DEZ


2014

- Olá Anne, como você está?

Fazia uma semana que estávamos de volta em Manhattan. Ben decidira fingir que nada acontecera desde que acordou no dia seguinte à discussão na praia.

Ele me preparou café da manhã e no meio da tarde me trouxe de volta para a cidade para uma pequena emergência com uma noiva. Esse dia, ele me esperou na antessala durante todo o tempo da reunião para sairmos para jantar depois.

Durante a semana, ele me levou e buscou todos os dias no escritório. Ele dormiu quase todos os dias em minha casa e ficou comigo praticamente 100% do tempo, sempre calado. Era um clima estranho, uma situação desgastante.

Anne me ligou tinha pouco mais de seis meses. Eu consegui encaixá-la porque seria um projeto diferente e desafiador. Marcamos um café ao lado do ateliê de Michelle Johnson, a estilista que ela mencionara tantas vezes nos vinte minutos que durou nossa conversa ao telefone.

- Estou em pânico, Liz! Eu sei que temos tempo de sobra para a cerimônia, mas eu estou em pânico!

Não consegui evitar abrir um sorriso, por mais amarelo que ele tenha parecido. Era sempre a mesma história: a noiva vinha até mim desesperada e eu a acalmava com ideias e a garantia de que daria tempo.

- Nós temos quase um ano até o grande dia. Vai dar tudo certo. – Apoiei minha mão na sua, como em solidariedade. – Agora me conta, o que você tem em mente? Algum orçamento? Alguma coisa que você pense "Liz, eu preciso disso".

Anne era uma mulher alta, magra, cabelo loiro caindo em cascata por suas costas e um olho tão azul quanto o céu. Ela quase parecia uma Barbie.

- Eu quero andar a cavalo. Sabe, eu salto em competições e é uma parte importante da minha vida que precisa estar presente nesse dia.

Ok, andar a cavalo não era tão usual. Charrete e carruagem, ok. Mas realmente montar no cavalo? Era minha primeira vez.

- Então você vai estar montada e a saia do vestido assim caindo de lado? – Apontei para uma imagem no meu computador aberto sobre a mesinha do café.

- Isso!

- E você já pensou em algum modelo específico de vestido?

- Não exatamente, mas quero alguma coisa diferente, de preferente da Michelle. Como eu te disse por telefone, gosto tanto dos vestidos dela! Não quero um vestido princesa. Eu quero ser uma noiva diferente.

Michelle era uma grande amiga minha, mas seus preços eram um pouco salgados. Não era qualquer noiva que estava disposta a pagar mais de dez mil dólares em um vestido de noiva.

- Pedi para que me encontrasse aqui porque consegui marcar uma hora com ela ainda hoje para vocês conversarem. O que me diz?

Seus olhos pareceram brilhar quando a perguntei.


De: Benjamin Carver
Para: Liz Gabriella Harvey
Assunto: Tempo para um café?

Precisamos conversar.
Pode me encontrar em algum lugar agora?
Amo você.

Benjamin Carver
CEO Carver Enterprises Inc.

--

De: Liz Gabriella Harvey
Para: Benjamin Carver
Assunto: Re: Tempo para um café?

Estou em reunião.
Me busca no escritório às 9pm?
Também amo você.

Liz G. Harvey
Harvey Consultoria de noivas

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De: Benjamin Carver
Para: Liz Gabriella Harvey
Assunto: Re: Re: Tempo para um café?

Estarei lá.

Benjamin Carver
CEO Carver Enterprises Inc.

--

Anne estava radiante enquanto esperávamos na antessala de Michelle. Ela olhava encantada os vestidos ali expostos como se fossem obras de arte.

Michelle não demorou muito para nos receber. Estava ainda mais magra do que da última vez que nos encontramos. Por causa da sua rotina de trabalho e a vida pública que levava, com entrevistas e participações de programas na televisão, ela se preocupava tanto com a aparência que era quase uma nova pessoa a cada vez que eu vinha em seu ateliê.

- Micha querida, essa é Anne, minha mais nova noivinha.

- Olá Anne! Como vai? Minha nossa, você é tão linda!

Acho que Anne estava hiperventilando, porque só estendeu a mão e acenou com a cabeça.

- Micha, ela precisa de um vestido fabuloso e diferente. E como ela vai chegar à cerimônia a cavalo, pensei em uma barra detalhada. O que você acha?

- Interessante! – Ela riu. – Anne, venha aqui, vou te mostrar alguns modelos.

Enquanto eu esperava, sentada em um confortável sofá vintage com uma torre de macarons em minha frente, meu celular vibrou com a mensagem de Mark.

[4:07:08] Mark Wellington: Está tudo bem entre você e Ben?
[4:07:22] Mark Wellington: Ele acabou de me perguntar se eu sei onde você está.
[4:09:15] Liz G. Harvey: Que eu saiba sim. Tivemos uma pequena discussão sobre a data do casamento nos Hamptons, mas acredito que esteja tudo bem. Ele vai me buscar no escritório mais tarde, quer me encontrar lá às 7pm? Podemos abrir uma garrafa de vinho e conversar.
[4:10:08] Mark Wellington: Ah Liz, me desculpe, mas não vou poder. Estou em Boston para uma reunião e só devo voltar no fim de semana. É um caso complicado.
[4:11:42] Liz G. Harvey: Tudo bem, não se preocupe. Preciso ir, estou com uma cliente. Nos falamos mais tarde?
[4:13:01] Mark Wellington: Eu te chamo.

