Capítulo 37

"Oi, pessoal!! Antes de começarem de fato esse capítulo, vim trazer alguns esclarecimentos. Devem ter notado que estou postando mais capítulos e com mais frequência, e o motivo disso é que o livro já está finalizado e prontinho para postar aqui, mas ainda vou soltando aos poucos. O segundo ponto é que vem novidades por aí e quero deixar o máximo adiantado possível. É isso, espero que gostem desse capítulo. Não se esqueçam de comentar ou votar. É realmente muito importante para eu saber como está o andamento da história. Mil beijos e boa leitura!!"

A véspera do casamento havia chegado e Micaela nunca imaginou que estaria tão nervosa assim. Pessoas corriam para um lado e para o outro e nem mesmo um dia antes de se casar ninguém a deixava em paz. Pouco via Nicolas, seu único momento com ele era quando ensaiavam a valsa.

Em certo momento esbarrou em Hugo, enquanto tentava achar um momento de paz.

-- Opa! Onde está indo, Micaela?

-- Estou tentando me esconder, Hugo.

-- Logo você? A noiva?

-- Não me deixam em paz! Achei que pelo menos um dia antes isso acabaria!

-- Você parece um pouco nervosa.

-- Um pouco? Estou muito nervosa! Eu preciso de um tempo.

-- Tive uma ideia. Por que não anda um pouco pelo bosque. Ou talvez pode passear perto do lago, se estivesse calor até te diria para nadar, mas parece que o sol não vai esquentar muito.

-- Acho que não é boa ideia eu me aproximar do lago.

-- Por quê?

-- Todos sabem que eu não sei nadar, Hugo!

-- Ah, é verdade! Então é melhor manter distância. Mas nada impede de ir na ponte, acho que lá estará segura.

-- Pode ter razão. Acho que farei isso. Se alguém perguntar por mim....

-- Direi que não sei onde está!

-- Obrigada, Hugo. – Disse ela o abraçando.

-- Disponha!

Ela saiu em disparada pela porta e logo chegou à ponte perto do lago. Apesar de fazer sol o tempo estava um pouco frio, e o vento gelava a pele, ainda assim ela não se importou, sentir a brisa e o ar puro penetrando nos pulmões era reconfortante. Tudo estava em silêncio e a paz reinava ali. Aquele era seu momento de solidão. Uma solidão necessária para ela. Sem ninguém a pressionando, eu perguntando sobre tudo. Tudo estava tão calmo!

Ela fechou os olhos e inspirou fundo. Estava em perfeita tranquilidade.... E no instante seguinte sentia uma mão em suas costas a empurrando para a água.

****

Nicolas estava desesperado, a casa inteira procurava por Micaela, mas até agora ninguém havia a encontrado. Como sua noiva poderia sumir um dia antes do casamento? Com certeza não havia desistido, devia estar escondida em algum canto. Quando a achasse...

Saiu para o jardim e viu que estava vazio, nem sinal de Micaela. Notou uma pequena movimentação no lago, algumas ondas se formavam na água.

Seu coração ameaçou parar ao imaginar uma possibilidade. Podia ser apenas um peixe, mas alguma coisa dentro dele gritava que havia algo errado.

-- Não pode ser!

Começou a correr na direção da água, tirando o paletó no caminho. Parecia que ele nunca chegava a seu destino. Quando se aproximou do lago saltou no mesmo lugar onde as ondas se formaram. Apesar de não parecer, podia-se ver muito bem embaixo da água e Nicolas conhecia bem aquele lago. Nadara a infância e juventude ali, escondido dos pais.

