𝐂𝐀𝐏𝐈́𝐓𝐔𝐋𝐎 𝟑 • Descontaminação
TODOS QUE SAIAM da camada de isolamento quando voltavam a entrar precisavam passar por um processo de descontaminação. Os níveis de radioatividade lá fora já eram bem menores, mas ela ainda existia, fora o fato de que podiam contrair algum tipo de vírus fatal que infectasse todos.
Era um protocolo de segurança — e provavelmente o único que Hemlock ficava contente em seguir depois de um episódio anos atrás que contraiu uma virose e teve que ser internada na ala médica por uma semana, apenas pensar nesse acontecimento a fazia sentir toda a dor que passou.
Ainda com o tablet de Matthew em mãos, todos os responsáveis por aqueles membros da antiga Audácia acompanharam os estágios da descontaminação para garantir que eles não surtassem lá dentro e tentassem destruir tudo ao redor. Hemlock já estava dentro da base, trancada em um dos pequenos escritórios onde conseguia silêncio para acompanhar Tobias Eaton nas câmaras.
Ela sabia que lá fora estava a maior confusão. As pessoas queriam vê-los, sentir que aquelas lendas de Chicago tinham mesmo chegado ao Departamento de Auxílio Genético depois de anos que cresceram sendo observados... A verdade era que Hemlock os odiava profundamente.
— Apenas siga minhas instruções — pedi ela pelo microfone, vendo Tobias se agitar lá dentro, olhando ao redor como se a procurasse. — Vamos te livrar as toxinas que estão infestando o mundo. Tire sua roupa e a coloque no incinerador.
— Você vai ficar me assistindo? — perguntou ele, abrindo o zíper de seu casaco e o jogando nas chamas azuis.
— Quem sabe — ela deu de ombros, sem revelar nada mais.
Quatro estava inquieto, mas ele removeu todas as suas peças de roupa assim como foi mandado. Seu corpo se arrepiou com o frio que o atingiu ali dentro da câmara. Ele não admitiria em voz alta, mas tudo o que mais queria era um bom banho depois de tempos embaixo do calor e da chuva que passaram nas planícies.
— Dê um passo à frente — pediu ela quando a porta da nova câmara abriu. — Ponha os pés na marca.
Dando passos ainda incertos, ele ficou no meio do círculo de luz led branca. Um instante depois, uma nova câmara de gosma laranja o cobriu, da mesma forma como foram trazidos até ali. Ele não fazia ideia do que aquilo era... A textura era estranha como gelatina...
Ele ficou sem ar, se desesperando. Seus pulmões lutavam para respirar, mas não adiantava. Aquela gosma tinha colapsado em cima de todo o seu corpo, trancado o oxigênio que antes tinha para fora. Sua cabeça doía, sentia como se pudesse desmaiar... Água morna caiu sobre si, levando com ela toda a substância que o teria asfixiado. Que droga era aquela?
— Está limpo — Hemlock voltou a dizer. — Ponha o braço dentro do tubo na parede.
Quatro esticou o braço para o buraco claro que se acendeu... Merda! Ele sentiu algo o queimar por um segundo. Ele arrancou seu braço dali, vendo marcas estranhas em seu pulso. Ele ão fazia ideia do que era aquilo, mas log descobriria.
— Seus amigos estão na próxima câmara — ele ouviu Hemlock dizer. — Vou encontrá-lo em breve.
◈
MATTHEW fraquejou quando Hemlock jogou alguns mantimentos essenciais que seriam entregues aos experimentos assim que terminasse de ver o vídeo de David. Ele não era a pessoa mais forte que existia, se dava muito melhor nos laboratórios do que da Margem — bem diferente de Hemlock.
— Correu tudo bem — sibilou Mathew, assentindo em agradecimento a um dos funcionários que entregaram o que faltava a Hemlock. — Você não acha?
— Pareciam apavorados — sibilou ela, caminhando ao lado dele para o corredor inferior que os levaria até a ala de descontaminação. Tinha um grande fluxo de pessoas nos andares superiores, todos ansioso para a grande aparição.
Assim que as portas metálicas se abriram, todos eles estavam encarando Hemlock e Matthew com curiosidade e incerteza. Ela revirou os olhos quando sentiu Peter a analisando de cima abaixo com um terrível sorrisinho nos lábios finos. Ele era uma das pessoas que tinha acompanhado de perto, então sabia com que tipo de figura estava lidando.
Ela o pegou de surpresa quando jogou um dos mantimentos com força em direção ao seu estômago. Ele se contorceu para frente, emitindo um ruido de dor enquanto Cristina, ao seu lado, ria da careta que ele fez.
— Que bela reputação você já tem por aqui, Peter — sussurrou Cristina para ele assim que ela pegou os próprios mantimentos.
