Under the Spotlight, parte um
4:34, Sexta-Feira, 23 de Julho
"Onde está sua prima? É sua despedida e ela está atrasada, como sempre!" Minha mãe estava estressada, nervosa, e a demora da chegada de minha prima a chateou mais.
"Tudo bem mãe, ela deve estar na faculdade ainda, talvez os professores prenderam ela um pouco mais hoje."
"Sua tia não deveria ter deixado ela fazer faculdade por aqui mesmo, o que essa cidadezinha tem a oferecer a ela? Aquela garota está gastando seu tempo por aqui!"
Minha mãe falava isso agora, mas se voltássemos alguns meses atrás, a ideia de que eu saísse do ninho e fosse para o grande mundo perigoso enjoava ela.
Mães, não é mesmo?
Mas ela não era a única que até alguns meses não imaginaria que eu estaria aqui agora, organizando a minha festa de despedida. Eu também fui surpreendida.
Tudo aconteceu tão rápido, e acho que a ficha ainda não caiu.
Mesmo sabendo que daqui a dois dias eu estarei em um avião indo para a brilhante cidade de New York, para estudar na New York Arts Academy.
É claro que eu ia sentir saudades da minha família e dos meus poucos e fiéis amigos. Também iria sentir saudades da minha queridíssima, porém sempre atrasada, prima Wendy.
Quando contei aos meus parentes que eu queria ir morar em New York depois de me graduar, Wendy foi a única que me entendeu e me apoiou.
Ela sempre foi a "má influência" nos olhos da minha família, pegou a fase gótica, estudava artes e estava com um estilo de cabelo diferente toda semana.
E eu sou basicamente a mesma coisa, só que sem a gótica e cabelos diferentes. O que eu quero dizer é, eu estudo artes cênicas, é meu sonho desde que eu assisti High School Musical com 7 anos e cantava as músicas no banheiro.
Honrando o título de criança hiperativa, eu era alguém de muito hobbies. Fazia balé, vôlei, natação, pintura e tentei ginástica uma vez (não foi uma boa ideia, tenho uma cicatriz até hoje daquele ocorrido, mas vamos voltar para a história). E como eu fazia tudo aquilo? Simples, eu não era boa em nenhum deles.
Por algum motivo os professores falavam que eu sempre me "empolgava demais" e que eu era "convidada a me retirar".
Mas quando eu me envolvi com o Teatro e com a Música eu sabia que era aquilo. Muitos diziam que eu deveria largar aquilo e focar na escola. Aprender a fórmula de Bhaskara ou sobre Pitágoras a ajudaria muito mais do que conseguir cantar o musical Hamilton completo. O bom é que meus pais nunca tiveram esse preconceito contra as artes, então sempre que alguém vinha pra cima deles dizer isso eles só relevaram
diziam que eu gostava, e era uma atividade saudável que me ajudaria a passar o tempo e desenvolver habilidades de comunicação.
Eles não poderiam estar mais errados, em ambas coisas, primeiramente: Onde estava minha saúde quando eu chorei escutando a soundtrack de Dear Evan Hansen enquanto cantava junto? E, segundamente, não foi uma atividade "só para passar o tempo", já que não demorou muito para que eu decidisse que essa seria minha profissão.
"Dá licença que a prima preferida está passando." me animei de cara escutando essas palavras da garota que andava pela vida como se fosse uma passarela e ela a estrela do show. Coisa que não posso negar que era.
"Wen!" Corri logo abraçar ela, me segurando para não chorar de emoção, o que eu seria sem ela?
"Aí garota não começa com esse chororô horroroso, nunca te contaram que crianças que choram muito ficam feias?" Mesmo dizendo isso eu sabia que ela estava se segurando também, essa era Wendy.
"Engraçadona, saiba que eu sou uma adulta já, e você é só dois anos mais velha!" a acompanhei na brincadeira.
"Tá bom tampinha, senta lá. A noite de hoje é sua"
É então que percebemos que a mãe entra na sala.
"Não vai me abraçar não, Wendy?" minha mãe diz.
"Mas é claro titia que mais amo nesse mundo." ela disse pulando do meu aperto e indo abraçar a chefona do lugar.
"Ah para de me bajular de uma vez por todas, não vou te emprestar dinheiro"
Minha prima está economizando dinheiro para ir para o Hawaii. Porque? Eu não sei. A menina é obcecada mesmo, se oferecessem a ela uma passagem de avião, mas ela teria que morar no meio da rua. Lá estaria ela, no meio da rua, mas no Hawaii. E tampouco não seria eu que julgaria o comportamento dela, tomando em conta minhas recentes decisões de vida.
Enquanto os minutos passavam mais e mais pessoas foram chegando. Meus amigos estavam aqui, aqueles que me conhecem mais que ninguém e sempre cuidaram de mim.