Por um momento ficou perdido, mas logo avistou aquelas mechas castanhas tão conhecidas. Rapidamente nadou mais fundo até alcança-la. Passou um braço por baixo das axilas, contornando o tronco e com o outro braço nadou de volta para a superfície. Quando emergiu puxou a maior quantidade de ar possível, e tentou manter a cabeça dela elevada. No cais os pais dela, sua mãe e outros dois empregados o esperavam, provavelmente o tinham visto pular na água. Nadou até lá e quando chegou perto, Heitor o ajudou tomando a filha nos braços e a deitando sobre a madeira. Rapidamente Nicolas subiu e começou a examinar Micaela, constatando que ela não respirava começou a pressionar seu peito.

-- Acorda! – Dizia ele aflito – Pelo amor de Deus, acorda!

Começou então a fazer respiração boca a boca, voltando logo em seguida para a massagem cardíaca, enquanto Laura chorava e era amparada pelo marido para que não saltasse em cima de Micaela.

-- Minha filha não!

-- Vamos, amor.... – Continuou Nicolas – Não me deixa.... Não me deixa, por favor!

Mais respiração boca a boca.

-- Reage! Pelo amor de Deus, reage!

Mas ela não reagia, continuava sem respirar e pálida. Então os movimentos de Nicolas se tornaram mais frenéticos.

-- Respira! Por favor.... Por favor.... Deus.... Não!

Respiração boca a boca.... Nada.

Massagem....

-- Amor, por favor, não me deixa.... Não me deixa....

Nada....

-- Eu já te perdi uma vez para a morte e não vou te perder de novo, está me ouvindo?... Eu não aceito!

Respiração boca a boca.... Massagem cardíaca....

-- Você tem que reagir! Reage! Por favor.... Por favor....

Mais uma vez ele tentou desesperadamente fazer respiração boca a boca. E então....

Ela começou a tossir e cuspir uma grande quantidade de água, ele virou sua cabeça para o lado para que não se engasgasse e esperou até que ela colocasse todo o líquido para fora.

-- Graças a Deus! – Bradou Laura.

Quando Micaela parou de tossir, Nicolas a puxou para si e a encostou em seu peito apertando-a forte.

Heitor que já se abaixara para ficar mais perto da filha, pediu:

-- Filha, fala comigo.

-- Es-tou com fri-frio! – Gaguejou ela enquanto tremia.

Heitor tirou o paletó e colocou sobre seus ombros enquanto Susana ordenava aos empregados:

-- Preparem um banho quente para ela, um chá e chamem um médico, por favor.

Os empregados se retiraram e Laura se abaixou e começou a acariciar os cabelos da filha que ainda tremia nos braços do noivo.

-- Vamos cuidar de você, filha. Vai ficar tudo bem.

Nicolas passou um braço por baixo dos joelhos de Micaela, a levantando do chão e começou a andar em direção à casa. Por onde passava não podia evitar o olhar assustado dos empregados, mas isso não o incomodava. Não. Era outra coisa. Um dia! Só faltava um dia para se casarem e quase acontecia uma tragédia. A vida tinha um senso de humor muito obscuro.

Ao entrar no quarto ele a levou direto para o banheiro e a sentou na beirada da banheira.

-- Pode deixar, filho, cuidamos dela agora. – Disse Susana.

Ele hesitou em sair, mas sabia que Micaela precisava de um banho para se aquecer.

Poucos minutos depois ele perambulava de um lado para o outro no corredor, esperando o médico sair de dentro do quarto. Os pais de Micaela e sua mãe já estavam lá dentro, além disso, Inácio insistira que Nicolas ficara de fora, pois estava muito nervoso.

Quando Inácio abriu a porta, Nicolas logo quis saber:

-- Como ela está?

-- Está um pouco em choque, mas vai ficar bem. Ela vomitou toda a água que engoliu, isso é bom. Receitei um chá e repouso. Também deixei alguns medicamentos caso ela se resfrie. – Disse o médico de cabelos castanhos claro.

-- Eu posso vê-la?

-- Claro! 

Imediatamente Nicolas adentrou no quarto. Se deparou com sua mãe sentada na beirada da cama, enquanto Heitor acariciava os cabelos da filha que estava encostada em seu peito e Laura segurava sua mão. Micaela estava com cobertores até a cintura, os olhos estavam vermelhos e inchados, indicando que havia chorado, o que destacava ainda mais aquela cloração azul.

