Epílogo (parte 1)
(Três anos depois...)
Nicolas estava completamente feliz com o novo negócio. Para comemorar resolveu que naquela noite iria levar Micaela à um restaurante Tailandês. Quando estava quase saindo se lembrou de avisar Telma, a cozinheira da casa desde que ele nascera, e esposa de Marcos.
-- Telma, não precisa fazer o jantar para nós hoje. Micaela e eu vamos jantar fora e minha mãe e Gregory irão para a casa de uma amiga.
-- Mas.... Eu já estava preparando as coisas! – Reclamou ela magoada.
-- Me desculpe, só me lembrei agora. Mas se quiser pode preparar para vocês, sabe que aqui pode tudo.
-- Eu não gosto que vocês comam fora. Se querem algo diferente é só me falar que eu preparo, o senhor sabe disso!
-- Por que odeia tanto assim que comamos fora?
-- Porque não confio nesses restaurantes, menino! – Telma sempre o chamara assim, e ela era a única que podia continuar chamando – Aqui pelo menos é mais seguro, tenho certeza que a comida é de boa qualidade.
-- O restaurante que vamos também! É um dos melhores.
-- O que está acontecendo? – Perguntou Micaela entrando na cozinha.
-- Telma, não quer que comamos fora!
-- Ah, Telma. É só por essa noite, além disso, a sua comida não pode ser superada por ninguém.
-- Não adiante me bajular, menina. Não vou cair nessa. – Respondeu a cozinheira à Micaela que já a abraçava.
Nicolas se aproveitou do momento e a abraçou por trás, de modo que formaram um sanduíche de Telma. Sabiam que ela sempre se derretia quando recebia esse tipo de carinho.
E foi justamente o que aconteceu.
-- Não é justo! – Disse ela – Vocês sabem meu ponto fraco.... Tudo bem crianças, podem ir, eu prometo não ficar magoada, mas vocês também têm que me prometerem que comerão um banquete amanhã para me recompensar.
-- Prometemos! – Responderam em uníssono.
Desse modo, logo saíram para o restaurante. Jantaram normalmente conversando sobre diversos assuntos e rindo de situações diversas. Voltaram para casa cedo e foram logo dormir, pois deveriam levantar cedo no outro dia.
Micaela se remexeu na cama a noite toda e sempre respondia que estava bem quando Nicolas a questionava. No entanto pela manhã se levantou correndo, pulou por cima do marido e seguiu para o banheiro.
Nicolas acordou assustado com a situação e também se levantou para saber o que estava acontecendo, se deparou com Micaela ajoelhada em frente ao vaso sanitário colocando tudo o que comera na noite anterior para fora.
Ele se aproximou dela e segurou seus cabelos para que não caíssem no rosto. Ficou ali até que ela se levantasse devagar.
-- Pronto? – Perguntou ele preocupado.
Ela apenas balançou a cabeça e começou a escovar os dentes.
-- O que aconteceu?
-- Passei mal a noite toda. – Respondeu ela quando terminou – Não consegui aguentar mais.
-- O que pode ter sido?
-- Acho que foi a comida de ontem.
-- Será? A Telma vai falar na nossa cabeça até elas estourarem!
Micaela riu e respondeu:
-- Não se preocupa, se for só isso eu logo melhoro. Preciso tomar um banho.
-- E eu vou pedir para prepararem algo mais leve para você.
-- Obrigada!
Em poucos minutos estavam na sala particular tomando café da manhã com Susana e Gregory. Micaela tomava um chá de hortelã para acalmar o estômago e algumas bolachas leves. Mas logo outra onda de enjoos a invadiu e ela teve de sair correndo procurando por um banheiro. Por fim, foi parar em um perto da cozinha, assustando os empregados que trabalhavam ali, incluindo Telma.
Nicolas apareceu logo atrás para socorrer a esposa novamente. E enquanto Micaela vomitava mais uma vez, Telma reclamava:
-- Viu? O que eu disse? O senhor fica dando essas comidas exóticas para a menina e olha o que aconteceu com a pobrezinha! Deve estar com intoxicação!
-- Ela não está com intoxicação, Telma!
-- Ah não! O que é isso então? Me desculpe, menino, mas isso não está certo. Vou preparar mais chá.
Micaela que já havia se recuperado interveio:
-- Não! Não quero nada!
-- Micaela, não pode ficar sem comer. – Respondeu Nicolas.
