8. Corte
Oláaa! Tudo bem por aí? Esse capítulo é mais curtinho e pensei várias vezes em mudá-lo porque ficava com vergonha relendo, mas ele também é fofo, então aqui está... Espero que gostem.
Ah, e não esqueçam de recomendar pros amigos, pros pais e pro crush
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A pilha de louça limpa foi crescendo aos poucos, Laura terminou de decorar e colocar os pães de mel na embalagem e pegou um pano secar os utensílios que tinham utilizado.
-Então... Modern Family? Eu nunca imaginaria.
-Deu pra perceber pela sua cara, parecia alguém que acabou de descobrir o resultado do DNA do Ratinho - ele abriu a torneira e enxaguou algumas colheres.
-Não me julgue, é você que tem esse monte de tatuagens e ouve rock na aula.
-Falando em julgar... você adora fazer isso, não é? - perguntou, ouvindo mais curiosidade que maldade na própria voz.
-Como se você não fizesse o mesmo - ela riu. - Aposto que você achar que eu fui uma dessas garotas que chorou quando o One Direction anunciou a pausa.
-E não foi? - ele olhou para ela sorrindo.
-Fui, mas até agora você não tinha nenhuma razão pra pensar isso - o sorriso vitorioso de Laura era tão grande que Gui precisou se controlar para não jogar água com sabão nela.
-Um a zero pra você - ele disse.
-Ótimo, eu sou competitiva.
-Não me diga?! - ele entregou um prato para ela. Todos na sala deles sabiam disso, Laura ficava irritada o dia todo quando errava a resposta de uma pergunta ou sua equipe perdia um jogo de vôlei.
-O que posso fazer? É um mal de família - ela riu.
Guilherme se sentia estranho por estar ali, rindo junto com a garota mais inteligente do terceiro ano e, possivelmente, da escola quando pouco mais de uma semana atrás os dois estavam brigando indiretamente e dizendo ao diretor que deixá-los juntos era uma péssima ideia.
Mais que isso, não imaginou que fosse apreciar a própria decisão de ficar e ajudar. A maior surpresa, no entanto, foi perceber que Laura era legal e engraçada, não a nerd chata, enjoada e controladora que ele sempre pensara. Ele estava certo sobre ela ser nerd e meio controladora, mas as partes boas da personalidade dela compensavam.
Era a primeira vez em muito tempo que ele não se importaria em passar horas conversando com alguém que não fosse de sua família. Nem Aline, sua suposta única amiga, conseguia mantê-lo interessado em um diálogo por mais de dez minutos seguidos.
Laura estendeu o braço para colocar o prato em cima do balcão, ela soltou cedo demais, distraída com a própria piada, e os dois ouviram o som de vidro quebrando e viram os cacos se espalhando pelo chão da cozinha.
-Não se mexe - Guilherme falou, vendo que a garota estava descalça, deixou a esponja e o prato dentro da pia e abriu a torneira para enxaguar a mão.
-Não, tudo bem - ela se abaixou para pegar os cacos de vidro, mas dois segundos depois soltou, gritou e deixou tudo cair de volta.
Guilherme se virou e a viu com a pé direito erguido, um filete de sangue escorrendo perto do calcanhar. Ignorando a vontade de dizer "eu te avisei", ele passou um braço ao redor da cintura de Laura e usou o outro para erguê-la. Deixou-a sentada em cima do balcão entre a sala e a cozinha e se abaixou para olhar o pé dela.
-Você tem um kit de primeiros socorros? - perguntou e ela apontou um dos armários da sala.
-Você acha que foi fundo? - ela perguntou, fazendo uma careta. - Tá doendo.
Guilherme voltou com a caixa e a abriu.
-Bom... só tem um jeito de descobrir, né? - ele pegou um pedaço de algodão e, antes que ela pudesse dizer alguma coisa, arrancou o caco e apertou o algodão no corte.
-Ai! Guilherme - ela gritou - você não devia ter feito isso. Eu posso sangrar até morrer!
É, aquela garota definitivamente passava tempo demais vendo séries de TV.
-Meu Deus, como você é exagerada - ele negou com a cabeça e continuou pressionando o ferimento por alguns minutos. O algodão ficou vermelho, mas quando ele tirou já não havia mais sangue escorrendo. - Viu? Te poupei de uma viagem inútil ao hospital.
-Isso foi sorte - ela falou, ainda irritada, mas ele percebeu que estava bem mais calma. - Obrigada, Gui.
Guilherme puxou uma cadeira e se sentou de frente para ela. Pegou um frasco de soro fisiológico e lavou o corte, deixando o líquido cair no chão. Alguém teria que limpar a cozinha depois. O pé de Laura foi envolvido por algumas camadas de gaze, Gui prendeu tudo com um pedaço de esparadrapo.
-Pronto. Vai sarar rapidinho - ele sorriu, satisfeito com o próprio trabalho. Ser pensar muito, se abaixou e deu um beijinho leve perto do curativo.
Só percebeu o que tinha feito quando ergueu a cabeça e viu a expressão confusa no rosto de Laura. Ele soltou o pé dela e se levantou depressa. Estava tão acostumado a fazer isso quando Mel se machucava - o que não era um evento raro - que, aparentemente, era uma ação automática.
-Lala, fez dodói? - Davi perguntou, só agora percebendo a confusão, apesar dos gritos da irmã.
Guilherme nunca se sentiu tão grato a uma criança na vida.
-Fiz, meu anjo, mas não tá doendo mais - ela disse.
-Hm... Onde tá seu chinelo? - Guilherme perguntou.
-No meu quarto - ela disse. - Última porta do corredor.
Um par de pantufas cor-de-rosa estava perto da porta do quarto, Guilherme o pegou tão rápido que nem prestou atenção no interior do cômodo. Voltou para a sala e entregou as pantufas para Laura, sem olhar no rosto dela.
-Tenho que ir, esqueci que preciso... buscar a Mel - falou enquanto tirava o celular da tomada. Ele pegou a mochila e colocou nas costas. - Talvez você deva ver um médico...
-Anh... Tá. Obrigada, Gui. Diz tchau, Davi.
Se levou sessenta segundos até Guilherme estar do lado de fora do portão, foi muito. Colocou o celular no bolso e saiu andando apressado, só não correu porque seria estranho. Mais estranho do que beijar o pé de uma garota que mal conhecia.
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