-- Posso conversar com ela? – Pediu ele.

-- Claro! Vocês precisam mesmo conversar. – Disse Laura, e se dirigindo ao marido e Susana, completou – Vamos.

Assim que ficaram sozinhos Nicolas se aproximou da cama, mas permaneceu em pé.

-- Está melhor?

-- Sim, estou.... Obrigada. Eu nem sei....

-- Não tem que agradecer. Eu não saberia viver sem você!

-- Você me salvou! – Sussurrou ela.

Ele permaneceu em silêncio por um minuto e por fim resolveu mudar o rumo da conversa.

-- Pode me dizer o que estava fazendo perto da água, sendo que não sabe nadar?

-- Eu.... Eu precisava de ar! Estava tão sufocada! O casamento é amanhã e toda hora vinham me questionar....

-- Ah! E aí resolveu que era melhor passear perto do lago?

-- Não era para eu chegar tão perto. O Hugo falou sobe o cais e....

-- Espera. O Hugo?

-- Sim. Ele viu que eu estava nervosa e sugeriu que eu fosse tomar um ar. Apesar de não saber nadar eu gosto de água, Nicolas. Eu não achava que estava tão perto. – A voz dela falhou ao terminar a frase.

-- E então você caiu.

-- Não! Me empurraram!

Os músculos de Nicolas se enrijeceram, trincou a mandíbula e por um segundo prendeu a respiração. O que ela estava dizendo? Alguém a jogara na água de propósito? Por quê?

-- Como é? – Perguntou em tom grave.

-- Eu não sei ao certo. Eu estava parada no cais e era tudo muito calmo, deserto e silencioso. E de repente eu senti uma mão nas minhas costas e.... – Sua voz estava embargada pelo choro, a medida que falava ela entrava mais em desespero, como se revivesse aquele momento – Eu caí e então me desesperei, comecei a me debater. Gritei por socorro, mas ninguém me ouvia, eu.... Eu só queria sair dali e não consegui. Eu.... foi horrível....

Micaela não conseguiu se conter e caiu novamente em pranto.

Nicolas logo correu em seu socorro. Se sentou ao seu lado na cama, passou o braço esquerdo per suas costas e começou a afagar seus cabelos úmidos. Com a mão direita segurou a mão direita dela. Ali ficou até que ela se acalmasse. Não soube ao certo quanto tempo foi. Lhe doía o coração vê-la tão assustada e não queria nem pensar no que era capaz de fazer ao colocar as mãos no crápula que lhe fez mal. Talvez lhe estraçalhasse os ossos.

-- Está tudo bem. Eu estou aqui! – Dizia ele.

-- Tentaram me matar, Nicolas. – Respondeu ela levantando a cabeça – Um dia antes de nos casarmos. – Ao dizer isso, algo mudou em seu olhar. Não era mais medo, era fúria – Não querem que nos casemos. Fizeram isso só para nos impedir.

-- Micaela, você sofreu um grande choque....

-- Que outro motivo teriam?

Ele se levantou e andou pelo quarto, passando as mãos pelo rosto, por fim, parou de frente para ela e disse:

-- Eu não estou entendo mais nada. Você diz que eles não querem que casemos....

-- Mas é verdade....

-- E por que fariam isso? Uma hora eles me ameaçam chutar do trono se eu não me casasse com você, agora eles quase te matam para impedir o casamento. Eu não entendo! Me explica, porque isso não faz mais sentido, é contraditório!

-- Nicolas, me escuta. A grande maioria de fato queria nossa união, mas não podemos negar.... Nós sabemos que houve uma pequena parcela que não gostou nada disso. No entanto eles são poucos para oferecer qualquer resistência. Logo optariam pelo plano B.

-- Por quê? - Questionou ele cansado.

