Especial - Sojin - Pt. 01
Tive que dividir o cap. em duas partes.
Espero que gostem, é diferente de tudo que eu já fiz antes!!
Medo hauauaua
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Sua moto estava no limite, então guinchava um pouco e Sojin sabia que se atingisse uma única pedra no asfalto molhado da chuva, ela cairia de cara no chão, mas ainda assim, era bom correr naquela velocidade, sentindo o vendo turvar sua visão e a chuva bater como lâminas na jaqueta de couro e a calça jeans. Ela queria uma moto mais potente ou no mínimo mais resistente, mas seu pai era resiliente quanto ao assunto.
Sojin estava no terceiro ano de faculdade e se sentia feliz por ter um apartamento só para ela ao invés de morar na República Alfa Beta Capa, onde só tinham garotas desmioladas.
O fato de morar sozinha, era porque uma mulher alfa era muito raro, principalmente uma lúpus e morar numa república cheia de ômegas não fazia bem para sua sanidade. O lado ruim, era que tinha que praticamente atravessar o campus para chegar no prédio do curso de fotografia do outro lado da entrada principal.
Jimin seu pai ômega, comprou uma casa segura, num bairro confiável e com segurança 24 horas, dentro de um condomínio de senhoras recatadas e alguns outros estudantes excepcionais para que ela pudesse ter mais liberdade, principalmente em dias que seu lobo se descontrolava e ela precisava se transformar em um lugar seguro, onde ninguém se machucasse, para deixar o lobo "esticar as patas" um pouco.
Já seu pai Jungkook lhe deu uma moto e um cartão de crédito, a fazendo prometer que Jimin não saberia nada sobre isso.
Sojin adorava seus pais, mas eles não podiam ser mais opostos. Ela precisava lidar contra a crise de personalidade toda vez que tentava agradar os dois de uma vez só. Um por vez ela era capaz de se sair bem, mas quando eles estavam juntos, ela sempre levava alguma bronca aleatória.
Sojin foi criada sozinha por Jimin por tanto tempo, que era normal que seu pai ômega se sentisse no direito de posse, enquanto Jungkook se sentia tão culpado por tê-los abandonado quando engravidou Jimin e fugiu, que acabou virando o pai bobão que deixava ela fazer tudo o que quisesse.
Honestamente, Sojin se sentia a garota mais sortuda do mundo com a família que tinha, mas assim que cruzou o campus, encontrando seu tio Yoongi com as mãos no bolso do jeans, encostado no muro de tijolo vermelho de frente para entrada do seu prédio, percebeu que sua sorte estava prestes a acabar.
Seu tio só aparecia sozinho, quando algo sério estava prestes a acontecer.
Sojin rosnou para algumas garotas acumuladas por perto, que começaram a fofocar e olhar para o seu tio. Sim, ela era possessiva e não podia negar que Yoongi envelheceu muito bem, mas aquelas garotas tinham sorte de ser ela a " rosnar" ao invés do seu tio Taehyung. Elas estariam sem suas cabeças agora, se fosse o tio Taehyung em seu lugar. Ele é um amor de ômega, mas um lobo selvagem quando se trata dos seus maridos e da sua cria.
Sojin tinha um primo 6 anos mais novo que ela, o Kwan. O garoto mais dócil que Sojin já viu na vida. Tudo bem que ela não via Kwan desde quando o pirralho tinha 15 anos. Devia estar com uns 17 agora, talvez tenha mudado.
- O que eu fiz dessa vez? - Sojin perguntou colocando o capacete num banco de ferro próximo e tirando a jaqueta para acender um cigarro guardado no bolso de trás da calça.
- Por que você acha que fez alguma coisa? - Yoongi perguntou aceitando um cigarro quando Sojin estendeu a mão.
- Você só aparece quando estou encrencada. - Sojin resmungou, tragando a fumaça do cigarro no meio da frase.
- Se Jimin descobrir que você fuma, aí sim vai estar fodida. - Yoongi falou sem dar muita importância, afinal foi ele quem apresentou o cigarro para a sobrinha e estaria tão ferrado quanto, se Jimin realmente descobrisse sobre aquilo.
Sojin riu seco, provavelmente pensando o mesmo que ele.
- Não, sério! O que eu fiz?
Yoongi riu.
- Jimin quer que você vá uma semana antes para o Natal esse ano.
Sojin deu de ombros.
- Não posso. Tenho as finais uma semana antes do feriado. Mas não é por isso que veio aqui, fala logo.
- Tem certeza que não é minha filha? - Yoongi resmungou parecendo entediado, mas Sojin sabia que esse era só o jeito dele.
- Tio, fala logo.
- Seu primo, Kwan.
- Ele está bem? - Sojin ajeitou a postura, ficando um pouco preocupada e na defensiva.
- Está. Nós descobrimos que ele é um ômega.
- Jura? E isso é estranho por que? - Sojin não estava surpresa, Kwan era sensível, delicado e tímido demais para desenvolver um alfa.
- Enfim, Taehyung não quer que ele vá para faculdade, porque é um ômega indefeso demais e Hoseok acha cruel impedi-lo de estudar.
- E o que eu tenho com isso?
- Eu não disse que tinha nada com isso.
- Você está aqui, não está?
Yoongi bufou irritado.
- Ele está tomando inibidores, o fato de ser um ômega não seria problema, então…
- Não. Nem pensar. - Sojin resmunga mal humorada. - Não vou ser babá de ômega.
- Jungkook mandou dizer que se você resistisse ele cancelaria o cartão de crédito que supostamente não existe.
- Ele não faria isso. - Sojin falou, agora realmente irritada.
- Jimin apelou pelo seu lado caridoso que só ele acha que você tem.
Sojin revirou os olhos. Jimin realmente achava que todo mundo era bom. Seu pai era inocente até demais, tinha sorte de ter pessoas o protegendo ou era capaz dele sentir piedade de algum assassino e acabar morto ou algo tão trágico quanto.
Sojin bufou mais uma vez, sua preocupação com seu pai tentando tomar conta da sua mente, junto com a saudade de casa, o que fazia seu peito apertar.
Ela guardou todos aqueles sentimentos bem fundo na mente, voltando com a cara de poucos amigos no rosto.
- Eu moro sozinha há muito tempo. Ter um ômega em casa só iria me atrapalhar.
- É o seu primo e como eu disse, ele toma inibidores. Não terá nenhum cheiro irritante, nada disso.
- Tio, pode até fazer tempo que não vou pra casa, mas lembro muito bem do gatinho assustado que Kwan é. Não tenho paciência pra isso.
- É o meu filho Sojin e ele vai pra faculdade você querendo ou não, então é melhor cuidar bem dele.
- Tanto faz.
Yoongi suspirou desanimado.
- Ok. Então me fala o que você quer em troca.
Sojin abriu um sorriso enorme, vendo vantagem naquilo pela primeira vez.
- Quero uma Harley.
- Seus pais não querem que você compre uma. - Yoongi falou quase que automaticamente.
- Exatamente. Os convença e eu aceito o Kwan em casa, mas não vou ser babá dele.