-- Não vai descer nada pela minha garganta, tudo que eu colocar para dentro vai achar um modo de sair.
-- De qualquer forma, não vai ficar em jejum. Pelo menos um pouco deve comer.
Ela gemeu em controversa, mas acabou concordando.
Naquele dia ela resolveu que iria ficar em casa, ir para a empresa poderia apenas gerar transtornos.
Passou a maior parte do tempo no jardim da casa, caminhando, sem nada comer, o estômago ainda reclamava do pouco que ingerira.
Estava andando perto de algumas árvores quando a cabeça girou e a visão escureceu, tentou se equilibrar em algo, mas antes que pudesse se apoiar os joelhos cederam e ela caiu desacordada no gramado. Por sorte um segurança que passava por ali a viu e correu para socorre-la, ao ver que não reagia pegou-a no colo e levou para dentro da casa, chamando por Susana.
-- O que aconteceu? – Perguntou ela quando viu a nora desmaiada.
-- Não sei, senhora. Quando vi ela já estava no chão.
-- Leve-a lá para cima, vou chamar um médico.
-- Sim, senhora.
Em pouco tempo Inácio estava na casa examinando Micaela. Saindo encontrou com Nicolas que chegava da empresa.
-- Inácio! Que bom vê-lo, mas se não for grosseria minha.... O que está fazendo aqui?
-- Vim atender sua esposa.
Uma nuvem negra cobriu o semblante de Nicolas.
-- O que aconteceu com Micaela?
-- Teve uma síncope, mas ela já está bem. Recomendei que ficasse em repouso pelo resto da tarde e, Nicolas, por favor, faça ela comer alguma coisa. Não deve ficar tanto tempo sem nada no estômago.
-- Eu farei.
-- Ótimo, agora preciso atender outro paciente, a pessoa já me ligou cinco vezes.
-- Claro! Obrigado, amigo.
Nicolas subiu correndo as escadas e passou pelo corredor em direção ao quarto do casal, no entanto voltou quando viu que Micaela estava em um outro quarto. Entrou apressado e se sentou ao lado dela na cama.
-- Você está melhor?
-- Relaxa, Nicolas, já passou. – Disse ela tentando acalmá-lo.
-- Relaxar é o que não posso fazer. O que Inácio disse?
-- Ele falou que meu nível de glicose estava baixo, por isso desmaiei.
-- Ficou sem comer de novo?
-- Sim. – Ela se encolheu na cama, pois sabia o que estava por vir.
-- O que foi que eu disse? Você não pode ficar sem comer! Não pode!
-- Eu sei, mas vou jogar fora tudo de novo.
-- Não importa, coma pouco, mas não fique em jejum! Promete para mim que não vai mais ficar sem comer.
-- Prometo!
-- Ótimo!
O dia seguinte passou sem nenhum contratempo, Micaela havia melhorado e fora até mesmo para a empresa. Durante a noite Nicolas até tentou algo com ela, usou de todas as suas artimanhas e charmes, mas sem sucesso. Ela alegara cansaço e não voltara atrás com a palavra, logo adormeceu, restando para ele apenas abraça-la para também dormir.
O terceiro dia passaram separados, cada um com seus afazeres tanto na empresa quanto na casa, de modo que só se viram na hora do banho. Nicolas estava exausto, aguentara reunião, gente chata e discussões. Logo deitou na cama e deixou a esposa no banheiro.
Estava em um sono bom, com um sonho melhor ainda, onde seu pai estava com ele novamente para ajuda-lo, o irmão estava crescido e com a vida resolvida e a esposa lhe dera um filho. Era tudo que ele mais queria. No entanto um terremoto sacudiu tudo, varrendo o sonho para longe, acordou assustado e percebeu que era apenas Micaela que pulara por cima dele. Sem reparar direito nela se deitou de costas e colocou as mãos atrás da cabeça a fim de retomar o sono. Mas novamente ele a sentiu se remexer na cama e quando reparou ela estava sentada em cima dele, uma perna de cada lado o prendendo nela. Ainda assim não abriu os olhos esperando que ela acreditasse que ele estava dormindo.
-- Nicolas! – Disse ela cutucando seu peito.
Ele não respondeu, apenas respirou fundo.
-- Para de graça! Eu sei que está acordado! Nicolas!!
-- Hum!
-- Abre o olho!
-- Para que, Micaela?
-- Tenho uma surpresa.
-- Não pode deixar para amanhã de manhã? Estou exausto.