Não sei como farei para sobreviver sem eles. Isso causou tanto conflito em mim, as noites que passei pensando se eu realmente deveria tentar, o mercado é difícil, se não gostam de você te cortam. Eu estaria longe de casa e de absolutamente tudo o que conheço.
Eu também não podia ignorar o maldito sentimento de que algo, ou melhor dito, alguém estava faltando.
Agh, hoje é um dos meus últimos dias por aqui por um tempo e eu estava pensando naquilo? Hoje seria um dia incrível e ninguém impediria isso.
12:25, Sábado, 24 de Julho
A festa já tinha acabado a essas horas, eu ainda tinha coisas que arrumar e não poderia me dar o luxo de acordar tarde no dia seguinte. O clima no início não estava dos melhores, mas com o tempo todos se animaram e todos entraram na dança de "vamos todos festejar como se não houvesse amanhã". O único problema é que tinha um amanhã, e um bem ocupado por sinal, então, quando o relógio bateu as doze badaladas, sinalizando a meia noite, a minha mãe enxotou todos de casa não muito graciosamente.
E agora eu estava aqui, ajudando a organizar a bagunça que a minha festinha tinha proporcionado. Foi então que vi a minha mãe se aproximando com os seus olhos carinhosos, agora um pouco molhados.
"Ah mãe! Vem aqui!" Corri para abraçar ela.
"O tempo voou! Você era uma criancinha, brincando de ser cantora! Olhe para você agora. É toda uma mulher!" Minha mãe disse toda emocionada.
"Vou sentir tanto sua falta!" Só faltou que eu sufocasse ela.
"É claro que vai! Agora vamos, temos que terminar de arrumar essa bagunça antes do nascer do sol pelo menos. Eu falei pro seu pai! Deveríamos ter começado mais cedo, para não ter que ficar limpando até essas horas. Mas ninguém me escuta!"
"Okay mãe" eu disse rindo.
Mães, não é mesmo? Como eu ia sentir saudades.
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8:32, Domingo, 25 de Julho
"Thiago! Se você demorar mais um minuto ela vai perder o voo!" Minha mãe, que já tinha se despedido e despejado todas suas mágoas, agora reclamava da demora do meu pai, enquanto limpava as lágrimas com um pequeno pano.
"Já estou terminando Clarice" meu pai diz "Mas o meu ponto é, eu quero que você aproveite tudo, viva ao máximo e não deixe ninguém te dizer que não é boa o suficiente ou medir seu valor" ele dá uma pequena pausa "E se algum dia você desejar voltar..." eu o interrompo.
"Eu não vou voltar pai, esse é meu sonho."
"Eu sei querida, eu sei. Mas se algum dia você desejar voltar, saiba que eu e sua mãe estaremos esperando por você de braços abertos."
As lágrimas, que já ameaçavam cair desde que eu tinha acordado naquela manhã caíram como uma cachoeira.
Então eles escutaram a última chamada para o meu voo.
Eu abracei meus pais pela última vez em um bom tempo, prometendo que voltaria sempre para visitar.
Ao chegar em meu assento coloquei minha playlist preferida, e "Hey there Delilah" começou a tocar, quase como um sinal.
Então, com minha cabeça ainda cheia de dúvidas, me perguntando se eu tinha feito o correto, relaxei escutando a história de Delilah e vendo o aeroporto ficar cada vez mais e mais longe, até que o areoporto e São Genésio não passaram de um grão de areia em comparação a esse meu mundo em expansão.
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7:54, Segunda-Feira, 2 de Agosto
It's a new soundtrack I could dance to this beat, beat forevermore
The lights are so bright but they never blind me, me
Welcome to New York
It's been waitin' for you
Welcome to New York, welcome to New York
-Welcome to New York, Taylor Swift
Acordar aqui era diferente.
Não digo isso só porque o ar não era tão limpo quanto uma cidadezinha no interior de São Paulo, mas também a luz.
O sol que entrava pela minha janela, circulando a silhueta dos prédios próximos ao meu, e o barulho dos carros e das pessoas que acordam para mais um dia. Sentei na cama mais um pouco, admirando o que eu tinha conseguido, até onde eu tinha chegado, e até onde eu poderia chegar se meus planos dessem certo.
Eu, uma garota de São Genésio, aqui em New York com o resultado de anos de trabalho, o dia não poderia ser melhor.
Ou poderia?
Aparentemente sim, já que hoje seria o meu primeiro dia na New York Arts Academy!
O bairro Morningside Heights não era um dos mais badalados da cidade, mas também não era quieto. Preenchido maioritariamente por residências universitárias e pela prestigiada faculdade de Columbia, antiga Kings College. Então nesse horário já podíamos observar movimentos nas ruas. O meu pequeno apê foi praticamente um milagre dos céus, já que o encontrei a um bom preço e a uma caminhada de uns 10 minutos da escola, se eu for rápida.