Yoongi balançou a cabeça negativamente. Aquilo era impossível.
- Isso é impossível. - Yoongi exasperou, parecendo irritado pela primeira vez.
O lobo em Sojin queria muito rosnar em desafio para o alfa, mas ela se segurou por respeito.
- Tá, tá. Convença pelo menos Jungkook.
- Seu pai sabe que você o chama de Jungkook?
Sojin revirou os olhos.
- Ok. Vou comprar uma moto pra você, desde que meu filho não ande nela.
- Ele com certeza não vai. - Sojin falou irritada e dessa vez não conseguiu segurar o rosnado.
Ótimo, agora ela tinha 23 anos e teria que cuidar de um pirralho de 17. Aquilo seria um saco.
…
Kwan odiava se sentir daquela forma. Inseguro e sem muita perspectiva. Pra ser bem honesto, ele nem tinha certeza se queria fazer faculdade, mas seus pais discutiram por tantas horas pra ver se ele deveria ir ou não, que ele ficou sem graça em contradizer quando eles finalmente chegaram a um consenso. O que não era nada fácil porque ele tinha três pais e nenhum consenso vinha fácil deles.
Kwan encostou a cabeça no vidro do carro, suspirando baixinho para que ninguém notasse.
Sua prima Sojin era assustadora. Ela era possessiva com tudo pelo que ele lembrava. Sojin não ia muito para casa, ela gostava da independência e não parecia muito sociável. Sem contar que ela tinha problemas em lidar com o pai alfa, por causa de uma história antiga sobre eles que ninguém nunca contou ao pequeno Kwan. Aparentemente era um assunto sério entre a família, mas uma vez Jin lhe falou que era porque o tio Jungkook tinha machucado muito seu marido Jimin, mas foi tudo que ele conseguiu arrancar do tio Jin.
Jin era realmente muito amoroso e paciente com o ômega e ele gostava, apesar de ter certeza de nunca tirar proveito disso.
Ele queria voltar para casa, já tava com saudade do cheirinho do seu cobertor favorito e do chocolate que seu pai Hobi lhe dava escondido toda vez que o pai Taehyung lhe impedia de ingerir muito doce.
Kwan tentou não chorar. Ele odiava se sentir daquela forma, mas não podia evitar ter medo do desconhecido.
Apesar da sua sensibilidade, seu ômega estava adormecido dentro dele, então boa parte daquilo era só sua personalidade mesmo. Desde que passou mal no meio da sala de aula aos 16 anos, descobrir que era um ômega e estava no cio, Kwan optou por tomar inibidores para nunca passar por aquilo de novo. Seu melhor amigo quase perdeu todo o controle sobre seu lobo e o atacou, mas por sorte os seguranças o impediu a tempo, ainda assim foi assustador.
Kwan decidiu por tomar sedativos diante o primeiro cio e então foi direto para os inibidores, deixando a memória que teve do seu lobo durante um fracasso de segundo que perdeu o controle, esquecido na memória.
Ele lembra dos olhos quase roxos lhe encarando no espelho, ele lembra de uma voz rouca e irritada em sua mente, mas isso era tudo.
Era o suficiente para aterroriza-lo durante a noite até hoje no entanto.
Quando Kwan acordou, o carro já estava parado enquanto seu pai conversava baixo com alguém do lado de fora.
Kwan coçou o olho de um jeito fofo enquanto encarava os dois através do vidro.
Sojin estava mais velha e era uma mistura de Jimin com Jungkook impressionante, apesar de parecer muito mais com o pai alfa.
Seu corpo vibrou em resposta à um lúpus, mas Kwan revirou os olhos e abriu a porta do carro ao invés de tentar se esconder. Não é como se pudesse voltar para casa, então…
Sojin encarou o ser pequenininho que saía do carro ainda coçando o olho esquerdo de um jeito fofo enquanto se espreguiçava.
Seu primo era fofo.
Foi a conclusão em que Sojin chegou ao encarar o primo por tempo demais.
Seu lobo tentou cheirar o ar ao redor do garoto, que parecia mais uma criança de 12 anos, do que um adolescente de 17.
- Eih. - Kwan falou com a voz baixinha, olhando para Yoongi com os olhos brilhando, implorando por algo.
- E aí pirralho. - Sojin falou animada e se aproximou para bagunçar os cabelos de Kwan, mas o garoto correu para trás do pai antes que ela o alcançasse.
- Falei que ele era tímido porra. - Yoongi resmungou, mas não parecia irritado.
Na verdade ele parecia estar se divertindo com a situação. Talvez porque Sojin nunca parecia chocada com basicamente nada em sua vida.
- Ele não aceita ser tocado?
Yoongi deu de ombros.
- Não sei se ele aceita, mas Kwan é fofo demais, então não deixa ninguém tocar nele, caso ele resolva começar a aceitar.
Sojin riu da cara de sofrimento do alfa.
- Posso ir para o meu quarto? - Kwan sussurrou a pergunta, colocando a cabeça para o lado para desbloquear a visão que tinha da alfa.
- Quem disse que você tem quarto? - Sojin sorriu, levantando uma sobrancelha de deboche.
- Eu… - Kwan olhou para o pai, que não parecia muito propenso em ajudar. - Tem um sofá? - Kwan perguntou parecendo ter achado a solução perfeita para o problema.
Ela devia ter um sofá. Todo mundo tinha sofá, certo?!
- Terceira porta no segundo andar, pirralho. - Sojin disse brincalhona.
Kwan correu para abrir o porta-malas do carro e então saiu arrastando uma mala Rosa de rodinhas, parecendo ter metade do seu tamanho.
O garoto arrastava com dificuldade o trambolho, mas parecia empolgado em conseguir fazer algo sozinho, apesar de ter dado no máximo uns dez passos com aquele peso todo.
- Você não vai ajudar? - Sojin perguntou revoltada enquanto assistia o ômega parar de andar e passar o antebraço na testa como se tivesse trabalhado carregando tijolos o dia todo.
Yoongi deu de ombros.
- Hoseok disse que dificuldades moldam carácter. - o alfa respondeu entediado.
- Preguiçoso do caralho. Seus ômegas te domesticaram demais. - Sojin resmungou indo até o ômega para ajudar.
- Olha o respeito.
Sojin concordou seria dessa vez.
- Eu sinto muito. - ela resmungou enquanto carregava a mala sem dificuldade alguma para dentro da casa.
Sojin odiava quando passava dos limites com o tio, ela sempre o considerava mais um melhor amigo do que um tio. Às vezes acabava o desrespeitando e se sentindo uma droga por isso.
Jimin sempre foi muito enfático em ser uma pessoa respeitosa e educada. Ela tratou o pai ômega tão mal quando era criança, que acabou prometendo a si mesmo que seria a melhor filha que pudesse ser depois disso.
Ser respeitosa fazia parte do pacote " Como ser uma melhor versão de você", mas ultimamente até nisso ela andava fracassando.
