Capítulo 3

Richard Roth / Asa Noturna
Budhaven, 02 de fevereiro 2019.

Sentindo-se um idiota, por de maneira tão estúpida ter achado que Rachel estava com algum interesse romântico nele, Richard Grayson dirigiu por algum tempo até finalmente a achar dando informações a um casal de turistas em francês.

— Ela até mesmo fala francês. O que faz como uma simples cadete? — Dick pensa alto enquanto a observa.

Rachel estava furiosa, com toda razão, mas não podia apenas andar dez quarteirões e depois voltar a andar mais dez quarteirões para chegar a delegacia. Seu ódio não era o bastante, pois ela era pequena e decerto armazenava pouca coisa dentro de si. Ao menos no quesito emoções, porque no resto... Bem, ela conseguia fazer coisas que muitas mulheres não conseguiam.

— Para de pensar em sexo. Ela nem sequer se importou com aquela noite. Foi coisa pouca pra ela... Será que eu deixei alguma coisa a desejar? — continuando a falar sozinho fica indignado com aquela possibilidade.

Por respeito àquelas habilidades únicas que Rachel possuía entre quatro paredes, ele aguardou que, tivesse bem cansada para a oferecer uma carona, o que não aconteceu, pois num segundo Rachel Roth estava bem na sua frente e no seguinte não a encontrava em lugar nenhum.

Refazendo o caminho para a delegacia, não a viu em momento algum e só alguns minutos depois que chegou Rachel também chega, diferente de como foi vestida.

Seu uniforme havia sido aberto três botões, exibindo sua camiseta branca por debaixo, o batom não era um brilho transparente, sim um vinho bem fechado que dava a boca dela destaque o suficiente para que Richard precisasse cortar o contato visual para não querer beijá-la. Além do cabelo que, puta merda.

Estava solto, com suas ondulações visíveis, não liso como as mulheres lá usavam, que só não a deixava como esteve na noite em que se conheceram muito selvagem, pois ela colocou seu quepe, além dos óculos escuros que a davam um ar de policial sexy. Não pouco, muito sexy.

— Quais as chances de ser processado pro assédio se for até ela e pedir que faça meu pau de pula-pula e sente com toda sua vontade? — Roy Harper questiona aos demais homens que apenas a olham em silêncio.

A mesma chance que ele tinha de ir lá e levar um tapa na cara pelo seu comportamento de mais cedo, talvez. Na verdade, tinha até mais chances que isso. Era algo do gênero, tão certo quanto a morte chegar para todos.

Como a produção vinha atrás, a segunda equipe a gravou de frente e a de apoio foi até eles, pedindo que os desse seu depoimento para serem liberados provisóriamente das gravações.

— Por mim, ok — é tudo que Richard Roth responde.

O seu pau estava já prestes a dar sinal de vida, olhando feito psicopata para ela, sendo assim precisava de outra coisa para ocupar sua mente.

Uma coisa que pouca gente sabia?

Nada enfurecia mais Dick Grayson que a ideia de mentir sobre algo que sentia.

Quando ele a disse que “Não existe "nós", tá legal? Eu sou detetive Grayson e a senhora oficial Roth! Ponto final! Não vou render conversa a você porque tivemos alguma coisa!" nada daquilo era verdade. A única verdade era que a mulher estava metida com o que não devia e ele não podia apenas fechar os olhos para aquilo.

Ficar amigo de criminosos era errado, dormir com criminosas era loucura e começar a se apegar a uma criminosa suicídio.

Já bastava Bruce Wayne sofrendo por Selina Kyle. Não seria ele a insistir num erro com uma mulher que estava sendo corrupta.

— ... Melhor aquisição da polícia de Budhaven em séculos! — Roy encerra seu depoimento passando para o próximo detetive.

— Bem, até então a achei bem legal. A oficial Roth já até nos convidou para ir jantar na sua casa! Achei muito gentil da parte dela...

Chocado, porque ela era sua parceira e não havia o convidado para nada, nem mesmo comprou a ele um café com donuts, tradição de parceiros fazerem uns com os outros, só sentiu mais raiva ao ver depoimentos dizendo o quanto ela era legal, doce e perfeita.

O que era mentira pelo que seu chefe havia o passado.