Encontrei a Paola, a dona do apê e, agora, minha colega de quarto. Ela era poucos anos mais velha e tinha entrado no ramo da música depois de uma decepção com a engenharia. Carioca, cabelos cacheados na altura do ombro com mechas azuis. Garota bastante extrovertida e falava ainda mais que eu, já que em pouco menos que uma semana sei quase toda sua vida.
Mesmo que muitos vejam isso como algo ruim, eu admirava isso nela e realmente me senti conectada por meio dos nossos gostos, com ela. Era como a irmã mais velha que eu nunca tive. Uma irmã que eu tinha que pagar para morar com ela, mas ainda assim uma irmã.
"Oi Aster! Acordou cedo para o primeiro dia, como se sente?" ela pergunta.
"Assustada, nervosa e paranoica. Sinto que eles vão me comer viva, mas ao mesmo tempo não poderia estar mais feliz" eu disse praticamente sem respirar entre as palavras.
"Ei, se acalma. Vai ficar tudo bem" ela diz bem calma "Eu também estava nervosa em meu primeiro dia e acabei me preocupando por nada"
"Eu sei, eu sei. É que isso é tudo o que eu sempre sonhei, então quero que tudo saia perfeitamente bem."
Ficamos em silêncio um tempo só nos deliciando com o chá e as frutas quando a Paola diz:
"Olha se não se apressar nem no horário perfeito você vai chegar you little dum dum" acresentando uma risada no final da sua fala.
Vejo o relógio e verifico que, mesmo acordando cedo, de tanto tempo que fiquei aqui filosofando e pensando já estava atrasada em relação ao trânsito da cidade.
Nem falo nada, já que responder à provocação da Paola só me tomaria mais tempo e, eu ainda não estava vestida.
Mesmo não me considerando uma pessoa vaidosa, eu gostava de me vestir bem, e eu tinha guardado as melhores roupas que eu tinha para meu primeiro dia. Estava me sentindo de volta ao fundamental no primeiro dia de aula, ou para aqueles passeios escolares em que sua mãe te ajudava a escolher umas lindas roupinhas para diferenciar da mesmice do uniforme de sempre.
Ao terminar de me vestir coloquei maquiagem e arrumei o meu curto, mas bagunçado, cabelo ruivo.
Me olhei no espelho e notei como esses pequenos detalhes já haviam aumentado minha confiança, e eu me sentia pronta para enfrentar aquele novo dia.
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1:30, Segunda-Feira, 2 de Agosto
"Eu ainda não consigo acreditar no quão maravilhoso o dia de hoje foi!"- eu estava tão animada, não conseguia nem respirar direito de tanta empolgação!
"Primeiro, eu te disse, não precisava ter medo. E segundo, se acalma, parece que você precisa de um pouco de água." ela disse serenamente.
"Você não entende, eu" até gaguejei nessa parte "Eu fiz amigos! E fui apresentada aos professores, foi surreal"
"Você está feliz porque foi apresentada aos professores?" a Paola disse fazendo uma careta confusa.
"Sim e não. Esse é o primeiro passo em minha carreira e eu estou tão feliz que não consigo nem''
Foi então que minha atenção se voltou para um jovem casal que entrava na pequena cafeteria em que nos encontrávamos. Na verdade eu estava mais surpresa com o garoto e com o seu rosto estranhamente familiar.
Os pontos se ligaram em minha cabeça e sua face despertou em minha mente como se estivesse grudada em minha mente. Foi então que, mesmo eu sabendo o quão clichê isso pode parecer, nossos olhares se encontraram e vi em seu rosto a mesma expressão que eu provavelmente estava fazendo naquele momento, ele também tinha me reconhecido.
"Aster?" Paola falou, provavelmente preocupada pelo que estava passando pela minha cabeça.
Ao sentir seus olhos sobre mim, tudo ao nosso redor simplesmente parou de importar. Ninguém se mexeu, ninguém fez barulho, nem mesmo a Paola ou a garota sentada na frente dele. Quem seria ele? Caelum, o único garoto pelo qual eu já tinha me apaixonado, o único que eu ao menos tinha olhado, estava ali na minha frente. São nesses momentos da vida em que você pode escolher, superar seus medos e sua mágoa e ir dizer a ele o quanto eu estava brava, contar a ele as noites que passei sonhando em algum dia encontrá-lo e dizer o quanto eu o odiava. Ou você pode correr. E foi essa a única coisa que eu fiz, eu corri, o mais rápido que consegui. Eu não estava pronta, e talvez nunca estaria.
Lembranças de outros tempos inundavam a minha mente, daquele verão em que ele chegou.
Eu realmente não estava preparada para aquele dia.
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8:21, Segunda- Feira, 5 de Setembro de 2017
Eu estava no nono ano, era jovem e tinha acabado de cumprir meus sonhados 15 anos. Na época, como toda adolescente, eu me achava muito adulta, não podia esperar para terminar a escola e começar a trabalhar. Nunca fui uma boa aluna, mas sempre me esforçava para ir bem.