Yoongi sorriu. Ele adorava quando Sojin se sentia culpada por ter liberdade com ele. Era bom judiar da sobrinha, ele nunca se cansaria disso.
…
Kwan terminou de colocar as roupas no guarda roupa, revirando os olhos para todas as jaquetas Gucci que seu pai enfiou na sua mala sem que ele estivesse vendo. Ele gostava de ser discreto e passar o mais despercebido possível, coisa que ele não tinha em comum com seus pais omegas. Eles eram sempre muito escandalosos.
O ômega suspirou desanimado, estava com saudade de casa. Saudade dos gritos do Hobi ou dos mimos sem limites de Taehyung, até mesmo de sentar em silêncio e ler um livro ao lado do pai alfa, dorminhoco. Ele só queria voltar pra casa.
- Ainda tá com essa merda de vegetariana na cabeça? - Yoongi perguntou abrindo a geladeira e fazendo uma carranca.
- Eu como animais quando vou caçar. - Sojin falou dando de ombros.
Yoongi arregalou os olhos, fechando a geladeira talvez com mais força que o necessário.
- Você se transforma?
- Só quando preciso.
Yoongi passou a mão nos cabelos, olhando com receio para a escada que levava aos quartos.
- Relaxa. Não vou machucar seu filhote.
- Não é isso. Lúpus conseguem sentir o cheiro de um ômega mesmo com os inibidores, quando se transformam.
Sojin encarou o tio um pouco incrédula.
- Como diabos…
- Hoseok. Ele diz que tem que "esticar as patas" às vezes.
Sojin concordou pensativa. Aquilo era mal de lúpus. Jimin e Jungkook viviam agoniados para se transformarem vez ou outra, ela entendeu os pais depois que chegou ao primeiro cio. Agora ela mal conseguia se manter na forma humana por muito tempo.
- Mesmo se eu puder sentir o cheiro de um ômega. Não é como se isso fosse mudar em algo, sinto cheiro de ômegas por todo o trajeto até a reserva florestal atrás do condomínio. Não tem porque se preocupar.
- Quando é o seu cio?
- Não é da sua conta.
- Meu filho vai morar no mesmo teto que você.
- E a culpa é de quem por isso?
- Caralho Sojin…
- Tá, tá… relaxa, é mês que vem, mas já tenho uma ômega que vai me ajudar com isso.
- Não traga ela aqui?
- Por que não?
- Porque não quero que você tire a pureza do meu filho e ele é curioso demais. Sem contar que não vai ter liberdade aqui.
Sojin revirou os olhos.
Que merda. Aquilo estava ficando mais chato do que ela imaginava.
- Ok. Não vou trazer ninguém pra cá. Quando é o cio do Kwan.
Yoongi olhou feio e enciumado para a sobrinha.
- Você que começou com essa porra.
- Mês que vem, os inibidores contém boa parte, mas você ainda vai presenciar diferenças de humor.
- Diferenças de humor?
- É. Ele fica bem mais amoroso, grudento e extremamente inseguro.
- Mais inseguro?
- Sojin, ele sabe se virar. Só deixa o garoto em paz e afasta todo mundo que chegar perto dele.
- Como é que ele vai perder a virgindade assim?
- Ele vai morrer virgem. - Yoongi respondeu simples.
Sojin gargalhou, mas Yoongi claramente não tinha entendido a piada.
- Ele precisa transar. Essa insegurança toda é claramente falta de experiência e contato com o mundo exterior.
- Você é todo o mundo exterior que ele vai ter.
- Não vou tocar na sua criança. - Sojin falou irritada, mal interpretando o tio.
- É exatamente por isso que ele tá aqui. Confio em você.
Sojin deu de ombros.
- O que eu supostamente deveria fazer se ele quiser trazer um alfa pra casa?
- Impeça é claro.
- Não vou ser babá de ômega, já disse isso.
- É só falar pra ele que não pode e ele vai obedecer. Kwan nunca faz nada que não está autorizado a fazer.
- Nunca? - Sojin perguntou mais uma vez incrédula.
- O que você mandar ele fazer, ele vai obedecer. Então, não escravize meu filho por favor.
Sojin riu.
- Não vou. - ela respondeu distraída, pensando se Kwan sabia lavar roupa e talvez a louça.
…
Kwan agachou no chão da lavanderia, protegendo os ouvidos com suas mãos, como se adiantasse algo. Seu estômago revirava e sua mente estava um turbilhão. O lobo de olhos púrpura que vivia dentro dele estava lutando para sair do torpor que a droga causava nele. Kwan vinha tendo pesadelos e todo tipo de dores estranhas, pensamentos contraditórios e alterações instantâneas de personalidade, então ele sabia que tinha algo errado, mas se contasse para os seus pais sobre aquilo com certeza o impediriam de tomar as drogas, sem mais inibidores. Ele entendia seus pais e sabia que era o melhor para sua vida, mas seu objetivo sempre foi deixar o lobo escondido por hora, isso não significava que ele iria deixar de sentir que algo estava faltando, algo dentro de si era incompleto, só que o medo daquele lobo que vivia dentro dele era bem maior que qualquer outra coisa e Kwan se sentia com sorte por ter pais tão compreensivos. Tudo bem que eles não sabiam o quanto as drogas estavam o prejudicando, mas isso não importava no momento, porque funcionava.
O ômega finalmente se sentiu mais aliviado, olhando para a máquina de lavar sem o mesmo ânimo de antes.
Ele odiava ouvir os gritos de insatisfação dentro de sua mente, seu lobo queria sair, ele queria muito. Talvez…
- Tudo bem por aí?
Kwan olhou assustado na direção da porta da lavanderia, vendo Sojin com algumas sacolas de compras, o encarando com curiosidade.
- Estou bem. Por que?
- Você estava chorando. - Sojin apontou para o rosto do mais novo, que imediatamente passou a limpar as lágrimas com a manga da blusa.
- Saudade de casa, só isso.
- Certo. - Sojin não sabia lidar com pessoas chorando, então ficou aliviado quando Kwan a dispensou com qualquer desculpa dificilmente verdadeira.
Ela estava terminando de fazer o jantar, quando Kwan desceu as escadas vestindo uma blusa de lã enorme e nada mais.
Ela odiava ser uma pervertida, mas honestamente, seu primo era uma graça.
- Empolgado para o seu aniversário de 18 anos?
Kwan enrugou a testa confuso, roubando uma cenoura picada de forma pouco impressionante, mas fofa.
- Meu aniversário é só na próxima semana.
Sojin deu de ombros.
- Sei disso, mas meus amigos só estavam livres esse fim de semana e quero emprestá-los à você.
- Dispenso.
- Não seja indelicado, você vai curtir seu aniversário decentemente, nem que eu tenha que te amarrar numa cadeira e enfiar tequila na sua garganta.
Kwan parou com um pedaço de cenoura entre os lábios, encarando Sojin com puro pânico no olhar.
- Relaxa pirralho, foi só figurativamente falando. - Sojin mentiu. Ela seria totalmente capaz de tal ato.
- Não conheço seus amigos.
- Ótima forma de conhecê-los e você também pode chamar um amigo seu.
