me dei mal
notas:: olha só quem volta com
songfic de música de pablo kkkkk
gente, eu não tenho orgulho disso.
« jeno »
A verdade me sufoca, a realidade me oprime, as noites me sacodem. Eu nem sei como estou a suportar. Às vezes passo a madrugada em claro, lendo poesias de gente morta, escutando álbuns bregas, do tipo que meus pais adoram escutar e eu, jovem eclético, acostumei-me a encher a boca para criticar. Mas não me arrependo.
Sempre achei ridículo o fato de chorarmos com músicas... Isso até me apaixonar por alguém. Eu e ele éramos a coisa mais poderosa que já vi no mundo. Mais poderosa que Goku, Power Rangers, Darth Vader, Harry Potter ou qualquer coisa careta mundialmente popular que, honestamente, nunca me encheu os olhos senão no quesito gastar tempo de vida a esmo.
Desculpa a dureza, costumo transparecer como vidro as características atuais do meu coração. E agora que Jaemin se foi, sei lá, eu meio que estou vivendo no piloto automático. Não sobrou nem amizade, dá pra acreditar? Meu gatinho sente a falta dele. Então, sem falta, às três da manhã eu e ele miamos juntos, para que assim o Nana volte. Nunca funciona.
Mas tudo bem. Estou bem com isso, pô. Quer dizer, claro que há controvérsias internas. Mas estou tentando me manter firme quanto a isso. Por este motivo vim aqui, prestar apoio ao vale, pintar-me de arco-íris. E ainda que esteja tocando uma música alta, o tipo de música que detesto — não costumo reverenciar algo massivo, sinto muito —, estou me sentindo relativamente bem.
Meu professor de filosofia provavelmente me perguntaria o que é considerado "bem", pediria uma alusão, balançaria a cabeça pelo fato de eu falar um simples "a" e ele concordar com minha vertente. Mas, sério, sem bajulação... Eu não sei se estou tão bem assim.
Nana era tão especial pra mim que eu nem sabia como foi que pude tê-lo como namorado. Poxa, tinha o coração dele nas pontas dos meus dedos e, de repente, a coisa escapuliu. Nem sei direito o que aconteceu. Se foi porque ele começou a frequentar o curso de latim clássico e conseguiu novas amizades ou se cansou mesmo do meu jeito de amar.
Ele dizia estar sem tempo para mim, mas lá estava ele saindo com os amigos. Esquivava dos beijos, dos abraços e carinhos. Eu não queria admitir, mas algo havia mudado e eu estava morrendo com isso. Foi então que, através de uma mensagem, ele disse-me que já era hora.
Como assim já era hora? Eu amava-o demais! Mas o Jaemin não sentia o mesmo e eu estava sofrendo com isso. Na verdade, eu ainda estou sofrendo com isso. Falei que ele não encontrará ninguém melhor que eu, que estava pagando pra ver. É, eu estava mesmo. Fiquei com raiva por todos os meus esforços terem ido pelo bueiro. Eu tinha que expressar minha insatisfação.
E agora que estou aqui, não paro de pensar em como é que pudemos ter deixado tudo acabar com simples mensagens criptografadas e algoritmos frios. Somos melhores que isso.
— Que calor da disgrama! — Haechan abana-se ao meu lado, balançando o cabelo colorido há pouco tingidos.
— Eu disse que ia fazer calor — aviso, tentando esquivar das pessoas que seguem pela pista e querem estar mais à frente. — Não deveria ter vindo de calça.
— Alô, querido? Se toca, miga! Eu não posso deixar de usar minha calça colorida só porque a bênção do sol decidiu dar uma de fogão hoje! — Donghyuck revira os olhos e sacode um panfleto de supermercado para ventilar o pescoço.
— Me poupe — dou língua à ele e fico quietinho andando, acompanhando o pessoal enquanto escuto todos cantarem as músicas das paradas.
Sempre estive por fora das coisas do momento, deve ser por isso que me sinto deslocado em inúmeros lugares. Mas eu nunca vi problema nenhum nisso. Sabe, o Jaemin gostava do fato de eu curtir músicas flopadas. Mas agora ele não está mais do meu lado.
— Vai lá comprar água! — meu amigo Lee, assim como eu, empurra-me umas cédulas e aponta para um carrinho de compras.
— Sério isso, Hyuck? — faço um olhar de dar dó, mas ele continua fazendo um gesto para que eu vá. Respiro fundo e atravesso a rua.
Eu não ligo se fui praticamente obrigado a estar aqui, só concordei porque ficar em casa me faz pensar demais e pensar demais nunca é um bom sinal. Minha mente é minha própria armadilha e parei pra pensar sobre o porquê de ter de me estressar com terceiros que me detestam quando, na verdade, é a minha mente minha maior inimiga.
Escoro-me longe da multidão, compro duas garrafas de água. Enquanto bebo a minha, meus olhos batem numa movimentação incomum vinda da lateral de uma das cabines de banheiro público. E então as coisas passam a ser pior.
Tento fingir, desviar o olhar, esconder o rosto, virar de costas. Não adianta. Não dá. A sede parece voltar, o ar parece faltar. O sangue, se servisse para a alma, estaria coagulando em cada canto desta, diante das feridas que se abriram outra vez. Às vezes sinto pena de mim e quero me cuidar. Mas são tempos de choros, devo deixar-me sofrer um pouco.
Eu não excluí o contato dele nem bloqueei o número. Ainda está no meu celular, todas nossas mensagens e fotos. Caso eu pegue-o agora, vou ler minhas próprias palavras: você não vai encontrar alguém tão cedo, estou pagando pra ver.
Se estou pagando pra ver, quanto é que custa? Será que meu nome já está sujo? Porque a dívida é imensa, sei. Vou ficar liso. Bem-vindo a nova Grande Depressão. Meu 1929 é 2019 e, convenhamos, não há mais o que explicar ao fazer tal paralelo. A verdade é que, se realmente fosse dinheiro, eu teria de viver debaixo da ponte.
Porque é ele sim, loiríssimo e de maquiagem colorida. Ele está beijando um outro alguém. Um moço de ombros largos, não muito alto, moreno e de sorriso gentil. E eles se beijam, e andam, cambaleiam, tropeçam e riem. E eu me amarguro, me fecho, me prendo, me agrido.
Acompanho-os com o olhar, felizes da vida, apreciando a companhia um do outro. Eu deveria estar feliz por ele, mas meu ego fala mais alto, rápido, mais rude. Eu fui ferido. Foi um golpe horrível. Engoli minhas palavras e tossi solidão ao me engasgar. Sei lá, percebi que Nana vive melhor sem mim. Isso deveria ser bom, né? Eu admirar os voos alheios. Mas não dá pra fazer isso quando se está a cair.
Paguei pra ver, mas nem perto da realidade cheguei. Olha o meu Nana aí, lindíssimo e bem acompanhado, na parada gay. Eu juro que não esperava-o tão cedo com um novo amor. E eu aqui, apático e frio, tentando lidar com a minha dor. Confesso de mãos atadas que me arrependi. Vendo eles dois tão próximos, eu tentei fingir. Mas não deu. Não deu. Assumo que, de fato, o culpado fui eu. Eu não pude fazer Jaemin feliz.
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