"Hey! Vocês ficaram sabendo do novato que chegou hoje?"A Clara chegou animada na minha mesa com as outras garotas.
Éramos um pequeno grupo, mas unido, e elas eram praticamente minhas irmãs. Ou o que quer que aquilo significasse no fundamental, enquanto ainda desenhavamos como seria nosso futuro apartamento juntas.
"Nem vi, na verdade nem sabia que alguém novo viria, falta o que para o fim do ano letivo, 2 meses e pouco? Eu disse confusa.
"Vai ver ele mudou de cidade pelo trabalho de um dos pais, quem sabe, ter mudado de escola é difícil, já teríamos ouvido falar dele" Isabel respondeu.
"Mas como ele é? Será que ele já entrou na sala?" Júlia perguntou.
"Só vamos saber quando entrarmos, quem vem comigo dar uma espiada?" Perguntei, e a curiosidade acabou com todas.
Ao chegar na sala encontramos os mesmos rostos, até que, no canto da sala vejo ele. Meio cabisbaixo, com seus cotovelos encostados em sua mochila que estava em cima da mesa. Ele ainda estava meio dormindo, meio acordado, e seus óculos de armação fina caiam pelo seu nariz.
"Será aquele ali no canto?" Clara perguntou e eu respondi que sim, deve ser ele.
Algo me dizia que eu deveria ir falar com ele, era seu primeiro dia no final do ano, os grupos estavam formados e ele estava sozinho, não é?
Então me aproximo e pergunto:
"Você é novo não é?" Lentamente ele começa a reagir e responde minha pergunta.
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Caelum
Eu estava praticamente dormindo, não sei se eu já conseguia reagir a estímulos ou se parecia um bicho morto, mas foi então que alguém parou na minha frente para falar comigo.
A garota tinha os olhos grandes e bem descansados de uma estranha coloração de jade, e cabelos curtos de uma cor que aparentava o castanho mas, se você olhasse mais de perto ganharia uma coloração muito mais brilhante, como um tom de ruivo.
Foi só então que percebi que estava encarando ela por muito tempo, e pior, não tinha escutado sua pergunta.
"Desculpa, o que você disse?" Perguntei, não iria adiantar rir para fingir que eu entendi, ela provavelmente já me achava estranho.
"Ah, eu só queria saber se você era novo aqui, o que deve ser uma pergunta boba, já que nunca te vi por aqui, então a resposta é meio óbvia. Mas é o que as pessoas normalmente dizem para começar um assunto, não é?" ela responde.
"Deve ser por isso que não sou bom de conversa. Sim, sou novo, hoje é meu primeiro dia."
"É, você não tem cara de ser de por aqui mesmo, meu nome Asterin, mas muitos me chamam de Aster" Mesmo com um nome mais incomum, ele combinava com ela, de alguma forma um pouco estranha. "E o seu?"
"Meu nome é Caelum, meus pais foram um pouco excêntricos e colocaram esse nome esquisitão. Talvez excêntricos até demais" quando eu disse isso ela riu, pelo menos um bom início.
"Para ser sincera, o meu nome não é nada humilde, significando estrela em gaélico, deveríamos formar o clube dos nomes esquisitões com grandes expectativas formadas para a nossa vida adulta."
Continuamos conversando mais um pouco até que algumas garotas, provavelmente amigas da estrelinha, chegaram na mesa.
"Eita meninas, desculpa. Esse aqui é o Caelum, Caelum essas aqui são a Clara, Isabel e Júlia. Minhas amigas desde as fraldas."
Normalmente eu não gostava de muitas pessoas ao meu redor, me assustava e não sabia o que dizer, mas dessa vez quis começar a me esforçar para socializar de verdade. Quando eu ia começar a ter uma conversa natural o professor acabou com as minhas chances de me misturar, e eu não sabia se estava feliz ou triste sobre isso.
Olhei para Asterin e nos despedimos rapidamente, mas antes de voltar para sua mesa ela me olhou e disse:
"Ei, já que você ainda não falou com muita gente, quer passar o intervalo comigo, e as meninas, é claro."
Realmente gostei de conhecer a Aster, ela não precisava fazer tudo aquilo por mim, mas ela fazia e eu estava muito grato por isso.
"Claro" dei um sorriso na tentativa de limpar a imagem de esquisitão que ela tinha conhecido antes.
"Nós falamos depois então."
Vi ela se afastar até sua carteira sorrindo, não consegui deixar de notar que ela tinha um sorriso muito bonito.
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2:18, Segunda-Feira, 2 de AgostoAsterin
"Então você fugiu correndo da cafeteria, me deixou sozinha com a conta e um monte de gente chocada, porque você viu seu ex namorado?" Paola tinha acabado de chegar, chocada pela minha saída dramática nem tão dramática assim.