Kwan pensou por um momento, fazendo uma carinha engraçada pelo esforço.
Ele tinha começado as aulas naquela semana e conheceu Soobin, um colega de classe super interessado em tudo que ele falava. Kwan sabia que não era tão interessante assim, mas gostava da atenção do alfa.
- Então talvez eu chame alguém.
Sojin deu de ombros.
- Por que está cozinhando?
- Eu sempre te alimento mal agradecido.
- Me alimenta com comida congelada. Qual a ocasião especial?
Sojin rosnou, mais por provocação do que qualquer outra coisa.
Ela se aproximou de Kwan, o prendendo entre seu corpo e a pia e cheirou seu pescoço sem nenhum pudor.
- Você cheira bem. - Sojin sussurrou entre um rosnado que parecia mais uma vibração grave do que realmente um som.
- Como você sabe? - Kwan perguntou quase sem voz, as pernas bambas e a sensação estranha de uma intimidade até então desconhecida.
Ninguém se aproximava dele assim.
- O cheiro dos inibidores é bem forte, mas me transformei ontem a noite e meu lobo ainda está aumentando meus sentidos, é difícil controlar.
- Então meu cheiro é bom?
- Muito bom.
Kwan não sabia o que fazer com aquela informação, mas algo dentro dele parecia orgulhoso.
- Enfim, uma amiga vem hoje a noite. Por isso estou tentando fazer comida não congelada.
- Amiga? - Kwan se ajeitou da melhor forma possível, saindo de perto de Sojin que não o impediu.
- Sim. Vou ajudá-la com o cio na próxima semana e ela gosta de jantar e essas coisas.
Kwan concordou pensativo.
…
Quando Rose chegou na casa de Sojin, tudo que ela queria era um tempo a sós no quarto com a alfa. Sojin era conhecida por saber bem como tratar um omega no cio e ela estava louca pra ver se a fofoca era verdadeira. No entanto, a presença de um omega super sem graça primo de Sojin, estragou todo o clima, acabando com o jantar bem antes do previsto e nada de tempo a sós.
Rose estava possessa, mas nada comparado com o fato de ser convidada para o aniversário do mesmo ômega empata foda de três dias atrás.
Agora, lá estava ela na porta da casa de Sojin, com um vinho qualquer em uma das mãos e um sorriso falso no rosto, pronta para dispensar o idiota do primo da alfa para dormir e deixá-la aproveitar um pouco a noite com a garota mais popular da faculdade.
Sojin era conhecida como a destruidora de corações da universidade, mas honestamente Rose só queria que todos soubessem com quem ela estava saindo, não ligava muito para o fato de Sojin ser fria e extremamente pervertida na cama.
Kwan abriu a porta, dando de cara com a ômega do cheiro enjoativo que parecia odiá-lo por nenhum motivo.
- Feliz aniversário, querido.
- Não sou seu querido. - Kwan respondeu com um rosnado irritado, que na opinião de Sojin, parecia mais com um filhote de gato resmungão.
- Kwan não é assim que trata as visitas. - Sojin falou detrás do ômega, o deixando vermelho da cabeça aos pés com a vergonha por ter sido pego, mas não pelo que disse.
- Desculpa. - Kwan respondeu seco, pegando o vinho da mão da ômega e colocando de qualquer jeito na mesa da sala.
A festa de 18 anos de Kwan parecia animada. Três amigos de Sojin e o Soobin, amigo do Kwan jantaram em casa, beberam um pouco e agora estavam entrando numa balada perto do campus onde todo mundo parecia conhecer, menos Kwan.
- Não gosta de baladas? - Soobin perguntou, abraçando o ômega por trás e cheirando seus cabelos com cheiro de shampoo de baunilha ou era seu cheiro natural, ele não sabia dizer.
- É minha primeira vez, mas o som realmente irrita meus ouvidos.
Soobin sorriu admirado. Aquele ômega era tão inocente e fofo.
O alfa o puxou para a pista de dança, colocando as mãos firmes no seu quadril para ajudar o garoto a rebolar colado ao seu corpo.
- Por que você usa inibidores, ômega?
- Não sei. Tenho medo de não saber controlar meu lobo ou ser atacado.
Soobin virou o rosto do ômega para beijar seus lábios, mas não o fez.
- Posso te beijar?
Kwan concordou com a cabeça, ainda de olhos fechados, fazendo Soobin rir mais um pouco.
Aquele ômega era tão único.
O beijo foi lento, quente e molhado. Kwan não sabia o que pensar sobre. Ele nunca beijou antes e honestamente, aquilo não parecia nada demais, era só quentinho e diferente.
Ele poderia viver sem aquilo, talvez.
- Desculpa atrapalhar o casal, mas precisamos ir. - Sojin disse nada delicada ou pouco parecendo sentir alguma culpa com o fato.
- O que aconteceu? - Kwan a encarou preocupado.
- Não estou me sentindo muito bem,vamos logo.
Kwan não entendeu muito bem porque tinham que sair cedo da balada, Soobin também não parecia nada feliz, mas não disse nada.
O alfa disse que precisava ir embora quando chegaram em casa e Kwan não se sentiu mal por isso, mas Sojin parecia bem feliz e isso deixou o ômega confuso e um pouco cismado pra falar a verdade.
O que Sojin tinha contra o alfa? Será que seus pais falaram algo pra ela?
A esse ponto da noite, estavam já todos bêbados e cansados, jogados no sofá e no tapete da sala enquanto falavam sobre seus 18 anos que na verdade ainda estava por vir.
Kwan comeu um bolo comprado, não muito bom, mas adorou a quantidade exagerada de açúcar.
Por algum motivo ele queria Soobin ali, o alfa parecia sempre cuidadoso e carinhoso com ele. O ômega gostou da atenção, foi a primeira vez que sentiu aquilo.
- Não quero parecer indelicada, mas aquele beijo parecia péssimo. - Rose falou tomando a atenção de Kwan.
- Foi obviamente o primeiro beijo do garoto, dá um crédito a ele. - Um garoto do cabelo laranja disse, mas Kwan não sabia o nome dele.
- Estão falando de mim? - Kwan perguntou confuso.
- E do seu óbvio primeiro beijo na pista de dança.- Lisa disse ao lado da Rose, mas ela não parecia amarga ou feliz quanto Rose quando comentou.
- O beijo não estava certo?- Kwan encarou Lisa em dúvida e com muita vergonha.
- Não me impressiona que o garoto tenha ido embora quase correndo.- Rose comentou baixo, mas não baixo o suficiente para que Kwan não escutasse.
- Deixem meu priminho em paz, ele ainda tem muito o que aprender.- Sojin disse completamente bêbada, sentando ao lado de Kwan no sofá e jogando o braço no encosto ao lado do ômega.
- Por que não ensina pra ele Sojin, ouvi dizer que você é muito boa em desvirginar ômegas. - O de cabelo laranja disse.
- Kwan é da família.- Sojin declarou como se aquilo fosse óbvio.
- Meu primeiro beijo foi com meu primo. - Lisa deu de ombros.
