinar seus papéis.
Tirando seus olhos de Rachel que sentiu-se muito mais calma sem ele a palmeando de cima a baixo.
— Babaca — ralha baixo saindo de perto daquele imbecil.
Como um homem tão nojento poderia ser tão bom no que fazia entre quatro paredes?
— Ainda sim insuportável. Por isso vive sozinho... — pensando consigo mesma vai para area dos novatos que conversavam entre si.
— Ouvi dizer que chegaram umas drogas novas nas ruas — Jones começa o assunto fazendo Rachel ir até onde havia deixado sua garrafa de água na geladeira.
Apenas disfarçando pra ouvir a conversa melhor.
— Todas elas tem símbolo de um pássaro negro pelo que vi. A narcóticos já entrou no caso e está tentando descobrir de qual a facção que as drogas pertencem — Jessie falando sobre o caso faz Rae largar sua garrafa antes de escutar vozes a chamando ao longe, tornando-se mais baixas até que finalmente se silenciaram, restando a ela apenas a escuridão.
Ao acordar, sentindo uma dor enorme em sua cabeça, Rae se viu no galpão que visitava todas as noites em seus pesadelos.
Na área portuária, o lugar que cheirava a morte e todo tipo de merda, conseguiu ver um corpo nu e quase sem vida sendo arrastado até ela, junto de dois homens armados.
— Finalmente acordada! Seu pai disse que a puta da Zoe tentou o culpar por roubar o Reese, ficando com a grana para ela... — um dos homens avisa a Rachel jogando uma mulher coberta de sangue próximo dela, que grita em desespero.
Haviam tirado toda a pele do rosto de sua gêmea e no lugar de sua boca não havia só o maxilar aberto e nada de olhos, além dela está nua, coberta por hematomas e queimaduras.
Desesperada, sua irmã tentou a segurar, mas Rachel apenas se afastou, vomitando tudo que tinha em seu estômago, horrorizada com o que o pai delas havia feito a própria filha.
— Ele disse também que era pra deixá-la ciente do que em casos de traição acontecia... — o homem disse fazendo sinal para alguém detrás da Roth.
Antes que pudesse se aproximar da irmã, Rachel sentiu alguém a puxar pelos cabelos com força, arrastando para longe de Zoe, antes de jogá-la de cara no chão, rasgando sua camisa.
— Não encosta em mim! Me solta agora! — Rachel Roth exige antes de sentir a primeira pontada de dor, seguido por alguém rasgando sua saia.
Para a castigar na infância, seu pai a dava chicotadas e dessa vez havia mudado o chicote, colocando pedaços de metal aquecido na ponta que a queimava em contato com sua pele.
A fazendo gritar como nunca de dor, de calcinha e nada mais cercada por quatro homens desconhecidos.
Ao terminar as chibatadas, o homem a mando do monstro que ela tinha por pai, ainda a queimou a ferro na cintura, o mesmo símbolo que as prostitutas da facção Irmãos de Sangue usava e novamente a puxa pelo cabelo, a tempo de ver que sua irmã se arrastava para tentar alcançá-la, uma vez que suas pernas haviam sido quebradas.
— Deixem ela em paz! Saiam de perto dela! — Rae repreende aos homens que a acompanhava divertidos, a cutucando com suas armas e até mesmo pisando com crueldade.
— Vê isso? É o que acontece com quem se volta contra a família. Não seja burra como ela e a puta da sua mãe — o braço direito de seu pai, Zaccharo a diz no seu ouvido antes de começar a sufocá-la num mata leão e mandar os homens terminarem o serviço.
Incapaz de fazer alguma coisa, Rachel apenas assistiu os homens atirarem na sua irmã e mesmo lutando o máximo que podia, apagou pedindo perdão a Zoe por não ser forte o suficiente para salvá-la.
— A ambulância está a caminho... Grayson, você vai ou quer que eu vá? — a voz feminina pergunta ao detetive que deveria estar por lá.
— Claro que eu vou. Ela é minha parceira, não deveria ter deixado ela fazer a ronda a pé — ele falando preocupado a faz levantar irritada.
— Como se você desse a mínima, detetive. Podem se afastar? — pede a todos ao seu redor preocupados.
— Deita, você não está bem — Grayson tenta a fazer voltar a deitar sem sucesso.
Se colocando de pé contra a vontade dele, a oficial apenas pega sua garrafa, joga a água no seu rosto, tomando cuidado para molhar só a pia, bebendo por fim o líquido.
— Não foi nada...
— Você apagou por cinco minutos, como assim nada? Quando foi a última vez que comeu? — Richard Grayson a reeprende fazendo todos os outros presentes saírem, os deixando a sós com a produção.
Fazia três dias que Rachel não comia mais que uma barra de cereal por dia, mas tinha fé que fosse bastar.
Vendendo a sua casa, levantando o dinheiro que precisava pagaria a dívida de sua mãe, a receberia de volta e então poderia refazer sua vida, mantendo sua mãe longe de problemas.
— Ontem — mente para o detetive que a olha sério.
— Vamos lá. Do outro lado da rua tem uma lanchonete...
Agora era queria bancar o bom moço na frente das câmeras? Nem fudendo.
— Não quero. Vou me organizar e sairei em meia hora... — Rachel Roth avisa antes de ir pra fora da cozinha e ir para os vestiários, onde pegou suas coisas para tomar um banho.
Como o único lugar que tinha paz e segurança era na delegacia, pediu aos novatos que trouxesse seus itens de higiene, shampoo condicionador, cremes, máscaras, prancha e secador para que se arrumasse e de lá fosse pra qualquer lugar.
Inclusive para a casa de Vitor, jogar videogame e tomar umas cervejas para comemorar seu primeiro dia de trabalho.
Já que para todos os efeitos estava muito feliz e ninguém poderia saber o que estava passando, não toda a situação por completo.
Muito obrigada a todos os que leem.. Se quiserem falar algo, deixe seu comentário, toda crítica construtiva é bem vinda.
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