Eu ainda estava chocada com tudo. De todos os lugares em que ele possivelmente poderia estar, aqui? Como isso ao menos acontece?
Eu realmente era a garota mais sortuda desse mundo!
"Mais ou menos isso, não acabamos em bom termos, ele terminou justo antes de eu ir fazer intercâmbio por três meses no segundo ano do ensino médio. Foi devastante para mim, quase desisti da viagem mas ele insistiu que eu deveria ir quando perguntei se era porque eu estava indo embora. Até hoje não entendo o motivo." e esse sentimento me comia viva.
"Algum motivo tem que ter, ele não ia terminar com você sem motivo, a menos que seja um babaca, que é o que parece pra mim. Nunca tiveram problemas?" Paola pergunta.
"Olha, sim, todo casal tem problemas, não é? Na verdade é uma longa história..."
"Ainda bem que temos muito tempo! Só podemos resolver o problema se o cortarmos pela raiz" a Paola tinha razão, então, deixei que as memórias me invadissem.
Depois que nós conhecemos tudo parecia perfeito, tínhamos tantas coisas em comum, mesmo sendo diferentes. Ele era um sonho, um príncipe. Mas os sonhos acabam, e devemos acordar para a realidade devastadora. Minhas amigas não gostaram muito que eu andasse com ele, para ser sincera, a que não gostou da ideia foi a Clara.
"Aster eu queria muito falar com você, de uma coisa bem séria, sabe?" Eu odiava quando ela falava comigo como se eu fosse uma criança, mas era o jeito dela.
"O que Clara, aconteceu algo com você?" perguntei.
"Não, não é nada. Eu só queria te perguntar, você gosta do Caelum?" Isso me pegou de surpresa, éramos só muito amigos, mas estávamos bastante próximos com o tempo juntos, então poderia ser confusão dela.
"Claro que não, Clara, olha o que você está falando! Somos só amigos mesmo." é, realmente uma confusão mesmo.
"Ah, é que ele te olha de um jeito meio diferente, imagino que vai ser muito difícil quando você tiver que rejeitar, eu sabia que você não iria gostar dele. Ele não é grande coisa mesmo." a sua resposta me deixou em choque.
"O que você está querendo dizer?" Caelum nunca tinha mostrado nenhum interesse por mim, disso eu tenho certeza. E porque ela diz que ele não é grande coisa? Achei que ela fosse amiga dele, que o achasse divertido.
"Você sabe, ele não é grande coisa, vamos dizer que ele é...Bem ele é...ele não é muito bonito. Pele ressecada, cabelo oleoso. Usar óculos até que dá um charme, mas essa armação! Cheio de cravos e com cara de quem não dorme há dias" Eu não consegui escutar mais ela falando assim do meu amigo.
"Clara isso nunca importou pra você, porque importa agora? E principalmente, porque a aparência dele me impediria de ser amiga dele ou de gostar dele!" Foi aí que percebi que a frase tinha saído um pouco alta demais. Mesmo não tendo gostado dessa briga com a Clara
"Tudo bem, eu entendi, mas vocês terminaram porque ele não era atraente?" Paola interrompe.
"Claro que não, nesse tempo ainda não tínhamos nada"
"Okey, agora desembucha, pode continuar." acho que ela já estava imersa na história.
"Começamos a namorar em abril de 2018, tudo era maravilhoso, ele se declarou para mim na época de páscoa, com chocolate e tudo!" eu não consegui impedir que um sorriso pintasse minha cara. "Mas acabei descobrindo que ele não era tão honesto comigo, eu e toda a escola junto."
Naquele dia quando cheguei na minha sala e sentei em minha carteira senti um clima estranho, podia jurar que os outros alunos estavam me encarando, mas, sempre que olhava para verificar viravam a cara.
Eu e o Caelum estávamos namorando há duas semanas e ainda estávamos nos conhecendo, mesmo que tivéssemos nos encontrado faz meses, parecia que ainda tinha tanta coisa que não sabíamos sobre o outro e o assunto nunca acabava. Eu adorava isso no nosso relacionamento, a descoberta. Mas as vezes eu sentia que ele escondia algo por trás daquele mistério.
Foi então que vi a Isabela se aproximando e decidi perguntar para ela o que ela sabia do porquê daquele clima estranho.
"Ei Isa, não tá achando tudo muito estranho hoje, ou é paranoia minha?"
"Não sei, acabei de chegar e não estou achando nada diferente."
Ainda estava pensando sobre quando a Júlia chegou correndo feito um furacão.
"ASTER!!! VOCÊ NEM IMAGINA O QUE ESTÃO FALANDO DE VOCÊ NO GRUPO DA SALAAA!" ela chegou gritando, agora isso estava me assustando.
"Não sei Ju, eu não estou no grupo, lembra?" Nem eu, nem a Isa estávamos lá, normalmente os assuntos viajavam sobre fofocas, e aparentemente hoje eu seria o alvo delas "Mas me fala logo o que diz!"