— O que eu acho da minha nova parceira? Bem, acho cedo para dizer. Não tivemos contato quase nenhum. Prefiro só observar por enquanto... — Richard Grayson comentando baixo recebe um olhar descrente de todos ao seu redor.

Ninguém, absolutamente ninguém, queria aceitar que ela não era aquela perfeição em forma de mulher. Quando a máscara dela caísse faria questão de rir bastante da cara de todos.

— Ótimo. Obrigada pelos depoimentos, detetive Grayson, pode ficar um pouco? — a produtora pediu usando seu tom de voz doce.

Não era novidade alguma pra ele que a mulher estava o dando mole desde o primeiro dia de filmagens.

O que era uma pena para ela, pois Dick havia decidido reavaliar as suas escolhas de vida e isso incluía até mesmo a prática de sexo casual, sem nenhum tipo de envolvimento sentimental.

Pois ele queria saber se ao apaixonar-se a sensação no sexo era a mesma que quando transou com a Rae.

Algo estúpido, mas uma alternativa válida, visto que, nunca sentiu a mesma coisa que naquele dia fatídico.

Seu corpo reagiu ao dela como gasolina reagia ao fogo.

A combustão foi imediata e os dois arderam de uma forma que deu curto nos neurônios de ambos, que movidos aos seus instintos, apenas continuaram ali, fazendo tudo que pudessem fazer em menos tempo possível, para que não houvesse nada um no outro que não tivesse sido explorado.

Pela primeira vez em anos sentiu-se como um adolescente na primeira transa. Tudo era novo, diferente e mágico. A diferença era que ele sabia bem como fazer e ela do que queria e como consegui-lo.

Levou dias para tirar da sua pele a sensação do contato com a Rae.

Seu toque sempre carinhoso, seus beijos lascivos, gemidos roucos, quadris que moviam-se num ritmo que sabia ser o que mais agradaria a ele, até mesmo os seios fartos, que havia chupado, mordido e beliscado, potencializando o tesão dela que gemia com gosto "John", seu segundo nome que ninguém quase sabia.

— Pode nos dizer o que houve para voltarem separados? Vocês brigaram? — a produtora pergunta honesta.

Nada daquela noite com Rae poderia ser melhor com a ruiva magra, alta e com sardas que, pela cara de mulher religiosa, deveria ser adepta a um sexo papai, mamãe e tudo ótimo.

— Só optei por adiantar minhas coisas na delegacia e a deixei fazendo a ronda solo. — mente para a produtora que parece desapontada.

Bem, era na base da exploração dos estresses diários que aquele maldito reality show funcionava. Sendo assim, eles procuravam pontos de ruptura nas parcerias para explorá-los até não poder mais trazendo as brigas que movimentavam o programa.

Richard já havia os dado o suficiente, perdeu as contas de quantas pessoas havia tido discussões, não precisava de mais brigas para nada. Resolveria-se com sua parceira depois.

Antes que pudesse falar mais alguma coisa, a oficial entrou na sala sem bater e ignorando toda a produção o olha séria, embora parecia pálida e assustada.

— Preciso sair. Qualquer coisa, pede pra os novatos me ligarem — Rae dizendo agitada o faz sair atrás dela.

Alguma coisa grave aconteceu e vindo dela deveria ter algo a ver com crimes seja os dela, os da mãe ou da irmã.

Entretanto, a equipe teria que ir com eles, pois assuntos que fossem de teor pessoal, sem serem ligados à vida sexual, entravam na pauta do programa.

Deixa que eles prontamente entenderam, já destacando alguém para os seguir com uma câmera.

— Ele vai me seguir mesmo? — Rae pergunta retórica antes de Dick parar ao lado dela.

— Iremos. Está no contrato. Você ao menos o leu antes de assinar? — soando repreensivo, ele logo se arrepende do que a disse.

— É um problema pessoal. Não podem invadir minha vida deste jeito! — Rachel esperneou como uma criança.

Se estivesse indo se encontrar com o cara que a pagava propina azar o dela. Todos iam juntos.

Antes que pudesse o xingar, o telefone da mulher toca e ela parece a ponto de desmaiar ao atender.

— Quem é?

Vendo que a agitação voltou, Richard continua a caminhar atrás dela, que essa altura termina de tirar a sua casaca, parte de cima da farda de policial, a guiando para seu carro, que abre a porta e a pede que entre.