-- Não. De manhã já perdeu a graça.
-- Ah, Micaela, por que cisma com isso justo agora?
-- Porque eu quero agora. Abre o olho, por favor? – Pediu ela com a voz suplicante.
-- Nem pensar! Não vou cair nesse seu truque.
-- Truque?
-- Sim, você pisca esses olhinhos azuis e eu não consigo resistir!
-- Ah, mas nem vai reparar neles hoje!
-- Sem chance!
Então ela apelou para o ponto fraco dele. Se inclinou para frente e começou a afagar seus cabelos, com a voz mais doce do que o normal.
-- Nick! Por favor, abre os olhinhos!
-- Hummmm não gostei disso! Você nunca me chama de Nick.
-- Ah, resolvi te chamar pelo apelido hoje.
Ela estava estranha.... E estava faltando alguma coisa, ela parecia colada pele a pele com ele. Estava louco para abrir os olhos. Ela o deixava louco.
-- Pelo amor de Deus! – Implorou ele.
-- Vamos! Abra! Bem devagar. Eu sei que você quer abrir.
Nicolas simplesmente não resistiu mais, abriu os olhos e olhou diretamente para ela.
-- Pronto, Micaela, estão abertos. O que você.... – Ele se interrompeu ao perceber o que ela usava – Quer?
Ela estava apenas com lingerie preta de renda. O coração dele ameaçou sair pela boca.
-- Ahhhhhh você só pode estar brincando comigo!
-- Gostou?
-- Quer me deixar louco?
-- Talvez, eu consegui? – Perguntou ela com um sorriso satisfeito no rosto.
Ele não precisou responder, levantou-se subitamente interessado e com um movimento rápido girou na cama posicionando-a abaixo de si.
Começou a beijar seu pescoço descendo cada vez mais, as mãos percorrendo a linha da cintura até os seios.... No entanto ela o segurou, olhou no fundo dos olhos e disse:
-- Nada disso! Hoje eu que mando.
-- O quê? – Ele pareceu decepcionado – Mas....
-- Se preferir eu posso tirar isso aqui e a gente só dorme mesmo.... – Disse ela tentando se levantar.
-- Não! – Gritou ele rapidamente – Tudo bem!
Ela deu outro sorriso satisfeito e dessa vez foi ele quem ficou por baixo. Novamente ela se sentou em cima dele, foi subindo as mãos por seu abdome e tórax bem definidos, enquanto ele a segurava pela cintura.
Se abaixou e mordiscou o lóbulo de sua orelha, o que fez um arrepio subir pela espinha de Nicolas e parecer que uma corrente elétrica atravessava seu corpo. Ele tentou abrir o sutiã dela, mas foi detido enquanto ela sussurrava em seu ouvido:
-- Fica bem quietinho!
Ele rapidamente tirou as mãos e deixou ela livre para fazer o que quiser. Ficava louco cada vez que ela beijava o ponto sensível do pescoço ou percorria a mão por todo o seu corpo, mas não podia fazer nada, pois sabia que se fizesse ela iria parar, e Nicolas com certeza não queria que ela parasse. Por mais estranha e cheia de fogo que Micaela estivesse naquele momento, ele queria mais. Por um momento ele se sentou e ela se agarrou em suas costas. Lhe beijava com intensidade, como se sentisse sede e sua boca fosse um oásis, a língua perscrutava tudo a sua volta e as unhas arranhavam a carne das costas, mas ele não conseguia sentir dor alguma, tamanho era o estado de prazer que estava.
Micaela o empurrou de volta para a cama, fazendo-o bater as costas no colchão macio, o observou por um instante, os olhos dele pareciam pegar fogo, estavam escurecidos pelas pupilas dilatadas, o cabelo todo desarrumado e a respiração ofegante.
Se inclinou sobre ele e começou a beijar a clavícula, dando leves mordiscadas, foi subindo devagar até chegar na carne sensível do pescoço e plantar ali.... Uma mordia.
-- AIIIII – Gritou Nicolas a olhando espantado – O que deu em você?
-- Me desculpa! – Disse ela se afastando subitamente.
Ele continuou encarando-a com perplexidade, nunca ela havia ido tão longe. No entanto ele não encarara aquilo de forma ruim. Muito pelo contrário.
-- Agora me provocou! – Disse ele deitando por cima dela – Espero que consiga aguentar!