Não poderia ser tão ruim assim, não é? Eu nunca me meti com ninguém, sempre estava na minha, e nunca fazia nada inusual. Quem não deve, não teme. Mas não consigo não temer que meu nome esteja na boca do povo.
"É longo, e é sobre seu namorado, tem certeza que quer ler?"
"É claro que eu quero Júlia, agora mais ainda."
Peguei o celular e comecei a revisar para ver onde o assunto tinha começado.
Laura:
Vocês sabem do que a Maria me contou?
Clara:
O quê?
Laura:
Sabem aquele carinha, o namorado da menina que eu acho que o nome é Asterin.
Paula:
Sim sim
Laura:
Sabem quem é o pai dele?
Aquele físico que ajudou a desenvolver o Shinzo Bot?
Clara:
Ahh, Anthony Cliff! Conheço.
Paula:
Eitaaaa.
Laura:
A Asterin sabe?
Provavelmente né, não é como se ele fosse muito interessante.
Claro, to falando da minha percepção.
Clara:
Eu sempre soube que tinha algo a mais, ele nunca foi o tipo dela kkkkk
Até tu brutus não descreveria o que eu estava pensando naquele momento. Na época, adolescente dramática que era, eu pensei que havia sido traída por uma das minhas melhores amigas e eu aparentemente não sabia nada sobre a vida do meu namorado.
Como ele pode? Achei que tínhamos algo, achei que ele gostava de mim, eu achei que o conhecia. Eu pensei que ele confiava em mim. Eu vi a Clara entrando na sala mas não estava com vontade de confrontar ela, então sai depois de devolver a Júlia o seu celular.
Eu não planejava ir muito longe, não queria perder aula. Só queria enrolar até que começasse a primeira aula. Cheguei até o bebedouro e decidi que eu deveria me acalmar e tomar um pouco de água, afinal não é nada demais o que acabou de acontecer. Eu só descobri que o pai do Caelum é uma pessoa totalmente diferente da que eu imaginei e que ele nunca confiou em mim o suficiente para me contar e eu acabei sabendo disso graças a garotas com as quais eu nunca conversei e ao comentário infeliz da minha amiga.
Ao terminar eu já estava indo pra aula quando eu senti um toque no ombro.
"Eu estava te procurando Aster, a Júlia me contou o que aconteceu, eu quero me desculpar por esconder de você era só que..." eu o interrompi.
"Você achou que se eu soubesse do seu dinheiro eu me aproximaria de você por interesse."
"Aster não é assim, bem, mais ou menos. Mas essa não foi minha intenção. Você sabe que atenção é o mínimo que eu quero chamar, eu não fiz por mal. Eu ia te contar, eu juro."
Ué ia dar uma de Chaves, falar que foi "sem querer querendo"?
"Porque não contou antes então Cae, porque estou sabendo disso só agora?"
"Eu não sei, eu só não queria que todo mundo ficasse sabendo desse jeito!"
Olhando por esse lado, as coisas não estavam boas pro Cae, ele não desejava que as pessoas soubessem disso, ele só queria espaço. Ficar me chamando de gold digger pelas costas também afeta ele. Mesmo estando brava e sabendo que o que ele fez foi errado, nós dois
fomos vítimas dessa fofoca.
Naquele momento ele estava com as mãos nos olhos, parecia estressado. Tirei as mãos de seu rosto e coloquei elas em volta da minha cintura, colocando minhas mãos em seus ombros logo em seguida, o puxando para um abraço.
"Vai ficar tudo bem, não precisa se estressar. Eu realmente não me importo com o que os outros pensam, eu só queria que você fosse sincero comigo." eu disse, já mais calma.
"Não vou te esconder mais nada, vou te dizer até o que comi no café da manhã"
"Com certeza foi uma daquelas torradas francesas chiques ou um omelete.Talvez brioche."
"Errado. Leite com chocolate em pó."
Começamos a rir, e mudamos o assunto para algo mais descontraído, saíndo de lá com o toque que indicava o início das aulas.
Oh, let me be a part of the narrative
In the story they will write someday
Let this moment be the first chapter
Where you decide to stay
And I could be enough
And we could be enough
That would be enough
-That Would be Enough, Hamilton
"Você enrola muito sábia." Paola falou "Ele parece legal, mas e aí, o que acontece?"
"Ele era legal mesmo. Ele também era doce e carinhoso. Eu poderia falar com ele do que quisesse. Ah, como eu sinto saudades dele!"
"Se você continuar com essa babaquice eu juro que vou te dar um tapa."
Eu sabia que a Paola estava certa, eu não deveria mais pensar nele, ou desejar falar com ele. Eu não deveria fazer nada relacionado a ele. Eu não deveria escutar Hans Zimmer só para lembrar dele. Não deveria ceder a tentação de ler O Senhor dos Anéis só para me lembrar de sua cara concentrada encarando as páginas do mesmo.