Seja lá o que fosse deveria ser grave.

— Certo. Ok. Vitor, liga pra Bee... Volta pra casa, estarei chegando lá em alguns minutos. — ela fala séria desligando o telefone.

Notando que a cor dela pareceu voltar mais um pouco, Rachel apenas o resmunga um endereço e volta ligar para alguém.

— Hey, sou eu. Black Label. Pode me fazer um favor? Preciso que ache um carro pra mim...

Sem entender o porquê dela não ter pedido a ele, vê pela maneira que Rachel segura a calça com uma das mãos que algo estava muito errado. Daquela mulher forte, dona de si, de verbo claro e destemida, o que haveria de ter sido feito?

— Você tem dez minutos para achar o carro, Black. Sei que não está mais nesse lance, mas se me ajudar, te ajudo com o emprego para sua filha. Pode ser?

Sem esperar uma resposta, a mulher desliga e se põe a observar a paisagem, antes de seu telefone tocar e ela atender muito mais em paz.

— Bee? Ele já chegou? Ótimo! Estou chegando também... — avisa fazendo sinal para que Richard encostasse.

Descendo com o câmera em seu encalço, Rachel Roth corre na direção de uma casa que parecia ser saída de um comercial de margarina.

Coisa que ele trancando o carro fez, confuso sobre que porra estava acontecendo ali.

Na casa um casal na mesma faixa etária que a deles, foi abraçado pela mulher que embora xingasse o rapaz chorava nervosa.

— Foi só um susto. Estou vivo, ok? Não surta na frente deles, Rae! Olha o mico... — brinca com a mulher embora seu rosto tivesse parcialmente coberto por sangue e sua camisa estivesse rasgada.

A mulher com ele segurava uma bolsa preta, com um pássaro em roxo desenhado, e olhava curiosa para Richard, que sentindo-se um invasor até faz menção de olhar para o outro lado.

— O que foi que houve, Vitor? — Rachel Roth pergunta ao homem que apenas os pede para de sentarem.

Com a bolsa em mãos, Rae tira dela soro, gazes, esparadrapo, uma lanterna de mão, alguns band-aids, equipamento de pressão, luvas, que logo põe e até mesmo uma caixa em tom púrpura.

— Um garoto armado me rendeu na porta de casa. Dirigi até o final da rua pra ele e depois brigamos, o filho da mãe tinha uma mão muito pesada...

O olhando furiosa, Rachel continua a usar a gaze para limpar o ferimento na cabeça dele, antes de resmungar irritada:

— Reagir a um assalto? Está achando que é quem? O Batman?

— Olha, eu dei um estrago nele também. Estamos quites! — Vitor se defende sorridente.

Em retaliação, Rachel o pega de surpresa usando o álcool para limpar o resto do ferimento, levando Richard a rir da ação dela.

— Eu achei que — Rae esboça uma frase que logo é cortada por sua amiga.

— Também achei, por isso te liguei. Desculpa atrapalhar seu primeiro dia, mana! Vitor é um imbecil. Eu já disse pra não ficar com o carro parado muito tempo na rua...

Apenas concordando em silêncio, a Roth se põe a abrir a caixa, tirando de lá agulha e o que parecia uma linha, além de uma pomada que mostra a Vitor dizendo:

— Com ou sem emoção?

— Chega de emoções por hoje. Meu coração não aguentar mais — ele respondeu a fazendo revirar os olhos.

Passando a pomada sobre o local, Rachel consulta seu relógio de pulso, deixado acima da luva pela sua amiga, parando por alguns minutos, pedindo a descrição do garoto que roubou seu amigo e logo que pega na pinça vê seu telefone tocar.

— Põe no viva voz.

Atendendo o pedido da oficial, a mulher de cabelos cacheados o faz e logo que ela saúda quem quer que fosse é logo respondida:

— Achei o garoto. Mandei a localização por mensagem e pedi aos meus pra darem uma segurada nele.

Concordando em silêncio, Rae costura com muita precisão o buraco na cabeça do amigo, antes de fazer ele pegar uma tesoura, também na caixinha roxa e cortar a linha bem rente.

Dando um nó, ela escuta a descrição do suspeito, compatível com a de seu amigo, enquanto coloca o esparadrapo e gaze num outro ferimento dele.

Muito obrigada a todos que comentaram e votaram! ❤️

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