Sojin riu, parecendo mais divertida com a conversa do que qualquer outra coisa.
- Ok. Então aqui vai uma dica. - Sojin sentou no colo de Kwan, o pegando pelo queixo para força-lo a olhar em seus olhos.- Abra boca.
Kwan estava em choque, seu peito parecia querer pular do corpo e suas mãos suavam.
Ele abriu a boca como foi ordenado.
- Menos.- Sojin sorriu quando Kwan diminuiu a abertura, ela suspirou se aproximando para lamber a boca do ômega, saboreando cada pequena parte dos lábios quentes e delicados do menor.
Kwan gemeu ao sentir a língua de Sojin invadindo sua boca, tão quente e dominante, exigindo espaço, o incentivando a colar sua língua com a da alfa. Seus olhos marejaram por algum motivo inexplicável e seu corpo vibrou com um rosnado de posse, chupando e mordendo os lábios de Sojin, que parecia um pouco em choque com a resposta de seus corpos em relação ao beijo.
- Uau! Isso sim é um beijo.- Lisa disse animada, batendo palmas e rindo, obviamente muito bêbada.
Sojin piscou desnorteada, tossindo meio sem graça enquanto saía de cima do ômega.
Porra! Porra! Porra!
Seus olhos se tornaram vermelho vivo e ela estava prestes a rosnar por dominância, mas conseguiu se controlar o suficiente antes de subir as escadas com um pedido de licença quase inaudível por causa da voz rouca.
Kwan ficou sentado na mesma posição por sabe lá quanto tempo, até que todos estivessem dormindo, jogados de qualquer jeito no chão.
O que foi aquilo?
Ele foi até a cozinha abrindo a geladeira, mais porque precisava do ar gelado do que com interesse em algo ali dentro.
O ômega estava tão pilhado, que seu coração batia saltitante e um sorriso queria escapar dos seus lábios.
Então era assim que um beijo parecia?!
Era tão bom, ele queria mais, ele queria passar a noite inteira beijando a boca de Sojin.
Merda! Ele a odiava certo?! Ela era grossa, o tratava feito criança. Ela era sua prima pelo amor de Deus.
- Você se finge de inocente e puro, mas tá na cara quais são suas verdadeiras intenções aqui. - Rose disse da entrada da cozinha, encarando Kwan como se quisesse matá-lo.
O ômega pulou de onde estava, tentando apagar seus últimos pensamentos impuros antes de transparecer em suas feições de alguma forma.
- Não gosto de você, então fala logo o que quer.- Kwan falou irritado, fazendo um bico mais adorável do que ameaçador.
- Você é tão patético. Tomou inibidores por tanto tempo que nem percebe o quão sem graça se tornou. Não tem corpo o suficiente para atrair um alfa macho e é fraco o suficiente para não conseguir que uma fêmea te olhe. Melhor aceitar que vai morrer sozinho e parar de tentar ganhar a atenção da sua prima.
- Eu não estava…
- Por que não tenta aquele seu amigo alfa? Ele parece virgem tempo o suficiente para aceitar qualquer coisa.
Kwan sentiu lágrimas correrem de seus olhos sem sua permissão.
Ele realmente se sentia patético. Não tinha nada de novidade nas palavras de Rose, mas ainda assim, ouvir de outra pessoa machucava.
- Isso não é da sua conta. - Kwan bateu a porta da geladeira com mais força do que deveria, se aproximando da ômega irritante.
- Não precisa se sentir ameaçada vadia, minha prima ainda vai te comer no seu cio.
Rose arregalou os olhos em choque e Kwan a entendia bem, ele parecia tão inocente que era confundido muitas das vezes com uma criança pura e infantil, mas seu tio Jin lhe ensinou tudo que ele precisava saber, principalmente quando se tratava de ômegas ciumentas. Ele podia ser verdadeiramente inocente quanto a sexo, mas não quando precisava por uma ômega no seu lugar.
Rose deu um tapa na cara de Kwan e uma de suas unhas postiças arranhou sua bochecha, deixando um filete curto de sangue escorrer por seu rosto, agora todo vermelho por causa do arranhão e da raiva que sentia.
Kwan voou pra cima da ômega, a jogando no chão e estava prestes a estapea-la até a morte, se não fosse pelo seu lobo uivando e rosnando como um modo de defesa que ele nem sabia que tinha.
Rose subiu as escadas aos prantos, gritando por Sojin e Kwan levantou meio tonto, correndo atrás da ômega enquanto seu lobo tentava dominar seu corpo.
Seus olhos se tornaram completamente roxo e prata, formando um púrpura assustador enquanto ele agarrava as pernas da ômega, rolando pelas escada e perdendo o completo controle do seu corpo.
Kwan se transformou num lobo completo. Ele era cinza e branco, seus olhos eram únicos e seu corpo era tão grande que o ômega praticamente cobriu por completo Rose, que estava jogada no chão chorando alto, um som muito irritante até mesmo para outro ômega.
O lobo de Kwan agachou sobre a ômega e foi para atacar seu pescoço, ele iria matá-la. Teria conseguido, se Sojin não tivesse se transformado no meio das escadas e se jogado no corpo do ômega, fazendo ele bater com a cabeça na parede lateral da sala.
A esse ponto tinham muitas coisas quebradas pela casa. Uma garrafa de vinho estava caída no pé da mesa da sala, derramando vinho entre os dois lobos que rosnavam um para o outro, disputando território, mesmo que não estivessem se atacando fisicamente.
Lisa agarrou Rose pela blusa rasgada e puxou Suho pelo ombro, deixando só os lúpus naquela briga por dominância insana.
- Me solta. Eu preciso ajudá-la.
- Tá louca? Se você se meter entre os dois vai acabar morta.
- O idiota do ômega é um lúpus?
Lisa suspirou desanimada, praticamente enfiando a amiga dentro do carro.
- Sojin vai saber lidar com isso, só vamos dar o fora daqui.
Kwan não sabia exatamente o que seu lobo queria, mas antes de descobrir qualquer coisa, Sojin uivou e o encurralou ainda mais na parede. Em resposta, o ômega assistiu seu lobo agachar no chão com um choro baixinho, grudando o focinho no chão e lambendo as patas de Sojin, com um olhar piedoso para a alfa, mas isso foi tudo que ele pode ver, sua mente ficou nublada logo em seguida e seu corpo voltou ao normal sem controle algum por parte dele.
Sojin baixou o focinho na direção do alfa, se sentindo tonta e confusa com aquele cheiro único e tão cativante. Kwan cheirava a baunilha, era tão suave e delicado, assim como ele.
A alfa lambeu um corte em sua bochecha, vendo a ferida cicatrizar rapidamente por causa da sua saliva e então se transformou em sua forma humana, carregando o pequeno ser no colo em direção ao seu quarto, só porque queria de forma egoísta aquele cheiro misturado ao seu no lençol da cama.
- Seu pai vai me matar lentamente. - ela resmungou irritada com o quanto o ômega parecia lindo e terrivelmente irresistível aos seus olhos.