Ou...Ver aquela pasta de desenhos dele que eu ainda tinha no fundo da minha mala. Ele falou, alto e claro que não queria nada comigo, que o nosso estava acabado e que cada um deveria seguir seu caminho. Afinal fomos só namoradinhos do ensino médio? Tenho certeza que ele deve ter muito mais consideração pela próxima garota que ele amar. Ele vai ter outras paixões e eu não faço mais parte da vida dele, então só tem uma possível decisão, a única coisa inteligente a se fazer.
"Esqueçe Paola, você tem razão, isso não deveria me afetar tanto. Eu estou sendo boba."
"O que você vai fazer Aster? Me deixou falando sozinha!"
Mas eu já tinha saído dali. A maioria das minhas coisas ainda estavam nas malas na sala, mas, esse item em específico eu não planejava tirar de lá. Queria manter o mais longe de mim. A nossa querida pasta de desenhos.
Ele gostava de arquitetura, amava desenhar mesmo não fazendo nada disso profissionalmente. Eu gostava de quando ele começava a desenhar do meu lado e eu estudava algum monólogo ou peça. Normalmente com Taylor Swift tocando no fundo.
Outra lembrança que levo comigo são as cartas e bilhetinhos que ele me mandava entre as aulas, escondendo em canetas, estojos, papéis de doce. Eu guardava cada um deles com o máximo de cuidado e carinho, guardando aquele tesouro como se fosse poesia do Fernando Pessoa, Luís de Camões e da Emily Dickinson tudo combinado.
No musical Hamilton, Eliza, a esposa de Hamilton queima suas cartas depois de descobrir a sua traição com a Maria Reynolds, como se significasse o fim de um ciclo, para destruir o passado junto com as cartas.
No meu caso, não vou queimar seus bilhetes, não quero queimar o apê. Mas eu vou destruí-los, é o necessário para deixar o passado para trás.
"Paola! Onde estão as tesouras?"
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7:32, Quinta- Feira, 5 de Outubro
Um mês já tinha se passado, a minha vida continuava praticamente a mesma, a única mudança era as camadas de roupas que eu tive que adicionar, e olha que ainda não é inverno. Eles realmente não estavam brincando quando me avisaram do frio aqui. E olha que ainda não é dezembro.
A cidade estava mais escura, mas as luzes ainda continuavam iguais. As árvores, agora finas e sem folhas, balançavam livres com os ventos de Outono. Onde eu me encontrava nessa situação toda?
Eu pacientemente tomava meu café, sentada em um banquinho, me aconchegando no meu casaco. Eu não tinha visto mais o Caelum, talvez ele estivesse aqui só de férias e já tivesse pegado aquele avião e voltado pro buraco de onde saiu. Me convenci de que a ideia me deixava satisfeita, mesmo tendo assuntos a tratar com ele.
Virou praticamente uma rotina para mim ir no fim da tarde dar uma caminhada pelo Riverside Park, ou sentar em um banquinho e comer um lanche, enquanto estudo e pratico na minha própria companhia.
Eu estava completamente imersa na minha leitura, quase não percebi a movimentação do meu lado, mas não me importei muito com o estranho sentado do meu lado.
Ele estava inquieto, eu podia sentir pela pressão que fazia no banco e estava com o olhar perdido em algum lugar. Mesmo sendo uma pessoa curiosa, me forcei a não olhar, tentava me livrar do hábito de analisar as pessoas como se fizessem parte de um cenário da minha vida.
Foi aí que uma voz linda, um pouco grossa, mas harmônica, falou, com um toque de nervosismo. A voz chamava meu nome.
"Asterin."
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Caelum
Eu estava me afastando naquele momento do prédio da Columbia, o curso de Arquitetura não era simples, bem que meu primo avisou.
A única música que eu poderia colocar naquela caminhada era a que não saía da minha cabeça. She used to be mine do musical Waitress.
Ela me lembrava dela, seu jeito gentil, às vezes bagunçado e o que ela representava pra mim. Antes que eu...Terminasse tudo.
As memórias vieram à tona logo no início.
It's not easy to know
I'm not anything like I used to be
Although it's true
I was never attention's sweet center
I still remember that girl
She is all of this mixed up
And baked in a beautiful pie
She is gone but she used to be mine
Ela deve me odiar tanto, naquele dia que eu a vi na cafeteria eu vi tudo o que ela pensava de mim naquele momento em que nossos olhos se encontraram.
Sua expressão de remorso e nojo, é claro que ela não quer me ver nem pintado de ouro. Mas...O que eu pensei naquele momento foi bem diferente. Vi como ela tinha cortado um pouco mais o cabelo, como ela estava linda! Seus olhos, tão únicos como uma chuva de estrelas, brilhando de espontaneidade, como na primeira vez que nos vimos.