Pelo resto da noite quem tomou as rédeas foi ele. O feitiço virou contra o feiticeiro. Ou no caso a feiticeira.
Na manhã seguinte, Nicolas tentava esconder a marca de mordida que ficara no pescoço com a camisa, mas não teve muito sucesso.
Micaela que olhava o marido se arrumar resolveu intervir.
-- Me deixa ajudar!
-- Não vai adiantar. Já tentei, mas ainda aparece.
-- Acho que tenho uma solução. - Ela se aproximou do local da mordida fazendo ele recuar – Confia em mim.
Plantou ali um beijo demorado, deixando em cima uma marca de batom. Ele olhou no espelho para ver o resultado e depois encarou a esposa decepcionado e um pouco irritado.
-- Adiantou muito! – Falou – Agora em vez de aparecer a mordida vai aparecer um borrão de batom.
-- Mas olha pelo lado bom, quem ver vai saber que tenho muito amor e carinho por você! E pelo menos aparece só um pouco, a camisa tampa o resto.
-- Eu não gostei.
-- Prefere que eu passe maquiagem aí para disfarçar? Talvez eu consiga esconder.
Ele ficou sério e ponderou por alguns minutos.
-- Eu fico com o batom. – Respondeu por fim.
Ela abaixou a cabeça, claramente envergonhada e disse:
-- Me desculpa. Eu realmente não sei o que deu em mim.
-- Eu sei.... Complexo de vampiro! – Respondeu ele rindo e quando percebeu que ela não achara graça na piada e continuava constrangida, acrescentou – Ei! Está tudo bem. Acontece. Já vi coisa pior.
-- Pior? Espera.... Onde viu?
-- Acha que meus colegas não me mostravam na faculdade?
-- Ah não preciso saber disso! – Respondeu ela fazendo careta de nojo.
Desceram para comer e enquanto Nicolas tomava café e lia o jornal – um hábito herdado do pai – Susana observava o lado esquerdo do pescoço do filho. Aparentemente alguma coisa muito estranha tinha acontecido ali.
-- Filho, o que é isso no seu pescoço? – Perguntou esticando a mão para tocar.
Ele rapidamente desviou respondendo:
-- Não é nada, mãe.
-- Tem certeza?
-- Absoluta.
Ela olhou para a nora do outro lado da mesa. Ela escondia parte do rosto com a caneca, fingindo tomar café, mas dava para notar o tom avermelhado de seu rosto. Susana tirou suas próprias conclusões e resolveu não questionar mais.
Os dois terminaram de tomar o café e se dirigiram para a empresa.
Mais tarde enquanto Nicolas ficava sozinho com um amigo na sala, Micaela se dirigia ao departamento de RH para resolver alguns problemas.
-- A noite foi boa, Nicolas?
-- Do que está falando, Henry?
-- Que marca é essa no pescoço?
-- Nada que te interesse.
-- Nossa! Não foi boa então, ainda está de mau humor.
-- Vai querer ficar falando da minha intimidade com minha esposa?
-- Só estou curioso. – Falou Henry dando de ombros.
Nicolas por fim cedeu e jogou a cabeça para trás falando:
-- Ela acabou comigo!
-- Eu sabia! Isso aí foi o que ela te deixou? Nicolas, seu grande cretino!
Nicolas deu um riso torto e ia responder quando Micaela entrou na sala. De repente o clima mudou e os dois homens entraram em total constrangimento. Ela olhou de um para o outro por alguns segundos, por fim cruzou os braços e olhou para o marido, com os olhos semicerrados:
-- Não acredito que contou a ele!
Henry arregalou os olhos de espanto e olhou para o amigo, dizendo:
-- Como assim?
-- Você não viu nada ainda. – Respondeu Nicolas – Tenta esconder algo dela para você ver.
-- Escuta aqui, Henry se alguma coisa sair dessa sala eu juro que arranco sua língua fora, está me entendendo?
-- Perfeitamente.
-- Ótimo.
A secretária enfiou a cabeça pela porta e avisou que os sócios queriam almoçar com Nicolas e Micaela naquele mesmo dia, eles consentiram sem nem mesmo pensar no que os sócios pensariam sobre a marca.
Na hora do almoço ela tentava de qualquer maneira ajuda-lo a esconder o vermelho que havia no pescoço, puxou o paletó para frente e depois levantou a lapela, ao que ele respondeu:
-- Estou parecendo um adolescente rebelde.
-- Então podemos fazer assim.... – Disse ela apertando a gravata – Assim a camisa pode subir mais e esconder....