Ela estava muito ferrada.
…
A alfa saiu do seu quarto um pouco desanimada por ter que sair.
Sojin andava furtivamente roubando roupas do ômega no cesto do banheiro só para sentir aquele cheiro impregnado em seu ninho. Era patético e ela precisava de tirar aquele ômega da cabeça o quanto antes.
- O que está acontecendo aqui? - Sojin perguntou, olhando alucinada na direção de Kwan.
Ela estava se preparando para o encontro com a Rose quando ouviu uns resmungos do corredor e resolveu ver o que era.
Kwan estava de joelhos na cama, encarando o espelho com certa tristeza. Ele vestia só uma boxer preta, olhando seu reflexo como se fosse assustador aquele que o encarava de volta.
Seus ombros estavam caídos e ele carregava um bico fofo nos lábios inchados pelas mordidas incessantes de nervoso.
Kwan era uma mistura quase que assustadora do Hobi e do Taehyung, o que fazia dele igualmente lindo. Seu queixo era quadrado, mas seus lábios eram delicados e singelos, contrastando em suas diferenças, o que o tornava único.
- Não tô achando nada pra vestir. - Kwan resmungou ainda encarando o espelho.
Ele estava tão revoltado, que pela primeira vez seu corpo mal reagiu a alfa que entrava no quarto com cautela.
Em sua visão, foi tão vergonhoso o que aconteceu alguns dias atrás, que ele mal conseguia olhar para a alfa, que parecia incrivelmente paciente e carinhosa com ele ultimamente.
Devia sentir dó dele ou algo assim.
- Vai sair?
- Hoje é oficialmente meu aniversário e eu parei de tomar os inibidores três dias atrás. Vou entrar no cio há qualquer instante.
Sojin enrugou a testa confusa.
Se aquilo não era um sinal vermelho piscante bem na sua cara, ela não sabia o que era.
- Não sinto seu cheiro.
- Passei aquele perfume, preciso chegar até o restaurante e depois até a casa do Soobin. Não posso ser atacado no meio da rua.
- O que? - Sojin se aproximou ainda mais do ômega sem nem perceber o que fazia.
- Vou passar meu cio com um alfa. - Kwan disse com as forças que lhe restavam.
Ele odiava se sentir um inútil e não era a idiota da Sojin que faria isso com ele.
- Seus pais sabem que parou com os remédios?
- Eles não sabem ainda, mas tenho certeza que me apoiariam. Eles não estavam muito contentes com essa minha ideia de inibidores.
- E eles sabem que você é um lúpus?
- Ainda não sei como processar isso direito, então não contei a ninguém ainda. Eu vou para a casa do Soobin, ele disse que tem uma irmã lúpus e sabe lidar com a situação, se caso eu perder o controle.
Por que ela estava tão perto?
- Não. Você não vai. Cadê os inibidores?
Kwan riu.
- Por que diabos você tá …
Kwan tocou no ombro de Sojin, descendo seu braço com delicadeza enquanto assistia os olhos da alfa vacilarem entre o vermelho e o castanha escuro.
- Seu lobo me quer. - Kwan disse com naturalidade.
Sojin rosnou para o ômega que não parecia nenhum pouco afetado com isso.
Seu corpo não tinha mais controle algum de suas palavras, seu lobo era debochado e ele estava começando a gostar do seu senso de humor, seu medo era relativamente menor e ele meio que se sentia completo agora que deixou parte de si destrancada em sua mente.
Sendo assim, agora Kwan sabia o quanto queria aquela alfa idiota. Era tanto e de tal forma, que estava difícil se controlar, mas não ia assumir isso. Talvez Soobin não fosse uma má ideia afinal. Ele estava decidido.
Sojin balançou a cabeça algumas vezes.
- Você está cheirando bem. Vai sair também? - Kwan perguntou como quem não quer nada.
- Vou passar a semana na casa da Rose, acha que consegue ficar longe de problemas? - Sojin perguntou distraída enquanto encarava o corpo do ômega.
Ele era tão pequeno, delicado e aparentemente suave ao toque.
Sojin queria tanto tocá-lo, que suas mãos formigavam em resposta.
- Sei cuidar de mim. - Kwan resmungou enciumado.
Sojin sorriu, pensando no ômega sem nenhuma roupa, todo suado e gemendo seu nome com aquele mesmo tom de irritação que o deixava tão fofo.
Merda! Isso é tão errado.
Sojin balançou a cabeça, tentando fingir a normalidade que já não existia entre eles. Ela queria tanto o ômega que chegava a doer fisicamente.
- Ah! A propósito, parabéns pirralho. Vamos comemorar de novo quando eu estiver fora de perigo de te machucar, ok? - Sojin tentou se afastar, mas estava difícil sequer tirar os pés do mesmo lugar.
Seu cio estava próximo e aqueles pensamentos não ajudavam.
Ela queria devorar o pobre ômega.
Que porra de magia negra era aquela?!
Kwan concordou sem prestar muita atenção, voltando os olhos para o espelho ao lado da cama.
A alfa foi até a porta do quarto novamente, com uma dificuldade um tanto quanto anormal, mas não conseguiu sair.
- O que tem de errado afinal? Não para de se encarar no espelho com essa cara?
- Sou muito pequeno, um ômega sem cheiro e não tenho corpo. Não consigo atrair ninguém desse jeito. É só… frustrante
- Você é lindo e esse garoto tem sorte de ser notado por você.
Kwan suspirou pouco convencido com aquilo.
Sojin só queria gritar a esse ponto. Era tudo simplesmente frustrante.
- Odeio meu corpo. Ele não desenvolveu por causa dos cios interrompidos. - Kwan tocou o abdômen nada malhado, com uma bainha lateral que ele francamente odiava, subindo as mãos para os mamilos e o apertando pra ver se ficavam rosados ou qualquer outra cor que não fosse aquele marronzinho sem graça. Seu corpo estava quente e gostava da sensação das suas mãos, mas não era a mesma coisa que admirar seu corpo por isso.
Sojin sentiu os olhos brilharem de puro desejo.
Seu cio estava próximo demais para assistir aquela merda sem reagir ao fato de que tinha um ômega seminu se alisando na sua frente.
Talvez seu tio não ligasse tanto se ela só desse uma forcinha para o ômega se sentir confiante, pronto para começar sua vida sem medos.
Yoongi devia estar lhe torturando de alguma forma, porque aquilo parecia o maior de todos os castigos já impostos à ela.
Sojin bufou irritada, se sentindo mais velha e sábia do que deveria.
Ela precisava se manter no controle.
Mas que porra ela estava pensando?!
Talvez se controlasse só metade não iria direto pro inferno.
- Vou ser boa pra você e te ensinar a apreciar o próprio corpo, só me prometa que não vai contar pra ninguém. - Sojin pediu, se sentindo a alfa mais suja e sem escrúpulos do universo, mas foda-se, ela já tava ali mesmo.
Sojin tirou a jaqueta de couro, a jogando de qualquer jeito na cômoda ao lado da cama, mas permaneceu com as luvas que usava quando ia pilotar a moto.