Prendi a respiração quando Anne entrou no cômodo. Ela estava ainda mais bonita em um vestido lilás estampado.

- Bom, como você quer ser uma noiva diferente, eu quis que você experimentasse esse vestido lilás com as flores pintadas na barra. Você é definitivamente uma noiva, mas sem ser princesa. É chique, é moderno e é campestre. Combina bastante com o ambiente. – Micha falava com Anne, que quase não percebia a minha presença no cômodo.

- Esse é seu momento de ser a noiva pra você mesma, não para os outros. – Falei.

Anne parece buscar as palavras para falar. Pude ver em seus olhos que não era o que ela procurava.

- Esse vestido... Ele é lindíssimo, eu me sinto uma modelo de verdade nele. – Ela torceu a boa. Eu sabia que vinha um "mas" pela frente. – Mas eu acho que me sinto mais em uma passarela fashion do que no meu casamento.

- Tudo bem, vamos provar outro.

Micha já estava levando Anne de volta para o provador quando eu falei:

- Não tenha pressa, Anne. Temos todo o final de tarde reservado.

Aguardei mais alguns minutos, ignorando meu celular, que vibrava sem parar a cada email e mensagem.

Quando ela voltou, era como se, antes, tivesse experimentado uma roupa qualquer. Esse vestido a fez brilhar, literalmente.

- Uau! – Deixei escapar.

- Esse é chamado de vestido trombeta. Vê como ele se ajusta e abre embaixo? – Micha gesticulava, mostrando o corpo de Anne. – Como você se sente com ele?

- Eu gosto desse modelo, principalmente como se ajusta aqui. – Anne apontou para a cintura.

O vestido era ainda mais bonito que o primeiro. Ele era bem justo até um pouco acima do quadril e se abria gradativamente até formar uma cauda de sereia.

- Eu gosto porque mostra as suas curvas, mas acho que a parte de baixo podia ter mais movimento, principalmente por causa do cavalo. – Acrescentei minha opinião.

Micha concordou com a cabeça.

- Sim, eu quero que essa parte tenha muito movimento e textura.

Estávamos as três olhando para a figura de Anne no grande espelho antigo. Ela parecia emocionada, quando quebrou o silêncio e disse:

- Eu amei.

- Amou? – Eu e Micha perguntamos em uníssono.

- Sim!

Na verdade, Michelle desenharia todo um novo vestido, exclusivo para Anne. Seria baseado nesse modelo trombeta, mas teria uma barra rendada que ficaria maravilhosa sobre o cavalo negro.

Depois da sessão com Micha e Anne, voltei a pé para o escritório. Não sabia se o dia estava esfriando ou se era eu que estava ficando doente, mas senti calafrios durante todo o percurso até o Bryant Park.

Antes de dispensar Flora, pedi que ligasse para minhas clientes do dia seguinte e cancelasse as reuniões.

Depois, me deitei no sofá e só acordei com as frenéticas batidas na porta e os gritos que reconheci serem de Benjamin.

Precisei me arrastar para abrir a porta, mas no caminho consegui ver, através da visão embaçada que já eram 9:20pm.

- Desculpe, eu acabei pegando no sono.

Eu havia dormido por quase 4 horas e era como se um trator tivesse passado por cima de mim. Eu estava exausta, meu corpo doía e minha cabeça parecia pesar 100 quilos.

- Eu estou tentando te ligar há quase uma hora!

Ele parecia estar com raiva, ignorando completamente quando fiz menção de beijá-lo.

- Ben, eu já pedi desculpas, eu não sei o que aconteceu para eu dormir tão pesado assim.

E aí ele pareceu notar.

- Você está bem? Seu rosto está pálido.

"Não", respondi mentalmente.

- Sim, só um pouco cansada.

Ele então me puxou e me abraçou tão forte quanto pôde.

- Venha, vou te levar para casa.

Aquela noite, Benjamin cuidou dos preparativos para meu pai dormir, já que era folga de Donna, e depois voltou sua atenção para mim.

Ele estava tão carinhoso, que esqueci da nossa pequena discussão de antes, de como ele havia sido grosso. Esse era o meu Ben, o Ben que eu tanto amava.


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Hello!

Olha euzinha aqui de novo no dia certo! To ficando boa nisso, já posso parar de falar hahaha

Primeiro de tudo, GENTE, MAIS DE MIL VIEWS! Eu to TÃO feliz que vocês nem imaginam. Obrigada de verdade

Gente, socorro, é impressão minha ou essa semana passou voando? E ao mesmo tempo, parece que fiz TANTA coisa!

E aí, vocês acham que esse namoro vai sobreviver?

Pessoalmente, eu estaria surtando com toda essa marcação, se eu fosse a Liz já tinha dado um gelo há mtttttto tempo (mas sou conhecida por fugir veementemente de relacionamentos hahaha)

Bom, me contem aqui nos comentários o que acharam do capítulo e, por favorzinho, deem estrelinha.

Beijinhos no coração de você, até segunda!


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