-- Micaela.... – Respondeu ele levando a mão ao pescoço desesperadamente e ficando vermelho – Não.... Consigo.... Respirar.
-- Ah perdão!
Ela afrouxou o nó e ele respirou aliviado.
-- Já não bastou a noite passada?
-- Me desculpa, só estou tentando ajudar!
-- Melhor deixar assim!
Logo os sócios chegaram e eles se emprenharam ao máximo para parecerem naturais. Conversaram muito e fecharam o negócio e para comemorar pediram o almoço.
-- O que é isso no seu pescoço, Senhor Lambertini? – Perguntou um dos sócios.
-- Será que todos resolveram reparar agora? – Resmungou Micaela baixinho.
-- O que disse, Senhora Lambertini?
-- Hã? Nada!
-- É só uma alergia. – Mentiu Nicolas ao homem – Não se preocupe.
-- Mas o senhor já foi ao médico? – Perguntou outra mulher.
-- Ainda não.
-- Ah, melhor ir! Isso aí está bem feio. Melhor não procrastinar essas coisas.
-- Eu iriei!
Micaela que ouvia tudo calada se engasgou com a comida que já havia sido servida e Nicolas deu leves batidinhas nas suas costas.
Mais tarde quando a sobremesa foi servida ela adotou a postura estranha dos últimos dias, colocou uma mão na boca e outra na barriga, começando a ficar pálida.
-- Você está bem? – Perguntou Nicolas.
Ela balançou a cabeça afirmativamente e sorriu, por fim disse aos demais:
-- Com licença.
Se levantou e saiu em direção à toalete andando devagar a princípio, mas depois começou a andar mais depressa até se embrenhar em um dos cubículos e despejar tudo que havia almoçado ali. Ficou cerca de dez minutos ajoelhada esperando o enjoo ir embora. Quando saiu se deparou com Nicolas a esperando na porta.
-- Vomitou de novo, não foi?
-- Sim.
-- Vamos embora, você precisa descansar.
-- Vamos.
Voltaram para a mesa e se despediram dos sócios dizendo que precisavam comparecer a outro compromisso. No entanto quando estavam prestes a sair do restaurante se depararam com o embaixador. Um homem atarracado, de cabelos e barbas brancos e que adorava se vangloriar e rebaixar os outros.
-- Majestades! Que prazer imenso em vê-los aqui!
Como se Micaela gostasse de ser tratada daquela maneira.
-- Temos que marcar uma reunião para nós! Os senhores devem ir até minha casa, está magnífica....
Sentindo mais uma onda de enjoo Micaela puxava discretamente o paletó de Nicolas.
-- Agradecemos muito, embaixador. – Disse ele – Ficaríamos muito lisonjeados, mas agora....
-- Ótimo, então que dia podem ir? Amanhã, talvez.... Não! Na segunda que vem, meus amigos diplomatas de outros países estarão hospedados em minha casa, eles com toda certeza adorariam conhece-los. Afinal não é todo país que ainda é uma monarquia, não é mesmo?
Micaela apenas sorriu e buscou respirar fundo para conter a ânsia que lhe subia.
-- Muito bem, embaixador, como preferir, mas precisamos ir agora.... – Tentou continuar Nicolas.
-- Claro que vamos deixar de fora os "plebeus" – O homem riu – Não é adequado que se misturem a nós....
Com aquele comentário Micaela simplesmente não pode aguentar mais. Se abaixou e vomitou nos pés do homem lavando seus sapatos caros e atingindo até mesmo os de Nicolas.
Vários olhares foram atraídos para eles e quando ela se deu conta do que acabara de acontecer ela começou a pedir desculpas freneticamente:
-- Me perdoa, senhor, por favor.... Eu... Eu não queria! Não consegui aguentar, me perdoa. – Olhou para Nicolas suplicante – Eu não consegui....
-- Está tudo bem. – Disse ele tentando acalma-la e leva-la para fora – Não foi culpa sua, já passou. – E olhando uma última vez para o embaixador antes de sair do restaurante acrescentou baixinho – Me manda a conta dos sapatos.
Chegando em casa a primeira coisa que ele fez foi coloca-la na cama e fazer com que ela repousasse.
O resto do dia ela ficou deitada e se recusou terminantemente a chamar um médico. Pouco comeu e por fim acabou dormindo mais cedo.
Nicolas Vicenzo Lambertini
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