A alfa tirou o coturno de qualquer jeito e ajoelhou atrás de Kwan na cama, encarando o ômega pelo espelho.
O cheiro dele estava bem fraco, mas porra, era incrível.
Sojin passou o nariz pelo ombro de Kwan, sentindo ele arrepiar com o gesto.
Tão sensível.
- Promete que será nosso segredinho sujo? - Sojin perguntou com a voz rouca e baixa, passando a mão coberta pelo couro no abdômen de Kwan, subindo até seu peito e roçando o tecido grosso em seu mamilo.
Sojin rosnou baixo.
Kwan era um pecado tão delicioso.
- Prometo. - Kwan disse, gemendo enquanto jogava a cabeça nos ombros da alfa.
Sojin puxou os cabelos de Kwan com a mão livre, o obrigando a olhar para o espelho.
- Não tire os olhos. Quero que veja o porquê de ser tão lindo.
Kwan assistiu suas bochechas colorirem através do reflexo, enquanto sua ereção tomava forma.
O ômega mordeu os lábios grossos e extremamente beijáveis que herdou do pai, encarando Sojin que o olhava com o que podia se traduzir como fome.
- Você é lindo, doce e irresistível. - Sojin disse, tirando uma das luvas com a boca e a jogando em qualquer canto. - Deixa eu te mostrar o quanto.
Ela abaixou a boxer do mais novo e desceu a mão até a ereção de Kwan, pegando nas suas bolas para fazer uma massagem de maneira nada delicada, antes de torturar a glande do ômega que remexia o corpo para se encaixar mais em Sojin atrás dele.
- Fala pra mim. - Sojin pediu com a voz manhosa e cheia de desejo, chupando sua orelha enquanto sussurrava pedidos repetidos.
- Eu sou lindo. - Kwan repetiu rindo envergonhado até engasgar com os movimentos de Sojin. - Doce. - Ele falou entre gemidos, choramingando por nada em específico.
Sua boca entreabriu e seus olhos atingiram quase uma coloração violeta, enquanto ele lambia os próprios lábios vermelhos e chamativos.
- Continua. - Sojin exigiu, chupando, lambendo e arranhando os caninos pelo pescoço do menor.
- Eu… - Kwan engasgou.
A alfa masturbava Kwan na maior cara de pau, sorrindo para ele pelo espelho enquanto o ouvia gemer e choramingar com a sensação nova.
- Isso é tão bom. Ah… Sojin.- Kwan gemeu mais ainda, sentindo lágrimas escorrerem dos seus olhos quando Sojin passou a combinar os beijos molhados em seu pescoço, com uma mão apertando seu mamilo até inchar e a outra o masturbando com rapidez e nenhuma delicadeza.
- Você fica ainda mais lindo todo mole, jogado nos meus braços enquanto geme meu nome.
Kwan gemeu mais vez, sentindo as pernas fracas, sem forças alguma.
Sojin o segurou pela cintura, sem parar com os movimentos acelerados no pau inchado e pingando pré gozo em sua mão.
- Me fala o que você é, ômega.
Kwan gemeu, olhando para o próprio rosto, as bochechas rosadas, os lábios brilhando com sua saliva, avermelhados e mordidos, o suor escorrendo no canto da testa, grudando seu cabelo nas têmporas, os olhos úmidos de lágrimas recentes.
- Eu sou irresistível. - Kwan respondeu sem saber o que realmente dizer. Ele não parecia com nada do garoto com quem viveu toda sua vida.
- Você fica uma delícia tentando falar corretamente enquanto eu te faço gozar.
Kwan gemeu manhoso, virando o rosto para se esfregar na alfa.
Ele não sabia o que queria, mas também não tinha coragem de pedir o que quer que fosse.
Sojin chupou aqueles lábios chamativos e desceu os beijos pelo pescoço do ômega, rosnando baixo ao passar perto de onde uma marca de ligação era selada.
- Você é realmente irresistível. - Ela sussurrou enquanto o mordia no ombro, bem próximo da área da marca.
Kwan arregalou os olhos, gemendo alto com a sensação dos dentes da alfa rasgando sua pele. Seu corpo inteiro amoleceu enquanto ele gozava nas mãos de Sojin.
Os olhos de Sojin coloriram de vermelho enquanto ela sentia o gosto de Kwan em sua língua, mas foi rápido demais e logo ela já estava lambendo a mordida para cicatrizar o mais rápido possível. A marca sumiria em alguns dias, mas algo em seu peito borbulhava enquanto ela assistia sua marca no ômega.
Droga!
Kwan caiu na cama, sentindo o corpo quase flutuando de tão leve, seu lubrificante natural tomou conta do quarto e da mente de Sojin que ajoelhou entre as pernas do menor deitado de bruços, para lamber suas pernas e sua entrada rosinha que piscava implorando por atenção.
Sojin adorava os gemidos sofridos de Kwan enquanto enfiava sua língua na entrada do ômega, se enchendo do seu cheiro e gosto.
Meu!
Era tudo que seu alfa sabia dizer no momento. Ela chupou dois dos próprios dedos e deitou ao lado do ômega enquanto rodeava sua entrada toda inchada e expelindo lubrificante natural.
- Eu quero tanto você pra mim. - Sojin sussurrou em seu ouvido , voltando a chupar seus ombros, descendo pela omoplata e dando algumas mordidas nas suas costas.
Kwan ficaria todo roxo e marcado no outro dia, esse pensamento fazia a alfa sorrir largo.
Ela enfiou os dedos no menor, sentindo a pressão os empurrando de volta.
- Tão apertado. - ela disse os enfiando com um pouco mais de força.
Seu corpo inteiro vibrava e ela suava tanto, que gotas de suor escorriam de seu rosto, caindo pelas costas de Kwan, deixando seus cheiros tão misturados que parecia já ter criado um único cheiro característico, onde eles não sabiam a quem pertenciam o que, senão aos dois.
Sojin adorou ouvir o gemido surpreso de Kwan assim que ela encontrou sua próstata, estocando seus dedos com tanta velocidade, que foi quase um milagre o garoto ter durado tanto antes de gozar mais uma vez nos braços da alfa.
Sojin caiu nas costas do ômega, escorregando para o lado para colocá-lo em seus braços.
- Entendeu o quão perfeito você é agora?
Kwan se remexeu de forma preguiçosa, se esticando para beijá-la, mas então o mais incrível aconteceu.
Seu corpo começou a queimar em febre e ela sabia que o cheiro do ômega tinha acelerado seu cio no momento em que viu aqueles violetas tomarem conta do seu ômega doce e sem nenhuma noção dos riscos que corria.
- Ômega.- O lobo de Sojin chamou o ômega, que sorriu em resposta.
Kwan obviamente estava pouco consciente em sua própria mente e definitivamente com pouco ou nenhum controle sobre o próprio corpo.
- Alfa. - O lobo de Kwan falou, se aproximando até ter o pescoço livre, dando acesso a Sojin.- Eu sou seu, não sou?