Matthew tinha acabado de entregar dois quites para Beatrice e Caleb Prior, os irmãos que Hemlock tinha feito de sua missão pessoal evitar a todo custo. Novamente, ela tinha seus motivos para querer distância, ninguém poderia tentar lhe convencer do contrário.
Tobias Eaton se colocou em sua frente quando Hemlock esticou os braços para lhe entregar o último dos quites que tinham trazido. Ele a observou com as sobrancelhas serradas, como se estivesse tentando descobrir o que se passava na mente da garota. Ela não sorriu de volta como ele fez, apenas devolveu o mesmo olhar e então soltou o que carregava.
— Nos sigam — mandou ela, sem dirigir o olhar para os outros, passando por Matthew e caminhando a sua frente.
Matthew foi rápido em recuperar o mesmo ritmo que ela e acompanhá-la para fora da sala, virando nos corredores até subirem escadas para o andar superior. Os passos deles ecoaram pelo piso, mas a comoção dos habitantes foi maior.
Todos se apoiavam nas grades para acompanhar a chegada do grupo sendo liderado pela egocêntrica Hemlock e o menino de ouro Matthew. Ela ficou com vontade de revirar os olhos inúmeras vezes enquanto os guiavam por ali.
— A vida no Departamento pode ser desgastante — disse ele. — Mas o trabalho vale o sacrifício. Não temos os recursos que gostaríamos, mas creio que acharão suas acomodações mais do que adequadas.
O grupo parou quando notaram várias crianças que correram até a grade que os separava. Eles se debruçaram, seus dedinhos pequenos enroscando nas grades enquanto se amontoavam na esperança de ver as figuras que tanto admiravam.
— Nós os trazemos da Margem, deixamos saudáveis e damos uma segunda chance — continuou, se dirigindo as crianças.
Algumas garotinhas soltaram suspiros apaixonantes, murmurando montes de "oi, Quatro" que fizeram Hemlock soltar um palavrão baixo. Matthew não o deixou passar despercebido, butucando a lateral dela como o cotovelo como se implorasse para ela ser simpática. Infelizmente, simpatia não era o nome do meio de Hemlock.
— Como eles sabem quem somos? — perguntou Quatro, curioso.
— O foco todo do Departamento é o experimento — respondeu ela, voltando a andar na frente deles. — A tecnologia de vigilância está séculos à frente do que viram em Chicago. Essas crianças cresceram observando vocês.
— Não há nada de estranho nisso — resmungou Peter ironicamente.
— Devem perdoá-los por ficarem olhando — pediu Matthew com um sorriso no rosto. — A chegada de vocês é o evento mais empolgante para alguns.
Hemlock e Matthew pararam no fim da grade, onde começava a divisão das camas. Os mais adultos estavam os observando, sorrisos enormes em seus rostos enquanto esperavam pela própria chance de poder falar com as "celebridades".
Todos eles, os novos membros do Departamento, olhavam ao redor com curiosidade e admiração, como se não conseguissem aceitar que aquilo era real. Hemlock desejava que não fosse, na verdade, mas depois de tudo o que sentiu e viu ali, sabia que era um pesadelo em cores.
— Bem-vindos ao novo lar — desejou Matthew.
— Vocês vão odiar — sibilou Hemlock para si mesma, mas, novamente, aquilo não passou despercebido por nenhum deles cujos sorrisos diminuíram.
Vendo o que a garota ao seu lado estava causando, Matthew se apressou em dizer:
— Garanto a vocês que ela está brincando — riu nervosamente. — Por favor, venham comigo. Vou levá-los até suas acomodações.
Quatro seguiu o grupo até onde aquele homem os levava, mas ele notou que a garota ainda tinha ficado para trás e caminhava para longe deles. Se ela sentiu sendo observada de longe? É claro que Hemlock sentiu.
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13.11.22
𝐍𝐎𝐓𝐀𝐒 𝐅𝐈𝐍𝐀𝐈𝐒:
Eu sei que tenho demorado para atualizar minhas obras e que andei sumida do Wattpad por algumas semanas, mas queria pedir desculpas e dizer que tem acontecido algumas coisas na minha vida que estão tomando meu tempo, estou no final do semestre da universidade e na reta final para uma grande mudança na minha vida!
Eu tenho muito planejado ainda para até agora final do ano, mas preciso da cooperação de todos vocês... Infelizmente eu estou vendo que talvez algumas obras em andamento precisem ser canceladas temporariamente! Eu ainda não tenho certeza de nada, mas talvez Parasite seja uma delas.
Um grande problema que eu tenho, que muitas escritoras, muitos de vocês, possam entender é o seguinte: a gente começa uma fanfic, fica extremamente empolgado no começo, mas em algumas semanas aquela fixação e adoração que tínhamos pela série/filme acaba e o nosso bloqueio criativo começa!!! Eu tenho tido muito disso nos últimos tempos, mas prometo que estou me esforçando para que isso não me impeça tanto de escrever.
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