Se algum dia eu pensei que eu já a tinha superado, nosso rápido encontro mudou totalmente essa ideia.
Eu estava cansado, então decidi comprar um sanduíche e parar em um parque próximo. Não pude deixar de notar uma moça que ali estava.
Usava uma touca com desenhos de flores coloridas, o que deixava seus cabelos cor de cobre mais aparentes aos olhos. Estava revisando alguns papéis que estavam em suas mãos, parecia uma mulher simpática.
Mas de algum jeito suas feições começaram a ficar mais aparentes para mim, se transformando no meu maior sonho e pesadelo materializado.
Com o coração apertado me acerquei até ela. O que eu estava fazendo? O que eu ia falar? Antes de eu perceber eu estava sentado a menos de um metro dela. Olhei para os lados, cruzei as pernas, mas na minha cabeça não vinha nenhuma explicação para o porque eu estava ali, sentado do seu lado e com toda a coragem que eu não tinha me forcei a falar.
"Asterin."
Seus olhos que até agora não haviam saído do seu trabalho olharam lentamente para mim e a constatação não demorou para chegar ao seu rosto.
"Caelum" Essa cara não significava coisa boa.
Não falei nada.
"Eu te odeio tanto, você não tem ideia. Não sei pelo o que te odeio mais, se foi por você ter estragado a viagem que deveria ser o melhor da minha vida, por ter terminado comigo sem me dar um único motivo e eu fiquei anos só pensando e criando teorias pelo porquê você teria feito isso, se o problema era comigo que não fui suficiente para você."
"Não tem nada a ver com isso Aster."
"Não me interrompa, eu to falando! Você me fez duvidar de mim mesma e do meu valor. E o pior. Me fez acreditar que você tinha feito isso por uma razão nobre, como nessas estúpidas séries. Me fez acreditar que você me amava. E o que eu mais odeio em mim mesma é que você foi a única pessoa que eu já amei."
"Aster eu te amo, e se você me deixasse explicar!"
"Explicar o que Cae? E mesmo que você garanta que me ama, nós não estamos mais na fase de ser namoradinhos e segurar as mãos no intervalo. Você só me machuca."
Entre todas as coisas que ela disse foi isso o que mais me doeu. Eu só machuco ela. Eu não mereço ela. A cara dela descrevia todo o ódio que já imaginava que ela tinha por mim, raiva pura misturada com lágrimas escorrendo pela sua face.
Estou atrás dela, querendo que ela me dê uma oportunidade, mas isso só mostra como sou egoísta.
"Eu acho que eu só não conseguia deixar isso no passado... Desculpa."
Ficamos olhando para o chão até ela dizer.
"Eu não quero falar disso agora, Caelum, e eu nem sei quando. Eu quero ir embora." e sem mais palavras, ela se afastou, sem olhar para atrás.
Me deixando ali sozinho.
Eu vi que os fones ainda estavam tocando música, o que tocava agora era Go tonight, do Mad Ones.
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9:32, Sexta-Feira, 3 de Setembro
And I'll go
Sit on the floor wearing your clothes
All that I know is I don't know
How to be something you miss
Never thought we'd have a last kiss
Never imagined we'd end like this
Your name, forever the name on my lips
"Aster você não pode ficar assim, você está sendo irracional, foi você a pessoa que disse que não queria falar com ele" Paola disse impaciente na porta do meu pequeno quarto.
"NEVER THOUGHT WE'D HAVE A LAST KISS!!!" Como eu estava naquele momento?
Se você pensou deitada em um rolinho de cobertas escutando o álbum Speak Now da Taylor Swift me lembrando de quem eu tinha encontrado no parque.
Ele parecia outra pessoa, sua energia era a mesma, e seu sorriso... Mas ele tinha mudado tanto. Suas feições tinham amadurecido e eu me sentia mal todas as vezes que eu lembrava do seu rosto. Será que ele estava arrependido? Será que as coisas teriam sido diferentes de alguma forma? Eu deveria ir lá falar com ele.
Não devia não.
Ele era horrível, em anos nunca tentou contatar ela e contar o que tinha acontecido ou a razão da sua separação. Ele não se importava, só queria falar com ela pra tirar esse peso da sua consciência e pagar de bom moço.
Será que já era a hora dela adotar um gato? Ela poderia ser uma senhora dos gatos. Ou uma wine aunt. Droga, ela estava pensando feito um millennial que fez más decisões aos 20.
Ok Asterin, foca. O que você quer fazer? Você não veio para New York para sofrer por amor, você é uma atriz de respeito.
"Eu sou uma atriz de respeito." Eu falei, sentindo o poder das palavras sobre mim.
"Endoidou agora foi?" A Paola disse atrás da porta.
"Pode me dar um pouco de privacidade MÃE!" Respondi enquanto saía do quarto, brincando com a minha colega de apartamento.
"Jesus Cristo nem brinca com isso, imagina ser mãe de uma pirralha dessas."
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