Sojin rosnou grave, deixando o ômega perturbado com o barulho, o que fez Kwan retomar controle da própria mente.
- Kwan?
Sojin tentou impedir, mas o ômega subiu em seu colo e marcou a alfa numa velocidade surpreendente.
Sojin gemeu, sentindo seu sangue mudar, seu cheiro ficar levemente alterado enquanto sentia o coração de Kwan bater bem próximo ao seu.
A marca de um omega não tinha forças para que fosse permanente, o perigo era sentir aquela união, o nível de prazer de estar ligado a alguém e resistir em não fazer o mesmo.
Sojin mal conhecia Kwan e aquilo estava errado, ia virar uma guerra dentro de casa, mais do que já era, mas era óbvio que a alfa não estava com cabeça para lidar com as consequências.
- Ômega, eu não consigo controlar por muito tempo. - Sojin disse, o liberando de seu abraço apertado e lhe dando mais tempo para correr se quisesse.
- Eu quero, quero ser seu. - Kwan disse com tanta certeza que quase não o surpreendeu o fato de Sojin realmente confiar em suas palavras e marcá-lo com a ligação que dizia que não havia mais volta, os dois se pertenciam e morreriam se alguém os separassem.
…
Sojin xingou baixinho enquanto terminava a ligação com seu pai Jungkook. Ele estava na estrada a caminho dali e as coisas iam ficar complicadas.
A alfa encarou o ômega na cama, amarrado com os braços para trás com uma corda de sisal enquanto gemia baixinho.
Sojin sorriu com a visão que tinha do ômega, completamente entregue à ela.
- Por favor. - Kwan implorou, sentindo o anel peniano impedí-lo de gozar, enquanto o vibrador grosso vibrava dentro da sua bunda, acertando sua próstata mais vezes do que ele era capaz de aguentar.
Sojin riu.
Ela vestia uma camisa de seda que ia até a metade de suas coxas, seus cabelos estavam jogados para frente, cobrindo parte do rosto enquanto ela alcançava uma gag Rosa e preta.
- Shhhh…Meu bebê reclama demais, já disse que quero você quietinho quando for meu brinquedo. - Sojin colocou a gag na boca de Kwan fazendo sua saliva escorrer pelos furinhos da bola no meio da sua língua, o impedindo de gritar.
Ela voltou a atenção para o vibrador, angulando a vibração na próstata do menor enquanto aumentava a potência para oito.
Kwan gritou abafado e Sojin tirou o anel peniano do menor, adorando o quanto suas pernas e bunda estavam coloridas de vermelho pelos tapas que ela deu, pouco antes daquilo tudo começar.
Kwan já tinha gozado três vezes seguidas e ela admirava o quanto seu pequeno ômega era forte.
Sojin puxou as bolas do ômega, fazendo movimentos bruscos quando ele começou a gozar.
Kwan gritou, revirando os olhos pouco antes de desmaiar.
Sojin ainda estava admirada, seu bebê aguentou tão bem.
A alfa tirou o vibrador grosso de dentro do menor e o desamarrou, virando o pequeno para liberar suas vias aéreas.
Com a gag fora de sua boca, foi rápido o ômega acordar do seu torpor, sentindo o corpo reclamar pelo tempo que ficou amarrado de quatro.
Tinham marcas roxas das cordas de sisal, com pequenas pintinhas vermelhas de sangue e seu corpo tinha tanto chupão que era quase assustador.
Kwan adorava ser marcado daquela forma pela alfa.
- Você está bem?
- Por q… - Kwan tossiu, sentindo a garganta arranhar pelo tanto que gritou horas atrás.
- Por que eu senti como se tivesse tido o maior orgasmo do mundo, mas não gozei? - Kwan perguntou olhando inocente para sua ereção sem nenhum rastro de gozo.
- Ejaculação retrógrada. Vai direto para sua bexiga.
Kwan arregalou os olhos. Parecia assustado, apesar de ter sido a melhor sensação da sua vida.
- Podemos fazer de novo?
Sojin gargalhou.
- Você mal se aguenta em pé, fora que eu duvido que consiga andar. Sem contar que é algo perigoso de se fazer, não arriscaria duas vezes seguidas. Vem! Vamos comer e depois eu prometo que te faço gozar mais algumas vezes.
- Não, por favor, não quero mais - Kwan implorou, mas só porque sabia que Sojin adorava punir suas manhas e ele secretamente adorava ser punido.
…
Sojin abriu a porta da casa assim que sentiu o cheiro do alfa nas proximidades, olhando de forma ameaçadora para o pai.
- O que diabos você tá fazendo aqui?
Jungkook bufou irritado, soltando uma risada seca enquanto passava a língua no lado interno da bochecha, em claro sinal de descontentamento.
- Jimin sentiu que tinha algo errado com você e como o café anda agitado, ele pediu para eu vir.
- Ele tá bem? - Sojin remexeu incomodada, ela sentia falta do pai ômega.
Jungkook bufou irritado.
- Não vai nem falar oi?
- Oi.
Jungkook suspirou desanimado.
- Tem certeza que não é filhote do Suga hyung?
Sojin riu seco. Ela realmente lembrava muito a personalidade do tio.
- Por que está tentando me impedir de entrar na sua casa, filha?
Sojin mordeu o lábio inferior, perdendo um pouco da feição imponente de antes.
- Eu fiz merda.
Jungkook concordou pensativo, enquanto encarava o quintal da casa.
- Posso ajudar de alguma forma?
- Por que você iria querer me ajudar?
- Por que sou seu pai?
- Você me abandonou quando eu era pequena. Por que seria diferente agora?
Jungkook encarou a filha sem muita expressão. Não era a primeira vez que tinham essa conversa, muito menos que Sojin jogava na sua cara seus erros do passado.
- Jimin sofreu muito por minha causa e tenho certeza que você também, mas já não resolvemos nossas diferenças no passado?
Sojin deu de ombros. Ela só tinha problemas em confiar no pai, ela não queria ver ninguém que amava sofrer e sofrer ainda mais em resposta, mas talvez ela só estivesse tentando negar o fato de que se parecia muito mais com Jungkook do que com Jimin, tanto na aparência quanto na personalidade.
Ela só não queria ser igual a ele, porque se fosse, faria todos que amavam sofrer também. Esse sempre foi seu maior medo, fazer alguém que a ama, sofrer.
Jimin sofreu tanto e ela lembra de cada segundo de todo aquele sofrimento, lembra das noites em claro e de ser tão nova, que não podia fazer nada para ajudar ou resolver o problema, então ela chorava também, se sentindo impotente, incapaz e tão infeliz quanto o pai ômega.
Ela prometeu nunca se sentir impotente novamente e Jungkook era a forma física de toda a lembrança que tinha do sofrimento de Jimin e isso a assustava. Ela tinha medo.
Medo de todo aquele sofrimento voltar.
- Por favor appa, me ajuda.
- Eu vou. - Jungkook sorriu um pouco entristecido por não ser mais próximo da própria filha. - Mas primeiro, me conta o que está acontecendo.
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