Prólogo

EMELINE OLHAVA PARA TODOS os lados daquela viela escura e repleta de neblina, ao seu lado Henrique estava apreensivo. O plano tinha levado semanas para ser elaborado e agora nada podia falhar.

Ainda assim, Emeline sentia que aquilo tudo estava errado, se sentia horrível por participar daquilo e já começava a se arrepender, tirar um homem das sombras, sem que essa fosse sua vontade, era covardia.

Henrique a olhou sugestivamente e acenou com a cabeça, sinalizando que deveriam começar, sendo assim ela apenas respirou fundo e concordou. Os gritos de Emeline ecoaram pela noite, enquanto seu companheiro fingia a atacar, a segurando por trás e levantando seus pés do chão. Secretamente ela esperava que o tal cavaleiro não aparecesse, um grupo todo estava esperando por ele. No fundo, o desespero nos gritos de Emeline não era fingimento, era de que aquele homem fosse pego e condenado, não poderia conviver consigo mesma, sabendo que talvez teria assinado a sentença de morte de alguém.

Para aumentar ainda mais seu desespero, cascos de cavalo foram ouvidos ali perto, se aproximavam cada vez mais até uma sombra enorme, projetada pela pouca iluminação da rua e pela luz prateada da lua, se estender sobre eles. Henrique instantaneamente a soltou, muito provavelmente por encarar de frente o que diziam ser um fantasma, e de fato ele parecia.

O traje todo preto, das botas lustradas ao capuz e a máscara que cobria metade do seu rosto, até seus olhos eram negros como a noite que agora habitavam, davam uma sensação de tamanha escuridão que quase chegava a ser palpável. A névoa em volta dele e de seu cavalo de pelagem negra e brilhante não ajudavam a fazer aquele homem parecer humano. Na verdade, era muito difícil acreditar que aquele ser era feito de carne e osso.

Lentamente ele desceu do cavalo e se aproximou dos dois, normalmente Henrique não teria reagido, mas tomado por uma súbita valentia, ele avançou sobre o cavaleiro. Não foi preciso trocarem muitos golpes, até o homem de preto acertar Henrique na cabeça, o nocauteando na hora. Ele se virou para Emeline, que permanecia paralisada o encarando.

Conforme ele avançava em sua direção, ela recuava um passo, até sentir a parede fria de um estabelecimento contra seu corpo, tremia tanto que temia que seus ossos estivessem fazendo algum barulho de tanto que chacoalhavam, a respiração era rápida e o ar gélido da noite fazia fumaça sair de sua boca, mas ele não... O homem de preto continuava sereno, sem expressão no rosto, mal se podia ouvir o barulho de suas botas contra os paralelepípedos. A respiração não emitia nenhuma fumaça como a dela.

- Fuja! - Emeline sussurrou, quando ele estava com o rosto perto o suficiente - É uma emboscada, estão aqui para te pegarem.

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