-- Não é segredo nenhum que depois que os países se unirem vamos ter que reformular todo o Parlamento. Muitas pessoas vão ficar sem seus cargos.

-- E pensam que ficarão desamparados ou sem dinheiro?

-- Não é só sobre dinheiro, Nicolas, é sobre poder. Geralmente os dois andam juntos. 

Analisando bem, ela tinha razão. Alguns além de terem que se aposentar, iriam perder um pouco do poder que tinham. Que outro motivo seria melhor que esse? 

-- Pode ter razão. – Respondeu ele – Vou falar com a polícia. Assim que remarcar o casamento....

-- Não!

-- Como não, Micaela?

-- Nós vamos nos casar amanhã mesmo. Promete para mim!

-- Você não tem condições.

-- Eu sei até onde posso ir, Nicolas.

-- Amor, foi um trauma muito grande, é arriscado....

-- Tentaram tirar minha felicidade! Eu não vou deixar eles conseguirem. Não percebe que é exatamente isso o que querem? Arriscado seria adiar, eles podem tentar outra coisa! Me promete! – Suplicou ela.

Ele queria se casar tão rápido quanto ela, se possível naquele mesmo dia, mas temia o que poderia acontecer. Por outro lado, mais uma vez ela se provou certa, quanto mais adiassem, maiores seriam os riscos de um novo atentado.

Sendo assim, ele concordou:

-- Prometo. Mas.... Com algumas condições. A partir de agora só vai comer o que sua mãe ou a minha te trouxerem.... Ou eu. E vai ter que aceitar mais seguranças na sua cola. Vou colocar os de mais confiança para cuidarem de você.

-- Tudo bem.

-- Ótimo. Preciso sair cinco minutos e já volto.

Ele saiu e como prometido voltou em cinco minutos com uma xícara de chã na mão. Entregou à Micaela e a assistiu beber, em silêncio. Logo em seguida voltaram à mesma posição de antes. Enquanto a acariciava, Nicolas perguntou:

-- Conseguiu ver quem foi?

-- Quem foi o quê? – Perguntou ela sonolenta.

-- Que te empurrou.

-- Não. Fiquei tão desesperada que não consegui me virar, mas senti que a mão era grande e pesada, então acho que foi um homem.

-- Um homem? Desgraçado. Não se preocupe, vou mandar investigar e vamos pegá-lo.

Em poucos minutos ele percebeu que ela relaxou em seus braços, ao olhá-la viu que dormia profundamente. Fazendo poucos movimentos ela a acomodou melhor sobre os travesseiros e cobriu. Antes de sair lhe deu um beijo na testa, depois se dirigindo para fora, encostou a porta devagar.

No corredor encontrou com Hugo que vinha ter informações.

-- Como ela está? – Perguntou.

-- Bem, mas não graças a você.

-- O que é isso, Nicolas? Precisa ser tão rude?

-- Preciso! Se você não tivesse dado a ideia a ela de "tomar um ar" isso não teria acontecido.

-- Agora a culpa é minha?

-- Sim, é sua!

-- Nicolas, você está nervoso e colocando a culpa em quem não tem nada com a história!

-- Será mesmo?

-- O que está insinuando?

-- Foi um homem que a empurrou.

-- E acha que fui eu? – Perguntou Hugo horrorizado.

-- Eu não sei! Não confio em ninguém nesse momento.

-- Será que ao menos posso vê-la?

-- Não. – Respondeu Nicolas avançando – Nem você, nem ninguém vai chegar perto dela. Fui claro ou preciso ser mais convincente?

-- Foi perfeitamente claro.

-- Ótimo. Pode ir.

A contragosto Hugo deu meia volta e seguiu pelo corredor. Nicolas o observou desaparecer, realmente não podia confiar em ninguém.

Deu uma ordem ao segurança para que não deixasse absolutamente ninguém entrar no quarto, salvo por seus parentes mais próximos.

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